DINIS E O LOBO

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Dinis era um menino com apenas seis anos de idade, que vivia com os avós numa pequena aldeia transmontana, encravada entre serras. O avô do Dinis, o Sr. Vasco, era pastor e o menino desde cedo, começou a ouvir histórias sobre o “lobo mau”. - Come tudo senão vem aí o lobo mau e leva-te com ele! - exclamava com frequência o avô. O menino sentia medo perante tais ameaças e acedia sempre a tudo o que o avô lhe dizia. Quando não estava na escola, Dinis acompanhava o avô nas serras a pastorear o rebanho. Era hábito do Sr. Vasco fazer-se acompanhar de uma arma caçadeira. - Não vá o diabo do lobo aparecer para me comer as ovelhas!- argumentava o velho pastor. Para além da arma, o pastor também costumava montar armadilhas, para evitar que os predadores se aproximassem do rebanho. Todos estes cuidados, julgava o Sr. Vasco serem imprescindíveis para garantir a segurança do rebanho, que afinal, era o sustento de toda a família, incluindo do pequeno Dinis. Este tinha os pais emigrados, por não conseguirem arranjar trabalho na terra.


O menino brincava com as pedras, com as flores, com as árvores e até com as ovelhas, enquanto acompanhava o avô, que não se cansava de contar as mais mirabolantes histórias, sobre a maldade dos lobos. Mas um belo dia, Dinis ficou muito confuso. Na escola, a professora explicou-lhe que o lobo é uma espécie em vias de extinção, e que, até existem programas para os proteger e preservar. - Isso são conversas de ambientalistas! Onde já se viu alguém querer preservar os lobos? retorquia o Sr. Vasco quando questionado pelo Dinis. Em casa, o menino tinha um cão que era o seu melhor amigo, um pastor alemão, que se chamava Fosco. Dinis achava o seu cão muito parecido com a imagem do lobo, que via nos livros, e imaginava que os dois animais, ainda podiam ser da mesma família, dadas as suas semelhanças físicas… - Vou saber mais sobre os teus primos lobos!- prometeu Dinis ao seu cão. No dia seguinte, o menino levava para a escola muito mais do que uma mochila cheia de livros! Levava também a cabeça cheia de perguntas. - Professora, porque é que os lobos atacam os rebanhos? - Os lobos só atacam os rebanhos se tiverem muita fome e isso acontece quando o seu habitat natural é destruído, quase sempre pelos humanos - respondeu a professora Isabel.


- Mas o meu avô diz que se nos descuidamos também nos atacam a nós - continuou o Dinis. - Não há memória de um lobo ter atacado um ser humano, apesar de todas as histórias que se contam nas aldeias, os lobos têm medo dos homens e frequentemente são por eles atacados com armas e com armadilhas. Também é graças à ação humana que, muitas vezes, é destruído o habitat dos lobos, por exemplo com os incêndios que queimam as matas, que matam tantos animais da cadeia alimentar dos lobos - explicou pacientemente a professora. - Então o que podemos fazer para os ajudar? - Insistia o menino não escondendo alguma alegria por ficar a saber que os simpáticos lobos afinal não eram os “maus”. - Os pastores devem, também eles, cuidar das florestas, devem pastorear em zonas seguras e à noite, quando os lobos andam à caça, guardar os rebanhos em locais bem vedados, devem também ter cães de gado adequados, como o Cão de Gado Transmontano, que intimida o lobo em caso de tentativa de ataque.


O menino ficou satisfeito e foi para casa determinado a mudar a atitude do avô. - Avô, não podes levar a arma contigo, nem fazer mais armadilhas. É perigoso para os lobos e eles não são maus!- disse determinado o Dinis. — Oh! Oh! Oh! Olha este pequenote a querer ensinar-me a mim a proteger as minhas ovelhas! — retorquiu o avô, ignorando os conselhos do Dinis. No dia seguinte, pela primeira vez, desde que o Dinis acompanhava o avô, apareceu um lobo a rodear o rebanho. O Sr. Vasco, sem hesitar, pegou na caçadeira e preparava-se para disparar um tiro certeiro, quando o menino gritou bem alto para alertar o lobo: — Foge! Corre! Põe-te a salvo! O avô não gostou nada da brincadeira e até castigou o neto pela sua atitude.



Os dias foram passando e Dinis continuava determinado em saber mais sobre lobos. Depois de sair da escola, aventurou-se sozinho e subiu serra acima para ver novamente o lobo, que ele apelidou de Relâmpago, pela velocidade com que fugiu da arma do avô. Como era inverno, depressa se fez noite e o menino desorientou-se e perdeu-se. Andou às voltas sem saber o caminho para casa. De repente, caiu numa armadilha montada para apanhar o lobo, que lhe entalou a perna e lhe provocou fortes dores. - Ai, ai, … Socorro, alguém me ajude! Estou preso!… Dinis gritava e chorava, mas ninguém aparecia. Tinha fome, tinha muito medo e tinha muito frio. Algum tempo depois, sentiu um barulho leve de pisar de folhas. Teve muito medo, quando no meio do escuro, viu os olhos brilhantes de um animal que depressa se apercebeu serem os do Relâmpago. O lobo deu uma volta em torno do menino indefeso. Enquanto Dinis tremia de frio e de medo, sem conseguir emitir um único gemido, o lobo deitou-se ao lado do pequeno, procurando mantê-lo o mais quentinho e confortável possível. O menino aventureiro continuava com fortes dores provocadas pela armadilha que lhe prendia o pé, por cima da bota grossa, mas sentiu-se mais seguro aconchegado pelo amigo e acabou por adormecer de cansaço.


Enquanto isso, o avô e todos os vizinhos da aldeia, procuravam pelo Dinis de lanterna na mão, e calcorreavam a serra gritando: - Dinis, Dinis, onde estás? Mas nada! Nem sinal do pequeno Dinis… Os vizinhos foram regressando a casa, prontos para recomeçar as buscas no dia seguinte ao nascer do sol. O Sr. Vasco continuou … inconformado, apavorado, preocupado por não encontrar o neto. Caminhava lentamente pelos trilhos da serra, quando viu uns olhos brilhantes a olhar para ele. Era o Relâmpago que tinha vindo ao seu encontro para lhe mostrar o local onde se encontrava o pequeno e valente Dinis. O pastor, percebeu que o lobo vinha por bem e decidiu segui-lo. Rapidamente, encontrou o menino e naquele momento também ele percebeu, que o lobo não era o “papão” que toda a vida pensara. - Dinis!… Estás aqui, meu menino?! Preso numa das armadilhas que eu montei?! Perdoame, meu neto. Eu prometo que nunca mais montarei nenhuma armadilha!- garantiu, arrependido pelo seu ato.


O Sr. Vasco libertou o menino e carregou-o ao colo até casa, onde a avó Ana o recebeu com todos os cuidados, sopinha quente e muitos miminhos! A ferida provocada pela armadilha não era assim tão profunda, mas a partir daquele dia, todos sentiram que muita coisa ia mudar… O Sr. Vasco contou a história do lobo a todos os vizinhos. Todos concordaram que armas e armadilhas para atacar lobos e outros animais, nunca mais! Afinal, as armas e armadilhas, não são só perigosas para os animais selvagens! Os homens e animais domésticos também podem ser vítimas…


Ficha Técnica

Dinis e o Lobo Autoria: Corane – Associação de Desenvolvimento dos Concelhos da Raia Nordestina Produção e Design: Conteúdo Chave, Lda. Ilustração: Turma CE 9 – 4º ano, Centro Escolar de Santa Maria Revisão de Textos: Isabel Martins e Camila Morais (professoras do Centro Escolar de Santa Maria) Agradecimentos: Agrupamento de Escolas Miguel Torga Impressão: Minfo Gráfica Tiragem: 2500 Depósito Legal: 366455/13 Projeto Financiado:


CORANE Associação de Desenvolvimento dos Concelhos da Raia Nordestina


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