Encontrar+se - 7 anos

Page 1

7 ENCONTRAR+SE 7 ANOS A CONTRIBUIR PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE

MENTAL E DO BEM-ESTAR DOS PORTUGUESES

ENCONTRAR+SE ASSOCIAÇÃO PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL

1


2


7 ENCONTRAR+SE 7 ANOS A CONTRIBUIR PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE

MENTAL E DO BEM-ESTAR DOS PORTUGUESES

ENCONTRAR+SE O presente documento não foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico

3


4


ÍNDICE

<

INTRODUÇÃO

01

1. A ENCONTRAR+SE: APRESENTAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO

05

1.1. A ENCONTRAR+SE

07

1.2. ÓRGÃOS SOCIAIS

08

1.3. AGRADECIMENTOS

10

A ENCONTRAR+SE: 7 ANOS A CONTRIBUIR PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL 2. INTERVENÇÃO. CENTRO DE ATENDIMENTO INTEGRADO

13

2.1. FUNDAMENTAÇÃO

15

2.2. DESCRIÇÃO BREVE

16

2.3. SERVIÇOS DISPONIBILIZADOS

18

2.3.1. INTERVENÇÃO INDIVIDUAL

18

2.3.2. INTERVENÇÃO EM GRUPO

18

2.3.3. INTERVENÇÃO COM FAMÍLIAS

20

2.4. ACTIVIDADES REALIZADAS ENTRE JUNHO 2009-AGOSTO 2013

21

2.4.1. EVOLUÇÃO DOS PEDIDOS

21

2.4.2. ORIGEM DOS PEDIDOS

21

2.4.3. CARACTERIZAÇÃO DOS UTENTES DO CAI

22

a) GÉNERO E IDADE b) SITUAÇÃO PROFISSIONAL E OCUPAÇÃO c) CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA 2.5. EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE ACOMPANHAMENTO DOS UTENTES

23

2.6. EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE UTENTES POR TIPO DE SERVIÇOS DISPONIBILIZADOS

24

2.7. TESTEMUNHOS DE UTENTES

25

3. COMBATE AO ESTIGMA E PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL

29

3.1. MOVIMENTO UNIDOS PARA AJUDAR (UPA)

31

3.2. INICIATIVAS DE SENSIBILIZAÇÃO DO PÚBLICO GERAL

31

3.2.1. UPA 08 – UMA MÚSICA PELA SAÚDE MENTAL

31

3.2.2. CAMINHADA UPA

33

3.2.3. WEBSITE E REDES SOCIAIS

34

3.2.4. FAZ UM UPA AO TEU DIA

34

3.2.5. UPA INFORMA

35

3.3. INICIATIVAS DE SENSIBILIZAÇÃO PARA PÚBLICOS ESPECÍFICOS

36

3.3.1. UPA FAZ A DIFERENÇA – ACÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO PRÓ-SAÚDE MENTAL

36

3.3.2. P’UPA: PROFESSORES UPA FAZEM A DIFERENÇA

37

3.3.3. ABRIR ESPAÇO À SAÚDE MENTAL

37

3.4. INICIATIVAS PARA A PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO ACTIVO

38

3.4.1. VIVA!

38

3.4.2. FELICIDÁRIO

38

4. FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO

41

4.1. MESTRADO EM REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL, ESPECIALIZAÇÃO EM PERTURBAÇÃO MENTAL GRAVE

43

4.2. PÓS-GRADUAÇÃO EM REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL NA PERTURBAÇÃO MENTAL GRAVE

43

4.3. ESTÁGIOS NO CENTRO DE ATENDIMENTO INTEGRADO

43

4.4. COMEMORAÇÕES DO DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTAL

44

5


4.5. EDIÇÕES

45

4.5.1. “GUIA PRÁTICO PARA FAMILIARES E AMIGOS DE PESSOAS COM DOENÇA MENTAL”

45

4.5.2. “MANUAL PARA O TRATAMENTO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL DOS DOENTES COM ESQUIZOFRENIA NAS ÁREAS RESIDENCIAL, LABORAL, E DE OCUPAÇÃO DOS TEMPOS LIVRES (WAF)”

45

4.5.3. “ENTRE A RAZÃO E A ILUSÃO. DESMISTIFICANDO A ESQUIZOFRENIA”

46

4.5.4. “LOUCURA. A BUSCA DE UM PAI, NO INSANO SISTEMA DE SAÚDE”

46

4.5.5. “100 FORMAS DE APOIAR A RECUPERAÇÃO. GUIA PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE MENTAL”

47

4.5.6. “GUIA DE RECURSOS EM SAÚDE MENTAL”

47

4.6.7. “MANUAL DE PSICOEDUCAÇÃO E GESTÃO DA DOENÇA NA ESQUIZOFRENIA”

48

5. INVESTIGAÇÃO

51

5.1. “ESTUDO SOBRE AS ATITUDES DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS FACE À DOENÇA MENTAL” 5.2. “ESTIGMA PÚBLICO E PRIVADO FACE À DOENÇA MENTAL. ESTUDO EXPLORATÓRIO DA REALIDADE PORTUGUESA” 5.3. “ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DE MEDICINA FACE À DOENÇA MENTAL” 5.4. “UPA FAZ A DIFERENÇA – ACÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO PRÓ-SAÚDE MENTAL” 5.5. “P’UPA: PROFESSORES UPA FAZEM A DIFERENÇA” 5.6. “ABRIR ESPAÇO À SAÚDE MENTAL”

5.7. “AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO NEUROPSYCHOLOGICAL EDUCATIONAL APPROACH TO REHABILITION” (NEAR) NA REMEDIAÇÃO DOS DÉFICES COGNITIVOS NA DOENÇA MENTAL 5.8. “AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DOS PROGRAMAS DE OCUPAÇÃO DOS TEMPOS LIVRES E LABORAL DO WAF NUMA AMOSTRA DE PESSOAS COM ESQUIZOFRENIA EM PORTUGAL” 5.9. “ESTUDO SOBRE TRAJECTÓRIAS PELOS CUIDADOS DE SAÚDE MENTAL”

53 53 53 54 54 54 55 55 55

5.10. PUBLICAÇÕES

56

5.10.1. ARTIGOS EM REVISTAS CIENTÍFICAS, ATAS E CAPÍTULOS DE LIVROS

56

5.10.2. PUBLICAÇÕES SOB A FORMA DE RESUMO

57

5.10.3. APRESENTAÇÃO DE COMUNICAÇÕES EM REUNIÕES CIENTÍFICAS

57

a) COMUNICAÇÕES NACIONAIS b) COMUNICAÇÕES INTERNACIONAIS 5.10.4. DISSERTAÇÕES DE MESTRADO

57

6. ADVOCACIA

65

6.1. DEBATE PÚBLICO “SAÚDE MENTAL NO SÉC XXI: DESAFIOS GLOBAIS, AS NECESSIDADES DOS UTENTES E DAS FAMÍLIAS E A REALIDADE PORTUGUESA” 6.2. DEBATE PÚBLICO “CUIDADOS DE SAÚDE MENTAL: PRIORIDADES, DESAFIOS E RISCOS” 6.3. PRÉMIO DE JORNALISMO NA ÁREA DA SAÚDE MENTAL 6.4. 5th INTERNATIONAL PATIENT & CARER ADVOCACY GROUP MENTAL HEALTH SUMMIT 6.5. CONSENSUS CONFERENCE UNDERSTANDING THE ‘JOURNEY TO RECOVERY’ FROM A SEVERE MENTAL ILLNESS 6.6. 4th INTERNATIONAL MENTAL HEALTH SUMMIT FOR PATIENT & CARER ADVOCACY GROUP 6.7. VISITA DE PATT FRANCIOSI À ENCONTRAR+SE 6.8. VISITA DA DIRECÇÃO DA SOCIEDADE PARA A MELHORIA DAS TERAPIAS BASEADAS-NA EVIDÊNCIA

67 67 68 68 68 69 69 70

NA ESQUIZOFRENIA 7. PRÉMIOS E DISTINÇÕES 7.1. 1º PRÉMIO PELO POSTER APRESENTADO NO V COLÓQUIO INTERNACIONAL DE ESQUIZOFRENIA DO PORTO 7.2. 1º PRÉMIO DE BOAS PRÁTICAS EM SAÚDE ESCOLAR, ATRIBUÍDO PELA SOCIEDADE PORTUGUESA PARA O ESTUDO DA SAÚDE ESCOLAR 7.3. INICIATIVA DE ELEVADO POTENCIAL DE EMPREENDEDORISMO SOCIAL 7.4. MENÇÃO HONROSA PARA O CENTRO DE ATENDIMENTO INTEGRADO

6

73 75 75 75 76


“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. Fernando Pessoa

Bernardo Carvalho, ilustração do dia 3 de Junho 2013, do projecto Felicidário

7


8


0

ENCONTRAR+SE 7 ANOS A CONTRIBUIR PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL

INTRODUÇÃO

9


10


0

INTRODUÇÃO

“O que conta na vida não é o mero facto de termos vivido. É a diferença que fazemos na vida dos outros que determina o significado da vida que levámos”.1 Nelson Mandela

Decorridos 7 anos desde a fundação da ENCONTRAR+SE, revejo nas palavras de Nelson Mandela o sentido do trabalho realizado. A ENCONTRAR+SE nasceu do sonho de um grupo de pessoas que acreditou ser possível fazer mais e melhor pela promoção da saúde mental e do bem-estar dos Portugueses, e cresceu graças à partilha deste sonho por tantas outras pessoas que com o seu contributo fizeram, e fazem, com que cada projecto nasça, cresça e chegue a quem dele beneficia. Por isso as minhas primeiras palavras são de reconhecimento e de agradecimento, na certeza de que a alegria e o orgulho que sinto em ser parte da ENCONTRAR+SE são partilhados por cada uma das muitas pessoas que têm construído a sua história. A preocupação central que esteve na origem da ENCONTRAR+SE foi a escassez de respostas ao nível da recuperação / reabilitação psicossocial que permitissem a pessoas com a experiência de doença mental grave (e seus familiares / cuidadores) ultrapassar as dificuldades dela decorrentes, e retomar uma vida autónoma e de qualidade. Se “dispomos dos meios e do conhecimento científico para ajudar as pessoas com doenças mentais”2, como é possível aceitarmos que em Portugal “existam doentes em risco de institucionalização, devido ao facto de medidas e recursos para uma alternativa à hospitalização serem ainda insuficientes […]”3? E, pior, que se permita o agravamento desta situação ano após ano? A verdade é que o atraso a que se chegou face ao conhecimento científico de que dispomos, acompanhado pela falta de reconhecimento/aceitação do problema por parte dos cidadãos/opinião pública, tem permitido que as autoridades se esqueçam e violemos direitos das pessoas afectadas, directa e indirectamente, por problemas de saúde mental. Exige-se, assim, um olhar mais abrangente para a realidade que se vive, e uma intervenção eficiente e rápida nas diferentes vertentes do problema. Porque é possível! Para além da disponibilização de serviços de qualidade no âmbito da recuperação/reabilitação psicossocial, é preciso: - investir na formação dos técnicos de saúde mental para que possam ser utilizados os mais actuais e validados modelos de intervenção; - promover a sensibilização para as questões relacionadas com a saúde/doença mental, derrubando barreiras que permitam a procura de ajuda precoce; - combater o estigma e a discriminação daqueles que vivem a experiência de problemas desta natureza; - alertar a opinião pública para a dimensão dos problemas de saúde mental e os riscos pessoais, familiares, sociais e económicos que decorrem da falta de cuidados e respostas adequados; - fomentar e participar em iniciativas de advocacy pela defesa dos direitos das pessoas que sofrem de problemas de saúde mental e seus familiares/cuidadores; - investir na promoção da saúde mental dos jovens de hoje pela construção de um futuro melhor... e muito mais. A ENCONTRAR+SE orgulha-se de ter vindo a contribuir em algumas destas áreas, e as páginas que seguem disso darão conta. Com a edição desta brochura pretendemos dar a conhecer o trabalho realizado ao longo dos 7 anos de existência da ENCONTRAR+SE e que se enquadra nas quatro grandes áreas em que a associação pretende actuar: formação, intervenção, avaliação e investigação, e advocacy no campo da saúde mental. Após uma breve introdução à associação, segue a apresentação das iniciativas realizadas, as quais foram organizadas por temas mais específicos de forma a facilitar a leitura. Assim, para fazer justiça à área que esteve na origem da ENCONTRAR+SE, começa-se pelas iniciativas ligadas à intervenção. Segue-se o combate ao estigma e promoção da saúde mental; a formação e informação; a investigação, terminando com as iniciativas de advocacy. Concluída a apresentação das actividades, faz-se referência a prémios com os quais o trabalho da ENCONTRAR+SE tem sido distinguido.

01


Apesar da redundância da afirmação, sabemos ser necessário continuar a promover a consciência de todos sobre o facto de “Não haver saúde sem saúde mental”! O compromisso da ENCONTRAR+SE continuará a ser o de lutar pela saúde mental dos portugueses e, desta forma, cuidar de um bem e defender um direito, que é de cada um e de todos. Filipa Palha Presidente da Direcção

1 Mandela, N. R. (2012). As palavras de Nelson Mandela(p.16). Edições Objectiva 2 Na introdução ao Relatório Mundial da Saúde da Organização Mundial da Saúde publicado em 2001, a Comissária Gro Harlem

Brundtland terminava dizendo “[…] dispomos dos meios e do conhecimento científico para ajudar as pessoas com doenças mentais e cerebrais. Os governos têm-se mostrado omissos, tanto como a comunidade da saúde pública. Por acidente ou por desígnio, todos nós somos responsáveis por esta situação” (p.viii, adaptação da edição Brasileira).

02

3 Direção-Geral da Saúde (2004). Plano Nacional de Saúde para 2004 – 2010: mais saúde para todos.(p.86). Lisbos:DGS.


A saúde mental é um direito humano. Permite que os cidadãos usufruam de bem-estar, qualidade de vida e saúde. Pacto Europeu para a Saúde Mental e o Bem-Estar, Versão Portuguesa, Coordenação Nacional para a Saúde Mental 2008.

Madalena Matoso, ilustração do dia 5 de Maio 2013, do projecto Felicidário

03


04


1

ENCONTRAR+SE 7 ANOS A CONTRIBUIR PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL

A ENCONTRAR+SE | APRESENTAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO

05


06


1. 1. A ENCONTRAR+SE A ENCONTRAR+SE, simbolicamente fundada a 10 de Outubro de 2006, dia em que se comemora o Dia Mundial da Saúde Mental, é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), de reconhecida utilidade pública no âmbito da saúde. Tendo surgido da necessidade de criar soluções para as dificuldades encontradas no desenvolvimento, implementação, avaliação e investigação de respostas adequadas às exigências próprias da reabilitação psicossocial de pessoas com doença mental grave, a designação inicial foi de Associação de Apoio a Pessoas com Perturbação Mental Grave. No entanto, desde cedo que nos apercebemos da necessidade de intervir noutros domínios ligados à saúde/doença mental o que levou ao desenvolvimento de iniciativas nas áreas da formação, sensibilização, promoção da saúde mental, combate ao estigma e discriminação, advocacy, entre outras. Para melhor enquadrar a abrangência do trabalho realizado ao longo de 7 anos, em Julho de 2013 foi aprovada a alteração da denominação da ENCONTRAR+SE para Associação para a Promoção da Saúde Mental. As propostas da ENCONTRAR+SE baseiam-se num conhecimento em permanente actualização sobre boas práticas nas diferentes áreas de actuação e sobre as directrizes nacionais e internacionais em termos de políticas de saúde mental, contextualizadas na realidade portuguesa e na experiência daqueles que têm vindo a trabalhar nesta área em Portugal. Pela inovação, qualidade e relevância do trabalho realizado, a ENCONTRAR+SE foi reconhecida como uma iniciativa de elevado potencial de empreendedorismo social, e o Centro de Atendimento Integrado foi distinguido pelo Instituto de Segurança Social com uma “Menção Honrosa”, no âmbito de uma iniciativa que visava identificar “Boas Práticas” no distrito do Porto. Para uma boa execução dos objectivos a que se propõe, a ENCONTRAR+SE conta com a colaboração de técnicos experientes nas diferentes áreas de intervenção em saúde mental, nacionais e estrangeiros, com experiência clínica e de investigação; articula com Instituições de Saúde, de Solidariedade Social, de Ensino e de Investigação; com Organismos do Estado e promove a participação da sociedade civil e, sobretudo, de todos aqueles afectados directa ou indirectamente pela doença mental. A ENCONTRAR+SE pertence ao Conselho Local de Acção Social do Porto e à Rede de Apoio à Reabilitação Psicossocial para Pessoas com Doença Mental do Porto. Em Outubro de 2013 a ENCONTRAR+SE tinha um total de 144 sócios, dos quais 47 são utentes e 19 são familiares, o que significa uma representação significativa (46%) de pessoas afectadas, directa e indirectamente, por problemas de saúde mental.

07


1.2 1.2. ÓRGÃOS SOCIAIS

TRIÉNIOS 2006-2009 e 2010-2012 (Sócios fundadores da ENCONTRAR+SE em 10 de Outubro de 2006 e reconduzidos a 1 de Fevereiro de 2010) Assembleia-geral Presidente Miguel Luís Kolback da Veiga Secretário Artur Eduardo Brochado dos Santos Silva Secretário Luís Manuel Carvalho Telles de Abreu Conselho Directivo Presidente Filipa de Almeida Santos Pacheco Palha Vogal Maria Luísa B. P. Coelho Vieira de Campos Tesoureiro João de Almeida Santos Pacheco Palha

Conselho Fiscal Presidente Margarida de Freitas de Moura Machado Bandeira Vogal Irene Vila Real Teixeira Rego de Oliveira Vogal Mª do Carmo Gorjão Henriques de Almeida Campos Moreira

TRIÉNIO 2013-2016

Assembleia-geral Presidente Miguel Luís Kolback da Veiga Secretário Joana dos Santos Silva Telles de Abreu Secretário Luís Manuel Carvalho Telles de Abreu Conselho Directivo Presidente Filipa de Almeida Santos Pacheco Palha Vogal Maria Luísa B. P. Coelho Vieira de Campos Tesoureiro João de Almeida Santos Pacheco Palha Conselho Fiscal Presidente Margarida de Freitas de Moura Machado Bandeira Vogal Irene Vila Real Teixeira Rego de Oliveira Vogal Mª do Carmo Gorjão Henriques de Almeida Campos Moreira

08


TRIÉNIOS 2006-2009 e 2010-2012 Comissão de Acompanhamento Alice Medalia Directora dos Serviços de Reabilitação Psiquiátrica, Departamento de Psiquiatria Columbia University College of Physicians & Surgeons, Nova Iorque, EUA António Pacheco Palha Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Cecília Villares Universidade Federal de São Paulo Coordenadora Geral do Programa para a Redução do Estigma associado à Esquizofrenia da Associação Mundial de Psiquiatria (WPA) “Open-the-doors” no Brasil, denominado S.O.eSq Volker Roder Coordenador da Unidade de Investigação dos Serviços Universitários de Psiquiatria da University Hospital of Psychiatry, Berna, Suíça

TRIÉNIO 2013-2016 Integração de dois novos elementos Eva Mónica Neves Pereira Música com experiência de doença mental José Augusto Caldeira Pereira Professor auxiliar universitário, pai e cuidador de uma pessoa com experiência de doença mental

09


1.3 1.3. AGRADECIMENTOS

“A gratidão é a memória do coração” Antístenes

A ENCONTRAR+SE agradece, reconhecidamente, todo o apoio que recebeu de Instituições Públicas e Privadas, bem como de centenas de pessoas que de forma anónima contribuíram para 7 anos de trabalho pela promoção da saúde mental e bem-estar dos Portugueses. Agradece à LINTAS e à Faculdade de Educação e Psicologia da Católica.Porto, o seu apoio desde o primeiro momento e contínuo ao longo destes 7 anos. APOIO FINANCEIRO A PROJECTOS DESENVOLVIDOS ENTRE 2007-2013 UPA 08 - CAMPANHA NACIONAL DE COMBATE AO ESTIGMA ASTRAZENECA PORTUGAL BPI - BANCO PORTUGUÊS DE INVESTIMENTO GRUPO TERCNIFAR FARMACÊUTICA GRUPO RAR SANOFI - AVENTIS - PRODUTOS FARMACÊUTICOS, SA UPA FAZ A DIFERENÇA ALTO COMISSARIADO DA SAÚDE BPI - BANCO PORTUGUÊS DE INVESTIMENTO FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN LILLY PORTUGAL – PRODUTOS FARMACÊUTICOS, LDA

LEARNING CENTER FINANCIADO PELO CONCURSO PÚBLICO DE “APOIO A ASSOCIAÇÕES DE DOENTES” DA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN UPA INFORMA ALTO COMISSARIADO DA SAÚDE ASTRAZENECA PORTUGAL PROFESSORES UPA FAZEM A DIFERENÇA INSTITUTO NACIONAL DE REABILITAÇÃO LILLY PORTUGAL – PRODUTOS FARMACÊUTICOS, LDA GABINETE UPA ALTO COMISSARIADO DA SAÚDE GIAPO – GABINETE DE INSERÇÃO ACADÉMICA, PROFISSIONAL E OCUPACIONAL DIREÇÃO GERAL DA SAÚDE FUNDAÇÃO ROMÃO DE SOUSA ESTUDO “TRAJETÓRIAS PELOS CUIDADOS DE SAÚDE MENTAL” LILLY PORTUGAL – PRODUTOS FARMACÊUTICOS, LDA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PSIQUIATRIA E SAÚDE MENTAL O UPA CAPACITA: DINAMIZAÇÃO DE WORKSHOPS POR UTENTES INSTITUTO NACIONAL DE REABILITAÇÃO GRUPO DE TRABALHO PARA O DESENVOLVIMENTO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL INSTITUTO NACIONAL DE REABILITAÇÃO COMEMORAÇÕES DO DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTAL (2007 - 2013) ASTRAZENECA PORTUGAL BIAL BRISTOL-MYERS SQUIBB GRUPO TERCNIFAR FARMACÊUTICA JANSSEN-CILAG LILLY PORTUGAL – PRODUTOS FARMACÊUTICOS, LDA SERVIER PORTUGAL - ESPECIALIDADES FARMACÊUTICAS LDA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PSIQUIATRIA E SAÚDE MENTAL TOLIFE - PRODUTOS FARMACÊUTICOS, S.A. WYETH

10


“É a saúde mental que abre aos cidadãos as portas da realização intelectual e emocional, bem como da integração na escola, no trabalho e na sociedade. É ela que contribui para a prosperidade, solidariedade e justiça social das nossas sociedades”. Relatório Mundial da Saúde. Saúde Mental: Nova Concepção, Nova Esperança, Organização Mundial da Saúde, 2001.

Carolina Celas, ilustração do dia 24 de Novembro 2013, do projecto Felicidário

11


12


2

ENCONTRAR+SE 7 ANOS A CONTRIBUIR PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL

INTERVENÇÃO | CENTRO DE ATENDIMENTO INTEGRADO

13


14


2.1 2.1. FUNDAMENTAÇÃO

A razão principal que motivou o projecto da ENCONTRAR+SE foi a escassez de respostas integradas de saúde mental, em Portugal, condicionar a possibilidade de recuperação de muitas pessoas com experiência de doença mental, com repercussões a nível pessoal, familiar e social, bem como no desenvolvimento e na economia do país. Conforme já referido, o Plano Nacional de Saúde 2004-2010 assumia de forma clara: “existem doentes em risco de institucionalização, devido ao facto de medidas e recursos para uma alternativa à hospitalização serem ainda insuficientes […]” 4 . Isto apesar de também se afirmar “dispormos dos meios e do conhecimento científico para ajudar as pessoas com doenças mentais”5 . Desta forma, partindo do conhecimento dos meios necessários ao desenvolvimento de programas compreensivos capazes de responder à diversidade de necessidades de quem é afectado directa, e indirectamente, pela doença mental, em 2008 a ENCONTRAR+SE candidatou-se ao programa de apoio financeiro do extinto Alto Comissariado da Saúde a pessoas colectivas privadas sem fins lucrativos. A candidatura do “Centro de Atendimento Integrado” propunha responder a uma necessidade há muito identificada, através da disponibilização de cuidados de saúde mental baseados em boas práticas, que se enquadram nos cuidados continuados integrados em saúde mental. Apesar da Coordenação Nacional de Saúde Mental ter reconhecido como “projecto pertinente, e enquadrase nos objectivos do Plano Nacional de Saúde mental”, emitindo parecer favorável à candidatura, a mesma foi indeferida, sendo o parecer da “Assessoria” da Administração Regional de Saúde do Norte o seguinte:

“... ainda que procure satisfazer necessidades não cobertas pelo SNS, será mais controverso se deverá ter início sem uma prévia definição do modelo de referenciação dos doentes, para o que se sugere uma reponderação após a busca de uma articulação efectiva e eficiente com um qualquer prestador de cuidados de saúde, devidamente identificado. O actual momento de construção de uma rede de serviços na comunidade é particularmente ajustado ao encontrar um parceiro credível que dê consistência ao projecto. Sem uma garantia de continuidade de cuidados entre os sectores secundário e terciário, há riscos sérios de virem a ser geradas necessidades para as quais (ainda) não haja respostas disponíveis. Parece, pois, ser algo extemporâneo e com uma dimensão porventura desajustada à actual capacidade de concretização”.

Uma vez que “a construção de uma rede de serviços na comunidade” se manteve, e ainda se mantém, um projecto não concretizado, em Junho de 2009 a ENCONTRAR+SE “abriu” o Centro de Atendimento Integrado, que tem demonstrado ser um importante recurso na comunidade capaz de colmatar as falhas existentes e garantir uma efectiva continuidade de cuidados.

4 Plano Nacional de Saúde para 2004 – 2010, p. 86. 5 Relatório Mundial da Saúde. Saúde Mental: Nova Concepção, Nova Esperança, Organização Mundial da Saúde, 2001.

15


2.2 2.2. DESCRIÇÃO BREVE

O Centro de Atendimento Integrado (CAI) começou a sua actividade em Junho de 2009 graças à parceria existente entre a ENCONTRAR+SE e a Universidade Católica Portuguesa (Centro Regional do Porto), que permitiu que os serviços fossem disponibilizados na Clínica Universitária de Psicologia (CUP), situada no campus da Foz. Inicialmente prestavam-se serviços de psicoterapia e psicoeducação individual e unifamiliar. Em Setembro de 2010, com o apoio financeiro da Fundação Calouste Gulbenkian, e sob supervisão da Professora Alice Medalia (consultora externa da ENCONTRAR+SE), tornou-se viável diversificar as respostas disponibilizadas pelo CAI, através da criação do Learning Center (LC) num espaço também cedido pela Universidade Católica Portuguesa (Centro Regional do Porto) e que se mantém, até hoje, em funcionamento. O LC disponibiliza um serviço pioneiro em Portugal ao nível da avaliação e intervenção nos défices cognitivos associados às doenças mentais. Em Julho de 2011, para dar resposta ao elevado número de pedidos de apoio recebidos por parte de familiares e cuidadores de pessoas com psicose, iniciou-se um grupo psicoeducativo multifamiliar. Para viabilizar a implementação deste grupo, foi solicitado à Fundação Porto Social (onde a ENCONTRAR+SE tinha alugado o seu primeiro escritório) a possibilidade de utilizar um espaço na Quinta da Bonjóia para a realização das sessões, o que foi concedido, e aí decorreram até Outubro de 2011. Em Outubro de 2011, na sequência da aprovação de uma candidatura ao programa de apoio financeiro do Alto Comissariado da Saúde, a ENCONTRAR+SE abriu o Gabinete UPA, situado na Foz do Douro próximo da Universidade Católica onde se disponibilizavam os serviços do CAI.

Cecília Villares (Comissão de Acompanhamento) e Jorge Cândido de Assis (Autor da 3ª Edição da ENCONTRAR+SE) na abertura do Gabinete UPA.

O objectivo do Gabinete UPA era o de fornecer informação sobre saúde mental, direitos de cidadania e apoios sociais existentes; facilitar/agilizar, através de parcerias previamente estabelecidas, o acesso a diferentes serviços de saúde. Deste modo, o Gabinete UPA estava aberto a pessoas com experiência de doença mental, seus familiares e/ou cuidadores, bem como a qualquer cidadão que tivesse interesse em obter informação sobre questões associadas à saúde/doença mental. Considerando o elevado número de pessoas que recorreram ao Gabinete UPA, e a possibilidade de aí serem disponibilizados os serviços prestados pelo CAI, foi possível diversificar o tipo de intervenção passando a incluir avaliação psicossocial; psicoterapia individual; psicoeducação individual, unifamiliar e multifamiliar; e grupo de actividades ocupacionais. O período de financiamento do Gabinete UPA terminou em Agosto de 2012, tendo a ENCONTRAR+SE assumido a responsabilidade de dar continuidade a todos os serviços aí disponibilizados pelo Centro de Atendimento Integrado. 16


Assim, de referir que entre Junho de 2009 e Abril de 2013, as diferentes respostas do CAI encontravamse organizadas em diferentes valências - Clínica Universitária de Psicologia, Learning Center, Gabinete UPA e Quinta da Bonjóia, dependendo da sua natureza e do público a que se dirigiam. Apesar de todos os espaços serem confortáveis, integrados na comunidade e de fácil acesso, sendo os dois primeiros situados no campus da Foz da Universidade Católica Portuguesa e estando à distância de 750m do Gabinete UPA, começavam a revelar-se insuficientes face ao aumento constante do número de utentes que recorriam aos serviços do CAI, bem como ao aumento da diversidade das respostas disponibilizadas. Em Maio de 2013, foi aprovada em Assembleia-geral a decisão de apostar na mudança para instalações mais amplas, mantendo-se a localidade na Foz do Douro e a proximidade ao Learning Center. A filosofia assistencial do Centro de Atendimento Integrado enquadra-se num modelo científico que pressupõe avaliação contínua das suas actividades. Em termos de paradigma de recuperação / reabilitação, por um lado orienta-se por uma perspectiva de intervenção contextualista, privilegiando o modelo comunitário de acção; e, por outro lado, por uma perspectiva de “recovery” e “empowerment”, promovendo a participação activa dos utentes (pessoas com doença mental e familiares/cuidadores) nos diferentes processos ligados à sua recuperação e reintegração social. Para assegurar a qualidade e constante actualização dos serviços prestados pelo CAI, para além da reunião semanal de monitorização/planeamento, são realizadas sessões de supervisão clínica com um profissional externo. Os colaboradores do CAI participam, igualmente, em iniciativas de formação que variam da participação em workshops até à realização de formação ao nível da pós-graduação/Mestrado. Por fim, de referir que o acesso aos serviços do CAI pode ser feito directamente por pessoas afectadas por um problema de saúde mental, ou através de encaminhamento feito por pessoas ou entidades (e.g., técnicos de saúde de outras instituições, membros do Conselho Local de Acção Social do Porto, outras IPSS). Uma vez que o CAI disponibiliza programas inovadores pouco acessíveis ao público (e.g. reabilitação cognitiva), a ENCONTRAR+SE tem vindo a colaborar com outras instituições prestadoras de cuidados de Saúde Mental, nomeadamente o Centro Hospitalar Conde de Ferreira e a Associação Nova Aurora para a Reabilitação e Reintegração Psicossocial, disponibilizando (de forma gratuita) estes serviços, no sentido de contribuir de forma activa para a recuperação e inclusão social das pessoas com problemas de saúde mental.

Jorge Bouça (Coordenador de Saúde Mental da Região de Saúde do Norte), Ponciano Oliveira (Vogal do Conselho Directivo da Administração Regional de Saúde do Norte), Fernando Leal da Costa (Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde), Filipa Palha (Presidente do Conselho Directivo da ENCONTRAR+SE) e Luís António Castanheira Nunes (Presidente do Conselho Directivo da Administração Regional de Saúde do Norte) na abertura Oficial das novas Instalações da ENCONTRAR+SE, dia 10 de Outubro 2013.

17


2.3 2.3. SERVIÇOS DISPONIBILIZADOS

O CAI presta serviços personalizados e integrados que permitem responder às necessidades específicas de cada pessoa que o procura e, desta forma, contribui para a promoção da sua recuperação, autonomia e inclusão social. Com base numa avaliação biopsicossocial, e em função das necessidades e objectivos identificados, são definidos os procedimentos necessários à satisfação dos mesmos, podendo a pessoa ser integrada nas diferentes respostas do CAI e/ou ser encaminhada para outras estruturas mais adequadas. No caso de as necessidades serem ligadas à Reabilitação Psicossocial, é definido um plano conjunto de recuperação e reabilitação psicossocial. Os serviços disponibilizados pelo CAI, em formato individual ou em grupo, baseiam-se na evidência clínica e científica quanto à sua eficácia na intervenção com pessoas afectadas directa, e indirectamente, por uma doença mental, e incluem: 1. Psicoterapia individual 2. Psicoeducação

3. Consultas de psiquiatria 4. Estimulação cognitiva 5. Apoio social

6. Actividades ocupacionais 7. Apoio domiciliário

8. Reabilitação académica/ profissional

Estes serviços são disponibilizados por técnicos especializados e com vasta formação na área da psicologia clínica e da reabilitação psicossocial, incluindo psicólogos clínicos, assistentes sociais, psiquiatra e terapeutas ocupacionais.

2.3.1. INTERVENÇÃO INDIVIDUAL Em termos de intervenção individual, o Centro de Atendimento Integrado disponibiliza consultas de psiquiatra, acompanhamento psicoterapêutico, estimulação / reabilitação cognitiva, sessões de psicoeducação individual e visitas domiciliárias.

2.3.2. INTERVENÇÃO EM GRUPO Em Novembro de 2011 a ENCONTRAR+SE iniciou o Grupo Ocupacional UPA (GO UPA). A criação deste grupo teve como objectivo central promover a participação dos utentes do CAI em actividades ocupacionais, enquadradas nos seus interesses, e que estimulassem as suas potencialidades e o relacionamento interpessoal, contribuindo para a sua autonomia, realização pessoal, integração social e bem estar. As actividades ocupacionais têm sido desenvolvidas em articulação com entidades culturais e recreativas existentes na comunidade, facilitando assim a participação dos utentes enquanto membros activos da mesma. A título de exemplo, um grupo de utentes interessados em música participou no programa “A Casa Vai a Casa”, que envolve músicos da Casa da Música, e resultou na apresentação pública de um trabalho realizado em conjunto. Sob a orientação de um utente do CAI têm sido implementados workshops diversos (e.g. construção de fantoches; construção de presépios de Natal, entre outros), abertos à participação de pessoas não integradas na Associação, sendo comum a participação de crianças. 18


Em Fevereiro de 2013, co-financiado pela Direcção Geral de Saúde e pela Fundação Romão de Sousa, a ENCONTRAR+SE iniciou um novo projecto - o Gabinete de Integração Académica, Profissional e Ocupacional (GIAPO). O GIAPO tem como objectivo promover a integração na vida activa, nas áreas académica, laboral ou ocupacional. A intervenção baseia-se no desenvolvimento de competências específicas para cada uma destas áreas, e considera aspectos do funcionamento psicológico e social necessários para a realização dos objectivos propostos. Ainda em 2013, o programa de financiamento a projectos do Instituto Nacional da Reabilitação (INR) permitiu a implementação de um novo projecto, o “UPA Capacita – dinamização de workshops por utentes”. Este projecto, para além de proporcionar experiências de trabalho aos utentes do CAI, permitiu, ainda, a disponibilização de actividades ocupacionais que vão de encontro aos interesses e necessidades de recuperação dos demais utentes (e.g. culinária). 19


Actividades Ocupacionais

2.3.3. INTERVENÇÃO COM AS FAMÍLIAS A intervenção com as famílias é realizada em diferentes formatos: (1) individual, (2) unifamiliar e (3) multifamiliar. No que respeita ao formato individual e unifamiliar, sempre que necessário, os familiares/ cuidadores têm a possibilidade de participar em sessões de psicoeducação individual. Relativamente ao formato multifamiliar, encontra-se em funcionamento um grupo psicoeducativo multifamiliar (GPMF) destinado a pessoas com diagnóstico de psicose e seus familiares/cuidadores. Independentemente das especificidades de cada um dos formatos, de uma forma geral as sessões de intervenção com as famílias têm como objectivo central a transmissão de informações sobre a natureza e o tratamento da perturbação do seu familiar; a promoção de conhecimentos teóricos e práticos que potenciem a recuperação e autonomia do mesmo e, ainda, contribuir para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar de todos os elementos da família. 20


2.4 2.4. ACTIVIDADES REALIZADAS ENTRE JUNHO 2009 – AGOSTO 2013

Nesta parte do relatório apresenta-se, de forma breve, informação relativa ao trabalho desenvolvido pelo CAI, desde o início do seu funcionamento. 2.4.1. EVOLUÇÃO DOS PEDIDOS

Em termos globais, desde que iniciou o funcionamento, o CAI recebeu um total de 393 pedidos, conforme a informação apresentada na Tabela 1. Destes 393 pedidos, 271 ficaram resolvidos e/ ou foram

encaminhados para outras estruturas, tendo 122 pessoas beneficiado de respostas disponibilizadas pelo CAI. Destas 122 pessoas, 42 são familiares e cuidadores de pessoas com problemas de saúde mental e 80 constituem a “população clínica” que beneficiou/ beneficia de um programa de recuperação.

Tabela 1. Número de pedidos recebidos, pedidos resolvidos/ encaminhados e pessoas integradas no CAI Ano

Pedidos Recebidos

Pedidos Resolvidos/Encaminhados

Pessoas Integradas

2009

54

39

15

2010

72

59

13

2011

72

34

38

2012

115

66

49

2013

80

73

7

TOTAL

393

271

122

2.4.2. ORIGEM DOS PEDIDOS Na Tabela 2 encontra-se informação referente à origem dos pedidos, verificando-se um significativo número de pessoas que recorre ao CAI de forma autónoma (quer a pessoa com um problema de saúde mental, quer o familiar/cuidador). Tabela 2. Origem dos pedidos recebidos

ORIGEM DOS PEDIDOS ANO

Encaminhamento de outros Serviços/Instituições

Auto-referenciado

2009

6

48

2010

5

67

2011

27

45

2012

27

88

2013

12

68

TOTAL

77

316 21


2.4.3. CARACTERIZAÇÃO DOS UTENTES DO CAI Das 122 pessoas integrados no CAI, em Outubro de 2013 encontravam-se em acompanhamento, nas diversas valências do CAI, 66 pessoas, 13 das quais correspondem a familiares e cuidadores. Assim, a caracterização clínica e social abaixo apresentada refere-se apenas aos 53 utentes com problemas de saúde mental. a. Género e idade Relativamente ao género, dos 53 utentes do CAI, 25 pessoas são do sexo masculino e 28 são do sexo feminino. Em termos da distribuição etária dos utentes (cf. Figura 1), podemos considerar tratar-se de uma população jovem, uma vez que a idade da maioria das pessoas em acompanhamento no CAI se situa entre os 21 e os 40 anos de idade (21-31=14; 31-40=13).

CARACTERIZAÇÃO DOS UTENTES POR FAIXA ETÁRIA

9

6

18-20

14

11

21-31 31-40

13

40-50 50+

Figura 1. Caracterização dos utentes por faixa etária

b. Situação profissional e ocupação A caracterização social dos utentes, que consta na Tabela 3, centra-se na situação profissional, nível de dependência/independência económica e ocupação dos utentes. Da totalidade dos utentes que integra os diferentes serviços disponibilizados pelo CAI, apenas 7 exercem uma atividade profissional. A maioria (N=46) encontra-se desempregada e reformada, o que pode relacionar-se com o número elevado de pessoas economicamente dependentes de terceiros (Dependentes=41; Independentes=12). Relativamente à ocupação, mais de 50% desta população refere não ter qualquer tipo de ocupação.

Tabela 3. Caracterização social dos utentes do CAI

SITUAÇÃO PROFISSIONAL

SITUAÇÃO ECONÓMICA

Activo Desempregado Reformado RSI* 7

33

*RSI= Rendimento Social de Inserção

22

12

1

Independente Dependente 12

41

OCUPAÇÃO S/ Ocupação C/ Ocupação 32

21


Relativamente a este último aspecto, há que ter em conta ser comum as pessoas com problemas de saúde mental manifestarem dificuldades ao nível da gestão e ocupação de tempo, razão pela uma das áreas de intervenção do CAI envolve o desenvolvimento de competências e de programas a este nível. c. Caracterização clínica Em termos clínicos (Cf. Figura 2), especificamente em termos de diagnóstico psiquiátrico, a psicose assume-se como o mais frequente (N=19), seguido das perturbações do humor (e.g. depressão e perturbação bipolar; N=9).

CARACTERIZAÇÃO DOS UTENTES POR DIAGNÓSTICO

2.5 13

11

5

3

P. Personalidade

9

2

19

P. Ansiedade P. Humor

Demência Psicose

S/ diagnóstico

Dependências

P. Humor + Ansiedade

Figura 2. Caracterização dos utentes por diagnóstico

Relativamente ao acompanhamento psiquiátrico, 16 destes utentes estão integradas no sector público e 18 no sector privado. Dezanove pessoas não têm acompanhamento psiquiátrico.

2.5. EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE ACOMPANHAMENTO DOS UTENTES

Da totalidade das 122 pessoas (incluindo familiares/cuidadores) que beneficiaram dos serviços do CAI, 63 já terminaram o seu processo de acompanhamento, 6 abandonaram o processo terapêutico (desistências) e as restantes 53 permanecem em acompanhamento, conforme se pode verificar na informação apresentada na Tabela 4. Destaca-se o facto de, entre os casos de desistência, 4 se deverem a dificuldades relacionadas com a deslocação, quer por questões económicas, quer pela distância entre o local de residência e o CAI. Tabela 4. Número de utentes integrados, altas e desistências ANO

INTEGRADOS

ALTA

DESISTÊNCIA

2009

15

10

0

2010

13

10

2

2011

38

15

2

2012

49

15

2

2013

7

13

0

TOTAL

122

63

6

23


2.6 2.6. EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE UTENTES POR TIPO DE SERVIÇOS DISPONIBILIZADOS

A integração no Centro de Atendimento Integrado parte de uma avaliação compreensiva e da elaboração conjunta de um plano de acompanhamento/recuperação e/ou reabilitação psicossocial. Em função das necessidades identificadas, bem como dos objectivos definidos, os utentes têm acesso aos diferentes serviços disponibilizados pelo CAI. Como se pode verificar na Tabela 5, a psicoterapia individual é o serviço mais procurado (n = 43). Tendo em conta a associação entre a doença mental e défices cognitivos, é igualmente significativo o número de pessoas integradas no Learning Center para programas de estimulação cognitiva (n = 28), também disponibilizados a utentes de outras instituições.

Tabela 5. Evolução do número de utentes que integram os diferentes serviços disponibilizados pelo CAI SERVIÇOS

Ano

Consulta de Psicoterapia Individual

Psicoeducação com familiares e cuidadores

Visitas domiciliárias

Consultas de psiquiatria

2009

12

3

1

0

2010

6

3

0

1

1

2011

12

5

0

3

12

5

2012

33

16

1

2

8

4

9

2013

43

19

0

2

5

2

11

Estimulação cognitiva

Apoio social

Actividades ocupacionais

Por sua vez, as actividades ocupacionais, destinadas a promover a reabilitação ocupacional dos utentes, bem como o relacionamento interpessoal, integram actualmente 11 utentes que participam em actividades ocupacionais regulares (e.g. Clube de Leitura), ou esporádicas (e.g. exposições). Destaca-se, ainda, o facto do CAI disponiblizar consultas de psiquiatria sempre que tal se considere necessário. Apesar de se pretender que os utentes acedam a este serviço na sua área de referência e no sector público, nos casos em que os utentes encontram barreiras no acesso aos serviços locais (e.g. falta de médico de família, ou intervalo acentuado entre consultas de psiquiatria disponibilizadas pelos serviços públicos), esta resposta é assegurada pelo CAI. Em Outubro de 2013, 2 dos utentes do CAI beneficiavam deste serviço. No que respeita à psicoeducação com familiares e cuidadores, durante os últimos anos o CAI disponibilizou este serviço a 15 famílias, num total de 39 pessoas. Em Outubro de 2013, integravam este serviço 9 famílias, num total de 19 pessoas. Por último, o CAI disponibiliza um serviço de apoio social, o qual tem vindo a dar resposta a situações de carência económica e de desemprego através do recurso às prestações sociais existentes, bem como ao incentivo na procura de emprego e/ ou formação profissional, procurando combater situações de exclusão social. Até ao momento, este serviço apoiou 10 utentes do CAI.

24


2.7 2.7. TESTEMUNHOS DE UTENTES

A avaliação da satisfação dos utentes integrados no CAI é assegurada através do preenchimento regular de um “Questionário de Satisfação”. Para além desta forma mais estruturada de avaliação, a valorização da experiência pessoal de cada utente, enquanto beneficiário de um serviço, é obtida através de testemunhos por eles escritos, alguns dos quais são agora apresentados.

Consultas de psicoterapia individual, psicoeducação e actividades ocupacionais (enquanto utente e formador) – JB Cheguei a esta Associação por sugestão do meu irmão, após um período bastante difícil: 5 meses de confusão emocional intensa, terminando em mais um internamento compulsivo em Janeiro. O meu irmão sugeriu que contactasse a “ENCONTRAR+SE” em Março, fase de regresso à normalidade (ou o que isso possa querer dizer), fase difícil e exigente em que a 1ª reacção é tentar ser fantasma (passar sem ser visto, o que é impossível), como tal, não querer sair de casa em horário de movimento. Esta patologia implica comportamento e interface no relacionamento com os outros, quando dos “surtos”, de uma forma prejudicial. Esta é a minha introdução para falar sobre a actividade da Associação no que a mim me diz respeito. No início ajudaram-me a divulgar o meu trabalho num tracto simpático e disponível, o que discretamente, me obrigou a regressar à dinâmica social e comercial, passando pelos e-mails, algo que me faz grande confusão. Entretanto surgiu a actividade da “Casa Vai a Casa”, tendo eu ficado bastante admirado, pois no espaço de uma hora tocou-se música, no meu caso, não conhecia ninguém, o que foi muito agradável. A partir daqui começou a dinâmica das visitas a Museus e Instituições da Cidade, o que me agrada especialmente, pois gosto de conhecer a minha cidade. Todas estas actividades obrigaram-me a reagir, sair de casa em horas de movimento, relacionar-me com pessoas (entre as quais desconhecidos). A forma como é gerido o contacto entre mim e a Associação agrada-me especialmente, pois não há um vínculo muito intenso, não há grande obrigação em participar, o que me leva a participar de uma forma leve. Tendo as visitas na cidade uma cadência constante, surgiu a oportunidade de colaborar nos workshops de massa de modelar, o que tem sido extremamente gratificante, ver pessoas que à partida, não seriam capazes de fazer um fantoche, e com uma pequena ajuda, esses fantoches surgiram, apelativos. Entretanto pedi ajuda para me ajudarem a pensar (tenho uma decisão pessoal para tomar), à qual acederam com simpatia e disponibilidade. Pela minha parte, o saldo no relacionamento com a ENCONTRAR+SE é extremamente positivo, estou contente por ter conhecido esta Associação.

Consultas de Psicoterapia Individual – Utente AV “Foi através da Antena 3 que tive conhecimento da vossa associação. Fiquei surpreendido pelo acolhimento e simpatia, bem como pela dedicação e profissionalismo dos vossos colaboradores. Adorei sentir-me bem acompanhado em todas as etapas deste processo. Só tenho uma palavra para vos dizer: OBRIGADA E BEM HAJAM. Acho que entrei uma pessoa e agora saí outra pessoa com mais vontade de viver e ultrapassar os obstáculos da vida. Obrigada.”

25


Estimulação cognitiva – Utente CF “No Learning center somos estimulados a desenvolver as nossas capacidades de: Atenção, Memória, Funcionamento executivo, e Velocidade de processamento. Aspectos essenciais para uma futura e tão desejada integração no mundo do trabalho. São aspectos que no nosso caso (doença mental) estão, digamos, menos desenvolvidos. É portanto o local indicado para se começar a ganhar ritmos de trabalho. Uma referência à equipa de técnicos que é muito profissional, estando sempre a apoiar no sentido de um melhor desempenho das ditas capacidades mas também com uma enorme paciência e extraordinária dedicação, desenvolvendo assim também competências sociais. A utilidade do que se faz é portanto, não questionável, pois são duas vertentes que falam por si: 1º melhoria da cognição 2º melhoria do convívio social. Resta-me agradecer a oportunidade que me está a ser proporcionada de melhorar as minhas capacidades. Obrigado a toda a equipa do learning center.”

Psicoeducação com familiares e cuidadores - Mãe de utente “Não creio ser boa com palavras porque pensei, pensei… e decidi que não tenho que fazer um Poema, tenho apenas que falar de mim, de nós de me encontrar com a “ENCONTRAR+SE”. Os sentimentos negativos após a dura descoberta da doença, da VERDADE, o impacto emocional que a doença traz à família será tão intenso quanto aquele que atingirá o meu filho. Vive-se um pesadelo, duvido, questiono, porquê eu, porquê nós? Este sentimento de culpa, de impotência, tentar responsabilizar alguém ou a mim mesma, encontrar um culpado para esta maldita doença. Como não descontar no meu filho a nossa frustração? Demorou mas... por indicação do médico encontrei a ENCONTRAR+SE e decidi (mos) tentar. Ali procuro informação para mudar os meus sentimentos, reflectir as minhas convicções e afastar preconceitos, aprender a lidar com os outros. ENCONTRAR+SE... é um desafio não SOLITÁRIO de articular meios de inserção social. As famílias sofrem, mas ali não nos sentimos isoladas, procuro ajuda para saber como reagir frente a um delírio ou alucinação, que comportamento devo ter perante um percalço, o estigma o preconceito. Procuro auxílio na recuperação do meu filho, para melhorar a sua qualidade de vida. Na ENCONTRAR+SE dedico um tempo ao conhecimento dos aspectos da doença, como forma de compreender melhor o meu filho, mudar comportamentos e padrões errados de comportamentos, como diminuir o stress. Procuro soluções para melhorar os conflitos do dia-a-dia, aliviar o sofrimento e... até mesmo tentar sorrir! Na ENCONTRAR+SE soube que a informação é a principal aliada contra o estigma, o preconceito e auxilia a família na recuperação do doente em como melhorar a sua qualidade de vida e, por conseguinte, da família. “ENCONTRAR+SE” é FAMÍLIA, é dar é... sorrir sem cobrar. É assim que me sinto nessa família que encontrei e que tem sempre um sorriso para mim, para os meus! Não conseguirei traduzir em palavras, o que senti quando pela primeira vez o meu filho, naquele grupo, falou e nos fez sorrir. Isto sente-se... o coração salta. É tão difícil ver um filho sempre triste e... ali, ele sorriu e fez-nos sorrir! Eu cresci, sorri e depois chorei, porque o meu filho, por um momento, ENCONTROU+SE na ENCONTRAR+SE. Bem hajam pelo vosso esforço, pelo carinho e pelo sorriso com que sempre nos recebem. Não desistam de nós, porque nós famílias precisamos de vós.”

26


“Em diferentes contextos, fazemos esta simples afirmação: dispomos dos meios e do conhecimento científico para ajudar as pessoas com doenças mentais e cerebrais. Os governos têm-se mostrado omissos, tanto como a comunidade da saúde pública. Por acidente ou por desígnio, todos nós somos responsáveis por esta situação. Como a principal instituição mundial de saúde pública, a OMS tem uma e apenas uma opção: assegurar que a nossa geração seja a última a permitir que a vergonha e o estigma tomem a frente da ciência e da razão” Comissária Gro Harlem Brundtland na introdução do Relatório Mundial da Saúde. Saúde Mental: Nova Concepção, Nova Esperança, Organização Mundial da Saúde, 2001.

Yara Kono, ilustração do dia 8 de Março 2013, do projecto Felicidário

27


28


3

ENCONTRAR+SE 7 ANOS A CONTRIBUIR PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL

COMBATE AO ESTIGMA E PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL

29


30


3.1. MOVIMENTO UNIDOS PARA AJUDAR “A estigmatização e a discriminação [ainda] estão entre os maiores obstáculos à intervenção/apoio nas doenças mentais. Em todo o mundo as pessoas não procuram, obtêm ou mantêm tratamento devido ao medo, recursos deficientes ou falta de informação. As pessoas com doença mental tornam-se facilmente vítimas da sua doença, veem os seus direitos violados e são discriminadas. A estigmatização e a discriminação são factores chave que impedem as pessoas de obter os apoios de que precisam”. (OMS, 2002)

A ENCONTRAR+SE tem como uma das prioridades de acção a luta contra o estigma e a discriminação de pessoas afectadas directa, e indirectamente, pela doença mental. Neste contexto, no dia em que festejava o seu primeiro aniversário, deu início ao Movimento UPA - Unidos Para Ajudar - cujo mote é “Levanta-te contra a discriminação das doenças mentais”, no âmbito do qual se desenvolvem diferentes iniciativas. O Movimento UPA engloba diferentes projectos que procuram, de forma responsável e construtiva, levar as pessoas a dar o pequeno passo que fará toda a diferença no entendimento e na aceitação das doenças mentais. Este “levanta-te contra” é dirigido às pessoas que não aceitam, adiam, negam e/ou vivem em sofrimento por causa de uma doença mental, bem como a qualquer um de nós que ainda lida mal com esta realidade. O Movimento UPA inclui iniciativas dirigidas à sensibilização do público-geral, das quais são exemplo os projectos UPA’08 – Uma música pela saúde mental, UPA Informa, Caminhada UPA, Faz um UPA ao teu dia e presença nas redes sociais, bem como desenvolvidas para públicos-alvo e contextos específicos. Foi dada particular relevância à intervenção em contexto escolar, tendo sido desenvolvidos projectos para alunos do ensino secundário (projecto UPA Faz a Diferença), do ensino básico (projecto Abrir Espaço à Saúde Mental) e para os seus professores (Projecto P’UPA: Professores UPA Fazem a Diferença).

3.2. INICIATIVAS DE SENSIBILIZAÇÃO DO PÚBLICO-GERAL 3.2.1. UPA 08 - UMA MÚSICA PELA SAÚDE MENTAL O “UPA’08 - Uma Música Pela Saúde Mental” marcou o arranque do Movimento UPA, tendo sido a primeira campanha de combate ao estigma, de âmbito nacional, realizada em Portugal. A Comissão de Honra da campanha foi presidida por Sua Excelência o Presidente da República, Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva. O UPA’08 teve a duração de um ano e usou a música como principal veículo de sensibilização. Sob a direcção musical de Zé Pedro, guitarrista dos Xutos & Pontapés, e padrinho do Movimento UPA, este projecto juntou 20 bandas e/ou músicos portugueses de vários géneros musicais que assumiram o papel de lançar uma canção original sobre temas propostos pela ENCONTRAR+SE, relacionados com o estigma e com a discriminação. Para cada música foi produzido um filme e um cartaz para fins de divulgação nos media.

31


A campanha UPA’08 foi implementada em duas fases: A primeira fase da campanha decorreu entre 10 de Outubro de 2007 e 10 de Janeiro de 2008, tendo procurado chamar a atenção da população-geral para o problema das doenças mentais através de filmes e de cartazes que abordavam pensamentos e sintomas associados a três doenças (depressão, perturbação de pânico e esquizofrenia), reforçando a ideia de que as doenças mentais são uma realidade para a qual existe tratamento. Os cartazes transmitiam uma mensagem semelhante à dos filmes, tendo sido divulgados na imprensa e em mupis distribuídos pelas cidades cujas Câmaras Municipais se associaram ao projecto.

Cartazes da 1ª fase da campanha

A segunda fase do projecto decorreu entre 10 de Janeiro e 10 de Novembro de 2008, e envolveu o lançamento mensal de uma música da autoria de alguns dos mais significativos nomes da música portuguesa, juntamente com a divulgação do filme e do cartaz a ela associados. No site da ENCONTRAR+SE (http://www.encontrarse.pt/ upa08/) foi feito o acompanhamento da campanha através da disponibilização de todos os materias (músicas, temas do mês, filme, entre outros), o que permitiu uma divulgação contínua em paralelo com todo o apoio recebido por parte dos meios de comunicação.

Para além dos músicos, a campanha UPA’08 só foi possível graças ao apoio vindo de patrocinadores, produtoras, realizadores, ilustradores, fotógrafos e demais profissionais envolvidos na produção e divulgação dos materiais da campanha, que se associaram de forma voluntária/graciosa. Em termos de impacto, e partindo apenas da presença da campanha na TV e na imprensa, os dados da Marktest indicam que, entre Dezembro de 2007 e Outubro de 2008, 68,52% dos indivíduos residentes em Portugal continental com mais de 15 anos, foram expostos à campanha pelo menos uma vez. O sítio da internet da ENCONTRAR+SE registou, entre Janeiro e Dezembro de 2008, 90435 visitas. 32


3.2.2. CAMINHADA UPA Em 2011, para dar início ao programa das Comemorações do Dia Mundial da Saúde Mental e do seu 5º aniversário, a ENCONTRAR+SE promoveu a Caminhada UPA – Unidos Para Ajudar. Este evento teve lugar na marginal de Leça da Palmeira e contou com a presença de cerca de 700 pessoas, entre as quais se encontravam inúmeras figuras públicas.

A cobertura dada pelos meios de comunicação social a esta iniciativa, e a divulgação nas redes sociais permitiu, uma vez mais, expor a população portuguesa a um tema pouco falado e divulgado. 33


3.2.3. WEBSITE E REDES SOCIAIS A ENCONTRAR+SE tem uma página na internet e uma página no facebook, através das quais divulga notícias relevantes na área da saúde mental e procura informar sobre os serviços disponibilizados e os projectos desenvolvidos pela associação.

3.2.4. FAZ UM UPA AO TEU DIA Foi, ainda, no facebook que decorreu outra das iniciativas do Movimento UPA, a campanha “Faz um UPA ao teu dia”. Durante os 16 dias que antecederam a Caminhada UPA, foi colocada diariamente uma das 16 imagens designadas de “UPINHAS” no sentido de mobilizar o público a associar-se a este movimento, convidando-o a partilhar as imagens nas suas redes sociais. Para além de uma imagem positiva e atractiva, os diferentes UPINHAS contribuíram para divulgar mensagens curtas sobre saúde/ doença mental e, consequentemente, para a promoção de uma visão mais positiva/menos estigmatizante dos problemas de saúde mental.

Upinhas

34


3.2.5. UPA INFORMA Tendo em conta a escassez de informação de qualidade sobre temas relevantes na área da saúde/doença mental, foi desenvolvido o website UPA Informa (http://upainforma.encontrarse.pt/) com o objectivo de disponibilizar informação diversificada, actualizada e de qualidade sobre esta temática, dirigida a diferentes públicos-alvo (e.g. pessoas com doença mental, familiares/cuidadores, técnicos de saúde, estudantes). Pretende, ainda, disponibilizar informação sobre a rede de serviços de psiquiatria e de saúde mental (governamentais e não governamentais) existentes, bem como sobre os critérios de acesso aos mesmos; disponibilizar um serviço privado de esclarecimento de dúvidas e, ainda, assumir-se como um meio de combate ao estigma mediante divulgação de informação correcta e actualizada. O desenvolvimento deste website contou com o co-financiamento inicial do Alto Comissariado da Saúde e da AstraZeneca (entre Fevereiro de 2010 e Janeiro de 2012), e desde o seu lançamento a página registou um total de 14.005 visitas. Entre Janeiro de 2012 e Agosto de 2013 mais de 9000 pessoas visitaram o website, sendo que 64.4% deste número representa pessoas que visitaram a página mais do que uma vez e 35.6% representam novas visitas.

35


3.3 3.3. INICIATIVAS DE SENSIBILIZAÇÃO PARA PÚBLICOS ESPECÍFICOS

A ENCONTRAR+SE elegeu os adolescentes e o contexto escolar como prioridades para o desenvolvimento de iniciativas destinadas a grupos-alvo específicos. Os adolescentes são um público-alvo prioritário para a promoção da saúde mental, bem como para a redução do estigma associado a problemas de saúde mental (OMS, 2010) 6 por dois motivos específicos: • 1 em cada 5 adolescentes passará pela experiência de um problema de saúde mental ao longo da vida (OMS, 2001) 7; • Dados da literatura sugerem que o estigma associado a problemas de saúde mental surge em idade precoce (European Commission & Portuguese Ministry of Health, 2010)8 não obstante esta ser uma fase de desenvolvimento na qual as atitudes são maleáveis, podendo ser alteradas (Corrigan & Watson, 2007)9. Neste sentido, desde 2009 que a ENCONTRAR+SE, em conjunto com diferentes parceiros, tem vindo a trabalhar no desenvolvimento, implementação e avaliação de projectos em contexto escolar.

3.3.1. UPA FAZ A DIFERENÇA – Acções de sensibilização pró-saúde mental O UPA Faz a Diferença (UPA FAD) é um projecto dirigido aos jovens, alunos do ensino secundário (10º, 11º e 12º anos de escolaridade), com idades compreendidas entre os 15 e os 18 anos, que decorreu entre Julho de 2009 e Junho de 2011, com o objectivo geral de contribuir para o aumento do conhecimento sobre questões de saúde mental, no sentido de, não só incentivar a procura precoce de ajuda e diminuir atitudes estigmatizantes e discriminatórias como sensibilizar para a necessidade de promoção da saúde mental. O desenvolvimento do projecto UPA Faz a Diferença envolveu duas fases: (1) estudo-piloto e (2) acções de sensibilização.

(1) Estudo-piloto | Esta fase de implementação consistiu na realização de grupos de discussão junto de alunos do ensino secundário e seus agentes educativos (pais, professores e directores das escolas), tendo permitido construir o questionário de avaliação a utilizar no âmbito do projecto, bem como delinear a intervenção: acções de sensibilização pró-saúde mental. (2) Acções de sensibilização | A segunda fase do projecto envolveu a realização de acções de sensibilização pró-saúde mental em 13 escolas da zona Norte litoral de Portugal (10 escolas públicas e 3 escolas privadas), junto de 1277 alunos do ensino secundário. Como principais resultados do projecto, destacam-se a diminuição muito significativa das percepções estigmatizantes face a problemas de saúde mental, correspondendo a uma diminuição média em 2,4%; e o aumento significativo das percepções de conhecimentos dos jovens, correspondendo a um aumento médio de 8,8%. A implementação do UPA Faz a Diferença contribuiu para: (a) Avaliar as percepções estigmatizantes e de conhecimentos, bem como as intenções comportamentais de alunos do ensino secundário face a problemas de saúde mental; (b) Transmitir informações sobre os principais sinais e sintomas de alerta para o risco de perturbação mental; (c) Sensibilizar para a necessidade de promoção da saúde mental, enfatizando a necessidade de agir sobre o bem-estar individual e sobre a adopção de comportamentos promotores de saúde; (d) Divulgar o Movimento UPA no sentido de sensibilizar para o impacto do auto/ hetero-estigma, e, por último, (e) Avaliar o impacto da iniciativa e de necessidades futuras de intervenção.

O UPA ajudou-me a perceber que eu como pessoa posso fazer a diferença, posso ser útil e uma mais-valia para as pessoas que sofram de um problema de saúde mental. Aluna do 9º Ano, participante no UPA FAD 36


3.3.2. P’UPA: PROFESSORES UPA FAZEM A DIFERENÇA Durante a implementação do UPA Faz a Diferença, os professores das escolas onde o projecto decorreu identificaram a necessidade de melhorar os seus conhecimentos sobre questões de saúde mental, o que levou ao desenvolvimento do projecto “P’UPA: Professores UPA fazem a diferença”, dirigido a professores do ensino básico e secundário de escolas do distrito do Porto. Este projecto tem como objectivo geral contribuir para o aumento do conhecimento sobre problemas de saúde mental nestes professores, no sentido de os sensibilizar para a necessidade de investir na promoção de saúde mental. Em termos específicos, procura: (1) dar continuidade ao projeto UPA faz a diferença, maximizando os resultados obtidos através da sensibilização dos professores; (2) transmitir informações sobre os principais sinais e sintomas de alerta para o risco de perturbação mental; (3) sensibilizar para a necessidade dos professores estarem atentos a sinais e sintomas nos seus alunos e em si próprios; (4) combater o estigma e a discriminação nas doenças mentais; bem como (5) avaliar a eficácia da iniciativa e as necessidades futuras de intervenção. A implementação do projecto decorreu em 2011, em 10 escolas localizadas no distrito do Porto, envolvendo 125 professores. Em 2013, foram realizadas novas sessões em 2 escolas do Porto nas quais participaram 29 professores. “Gostei muito das sessões. Considero que deveriam ser mais de duas sessões, dada a riqueza da temática e a falta de formação que os professores têm nesta área”. “Gostei muito das sessões, achei bastante interessante. Saí a olhar para os problemas de saúde mental de forma diferente. Penso que vou estar mais atenta a eles. Aprendi a encarar de forma diferente este assunto”. Participantes no P’UPA

3.3.3. ABRIR ESPAÇO À SAÚDE MENTAL À semelhança do UPA Faz a Diferença, o Abrir Espaço à Saúde Mental decorre em contexto escolar, e é dirigido a jovens do 3º ciclo do ensino básico. É um projecto coordenado pela Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa (com financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (PTDC/PSI-PCL/112526/2009) e desenvolvido em parceria com a ENCONTRAR+SE. O Abrir Espaço à Saúde Mental tem como objectivos gerais: 1) Desenvolver um instrumento de avaliação rigoroso capaz de avaliar a educação/ conhecimento para a saúde mental (mental health literacy), bem como as percepções estigmatizantes face a problemas de saúde mental, que funcione, simultaneamente, como medida de avaliação da eficácia da intervenção; 2) Desenvolver uma intervenção efectiva centrada nos conhecimentos, atitudes e comportamentos de auto-ajuda de jovens entre os 12 e os 14 anos, que frequentem o 7º, 8º e 9º anos, em relação a questões de saúde mental (mental health literacy e percepções estigmatizantes relacionadas com problemas de saúde mental); bem como 3) Implementar e avaliar a eficácia da intervenção. O projecto decorre entre 2011 e 2014, tendo chegado a 543 jovens dos 7º, 8º e 9º anos.

37


3.4. INICIATIVAS PARA A PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO ACTIVO Considerando que a promoção da qualidade de vida nos adultos mais velhos não se deverá esgotar na garantia de cuidados básicos de qualidade, mas deverá promover a adopção de uma postura activa na construção desta fase da vida que inclua a valorização dos recursos e potencial, para além das possíveis dificuldades e limitações. Desde 2012 que a ENCONTRAR+SE se envolveu no desenvolvimento de iniciativas com vista à promoção do envelhecimento activo e do bem-estar em adultos mais velhos. Promover o envelhecimento activo pode significar para as pessoas mais velhas a oportunidade de continuarem a desempenhar um papel activo na sociedade, de partilharem as suas experiências e sabedoria, e de viverem as suas vidas de forma saudável, independente e preenchida. E, também, um tempo para aprender, realizar sonhos e ser feliz...

3.4.1. VIVA! Em 2012, Ano Europeu de Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações, a ENCONTRAR+SE implementou o projecto VIVA! com o objectivo de desenvolver actividades diversas que potenciem um envelhecimento saudável, activo e integrado na comunidade. O nome do projecto assenta no pressuposto de que todas as idades são para ser vividas, constituindo-se como um apelo para que cada pessoa com mais de 65 anos VIVA!. A primeira iniciativa do projecto realizou-se em parceria com a Junta de Freguesia da Foz do Douro e envolveu a realização do “I Ciclo de Conferências VIVA” onde participaram pessoas inscritas nos programas da Junta de Freguesia. Foram realizadas 3 conferências abordando os temas escolhidos pelos participantes (sexualidade nos idosos; a morte e saúde mental), tendo a iniciativa contado com a colaboração e apoio de especialistas nos diferentes temas.

3.4.2. FELICIDÁRIO Em 2013, a ENCONTRAR+SE, em parceria com a Lintas, implementou o projecto “Felicidário”. O Felicidário é um calendário e também é uma espécie de dicionário com 365 definições práticas de felicidade (sugeridas por pessoas com mais de 65 anos, bem como pelos ilustradores). Diariamente, entre o dia 1 de janeiro e o dia 31 de dezembro, foi divulgada no site do projecto uma das definições de felicidade através de uma ilustração feita por um dos 49 ilustradores que colaboram no projecto (http://felicidario.encontrarse.pt.). Para além das ilustrações, o Felicidário inclui a partilha de histórias de felicidade, e prevê-se que seja continuado através da realização de sessões de promoção do envelhecimento activo e do bem-estar. O projecto tem merecido uma enorme aceitação do público, tendo-se registado até Dezembro de 2013 mais de 174.200 visitas à página da internet e mais de 19.000 gostos na página do facebook.

6 Organização Mundial de Saúde (2010). Mental Health Promotion in Young People – an investment for the future. Retrieved from WHO

website: http://www.who.int/en/ 7 Organização Mundial de Saúde (2001). Relatório Mundial da Saúde. Saúde Mental: Nova Concepção, Nova Esperança. Consultado

em website: http://www.who.int/en/ 8 European Commission & Portuguese Ministry of Health. Background document for the thematic conference - Promoting Social Inclu-

sion and Combating Stigma for better Mental Health and Well-being. (2010). Retrieved from European Commission website: http:// ec.europa.eu/health/mental_health/policy/index_en.htm 9 Corrigan, P. & Watson, A. (2007). How children stigmatize people with mental illness. International Journal of Social Psychiatry, 53(6),

526–546. doi: [10.1007/s10597-007-9084-9]

38


“Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho”. Mahatma Gandhi

Afonso Cruz, ilustração do dia 31 de Maio 2013, do projecto Felicidário

39


40


4

ENCONTRAR+SE 7 ANOS A CONTRIBUIR PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL

FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO

41


42


4.1 .2 .3 4.1. MESTRADO EM REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL, ESPECIALIZAÇÃO EM PERTURBAÇÃO MENTAL GRAVE É hoje um dado consensual que qualquer proposta de intervenção na perturbação mental grave deve ser compreensiva e integradora. Neste sentido, as actuais políticas de saúde mental defendem a implementação de cuidados continuados integrados de saúde mental que permitam responder aos múltiplos desafios com que se deparam todos os que estão afectados directa e indirectamente por esta realidade. Com os progressos ocorridos nos últimos anos neste campo - tanto no que diz respeito à mudança de paradigma de intervenção, que passou de uma perspectiva médica e paternalista, para uma perspectiva centrada nos princípios de recovery e empowerment; como no que concerne ao contínuo desenvolvimento de intervenções de reabilitação psicossocial - espera-se que os técnicos de saúde mental estejam preparados para adoptar esta nova postura e dominar os modelos que têm mostrado ser eficazes em diferentes áreas de intervenção. No entanto, de acordo com o Relatório da Comissão Nacional de Reestruturação dos Serviços de Saúde Mental (DGS, 2007), “no conjunto dos serviços públicos de saúde mental, os recursos humanos são escassos, [...] e não tiveram, na maioria dos casos, formação suficiente nas técnicas e nos modelos de intervenção mais usados actualmente na prestação de cuidados a nível da comunidade” (p. 125).10 Foi neste contexto que, em parceria com a Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa (FEP-UCP), em 2007 a ENCONTRAR+SE desenvolveu um Programa de Mestrado em Reabilitação Psicossocial – Especialização em Perturbação Mental Grave - o primeiro desta natureza em Portugal (1ª Edição 2007-2010), e cujo corpo docente contou com a participação de especialistas nacionais e estrangeiros de renome na área da reabilitação psicossocial.

4.2. PÓS-GRADUAÇÃO EM REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL NA PERTURBAÇÃO MENTAL GRAVE Na sequência do Mestrado em Reabilitação Psicossocial, em parceria com a FEP-UCP, a ENCONTRAR+SE desenvolveu um programa de formação pós-graduada, no qual os temas e os modelos de intervenção centrais para a Reabilitação Psicossocial na Perturbação Mental Grave são abordados por clínicos e investigadores de renome nacional e internacional. A primeira edição decorreu entre Outubro de 2010 e Junho de 2011.

4.3. ESTÁGIOS NO CENTRO DE ATENDIMENTO INTEGRADO O Centro de Atendimento Integrado da ENCONTRAR+SE acolhe desde o ano lectivo 2010/2011 estágios curriculares de alunos do Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa, tendo até ao momento contribuído para a formação de 5 futuros técnicos de saúde mental. Desde 2010, a ENCONTRAR+SE acolheu 2 psicólogas para realizar um estágio profissional no Centro de Atendimento Integrado, ao abrigo do programa de estágios profissionais do Instituto de Emprego e Formação Profissional. Em 2011 foi, igualmente, estabelecido um protocolo com a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) para a realização de estágios profissionais para inscrição na OPP. Em 2013, a ENCONTRAR+SE estabeleceu uma parceria com a Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) para realização de estágios de Verão para alunos de medicina. Estas experiências permitem contribuir para a sensibilização dos futuros médicos para a intervenção psicoterapêutica e o trabalho de reabilitação psicossocial que pode ser desenvolvido com pessoas com doença mental.

43


4.4 “Na ENCONTRAR+SE deparei-me com um ambiente de promoção de saúde e bem-estar das pessoas que vai muito para além da doença. O contacto próximo com os utentes foi extremamente enriquecedor para mim, não só do ponto de vista académico, mas também a nível pessoal. Quem recorre à ENCONTRAR+SE encontra uma equipa dedicada e competente, que me acolheu de forma igualmente disponível tanto no plano humano como no de enriquecimento da minha formação. Concluo esta experiência com vontade de continuar a aprender e vivenciar o trabalho que é feito no âmbito da reabilitação das pessoas com doença mental, e com a certeza de que existe na ENCONTRAR+SE, uma equipa que partilha os valores e objectivos que me proponho no meu percurso profissional”. Aluna de medicina que realizou estágio de Verão

4.4. COMEMORAÇÕES DO DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTAL Desde 2007 que a ENCONTRAR+SE organiza, anualmente, por altura do dia 10 de Outubro, as Comemorações do Dia Mundial da Saúde Mental, as quais constam de um programa diversificado em que a parte formativa (ex. conferências, workshops) assume uma enorme importância. Ao longo dos anos tem havido a preocupação de ajustar os assuntos abordados ao tema proposto pela World Federation for Mental Health para o dia, e disponibilizar propostas suficientemente diversificados que permitam chegar a diferentes públicos. As Comemorações têm contado com a participação de palestrantes nacionais e estrangeiros, bem como com a parceria de diferentes instituições ligadas à formação e intervenção no domínio da saúde mental, nomeadamente o Ministério da Saúde, a Direcção Geral da Saúde, a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental (SPPSM), a World Federation for Mental Health (WFMH), a European Federation of Associations of Families of People with Mental Illness (EUFAMI) e a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Esquizofrenia (ABRE). Em 2013 a Sessão Comemorativa do Dia Mundial da Saúde Mental foi presidida pelo Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Dr. Fernando Leal da Costa.

Patt Franciosi (World Federation for Mental Health); Sigrid Steffan (Presidente da EUFAMI); Maria Pedro (Equipa projecto + Contigo), Luís Loureiro (Coordenador projecto FelizMente), Luísa Campos (Vice-presidente da ENCONTRAR+SE, coordenadora projecto Abrir Espaço à Saúde Mental), Diana Gautier (Equipa projecto Like ME), Margarida Gaspar de Matos (Coordenadora do projecto Aventura Social); David Crepaz-Keay (Mental Health Foundation), Natália Costa

44

(Psicóloga ENCONTRAR+SE), Carmina Rey (Psicóloga da ENCONTRAR+SE), Mafalda Guilherme (Assistente Social da ENCONTRAR+SE).


4.

4.5. EDIÇÕES No âmbito da formação/divulgação de informação, a ENCONTRAR+SE procura contribuir para colmatar a falta de trabalhos sobre temas da saúde/doença mental escritos em língua portuguesa. Desta forma, tem vindo a publicar uma edição anual, dirigida a diferentes públicos e abrangendo diferentes assuntos. Tem sido uma preocupação constante encontrar apoios para que estas edições possam chegar ao maior número de pessoas, o que se tem vindo a verificar, permitindo a sua distribuição gratuita e/ou a disponibilização de uma versão online para download gratuito.

4.5.1. “Guia Prático para Familiares e Amigos de Pessoas com Doença Mental” Em 2007, foi editado o “Guia Prático para Familiares e Amigos de Pessoas Com Doença Mental. Como Lidar com os Défices Cognitivos Associados às Doenças Mentais” (1ª Edição ENCONTRAR+SE), da autoria de Alice Medalia (Consultora externa da ENCONTRAR+SE) e Nadine Revheim. Este guia pretende ajudar os familiares e amigos das pessoas com doença mental e compreender a forma como problemas desta natureza podem afectar o funcionamento cognitivo das pessoas e interferir com o seu desempenho. O guia está disponível para download gratuito online em www.encontrarse. pt/pages/formacao_informacao_ publicacoes.php

4.5.2. “Manual para o tratamento cognitivo-comportamental dos doentes com esquizofrenia nas áreas residencial, laboral, e de ocupação dos tempos livres (WAF)” Em 2008, foi editado o “Manual para o tratamento congnitivo-comportamental dos doentes com esquizofrenia nas áreas residencial, laboral e de ocupação dos tempos livres (WAF) (2ª Edição ENCONTRAR+SE) da autoria de Volker Roder (Consultor externo da ENCONTRAR+SE), Peter Zorn, Hans Dieter Brenner e Daniel R. Müller, e mais dirigido para técnicos de saúde mental. Na sequência da edição deste manual, a ENCONTRAR+SE promoveu, igualmente, um workshop com um dos autores (Daniel Müller) no sentido de dotar os técnicos de saúde mental da formação necessária à boa utilização destes programas. Esta formação foi disponibilizada (gratuitamente) a profissionais de outras IPSS, cumprindo o compromisso da ENCONTRAR+SE de contribuir para a disseminação de boas práticas.

45


4.5.3. “Entre a Razão e a Ilusão. Desmistificando a esquizofrenia” Em 2009 a opção foi para o livro “Entre a Razão e a Ilusão. Desmistificando a esquizofrenia”, do qual são co-autores Cecília Cruz Villares (Consultora externa da ENCONTRAR+SE), Jorge Cândido de Assis e Rodrigo Affonseca Bressan. “O livro resulta do trabalho liderado por um doente esquizofrénico, que não tem medo do diagnóstico e tem trabalhado na Associação Brasileira dos Familiares, Amigos e Portadores de Esquizofrenia – ABRE e da interacção criada com uma terapeuta ocupacional em Saúde Mental e terapeuta familiar Cecília Villares, de um psiquiatra, professor universitário da área da Neurociências, Doutor Rodrigo Bressan e de outros profissionais da Saúde Mental do Brasil. O texto é de simples leitura e é enriquecedor para todos aqueles que quiserem conhecer melhor a doença esquizofrénica e a pessoa do doente esquizofrénico, porque o seu conteúdo resulta em grande parte da transcrição das vivências pedagógicas e outras do autor principal e da experiência de anos de profissionais da Psiquiatria e Saúde Mental associada de forma interessada no tratamento deste doente esquizofrénico estabilizado, que tem a capacidade de relatar e criticar as suas vivências psicológicas e o seu percurso como doente”. (Do prefácio de A. Palha)

4.5.4. “Loucura. A busca de um pai, no insano sistema de saúde” Em 2010, foi publicado o livro “Loucura. A busca de um pai, no insano sistema de saúde”, da autoria de Peter Earley, que esteve presente no seu lançamento integrado nas Comemorações do Dia Mundial da Saúde Mental / 4º Aniversário da ENCONTRAR+SE. O livro versa sobre importantes questões de assistência aos que directa e indirectamente são afectados pela doença mental. Aborda ainda as políticas que regulamentam a saúde mental e que merecem uma reflexão profunda e uma discussão responsável e exigente entre todos os intervenientes (doentes, familiares, técnicos de saúde, legisladores). A opção da ENCONTRAR+SE por lançar este trabalho em 2010 prendeuse com a necessidade de alertar a opinião pública para os riscos de uma política de desinstitucionalização não programada, e para a urgência de encarar as reformas de saúde mental como um objectivo comum, para bem de cada pessoa, cada família e da comunidade como um todo.

46


4.5.5. “100 formas de apoiar a recuperação. Guia para profissionais de saúde mental” Em 2011, optou-se por editar um trabalho mais direccionado para os profissionais de saúde mental e todos os responsáveis pela implementação de serviços baseados nos actuais modelos de recuperação (recovery). “100 formas de apoiar a recuperação. Guia para profissionais de saúde mental”, da autoria de Mike Slade, foi uma obra lançada em versão digital para permitir chegar ao maior número de pessoas. Conforme se deduz do título, o guia centra-se na perspectiva da “recuperação”, que representa uma mudança face ao modelo tradicional de “tratamento”, e apela a uma profunda reflexão na organização de serviços e na postura de todos os envolvidos, desde utentes a cuidadores e profissionais. O modelo de recuperação é muito diferente do modelo médico, o que significa que recuperar não é só alcançar a remissão ou controlo de sintomas e dificuldades mas, acima de tudo, retomar um caminho de vida baseado em valores e objectivos pessoais. Neste modelo é ainda realçada a importância do trabalho conjunto de profissionais de saúde e pessoas com perturbação mental. O guia está disponível para download gratuito online em http://www.encontrarse.pt/Default.aspx?T ag=CONTENT&ContentId=2176

4.5.6. “Guia de Recursos em Saúde Mental” Em 2012, foi editado um “Guia de Recursos em Saúde Mental”, o qual informa sobre as prestações sociais existentes que visam proteger as pessoas que, em situação de doença, invalidez e desemprego, ficam impossibilitadas de exercer uma actividade profissional de forma permanente ou temporária; as medidas de apoio e incentivo ao emprego, destinadas a pessoas em situação de vulnerabilidade social, com dificuldades no acesso, manutenção e progressão no mercado de trabalho; e caracteriza as respostas de reabilitação psicossocial de base comunitária propostas pelos dispositivos legais sobre a matéria, identificando as estruturas de reabilitação psicossocial existentes no distrito do Porto. O guia está disponível para download gratuito online em http://www.encontrarse.pt/Default.aspx?PageId=2&ContentId=2268

47


MANUAL DE PSICOEDUCAÇÃO E GESTÃO DA DOENÇA NA ESQUIZOFRENIA

MARIO PFAMMATTER KARL ANDRES HANS DIETER BRENNER

4.5.7. “Manual de psicoeducação e gestão da doença na esquizofrenia” Também em 2012, foi editado o “Manual de psicoeducação e gestão da doença na esquizofrenia”, da autoria de Mario Pfammatter, Karl Andres e Hans Dieter Brenner. Aprender sobre a doença que se tem, como lidar com a sua natureza e com a forma como tem impacto na vida pessoal e daqueles que estão mais próximos (familiares/ cuidadores informais) é um passo fundamental no processo de recuperação de quem vive com o diagnóstico de esquizofrenia. Este manual apresenta uma proposta de intervenção que possibilita dar este primeiro passo, abordando as temáticas mais significativas deste processo.” (Da nota introdutória e agradecimentos).

EDIÇÃO ENCONTRAR+SE

10 DGS (2007). Comissão Nacional para a Reestruturação dos Serviços de Saúde Mental. Relatório – Proposta de plano de acção para a reestruturação dos serviços de saúde mental em Portugal 2007-2016. Consultado em: http://www.acs.minsaude.pt/

48


“Percepções erróneas em relação à natureza das perturbações mentais e ao seu tratamento têm contribuído para que estas tenham sido negligenciadas. Por exemplo, muitas pessoas pensam que as perturbações mentais afectam apenas um pequeno subgrupo da população, mas a realidade é que 60% das pessoas que vão a consultas a nível dos cuidados primários têm uma perturbação mental diagnosticável. Outras pessoas pensam que as perturbações mentais não podem ser tratadas, mas é sabido que existem tratamentos eficazes e que estes podem ser utilizados com sucesso a nível dos cuidados primários. Alguns acreditam que as pessoas com perturbações mentais são violentas ou instáveis, e portanto devem ser encarceradas, quando na verdade a vasta maioria dos indivíduos afectados não são violentos e são capazes de viver produtivamente dentro das suas comunidades”. Margaret Chan, Directora Geral da Organização Mundial de Saúde e Chris van Weel, Presidente da Organização Mundial de Médicos de Famílias (Wonca), Integração da saúde mental nos cuidados de saúde primários. Organização Mundial de Saúde e Organização Mundial de Médicos de Família, 2008

Afonso Cruz, ilustração do dia 19 de Março 2013, do projecto Felicidário

49


50


5

ENCONTRAR+SE 7 ANOS A CONTRIBUIR PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL

INVESTIGAÇÃO

51


52


5.1 .2 .3 A ENCONTRAR+SE tem como finalidade estatutária contribuir com iniciativas de qualidade capazes de responder às necessidades identificadas em diferentes domínios da saúde mental, pelo que todas as actividades que desenvolve são objecto de avaliação. Para além disso, existe a preocupação de implementar projectos de investigação em áreas pouco estudadas em Portugal com o fim último de prover a comunidade científica e técnica de um conjunto de conhecimentos e de “boas práticas” que permitam melhor intervir no campo da saúde mental. Tendo em conta os elevados níveis de rigor e excelência que a ENCONTRAR+SE procura garantir na avaliação das actividades que desenvolve, e no desenho e implementação de projectos de natureza científica, foi estabelecida uma parceria com o Centro de Estudos e Desenvolvimento Humano (CEDH) da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa (Centro Regional do Porto) que participa em todas as fases dos diferentes processos de avaliação/investigação. Para uma constante monitorização e avaliação das actividades que desenvolve, a ENCONTRAR+SE conta ainda com o apoio dos seus consultores externos, que integram a Comissão de Acompanhamento e/ou prestam consultoria em projectos específicos. A ENCONTRAR+SE está envolvida em diversos projectos, por si ou em parceria outras Instituições. De referir que os resultados decorrentes destes projectos têm vindo a ser publicados em revistas científicas nacionais e internacionais, bem como apresentados em eventos científicos também nacionais e internacionais. Até ao momento, entre artigos publicados ou no prelo, publicações sob a forma de resumo, comunicações nacionais e internacionais, orais ou sob a forma de poster e dissertações de mestrado, o trabalho realizado conta já com mais de 70 trabalhos científicos produzidos, que serão apresentados em 5.10.

5.1.“Estudo sobre as atitudes de estudantes universitários face à doença mental” No contexto da campanha anti-estigma/pró-saúde mental, promovida pela ENCONTRAR+SE, foi efectuado o primeiro estudo sobre “Atitudes de estudantes universitários face à doença mental”, que envolveu uma amostra de 300 estudantes. Este estudo, efectuado antes de iniciar a campanha anti-estigma/prósaúde mental e repetido no final da mesma, teve como objectivos fazer um levantamento das atitudes de estudantes universitários face à doença mental e, posteriormente, avaliar o impacto da campanha na mudança de atitude/ aumento de conhecimento sobre a doença mental.

5.2.“Estigma público e privado face à doença mental. Estudo exploratório da realidade portuguesa” No contexto da primeira edição do Mestrado de Reabilitação Psicossocial – Especialização em Perturbação Mental Grave, realizado em parceria com a Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica, realizaram-se diferentes projectos com o objectivo de estudar o estigma face à doença mental na população portuguesa. Estes estudos tiveram como objectivo avaliar tanto o estigma público (e.g. junto de técnicos de saúde mental, alunos de enfermagem e de polícias), como o estigma privado (e.g. o autoestigma e o estigma junto de familiares de pessoas com doença mental). 5.3.“Estudo sobre a percepção dos estudantes de medicina face à doença mental” Este estudo envolve a validação da Escala de Avaliação das Atitudes dos Clínicos (MICA), instrumento que permite perceber qual a percepção que os estudantes de medicina têm face à doença mental. A opção por este tema prende-se com o facto de ser comum identificar atitudes estigmatizantes em profissionais de saúde, nomeadamente médicos. Em 2009, em parceria com a Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho, decorreu o estudo piloto para aferir o questionário e realizar uma primeira avaliação do impacto que a residência em psiquiatria pode ter na percepção que os alunos de medicina têm face à doença mental. Atendendo aos resultados obtidos, tornou-se claro ser necessário dar continuidade a este trabalho e ponderar a integração no currículo formativo dos alunos de medicina uma componente de sensibilização para as questões do estigma face à doença mental.

53


5.4 .5 .6 5.4. “UPA Faz a Diferença – Acções de sensibilização pró-saúde mental” (com o apoio financeiro do Alto Comissariado da Saúde, da Fundação Calouste Gulbenkian, da Lilly Portugal e do BPI; e com o apoio científico do Centro de Estudos de Desenvolvimento Humano da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional do Porto)

Conforme já referido, o projecto “UPA Faz a Diferença - Acções de sensibilização pró-saúde mental” surgiu com o objectivo geral de contribuir para o aumento de conhecimentos sobre questões de saúde e foi implementado em 13 escolas secundárias da zona Norte litoral de Portugal, tendo envolvido 1277 alunos. A implementação do projecto seguiu uma metodologia experimental, do tipo pré-pós-intervenção, com recurso a grupo experimental e grupo de controlo, tendo permitido a realização do levantamento das percepções estigmatizantes, percepções de conhecimentos e intenções comportamentais dos alunos face a problemas de saúde mental – resultados pré-intervenção; bem como, da avaliação do impacto das acções de sensibilização pró-saúde mental.

5.5. “P’UPA: Professores UPA Fazem a Diferença” (com o apoio financeiro da Lilly Portugal e com o apoio científico do Centro de Estudos de Desenvolvimento Humano da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional do Porto)

O projecto “P’UPA: Professores UPA Fazem a Diferença”, dirigido a professores do ensino básico e secundário, de escolas da zona norte litoral de Portugal foi implementado seguindo a mesma matriz metodológica do “UPA Faz a Diferença”. A avaliação do impacto do projecto no aumento do conhecimento sobre os principais sinais e sintomas de alerta para o risco de perturbação mental, bem na diminuição de percepções estigmatizantes face à doença mental permitem compreender necessidades futuras de intervenção e adaptar os conteúdos a desenvolver.

5.6. “Abrir espaço à saúde mental” (em parceria com a Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional do Porto, e com o financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (PTDC/PSIPCL/112526/2009).

À semelhança do UPA Faz a Diferença, o Abrir Espaço à Saúde Mental seguiu uma metodologia cientifica de elevado rigor que englobou diferentes fases: 1) desenvolvimento de um instrumento de avaliação de conhecimentos e percepções estigmatizantes dos jovens face a problemas de saúde mental, tendo por base dados da literatura, bem como os dados decorrentes da análise de focus groups, que foram realizados junto de jovens entre os 12 e os 14 anos; 2) desenvolvimento de uma intervenção centrada na promoção da mental health literacy e na redução de percepções estigmatizantes associadas a problemas de saúde mental; 3) implementação do estudo-piloto, o qual permitiu testar (a) o instrumento de avaliação de conhecimentos e percepções estigmatizantes dos jovens face a problemas de saúde mental e (b) a intervenção desenvolvida; 4) implementação e avaliação da eficácia da intervenção e estudo psicométrico do instrumento de avaliação; 5) fase de follow-up para monitorizar manutenção dos ganhos. (http://www.fep.porto.ucp.pt/abrirespacosaudemental/#sthash.gyt0gTR8.dpuf)

54


5.7 .8 .9 5.7. “Avaliação da eficácia do NEAR – Neuropsychological Educational Approach to Rehabilitation” na remediação dos défices cognitivos na doença mental Foi implementado, pela primeira vez em Portugal, no Learning Center da ENCONTRAR+SE o programa de reabilitação cognitiva – Neuropsychological Educational Approach to Rehabilitation (NEAR) -, desenvolvido pela Profª Drª Alice Medalia. À semelhança do que acontece com outras intervenções realizadas na ENCONTRAR+SE, avalia-se a eficácia deste programa junto da população portuguesa com esquizofrenia, tanto para fins de monitorização clínica, como para validação da mesma como “boa prática”. Para tal, foi realizado um estudo piloto, cujos resultados demonstraram, após cerca de 40 sessões, uma redução significativa dos défices cognitivos ao nível da memória de trabalho, memória a longo prazo, velocidade de processamento, atenção e funcionamento executivo.

5.8. “Avaliação da eficácia dos programas de ocupação dos tempos livres e laboral do WAF numa amostra de pessoas com esquizofrenia em Portugal” Tendo como objectivo principal avaliar a eficácia do Programa de Terapia cognitivo-comportamental para a esquizofrenia nas áreas ocupacional e laboral (WAF) foram desenvolvidos dois estudos. Um primeiro estudo teve como objectivo avaliar o impacto do programa de ocupação de tempos-livres (WAF) na satisfação com a ocupação dos tempos livres, qualidade de vida e auto-eficácia num grupo de pessoas com doença mental em regime de Hospital de Dia. Um segundo estudo teve como objectivo avaliar o impacto do programa de reabilitação laboral na sintomatologia, qualidade de vida e percepções face à actividade laboral em pessoas com esquizofrenia em situação de desemprego ou de reorientação profissional/vocacional. 5.9. “Trajectórias pelos Cuidados de Saúde Mental” (em parceria com a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental e com o apoio científico do Centro de Estudos em Desenvolvimento Humano da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional do Porto).

O presente estudo procura contribuir para a definição de um modelo de referenciação, articulação e prestação de cuidados de saúde mental com vista à satisfação de utentes, cuidadores e técnicos de saúde mental, partindo: (1) do levantamento da situação actualizada em termos da desinstitucionalização psiquiátrica realizada até ao momento, (2) do estudo das trajectórias de utilização dos serviços de saúde mental de um grupo de utentes, seus cuidadores e técnicos de saúde mental, bem como (3) da avaliação da percepção da sua satisfação face aos serviços de prestação de cuidados de saúde mental. De acordo com o relatório da Comissão Nacional para a Reestruturação dos Serviços de Saúde Mental (CNRSSM, 2007), os serviços de saúde mental possuem um funcionamento precário, nomeadamente ao nível da acessibilidade, equidade e qualidade, sendo que apenas uma pequena percentagem de pessoas com experiência de problemas de saúde mental recorre a estes serviços. Dados do mesmo relatório apontam para que, em 2005, apenas 1,7% da população tenha contactado os serviços embora, nesse mesmo ano, fosse estimado que 5 a 8% da população pudesse ter experienciado um problema de saúde mental. Do exposto, torna-se fundamental explorar as trajectórias de utilização dos serviços, partindo da experiência dos utentes ao nível da representação de acessibilidade, equidade, qualidade e satisfação, identificando-se obstáculos, bem como factores facilitadores de acesso aos mesmos. Através do presente estudo poder-se-á obter indicadores fundamentais com vista a uma maior e melhor utilização dos recursos existentes e, assim, contribuir para a maximização do acesso adequado da população aos serviços de prestação de cuidados de saúde mental. Considerando o processo de desinstitucionalização iniciado em 2009, este estudo contribuirá, igualmente, para caracterizar o enquadramento legal em que se baseou e estudar a percepção que os utentes, cuidadores e técnicos de saúde mental directamente envolvidos têm da mudança.

55


5.10 5.10. PUBLICAÇÕES

5.10.1. ARTIGOS EM REVISTAS CIENTÍFICAS, ATAS E CAPÍTULOS DE LIVROS

Campos, L., Palha, F., Sousa Lima, V., Dias, P., Duarte, A. & Veiga, E. School-based interventions to promote mental health literacy in Portugal (in press).

Beldie, A., .... Palha, F . (2012). Fighting stigma of mental illness in midsize European countries. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 47 (Suppl 1), 1-38. Campos, L., Palha, F., Dias, P., Lima, V.S., Veiga, E., Costa, N. & Duarte, A. I. (2012). Mental health awareness intervention in schools. Journal of Human Growth and Development, 22(2), 259-266.

Palha, F. (2012). Der Kampf gegen das Stigma psychischer Erkrangungen. Die Arbeit von ENCONTRAR+SE aus Portugal. In M Schultz and C. Burr (eds). Recovery. Bern: University of Bern Press.

Campos, L., Palha, F., Veiga, E., Dias, P. & Duarte, A. (2012). Abrir Espaço à Saúde Mental - Promoção da saúde mental em adolescentes (12-14 anos): Construção do guião de focus groups. In: Pais Ribeiro, J., Leal, I., Pereira, A. & Monteiro, S. (Eds.), Psicologia da Saúde: Desafios à promoção da saúde em doenças crónicas (1ª edição, pp. 58-61). Lisboa: Editora Placebo.

Campos, L., Palha, F., Dias, P., Veiga, E., Sousa Lima, V., Costa, N. & Duarte, A. (2012). UPA Faz a Diferença – Acções de sensibilização pró-saúde mental junto de jovens entre os 15 e os 18 anos: Diferenças de género. In: Pais Ribeiro, J., Leal, I., Pereira, A. & Monteiro, S. (Eds.), Psicologia da Saúde: Desafios à promoção da saúde em doenças crónicas (1ª edição, pp. 62-68). Lisboa: Editora Placebo. Campos, L.; Palha, F.; Dias, P.; Veiga, E.; Lima, V.S.; Costa, N. & Duarte, A. (2012). UPA Faz a Diferença - Acções de sensibilização pró-saúde mental: Resultados preliminares de acções de sensibilização prósaúde mental, Revista SPESE, 4, 2-4. Campos, L. (2011). Upa faz a diferença: Marcando la diferencia en los jóvenes de hoy, preparando un futuro mejor para todos. Joia - Magazine de la Salud Mental, 5, 44. Campos, L.; Palha, F.; Sousa Lima, V.; Dias, P.; Pinhal, A.; & Costa, N. (2011). Attitudes towards people with mental disorders and psychiatry: Impact of mental health residence on a sample of Portuguese medical students. Turkish Journal Of Psychiatry, 22(2) Supllement 1, 86. Campos, L.; Palha, F.; Veiga, E.; Dias, P; Lima, V.S.; et al. (2011). UPA hace la diferencia. Acciones de sensibilización pro-salud mental: Dados preliminares del estudio piloto. Actas do II Congreso Internacional de Orientación Psicoeducativa: Escuela y Psicopatología. Madrid: Universidad CEU-San Pablo. Palha, F. (2011). Terapia de remediação cognitiva no tratamento integrado da esquizofrenia. Revista Hospitalidade: revista da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, nº 291, 24-30. Campos, L.; Costa, N.; & Palha, F. (2010). O Upa faz a diferença – acções de sensibilização pró-saúde mental. Parte 1 | Construção de guião de Focus Group. (pp. 355-358). Psicologia, Saúde & Doenças, 11(S1), 177. Palha, F.; & Campos, L. (2009). The Portuguese “United to Help” movement to combat stigma and discrimination against mental illness. Psychiatriki, 20(S1), 37.

56


5.10.2. PUBLICAÇÕES SOB A FORMA DE RESUMO Campos, L., Losada, A., Pinho, S., Duarte, A., Palha, F., Dias, P. & Veiga. (2013). Mental Health Literacy in students from public & private schools: Preliminary results from Finding Space to Mental Health. In: Parallel sessions - Posters, 1st World Congress of Children and Youth Health Behaviors/ 4th National Congress on Health Education, Atención Primaria, 45, 164. Campos, L.; Costa, N. & Palha, F. (no prelo). UPA FAZ A DIFERENÇA – Acções de Sensibilização prósaúde mental. Construção do questionário de avaliação. Actas do II Congresso de Reabilitação e Inclusão na Saúde Mental. Campos, L., Palha, F., Dias, P, Veiga, E., Lima, V.S., Costa, N. & Duarte, A. (2011). UPA Faz a Diferença: Acções de sensibilização pró-saúde mental: Resultados preliminares. 2º Congresso da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Saúde Escolar. Saúde Escolar: da Investigação às Boas Práticas. Programa e Resumos, 39. Campos, L.; Costa, N.; & Palha, F. (2010). O UPA FAZ A DIFERENÇA – acções de sensibilização pró-saúde mental. Parte 1 | Construção de guião de Focus Group. (pp. 355-358). Psicologia, Saúde & Doenças, 11(S1), 177. Campos, L. & Palha, F. (2009). University students’ perceptions about people with mental illnesses. Preliminary results of the first Portuguese survey. Fourth International stigma Conference. Together Against Stigma. Londres, 21 a 23 de Janeiro. Palha, F. & Campos, L. (2009). Congresso Mundial 2009 “Working together for Mental Health”. World Federation for Mental Health (Eds.). The Portuguese “United to Help” movement to combat stigma and discrimination against mental illness (pp. 2-6).

5.10.3. APRESENTAÇÃO DE COMUNICAÇÕES EM REUNIÕES CIENTÍFICAS a) Comunicações Nacionais Campos, L. (21 de Otubro 2013). Literacia em saúde mental nos jovens portugueses. Comunicação apresentada no Encontro do POrto de Promoção da Saúde Mnetal em Jovens. Desafios atuais e caminhos futuros, Porto. Palha, F. (2013, 5 de Outubro). Movimento UPA – Unidos para ajudar: pela promoção da saúde mental em Portugal. Comunicação apresentada no 1º Simpósio Nacional de Psicologia em contextos privados de saúde. Auditório do Hospital Cuf, Porto. Campos, L., Losada, A., Pinho, S., Duarte, A., Palha, F., Dias, P. & Veiga, E. (23-25 de Maio 2013), Mental Health Literacy in students from public & private schools: preliminary results from Finding Space to Mental Health. Comunicação apresentada no 1st World Congress on Children and Youth Health Behaviors / 4º Congresso Nacional de Educação para a Saúde, Viseu. Campos, L.; Palha, F; Dias, P; Veiga, E.; & Duarte, A. (2012, Novembro). Desafios do contexto e do públicoalvo: A experiência do projeto Abrir espaço à saúde mental. Comunicação (por convite) realizada no simpósio subordinado ao tema “Abrir Espaço à Saúde Mental - Promoção da Saúde Mental em Contexto Escolar: Oportunidades e Desafios”, promovido pela ENCONTRAR+SE – Associação de Apoio a Pessoas com Perturbação Mental Grave, em parceria com o projeto Abrir Espaço à Saúde Mental, desenvolvido pela Faculdade de Educação e Psicologia, Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa (FEP-UCP).

57


Palha, F. & Costa, N. (2012, Novembro). Humanização dos cuidados de saúde mental – A luta contra o estigma e a discriminação apresentado no Congresso de Humanização dos Cuidados de Saúde, Associação Nacional de Estudantes de Medicina, Porto. Campos, L. & Palha, F. (2012) Literacia em saúde mental e Luta contra o estigma. Comunicação realizada no I Curso de Intervenção Precoce e Recuperação na Psicose, na Reitoria da Universidade de Aveiro, Aveiro. Campos L. (2012, Outubro). Promoção da Saúde Mental nos Adolescentes: Resultados de uma Estratégia de Intervenção. Conferência realizada no III Congresso Internacional da SPESM, Porto. Campos, L. (2012, Julho). Abrir Espaço à Saúde Mental. Comunicação apresentada no Social Lab, Faculdade de Economia e Gestão, Centro Regional do Porto, Universidade Católica Portuguesa, Porto, Palha, F. & Costa, N. (2012, Abril). O papel da Encontrar+se e do Movimento UPA na Promoção da saúde mental em Portugal apresentada na XX Semana de Psicologia e Ciências da Educação, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Duarte, A. (2012, Abril). Abrir Espaço à Saúde Mental. Comunicação apresentada na XX Semana de Psicologia e Ciências da Educação, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Campos, L., Palha, F., Veiga, E., Dias, P. & Duarte, A. (2012, Fevereiro). Abrir Espaço à Saúde Mental Promoção da saúde mental em adolescentes (12-14 anos): Construção do guião de focus groups. Poster apresentado no 9º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde, Aveiro. Campos, L. & Palha, F. (2012, Fevereiro). Professores UPA fazem a diferença: Estudo Piloto. Poster apresentado no 9º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde, Aveiro. Campos, L. (2012, Fevereiro). UPA Faz a Diferença – Acções de sensibilização pró-saúde mental junto de jovens entre os 15 e os 18 anos: Diferenças de género. Comunicação apresentada no 9º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde, Aveiro. Campos, L. (2011, Novembro). Abrir espaço à Saúde Mental. Comunicação apresentada no Simpósio promoção da saúde mental: quando começar e como?, no VII Congresso da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, Coimbra. Campos, L. (2011, Outubro). Abrir “Espaços” à Saúde Mental em contexto escolar. Comunicação apresentada no workshop Promoção da saúde Mental na 1ª e 2ª infância, nas Comemorações do Dia Mundial da Saúde Mental, Matosinhos, Porto. Campos, L. (2011, Maio). Abrir “espaços” à saúde mental. Comunicação apresentada no 5º Fórum Científico da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa, Porto. Campos, L. (2011, Abril). UPA Faz a Diferença: Acções de sensibilização pró-saúde mental. Comunicação apresentada no 2º Congresso da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Saúde Escolar - Saúde Escolar: da Investigação às Boas Práticas, Ermesinde. Campos, L. & Palha, F. (2010, Dezembro). UPA faz a diferença: O combate ao estigma com os jovens. Comunicação apresentada no workshop subordinado ao tema Estigma e doença mental: Diferentes frentes de combate, no VI Congresso da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, Estoril. Palha, F.; & Campos, L. (2010, Dezembro). Estigma e doença mental: Diferentes frentes de combate. Comunicação apresentada no workshop subordinado ao tema Estigma e doença mental: Diferentes frentes de combate, no VI Congresso da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, Estoril.

58


Campos, L., Costa, N., & Palha, F. (2010, Fevereiro). UPA Faz a Diferença – Acções de sensibilização prósaúde mental. Construção de Guião de Focus Group. Poster apresentado no 8º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde, Lisboa. Palha, F. (2010, Novembro). “Intervenção e Reabilitação na Doença Mental: Uma Prioridade que demora”. Comunicação apresentada na mesa sobre “Intervenção e Reabilitação na Saúde Mental”, integrada no “II Encontro Nacional das Associações de Família na área da Saúde Mental. A Família e o novo Paradigma de Saúde Mental”. Paços do Concelho, Câmara Municipal de Barcelos. Palha, F. (2010). Participou no Debate “Novos Desafios & Perspectivas Futuras”, no âmbito do II Congresso Internacional da Sociedade portuguesa de Enfermagem de Saúde mental”, “Do Diagnóstico à Intervenção em Saúde Mental”. Casa de Saúde S. João de Deus, Barcelos, 29 de Outubro 2010. Palha, F. (2010, Novembro). “Perspectivas da Saúde Mental em Portugal”. Comunicação apresentada no I Painel sobre “Saúde Mental em Portugal” integrado nas I Jornadas de Psiquiatria e Saúde Mental da Casa Ozanam”. Auditório da Casa Ozanam, Aveiro. Palha, F., Guimarães, A. & Costa, N. (2010, Novembro). Workshop sobre “Remediação Cognitiva”. Instituto Pré Conferência no âmbito do II Encontro Nacional das Associações de Família na área da Saúde Mental. A Família e o novo Paradigma de Saúde Mental”. Auditório da casa da Juventude de Barcelos, Barcelos. Almeida, M., Campos, L. & Palha, F. (2009, Outubro). Percepções dos estudantes universitários face às doenças mentais: Pré e Pós movimento UPA’08. Comunicação (por convite) apresentada no Workshop Estigma na doença mental: Uma barreira a ultrapassar, no II Congresso de reabilitação e inclusão na saúde mental, Instituto de Psicologia Cognitiva, Desenvolvimento Vocacional e Social da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Coimbral. Campos, L. (2009, Outubro). O UPA Faz a Diferença – Acções de sensibilização pró-saúde mental: Construção do questionário de avaliação. Comunicação apresentada no II Congresso de reabilitação e inclusão na saúde mental, Coimbra. Campos, L. (2009, Outubro). Doença mental e prestação de cuidados. Comunicação apresentada no debate Saúde Mental no séc. XXI: Desafios globais, as necessidades dos utentes e das famílias e a realidade portuguesa, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica, Porto. Campos, L., Costa, N. & Palha, F. (2009, Outubro). O UPA faz a diferença – Acções de sensibilização pró-saúde mental: Construção do questionário de avaliação. Comunicação (por convite) apresentada no Workshop Estigma na doença mental: Uma barreira a ultrapassar, no II Congresso de reabilitação e inclusão na saúde mental, Instituto de Psicologia Cognitiva, Desenvolvimento Vocacional e Social da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Coimbra. Palha, F. (2009, Fevereiro). O papel da terapia de remediação cognitiva no tratamento integrado da esquizofrenia”. Comunicação apresentada no X Congresso de psiquiatria de S. João de Deus, Lisboa,. Palha, F., & Campos, L. (2009, Novembro). Avaliação do Estigma nas Doenças Mentais: Questões Globais. “O Estigma e a Doença Mental: Como avaliar”. V Congresso da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental. Porto. Campos, L. & Palha, F. (2008, Novembro). Percepções dos estudantes universitários face à doença mental | fase 1 | pré-campanha. Comunicação (por convite) apresentada na mesa subordinada ao tema Estigma e Doença mental, no IV Congresso da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, Luso.

59


b) Comunicações Internacionais Campos, L. & Palha, F. (2013, 28 Setembro). Promoviendo la información en Salud mental para los jóvenes en este tiempo de crisis económica. Comunicação apresentada no XVII Congreso Nacional de Psiquiatría, integrada no Simpósio “La crisis socioeconómica y la salud mental en Portugal”, Sevilla, Espanha. Campos, L., Palha, F. Dias, P. & Costa, N. (10-12 Abril 2013). United to Help Teachers - Intervention to promote mental health literacy in secondary school teachers: preliminary results. Poster apresentado no IV Congresso Internacional de Psicologia FIUC, Benos Aires, Argentina. Campos, L., Palha, F. Dias, P. , Veiga, E. & Duarte, A. (10-12 Abril 2013). Finding Space to Mental Health romoting mental health in adlescents (12-14 year-olds): preliminary results of intervention’s effectiveness. . Comunicação apresentada no IV Congreso Internacional del Grupo Sectorial de Psicologia - FIUC, Benos Aires, Argentina. Palha, F. (2012, Março). United to help movement (UPA) in Portugal. The anti-stigma campaign – insight for the future. 1st International Conference for Mental Health and Recovery. Psychiatric Hospital of the University of Bern, Bern, Suíça. Palha, F. & Campos, L. (2012, Março). United to help movement (UPA) in Portugal: To combat illness stigma and promote mental health. Comunicação apresentada na Refocus on Recovery 2012 Conference, Londres, Reino Unido. Campos, L. (2012, Março). UPA (United to help movement) makes a difference: A school-based intervention to promote mental health literacy and combat mental illness stigma in young people. Comunicação apresentada no Refocus on Recovery 2012 Conference, Londres, Reino Unido. Campos, L., Palha, F., Dias, P. & Veiga., E. (2011, Setembro). Finding Space to Mental Health - Promoting mental health in adolescents (12-14 year-olds): Development and evaluation of an intervention. Poster apresentado na 25th European Health Psychology Conference, Creta, Grécia. Dias, P.; Campos, L.; Palha, F.; Veiga, E. & Lima, V.S. (2011, Setembro). Sensibilização pró-saúde mental em contexto escolar em Portugal. Comunicação apresentada no III Congresso Internacional de Saúde da Criança e do Adolescente, São Paulo, Brasil. Campos, L.; Palha, F.; Sousa Lima, V.; Dias, P.; Pinhal, A.; & Costa, N. (2011, Junho). Attitudes towards people with mental disorders and psychiatry: Impact of mental health residence on a sample of portuguese medical students. Poster apresentado na World Psychiatric Association - Thematic Conference, Istambul, Turquia. Campos, L. (2010, Junho). UPA hace la diferencia. Acciones de sensibilización pro-salud mental | Estudio piloto. Comunicação apresentada no 2nd International Congress on Psychoeducational Counselling, Madrid, Espanha. Palha, F. (2010, Junho). “Rehabilitación psicosocial. La perspectiva de Portugal”. Comunicação proferida no âmbito da Mesa redonda 2 “Experiencias, perspectivas tendencial european” integrada na II Conferencia Europea WAPR que decorreu durante o III Congreso de la Federación Española de Asociaciones de Rehabilitación Psicosocial. Valladolid. Palha, F. & Campos, L. (2009, Setembro). The Portuguese United to Help” movement to combat stigma and discrimination against mental illness. Comunicação apresentada no Simpósio Combating Stigma on a Low Budget, World Congress 2009 of World Federation for Mental Health, Atenas, Grécia. Palha, F. (2008, Outubro). Campanha anti-estigma “Uma Música para a Saúde Mental / Movimento UPA” no âmbito das políticas de saúde mental em Portugal. Fórum sobre “Estigma”. XXVI Congresso Brasileiro de Psiquiatria. Brasília - Brasil. 60


Palha, F.; Guimarães, A.; Castro-Henriques, M.; Costa, N.; & Campos, L. (2008, Junho). Stigmatization of people with mental illnesses: a preliminary study. Poster apresentado no V Colóquio Internacional de Esquizofrenia do Porto, Porto (1º prémio). Campos, L.; & Palha, F. (2008, Janeiro). University students’ perceptions about people with mental illnesses. Preliminary results of the first Portuguese survey. Poster apresentado em The Fourth International Stigma Conference 2009, Londres, UK.

5.10.4. DiISSERTAÇÕES DE MESTRADO Gil da Costa, M. (2013). Trajetórias pelos cuidados de saúde mental: Um contributo para o seu estudo. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Ferreira, A. L. (2013). Abrir Espaço à Saúde Mental: Promoção de saúde mental em jovens do 9º ano de escolaridade. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Roma Torres, J. A. (2013). Abrir Espaço à Saúde Mental - Estudo piloto sobre conhecimentos, estigma e necessidades relativas a questões de saúde mental, junto de alunos do 8º ano de escolaridade. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Educação e Psicologia, Universidade Católica Portuguesa. Pinho, S. (2013). Abrir Espaço à Saúde Mental: Promoção da saúde mental em jovens do 7º ano de Escolaridade. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Medina, M. (2013). Abrir Espaço à Saúde Mental - Estudo piloto sobre conhecimentos, estigma e necessidades relativas a questões de saúde mental, junto de alunos do 9º ano de escolaridade. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Gonçalves, A. (2012). Impacto do programa “ocupação dos tempos livres” do WAF na satisfação com a ocupação dos tempos livres, qualidade de vida e auto-eficácia de pessoas com perturbação mental grave. Estudo Piloto. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Medina, M. (2012). Abrir Espaço à Saúde Mental - Estudo piloto sobre conhecimentos, estigma e necessidades relativas a questões de saúde mental, junto de alunos do 9º ano de escolaridade. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Educação e Psicologia, Universidade Católica Portuguesa. Mendes, J. (2011). UPA FAZ A DIFERENÇA - Avaliação do impacto de acções de sensibilização prósaúde mental junto de alunos do ensino secundário particular e cooperativo. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia, Universidade Católica Portuguesa,. Rei, C. (2011). Avaliação da eficácia da Neuropsychological Educational Approach to Rehabilition (NEAR) na remediação dos défices cognitivos em pessoas com esquizofrenia: estudo piloto. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Santos, A. (2011). UPA FAZ A DIFERENÇA - avaliação do impacto de acções de sensibilização pró-saúde mental junto de alunos do ensino secundário público. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia, Universidade Católica Portuguesa. Silva, I. (2011). Abrir Espaço à Saúde Mental - Estudo piloto sobre conhecimentos, estigma e necessidades relativas a questões de saúde mental, junto de alunos do 7º ano de escolaridade. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Educação e Psicologia, Universidade Católica Portuguesa. 61


Alves, S. (2010). As Atitudes Púbicas Perante Pessoas com Doença Mental (Estudo comparativo entre quatro grupos de vizinhança de diferentes serviços de tratamento psiquiátrico). Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Barrantes (2010). O Estigma na Esquizofrenia: Atitude dos Profissionais da Saúde Mental. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Basílio, C. (2010). Estudo exploratório sobre as atitudes da polícia portuguesa face a pessoas com doença mental. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Castro-Henriques, M. (2010). Estudo Exploratório do Auto-Estigma em Pessoas com Esquizofrenia. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Costa, M. (2010). Avaliação de Necessidades na Esquizofrenia: as Perspectivas de Utentes e técnicos de Saúde Mental. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Costa, N. (2010). Ajustamento Psicossocial em Pessoas com Esquizofrenia: Auto-Estigmatização, Coping, Qualidade de Vida e Bem-Estar. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Francisco, I. (2010). Estudo da percepção dos alunos de enfermagem face à doença mental. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Gomes, L. (2010). UPA FAZ A DIFERENÇA – Estudo piloto sobre conhecimentos, estigma e necessidades relativas a questões de saúde mental, num grupo de alunos do ensino secundário público. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Guimarães, A. (2010). Estudo Exploratório da Estigmatização num Grupo da População Geral e num Grupo de Familiares de Pessoas com Doença Mental: Estigma Público, de Cortesia e Auto-Estigma. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Magalhães, S. (2010). UPA FAZ A DIFERENÇA – Estudo piloto sobre conhecimentos, estigma e necessidades relativas a questões de saúde mental, num grupo de agentes educativos de alunos do ensino secundário privado. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Mesquita, S. (2010). UPA FAZ A DIFERENÇA – Estudo piloto sobre conhecimentos, estigma e necessidades relativas a questões de saúde mental, num grupo de agentes educativos de alunos do ensino secundário público. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Pinhal, A. (2010). Percepção dos alunos de medicina face à doença mental: estudo exploratório. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa.

62


O que vale não é o quanto se vive... mas como se vive. Martim Luther King

Rosário Pinheiro, ilustração do dia 17 de Novembro 2013, do projecto Felicidário

63


64


6

ENCONTRAR+SE 7 ANOS A CONTRIBUIR PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL

ADVOCACIA

65


66


6.1 .2 A advocacia, ou defesa dos direitos, em saúde mental (advocacy) tem vindo a ganhar força e importância nas últimas décadas, tendo em consideração a urgência em combater as diferentes formas de discriminação que se encontram associadas ao tema. A advocacia em saúde mental pode englobar desde a exigência na transparência das opções políticas de distribuição dos recursos da saúde, até à defesa do direito ao acesso a serviços de qualidade para quem tem um problema de saúde mental. Em vários países do Mundo, desde há décadas que grupos de pessoas com experiência de doença mental, familiares e até profissionais de saúde mental (normalmente integrados em Organizações Não Governamentais ou instituições similares) trabalham de forma sistemática as questões ligadas à defesa dos direitos em saúde mental, desenvolvendo diversas iniciativas de advocacy. Em Portugal, lamentavelmente, não existem grupos de advocacia em saúde mental reconhecidos como tal, o que justifica, até certo ponto, o silêncio que persiste em torno da contínua e grave violação dos direitos em saúde mental. Consciente das graves repercussões deste atraso nos doentes com problemas de saúde mental e seus cuidadores, a ENCONTRAR+SE procurou estabelecer contactos com outras instituições/agentes envolvidos na área da saúde mental no sentido de construir uma rede de “advocates” capazes de reflectir sobre as questões preocupantes que se vivem a este nível no nosso país, e participar de forma activa para reclamar e trabalhar em propostas capazes de implementar a mudança que se exige. Apesar de, até à data, não ter sido possível criar a rede que se desejaria, a ENCONTRAR+SE tem-se mantido activa na promoção de debates públicos, e de iniciativas de consciencialização pública (ex. caminhada UPA já referida), e tem estado representada em encontros Internacionais onde as questões desta natureza são debatidas e aprofundadas por representantes dos diferentes sectores envolvidos (stakeholders).

6.1. DEBATE PÚBLICO “SAÚDE MENTAL NO SÉC XXI: DESAFIOS GLOBAIS, AS NECESSIDADES DOS UTENTES E DAS FAMÍLIAS E A REALIDADE PORTUGUESA” Com o Alto Patrocínio da World Federation for Mental Health (WFMH), da European Federation of Associations of Families of People with Mental Illness (EUFAMI) e da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, e em parceria com a Universidade Católica Portuguesa, em 2009, a ENCONTRAR+SE promoveu um debate aberto sobre “Saúde Mental no séc. XXI: desafios globais, as necessidades dos utentes e das famílias e a realidade Portuguesa”. Participaram neste debate, moderado pelo jornalista Rui Miguel Falé, Patt Franciosi (Chair do World Mental Health Day e Vice-Presidente da WFMH), Sigrid Steffan (Presidente da EUFAMI), Jorge Cândido de Assis (Utente, Associação ABRE), J. Miguel Caldas de Almeida (Coordenador Nacional para a Saúde Mental), Luísa Campos (Vice-Presidente da ENCONTRAR+SE) e Filipa Palha (Presidente da ENCONTRAR+SE).

6.2. DEBATE PÚBLICO “CUIDADOS DE SAÚDE MENTAL: PRIORIDADES, DESAFIOS E RISCOS” Com o Alto Patrocínio da World Federation for Mental Health (WFMH), da European Federation of Associations of Families of People with Mental Illness (EUFAMI) e da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, em 2010, a ENCONTRAR+SE promoveu um debate público sobre “Cuidados Saúde Mental: prioridades, desafios e riscos”. Esta iniciativa decorreu no auditório da Fundação de Serralves e enquadrou-se nas Comemorações do Dia Mundial da Saúde Mental / 4º Aniversário da ENCONTRAR+SE. Participaram neste debate, Pete Earley (autor da 4ª edição da publicação anual da ENCONTRAR+SE); Francisco George (Director Geral da Saúde); Miguel Veiga (Advogado, Presidente da Mesa da Assembleiageral da ENCONTRAR+SE); António Palha (Presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental); Manuel Viegas Abreu (Familiar de Pessoa com Doença Mental; Presidente da Associação ReCriar Caminhos) e Filipa Palha (Presidente da Direcção da ENCONTRAR+SE).

67


6.3 .4 .5 Miguel Veiga (Presidente da Mesa da Assembleia Geral da ENCONTRAR+SE), Francisco George (Director-Geral da Saúde), António Palha (Presidente da Sociedade Portuguesa da Psiquiatria e Saúde Mental), Pete Earley (Jornalista e autor da 4ª edição da ENCONTRAR+SE), Manuel Viegas Abreu (Presidente a Associação ReCriar Caminhos) e Filipa Palha (Presidente ENCONTRAR+SE).

6.3. PRÉMIO DE JORNALISMO NA ÁREA DA SAÚDE MENTAL A ENCONTRAR+SE é uma das parceiras desta iniciativa, promovida pela Fundação AstraZeneca e iniciada em 2009, que procura incentivar o desenvolvimento de trabalhos de qualidade sobre questões da saúde mental. Já se realizaram 3 edições deste prémio.

6.4. 5th INTERNATIONAL PATIENT & CARER ADVOCACY GROUP MENTAL HEALTH SUMMIT Em 2008 a ENCONTRAR+SE foi representada pela Filipa Palha no “International Patient & Carer Advocacy Group Mental Health Summit”, que se realizou em Praga, República Checa nos dias 18 a 19 Junho. Neste encontro proferiu uma comunicação sobre o “Movimento UPA - An Anti-Stigma Campaign in the Context of Mental Health Policies in Portugal”, que mereceu o melhor interesse por parte dos participantes, e que contribuiu para o afirmar da ENCONTRAR+SE como uma Instituição de reconhecido valor no contexto em que trabalha.

6.5. CONSENSUS CONFERENCE UNDERSTANDING THE ‘JOURNEY TO RECOVERY’ FROM A SEVERE MENTAL ILLNESS Em Outubro de 2008, a ENCONTRAR+SE voltou a estar representada pela Filipa Palha na “Consensus Conference Understanding the ‘Journey to Recovery’ from a Severe Mental Illness”, que se realizou em Viena, Áustria. Este encontro permitiu o debate entre as diferentes partes interessadas nas questões relacionadas com a saúde mental (pessoas com doença mental, cuidadores, técnicos de saúde mental, representantes das instituições prestadoras de cuidados de saúde mental) no que diz respeito à compreensão das questões envolvidas nas diferentes fases do processo de recuperação e como encontrar um consenso na forma de intervir.

68


6.6 .7 6.6. 4th INTERNATIONAL MENTAL HEALTH SUMMIT FOR PATIENT & CARER ADVOCACY GROUP A Filipa Palha, em representação da ENCONTRAR+SE, participou na 4th International Mental Health Summit for Patient & Carer Advocacy Group, que se realizou em Atenas, Grécia, no dia 13 de Junho de 2007. Este encontro permitiu apresentar a proposta do projecto da ENCONTRAR+SE e iniciar uma rede de contactos Internacionais que se tem vindo a consolidar ao longo dos anos.

6.7. VISITA DE PATT FRANCIOSI À ENCONTRAR+SE Na sequência da apresentação do Movimento UPA no International Patient & Carer Advocacy Group Mental Health Summit, e considerando o interesse que suscitou, em Agosto de 2008, a Vice-Presidente da World Federation for Mental Health, Patt Franciosi, visitou o Porto para se inteirar do trabalho que a ENCONTRAR+SE se propõe realizar no âmbito da saúde mental. A visita a Portugal de uma representante desta reconhecida instituição promotora, entre várias outras iniciativas, no Dia Mundial da Saúde Mental, mereceu o interesse dos media. No artigo publicado no Jornal de Notícias foi possível alertar para alguns dos cuidados a ter na implementação da reforma das políticas de saúde mental que se anunciavam à data para Portugal.

69


6.8. VISITA DA DIRECÇÃO DA SOCIEDADE PARA A MELHORIA DAS TERAPIAS BASEADAS NA EVIDÊNCIA NA ESQUIZOFRENIA A pedido da direcção da Gesellschaft zur Förderung empirisch begründeter Therapieansätze bei schizophrenen Mensche – gfts (Sociedade para a melhoria das terapias baseadas-na-evidência na esquizofrenia), grupo composto por profissionais de saúde mental alemães e suíços interessados na investigação e implementação de respostas empiricamente validadas para pessoas com diagnóstico de esquizofrenia, a ENCONTRAR+SE organizou uma visita ao Porto para dar a conhecer o modelo de intervenção do Centro de Atendimento Integrado da ENCONTRAR+SE. No sentido de permitir a este grupo de profissionais o contacto com uma maior diversidade de realidades, a ENCONTRAR+SE articulou com as instituições localizadas no Porto com que colabora, tendo sido realizadas visitas ao Centro Hospitalar Conde de Ferreira, à Associação Nova Aurora na Reabilitação e Reintegração Psicossocial e ao Laboratório de Reabilitação Psicossocial da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto e da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Instituto Politécnico do Porto.

Visita ao Laboratório de Reabilitação Psicossocial, na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto

70


“A saúde mental é fundamental para o funcionamento e o bem-estar de todos os cidadãos da União Europeia (sendo um dos objectivo da União Europeia; Art.3 º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia). O capital intelectual da Europa, o potencial das competências emocionais, cognitivas e intelectuais da sua população, são um dos recursos essenciais para um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo - três vectores fundamentais de crescimento da Estratégia Europa 2020” Conclusões da Lithuanian Presidency Conference “Mental Health: Challenges and Possibilities, Outubro 2013

Afonso Cruz, ilustração do dia 16 de Janeiro 2013, do projecto Felicidário

71


72


7

ENCONTRAR+SE 7 ANOS A CONTRIBUIR PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL

PRÉMIOS E DISTINÇÕES

73


74


O trabalho da ENCONTRAR+SE tem vindo a ser reconhecido através da atribuição de prémios em áreas diferentes, conforme segue.

5th International Colloquium of Schizophrenia of Oporto 13th and 14th of June 2008

Palha, F., Guimarães, A., Castro-Henriques, M., Costa, N. & Campos, L. “Stigmatization and discrimination are among the key obstacles to care. Around the world people do not seek, obtain or follow treatment because of fear, deficient resources or lack of information. They are commonly victimized for their illness and become targets for human rights abuses and discrimination. Stigmatization and discrimination are key factors that impede people from obtaining the help they need.” (World Health Organization, FIFTY-FIFTH WORLD HEALTH ASSEMBLY A55/18, Provisional agenda item 13.13 11 April 2002)

Introduction

Stigmatization and discrimination of people with mental disorders remain a hard problem to overcome across the world, placing several difficulties for people directly affected by this experience – as service users, carers or professionals. As part of the huge impact this fact has in their lives, many people admitted fear of disclosing their condition, even to family and friends.” (Social Exclusion Unit, 2004, p. 4), and studies have shown that fewer than four in ten employers say they would recruit someone with a mental health problem (Manning & White, 1995). In this way, in the 2001 World Health Organization mental health annual report, “New Understanding, New Hope”, we can read that from all barriers we have to overcome in the community, the most important is stigmatization and discrimination associated towards people suffering from mental and behavioural diseases. This reality led to the development of several studies and anti-stigma campaigns all over the world, even though so far the impact of these efforts have not achieved their goals. As an example, the survey carried out by the Royal College of Psychiatry in England 5 years after their “Changing Minds” campaign showed that negative opinions about people with mental illness are still widely held (Crisp, Gelder, Goddard & Meltzer, 2005). In Portugal, to our knowledge, we have never had any consistent and continuous anti-stigma campaign, or even a study of the public opinion about people with mental disorders. As part of the commitments of ENCONTRAR+SE, a NGO that advocates for better mental health services in Portugal, an anti-stigma campaign was launched in October 2006. This survey was carried out before the beginning of this campaign, and served two purposes: as a baseline for subsequent study of its effects; and to understand the opinions of a group identified as particularly vulnerable (students) in order to assess their needs for future interventions.

Method Participants 100 undergraduate students were randomly selected from the baseline assessment of a total of 297. Within this sample, participants are grouped into 5 groups of 20 according to their major field of study: law, arts, economics, health and psychology). This sample is composed by 54 women and 46 men. Women are aged between 18 and 25 (mean=21.17), men are aged between 18 and 26 (mean=21.28). Measures In order to access attitudes towards mental disorders we used the translated version of the questionnaire used in the ONS Omnibus Survey – Attitudes to Mental Illness (Crisp, Gelder, Goddard & Meltzer, 2005), for which we obtained authors’ authorization. Interviewers asked whether respondents knew anyone with any of these seven psychiatric disorders. Questions were asked about seven disorders: severe depression, panic attacks or phobias, schizophrenia, dementia (e.g., Alzheimer’s disease), eating disorder (e.g., anorexia nervosa, bulimia nervosa), alcoholism, and drug addiction, starting by asking whether respondents knew anyone with any of the seven disorders. Respondents were then asked how far each of eight statements applied to people with each of the seven disorders. The statements were: dangerous to others, unpredictable, hard to talk with, feel different from the way we feel at times, have only themselves to blame for their condition, could pull themselves together if they wanted, would not improve if given treatment, will never recover fully. For each item, respondents were asked to choose a point on a five point lickert scale, the extremes of which bore anchoring statements: for example dangerous to others – not dangerous to others. Statistical Analysis After a brief descriptive presentation of the results, we focused only on responses about schizophrenia. We then divided the scores into two groups, the first including answers ranging from 1-3 which are considered “negative opinions”, and a second group with answers 4 and 5, which are considered “positive opinions”. We also grouped the students in two broad groups, the first including “health” students (health and psychology), and a second one with students from “other” fields (law, economics and arts). An independent t- student analysis was carried out to assess if differences between these two groups were significant.

Results 100%

Opinion

90% 80%

45%

41%

55%

59%

42%

70% 60%

70%

73%

30%

27%

No

30%

Yes

58%

20% 10%

50%

44%

n tio ad dic

nti a

de rs

co ho lis m

dis or g

Al

ug Dr

Ea tin

sio n

ac ks

me

att

De

de pr es re

Pa nic

Sc hiz

Se ve

op hr en ia

0%

49 76 58 36 28,3

63,6 78,6 82,8 21,1 54,5

31 46 75 70 11

92 77 81 84 14

92 81 81 80 18

84 93 85 24 46

71 77 35

74,7 53,5 83,8

82 83,8 17

76 86 24

76 80 28

84 58 76

Dementia

Drug Schizophrenia addiction

Conclusions

100% 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0

Health students

er

us

co ve r

eth

re

tog

ly

se lf

ve r ful

pu ll

uld

Ne

fer en t fro m

*

*t (98) = 1, 44; p = 0.02

Co

to

me

k

bla

tal

tre ate d if

to

to

s

rd

Un

Ha

pro ve d

Se lve

dif

t im

to oth er s pre dic tab le

Other

Fe el

ng er

Panic attacks

54 76 81 40 10 80 86 22

Table 1. Percentages agreeing with negative statements.

Graph 1. Do you know anyone with…

Da

Type of mental illness Eating Alcoholism disorder

Severe depression Danger to others Unpredictable Hard to talk to Selves to blame Not improved if treated Feel different from us Could pull self together Never fully recover

50%

56%

50% 40%

No

7.1. 1º prémio pelo poster apresentado no V Colóquio Internacional de Esquizofrenia do Porto A comunicação sob a forma de poster realizada no âmbito do “Estudo sobre as atitudes de estudantes universitários face à doença mental”, desenvolvido no contexto da campanha anti-estigma UPA’08, venceu o 1º prémio no V Colóquio Internacional de Esquizofrenia do Porto, que se realizou em Junho de 2008. O trabalho intitulado “Stigmatization of people with mental illnesses: a preliminary study of university students’ opinions”, é da autoria de Filipa Palha, Ana Guimarães, Mariana Castro-Henriques, Natália Costa e Luísa Campos.

Stigmatization of people with mental illnesses: a preliminary study of university students’ opinions.

Graph 2. Comparison between % of negative opinions of “health” students and “other” students in regard to schizophrenia

References

46% of respondents said they know someone with mental illness. The mental health problems mostly known by studentsare “Panic Attacks” (59%), “Eating Disorders” (58%) and “Severe Depression (55%), being “Dementia” (27%) and “Schizophrenia” (30%) the ones less familiar to them. Regarding students opinions about people with mental illness, the most evident result refers to the association between perceived “danger to others” associated with “Alcoholism” (92%), “Drug Addiction” (92%) and “Schizophrenia” (84%). This findings is similar to results of other studies which have highlighted the perceived close link made between dangerousness and schizophrenia (Francis, Pirkis, Dunt & Blood, 2001; Thornicroft, 2006), which has become the target of many anti-stigma initiatives. Common stereotypes about people with mental illness seem to parallel those with drug dependence and include dangerousness and blame (Angermeyer, Matschinger, & Corrigan, 2004; Link, Phelan, Bresnahan, Stueve, & Pescosolido, 1999). Generally, research shows that psychiatric disorders are viewed as more blameworthy than physical health conditions such as cancer and heart disease (Corrigan et al., 1999; Weiner, Perry, & Magnusson, 1988). Furthermore, the item that obtained more consensus refers to the “unpredictability” associated with the diagnosis of “schizophrenia”. When comparing “health” students with students from “other” subjects, it is interesting to notice that the first group presents more negative opinions about people with schizophrenia in all items but those of “never fully recover” and “ not improve with treatment”. This difference is statistically significant in what refers “feels different from us”. The preliminary results of this study highlight the need of implementing initiatives to promote better understanding of mental health issues. ~

Angermeyer, M. C., Matschinger, H., & Corrigan, P. W. (2004). Familiarity with mental illness and social distance from people with schizophrenia and major depression: Testing a model using data from a representative population survey. Schizophrenia Research, 69, 175-182. Manning, C. & White, P. D. (1995). Attitudes of employers to the mentally ill. Psychiatric Bulletin, 19, 541-543. Social Exclusion Unit (2004). Mental health and social exclusion. Social Exclusion Unit Report Summary. London: Office of the Deputy Prime Minister. WHO (2001). Relatório sobre a saúde no mundo. Saúde Mental: Nova Concepção, Nova Esperança. Geneve: WHO (Document in Portuguese). Crisp, A., Gelder, M., Goddard, E. & Meltzer, H. (2005). Stigmatization of people with mental illnesses: a follow-up study within the changing minds campaign of the Royal College of Psychiatrists. Research Report. Thornicroft, G. (2006). Actions speak louder… Tackling discrimination against people with mental illness. Oxford University: Mental Health Foudation

7.2. 1º Prémio de Boas Práticas em Saúde Escolar, atribuído pela Sociedade Portuguesa para o Estudo da Saúde Escolar O projecto UPA Faz a Diferença - Acções de Sensibilização pró-Saúde Mental, implementado com o apoio financeiro do Alto Comissariado da Saúde, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Banco BPI e com o apoio científico do Centro de Estudos em Desenvolvimento Humano da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa (Centro Regional do Porto) recebeu o 1º prémio do I Concurso Nacional de Boas Práticas em Saúde Escola, promovido pela Sociedade Portuguesa para o Estudo da Saúde Escolar, em 2011.

7.3. Iniciativa de elevado potencial de empreendedorismo social Em Abril de 2012, a ENCONTRAR+SE foi reconhecida pelo IES - Centro de Formação e Investigação em Empreendedorismo Social (em parceria com a Câmara Municipal do Porto, a Fundação Porto Social, a Universidade do Porto, a UDIPSS Porto e a GAS Porto) como um dos 29 projectos, no concelho do Porto, de elevado potencial de empreendedorismo social.

75


7.4. Menção Honrosa para o Centro de Atendimento Integrado Em Setembro de 2012, o Centro Distrital do Porto do Instituto de Segurança Social, entidade coordenadora da plataforma supraconcelhia do grande Porto atribuiu ao Centro de Atendimento Integrado da ENCONTRAR+SE uma Menção Honrosa, no âmbito da uma iniciativa que visava a identificação de “Boas Práticas” no distrito do Porto.

76


“Grandes realizações não são feitas por impulso, mas por uma soma de pequenas realizações.” Vincent Van Gogh

André da Loba, ilustração do dia 31 de Dezembro 2013, do projecto Felicidário

77


78


Título ENCONTRAR+SE. 7 Anos a contribuir para a saúde mental e bem-estar dos Portugueses Coordenação Filipa Palha e Luísa Campos Design gráfico (capa e paginação) THE Design

Edição ENCONTRAR+SE, 2014

ENCONTRAR+SE 79


80


81


ENCONTRAR+SE ASSOCIAÇÃO PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL

82


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.