ACIC - Revista Liderança Empresarial - Ano 8 Nº 31

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Atuação do Conselho e a estratégia organizacional Seria natural que, com o acirramento do ambiente competitivo, da complexidade e dos movimentos globais, o papel do conselho nas organizações se tornasse mais estratégico, pois as decisões que o CEO deverá tomar tornar-seão mais difíceis. Empresas limitadas e SAs de capital fechado estão constituindo conselhos de administração ou conselhos consultivos para auxiliar nessa tarefa. A profissionalização da atividade de conselheiro também contribuiria para auxiliar nesta tarefa, tornando a atribuição do conselho mais estratégica ao longo dos anos. Mas há algo estranho acontecendo no diaa-dia dos conselhos. Tenho observado, em reuniões que mantenho com os conselhos de diversas organizações - bem como em conversas reservadas com CEOs sobre a contribuição dos seus conselhos nas decisões a e serem tomadas – um distanciamento com a afirmação acima. Na verdade, a maioria dos conselhos vem tendo uma atitude somente de cobrança de resultados de curto prazo. Um grande percentual de conselheiros tem sido cumpridor das exigências legais, tais como avaliação dos relatórios e a serem guardiões da transparência das organizações, dando uma ênfase demasia-

da no papel de agentes de controle. Acredito que é um papel importante, mas diria que esta é a atribuição básica do conselho. A grande questão é como podemos potencializar a atribuição deste conselho, tornando-o mais atuante na visão e na elaboração estratégica da empresa, em parceria com a alta administração. O papel dos conselheiros na definição da estratégia há muito tem sido objetivo de debate, mas o fato é que poucas empresas tratam da estratégica a partir do conselho. O envolvimento do conselho na estratégia compreende três fatores: participação nas reflexões e direcionamentos, nas estapas de gestão estratégica e nas decisões de investimentos. No envolvimento de gestão estratégica, para o conselho, implica atuação em quatro etapas: premissas (elaboração da visão, missão e valores, ou seja, das definições empresariais básicas e dos princípios orientadores do negócio), formulação (implica a análise das informações sobre o setor e a empresa e a tomada de decisões estratégicas), implementação (implica a formulação de políticas e a orientação das iniciativas da empresa, bem como a delegação das funções para a implementação estratégica)

e controle (é todo o processo de avaliação estratégica e monitoramento do ambiente de negócios. Resumindo: as atribuições do conselho estão baseadas em dois construtos: o controle financeiro e o controle estratégico. O controle financeiro é o controle típico da maioria da empresas, que coloca os conselheiros como agentes de fiscalização da saúde financeira da organização. É uma atribuição importante, mas básica. O controle estratégico é o diferencial, é mais que controlar as finanças, mas sim controlar a estratégica da empresa de forma eu as ações fiquem condizentes com os objetivos dos acionistas. O controle estratégico, de certa forma, analisa a empresa antes que seja preciso fazer o controle financeiro.

Luiz Augusto Lobão Mendes é professor da Fundação Dom Cabral e escreve mensalmente em CRN Brasil.

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