A Alteridade Digital no Processo de Criação em Arquitetura

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sentasse uma ameaça a essa etapa na concepção. Pode-se chegar a discutir a coautoria da máquina no momento em que o homem concede maior autonomia ao sistema. Tratando da questão apresentada através dos meta-algoritmos, a perda da autoria humana sobre os códigos gerados por meio de alterações inesperadas (mutações), não significa a perda de autoria sobre um projeto, mas significa que as decisões não foram fruto apenas de realizações humanas. A cultura do compartilhamento online foi extremamente importante para a difusão de técnicas de scripting, e muitos dos códigos que estruturamos em um processo desse tipo, é, na verdade, uma junção de diversos conjuntos de algoritmos, em que entendemos o fluxo de informação e a manipulação dela em cada componente do script. Ao passo que isso significa um grande avanço no âmbito da open culture1, a cópia de scripts pode resultar na clonagem de soluções de design (BURRY, 2011).

74 _ conclusão

A arquitetura, assim como outros campos do conhecimento, já não se basta. Vivemos um período em que a construção está aprendendo e aceitando interagir com outras formas de conhecimento e de arte, ampliando seu campo de atuação (VIDLER in SYKES, 2013). O arquiteto nunca antes foi capaz de acompanhar de perto cada passo e detalhe de seu projeto, sempre recorrendo as disciplinas técnicas competentes, as quais ele apenas deveria supervisionar. As dinâmicas digitais só fazem aumentar as pressões que envolvem a queda das questões autorais na profissão e o posicionamento do arquiteto como diretor criativo (BURRY, 2011).

1  Apoiada no desenvolvimento de software livre, a prática da open culture culmina no compartilhamento de informações e coisas (objetos) através de redes online de comunicação. Uma forma de tornar livre o acesso ao conhecimento.


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