Revista Vida e Educação - 23

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A mudança vem da educação cisternas ainda não são levados em conta. “Só o Bolsa-Família não resolve o problema do semi-árido.” A professora ressalta ainda que projetos como a transposição do Rio São Francisco não deverá favorecer essas populações. No Ceará, por exemplo, as águas do rio serão transportadas para o Canal da Integração, localizado na Região do Jaguaribe, pólo do agronegócio no Ceará. “As águas servirão para abastecer basicamente o Porto do Pecém e a Região Metropolitana de Fortaleza. A água não passará nem perto de quem precisa”, afirma. O Complexo Portuário do Pecém, localizado a 75 km de Fortaleza, possui uma termelétrica e deverá abrigar mais duas, além de uma siderúrgica. Outro fator importante que indica o aquecimento global é a redução da precipitação. Apesar de não haver estudos que indiquem que essa redução está 100% associada ao aquecimento do globo, enchentes e secas serão fenômenos mais constantes. Em 2005, por exemplo, a Amazônia foi drasticamente castigada pela seca. No ano seguinte, foram as enchentes que assolaram a região e afetaram as populações ribeirinhas. Para enfrentar os desafios das mudanças climáticas, o Brasil lançou em 2008 um Plano Nacional sobre Mudanças Climáticas. O Plano prevê uma série de incentivos para aumentar o reflorestamento, a implementação de biocombustíveis e estímulos à produção de energias renováveis. O Brasil está entre os cinco maiores emissores de gás carbônico do mundo. Grande parte das emissões é provocada pelas queimadas na Floresta Amazônica.

MARÇO / ABRIL - 2009 | 22

Cartaz produzido pelos alunos cearenses para a CNIJMA.

Crianças e os jovens serão os mais afetados com as mudanças climáticas. Segundo dados do estudo Climate Change and Urban Children: Implications for adaptation in low and middle income countries, publicado em 2008 pela ONG britânica International Institute for Environmental and Development (IIED), as crianças serão mais vulneráveis as doenças de veiculação hídrica e haverá um aumento das taxas de desnutrição e mortalidade infantil. Ao mesmo tempo em que sofrerão com os efeitos do aquecimento global, as crianças serão as principais responsáveis pela construção de uma nova cultura ambiental no planeta. De 03 a 08 de abril de 2009, 670 crianças e adolescentes de todo o Brasil, com idade entre 11 a 14 anos, participaram da III Conferência Infanto-Juvenil de Meio Ambiente (III CNIJMA). A conferência é parte de uma ação do Órgão Gestor da

Política Nacional de Educação Ambiental (OGPNEA), formado pelo Departamento de Educação Ambiental (DEA) do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e pela Coordenação-Geral de Educação Ambiental (CGEA) do Ministério da Educação (MEC). Com o lema “Vamos cuidar do Brasil”, o evento mobilizou onze mil escolas de todo o país (entre públicas e privadas) para discutir o principal tema da atualidade: “Mudanças Ambientais Globais”. As escolas cadastradas receberam um kit pedagógico com caderno de textos e sugestões de atividades para discutir os quatro subtemas : água, ar, fogo e terra. Durante o ano de 2008, aconteceram conferências municipais, regionais, estaduais onde os delegados eleitos participaram do processo nacional. Para a Coordenadora Nacional da III CNIJMA, Neusa Helena Barbosa, “na realidade, a conferência é um pretexto pedagógico para se fa-


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