Colóquio - História das Ciências para o Ensino
A UNIVERSIDADE DE COIMBRA E A INTRODUÇÃO DA MICROBIOLOGIA EM PORTUGAL EM FINAIS DO SÉCULO XIX João Rui Pita1 & Ana Leonor Pereira2 1
Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX – CEIS20 (Grupo de História e Sociologia da Ciência e da Tecnologia); Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra 2 Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX – CEIS20 (Grupo de História e Sociologia da Ciência e da Tecnologia); Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Palavras-chave: bacteriologia; Universidade de Coimbra
Gabinete
de
Microbiologia;
microbiologia;
Pasteur;
Introdução – O Gabinete de Microbiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra deu os primeiros passos em 1882, tendo sido definitivamente institucionalizado em 1886. Em 1890, pela primeira vez, passou a ter instalações próprias. A fundação deste estabelecimento científico traduz a preocupação de cientistas e instituições em receber em Portugal as inovações pasteurianas. Neste estudo os autores analisam os primeiros anos de funcionamento do Gabinete de Microbiologia, mais tarde designado por Laboratório de Microbiologia, sublinhando a importância científica e institucional do estabelecimento, seus protagonistas e redes estabelecidas. O Gabinete de Microbiologia foi pioneiro em Portugal tendo acompanhado a fundação de outros estabelecimentos em finais do século XIX e início do século XX, nomeadamente o Instituto Bacteriológico de Lisboa (1892) e o Laboratório de Higiene Municipal do Porto (1892). Método – Os autores analisaram alguns periódicos científicos portugueses com particular ênfase para a revista Coimbra Médica. Analisaram, ainda, algumas obras e tratados de bacteriologia e de medicina de finais do século XIX e início do século XX e outras publicações científicas, sublinhando as publicações de investigadores e técnicos que laboraram no Gabinete de Microbiologia como foi o caso de Charles Lepierre. Os autores trabalharam, também, fontes manuscritas existentes no Arquivo da Universidade de Coimbra, fontes importantes para a compreensão do funcionamento do trabalho do laboratório. Resultados e discussão – Uma das preocupações dos cientistas, particularmente dos cientistas médicos dos finais do século XIX foi a possibilidade de alcançar para a medicina a dimensão de ciência experimental, de laboratório. Um dos domínios onde foi mais flagrante esta necessidade de laboratorialização foi a área emergente da microbiologia, designada habitualmente por bacteriologia na segunda metade do século XIX. Ao longo deste século, sobretudo na sua segunda metade, a afirmação da medicina como uma ciência de laboratório e particularmente da patologia como uma ciência foi conseguida por diferentes vias, de acordo com as palavras de Lain Entralgo, “uma de orientação preponderantemente morfológica, a mentalidade anatomoclínica; outra de orientação processual, a mentalidade fisiopatológica; outra, finalmente, de orientação etiológica, a mentalidade etiopatológica” (1) (p. 464-465). As descobertas bacterianas de finais da segunda metade do século XIX estão na base da mentalidade etiopatológica. Os trabalhos de Pasteur e de Koch e de suas equipas de trabalho foram relevantes ao possibilitar que 21 CGUC, Departamento de Ciências da Terra, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra 3000-272 Coimbra, Portugal