CRITICA VERSUS
P S Y C R O PTIC
SACROSANCT
SERRABULHO
«As The Kingdom Drowns» (Prosthetic Records)
«Truth Is - What Is» (Vic Records)
«Porntugal» (Rotten Roll Rex)
Só há bem pouco tempo descobri os australianos Psycroptic, isto através de um concerto que a banda deu em Portugal com os Dying Fetus e Beyond Creation, sendo que, nessa altura, as indicações da banda foram as melhores. No activo há duas décadas, no curriculum desta banda contam-se já seis discos de originais e um sem número de digressões com bandas como Cannibal Corpse, Deicide ou Decapitaded, entre outros. Neste novo registo o que temos é um conjunto de temas que assenta numa estrutura que se encontra num meio caminho entre um Thrash de Testament, com o nível de composição de uns Beyond Creation, e um teor vocal entre uns At The Gates e Obscura. Suficientemente diverso este disco traz uma banda que foge ao parâmetro de bandas do que se chama Death Metal Progressivo, pois, ao mesmo tempo que segue as regras do jogo apresenta uma frescura tórrida (bem visível pela capa) e que vai ao encontro das paisagens infernais da Terra dos Cangurus. Este é um disco furioso e quente, onde nada parece ter sido deixado ao acaso. Muito mais que um disco de um género este é um disco que penitência que, como eu, deixou fugir discos como «The Scepter of The Ancients» ou «Psycroptic». «As The Kingdom Drowns» é um grande disco e que promete não deixar de surpreender os mais curiosos e, claro, os mais acérrimos seguidores. [8.5/10] NUNO LOPES
No mesmo mês em que regressaram (depois de uma paragem de 23 anos) às edições discográficas com o excelente «Necropolis» (lançado via Rock of Angels Records), os holandeses Sacrosanct viram reeditado o seu lendário álbum de estreia, «Truth Is – What Is», publicado originalmente em 1990. Na altura, a banda liderada pelo ex-Pestilence Randy Meinhard (o único que permanece hoje nos Sacrosanct), fazia um infeccioso thrash com laivos progressivos, que ficou registado para a posteridade neste primeiro álbum e no seguinte, o mais negro e colossal «Recesses for the Depraved» (1991). A sofisticação de «Truth Is – What Is» testemunha bem o esforço de afirmação de uma banda – numa época em que o thrash perdia popularidade para o death metal – bem como a ambição algo desmesurada de um Meinhard que chegou a confessar, mais tarde, que o nível técnico das composições desafiava, por vezes, a destreza de músicos ainda pouco experientes. O certo é que volvidos todos estes anos o disco continua a ser um festim para ouvidos mais exigentes, destacando-se pelos riffs criativos de Meinhard e de Michael Cerrone, e também pela prestação vocal de Mike Lucarelli, que apesar do estilo crossover, reminiscente de um Kurt Brecht (D.R.I.), assenta perfeitamente no contexto. Inteiramente remasterizada, esta edição vem com os quatro temas da makete «The Die is Cast» (o que acaba por não ser grande bónus dado que três deles já aparecem no alinhamento do disco), que conta com a prestação de Marco Foddis, outro membro seminal dos Pestilence, dirigindose principalmente aos indefectíveis do velho thrash metal, quanto mais não seja por motivos históricos. [8.5/10] ERNESTO MARTINS
Olhar para o terceiro disco deste quarteto como um disco Grind é demasiado redutor. Isto porque o quarteto, oriundo de Santa Marta de Penaguião, não começa nem termina dessa forma, aliás, até podemos mesmo dizer que a principal influência destes «campónios» é Fantômas. «Porntugal» consegue ser muita coisa numa só, no entanto, humor e mirandês são duas coisas que conjugam muito bem, ainda para mais quando o bom gosto impera. Ouça-se “Grão-de-bico”, “BBC Wild life” ou, a genial “Dingleberry ice cream”. Os Serrabulho são a alegria de uma vida no campo feita de muitas delícias e peripécias de um qualquer Portugal. Talvez este seja o disco mais experimental de uma banda que, nisto que é o Grind, tem sabido evoluir e criar uma identidade que é sua, num Portugal que é nosso. Liricamente construído em três línguas (sim, os Serrabulho falam mirandês), o que temos é um disco muito bom e que não se esgota, de todo à primeira escuta. É intenso, é divertido, é Grind...é simples. A vida dos Serrabulho é uma festa e nós agradecemos. Siga a dança! [8.5/10] NUNO LOPES
61 / VERSUS MAGAZINE