VERSUS MAGAZINE A/C Joel Costa VERSUS MAGAZINE Rua Adriano Correia Oliveira 153 1B 3880-316 Ovar Telem.: 933 454 462 Web: www.versus-magazine.com E-Mail: geral@versus-magazine.com MySpace: myspace.com/versusmagazine Twitter: twitter.com/versusmag PUBLICAÇÃO MENSAL Download Gratuito DIRECÇÃO / EDIÇÃO Cátia Cunha Joel Costa
Janeiro foi um mês muito complicado e a edição de Fevereiro da Versus Magazine esteve em risco de não sair. Mas saiu! E não posso deixar de agradecer aos nossos novos colaboradores, Fábio, Henrique e Filipe, por terem tomado as rédeas de algumas tarefas importantes, bem como um especial agradecimento ao Ernesto Martins, Pedro Almeida (também ele novo colaborador) e Paulo Eiras, pois esta edição sem eles não teria sido possível. Este mês temos boas entrevistas, levadas a cabo por mim, Pedro Almeida e Ernesto Martins, por isso não deixem de as ler! Outra novidade é o facto dos prémios VERSUS MAGAZINE terem sido, finalmente, atribuídos. Conheçam os vencedores!
GRAFISMO Cátia Cunha Joel Costa (www.elementosasolta.pt) FOTOGRAFIA CAPA Pedro Almeida (www.versusphotography.org) COLABORADORES André Monteiro [concertos] Carlos Filipe [discos] Dico [artigo] Ernesto Martins [discos + entrevista] Fábio [notícias] Henrique Pinto [discos] Paulo Eiras [notícias] Pedro Almeida [fotografia + entrevista] Teresa Pereira [fotografia] FOTOGRAFIA Disponibilizado pelas Bandas PUBLICIDADE geral@versus-magazine.com
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Joel Costa
04 NOTÍCIAS NACIONAIS 05 NOTÍCIAS INTERNACIONAIS 07 NOTÍCIAS «PEDRA DE METAL» 08 O MELHOR DE 2009 09 PRÉMIOS VERSUS MAGAZINE 10 PLAYLIST c/ Paulo Eiras 11 ENTREVISTAS 11 Bizarra Locomotiva 15 Orphaned Land 20 The Way Of Purity 22 Factory Of Dreams 26 Devil In Me
28 CONCERTOS 30 REVIEWS
VAGOS OPEN AIR O Vagos Open Air 2010 já conhece novos nomes. O festival, que decorre nos dias 6 e 7 de Agosto, em Vagos, anuncia agora novos nomes no cartaz que se juntam aos já divulgados KAMELOT e CARCASS: AMORPHIS, ENSIFERUM e GHOST BRIGADE.
THE SPITEFUL: NOVO VÍDEO Os portugueses THE SPITEFUL disponibilizaram no MySpace o seu novo vídeo. «Method Of Fire» foi o tema escolhido, que figura no álbum de estreia da banda «Persuasion Through Persistence», editado pela Rastilho Records em 2009.
NOVO TEMA DOS SCREAM OF THE SOUL MORE THAN A THOUSAND NO ROCK IN RIO 2010 Os setubalenses MORE THAN A THOUSAND vão estar no Rock In Rio 2010, mais precisamente no espaço Sunset Rock In Rio e segundo a fonte ainda levarão um convidado a ser anunciado.
Os portugueses SCREAM OF THE SOUL disponibilizaram para audição no seu MySpace uma música do seu EP de estreia «Pathfinder». O tema seleccionado chama-se «The End» e é uma das quatro faixas a ser ouvidas neste registo, a ter lançamento nas próximas semanas.
IN METAL WE TRUST O metal está de volta à ADAC – Pombal, desta vez a DayForDay leva a Pombal os viseenses UNBRIDLED e os lisboetas DARKSIDE OF INNOCENCE. A acompanhá-los estão bandas da zona, HATE DISPOSAL, STRAIGHT BEYOND LAST e DIVISION. A abrir esta grande noite estarão os sourenses DARK OATH que farão a sua estreia
NO TRIBE «Monster»
em palco.
KATHAARSYS COM MAIS DATAS EM PORTUGAL! Os galegos KATHAARSYS marcaram mais datas em Portugal depois de terem marcado presença no Vagos Open Air 09. Além do concerto já no próximo dia 19 em Benavente e do dia 27 de Março no Hellgarve Fest, a banda marcou mais duas datas, 25 e 26 de Março em Aveiro e Coimbra respectivamente. A acompanhá-los vão estar os conimbricenses Tales For The Unspoken e os Azagatel de Aveiro.
METAL BIT IX Já se encontra disponível em versão digital, a terceira edição da revista açoreana Metal Bit IX.
http://www.youtube.com/watch?v=NrKxj4pleZk
THE SPITEFUL
«Method Of Fire»
Mais informações em: www.metalicidio.com
THE CHARIOT VOLTAM A PORTUGAL! Depois de terem sido uma das bandas a acompanhar os PROTEST THE HERO em 2009, os americanos THE CHARIOT estão de volta o MusicBox (Lisboa). Com eles vêm os também americanos IWRESTLEDABEARONCE e os ingleses The Eyes Of A Traitor. O concerto será como dito anteriormente no MusicBox, terá um preço de 15€ e as portas abrem as 21:30.
http://www.youtube.com/watch?v=oWODH-Z72cg
CHIMAIRA PREPARAM NOVO ÁLBUM
DAVID ELLEFSON DE VOLTA AOS MEGADETH
Jim LaMarca, baixista dos CHIMAIRA, informou através do seu Twitter que a banda começou a compôr os temas que irão figurar no próximo álbum. Enquanto os CHIMAIRA aguardam para entrar em estúdio vão preparando o seu próximo DVD ao vivo, que irá conter imagens das tours realizadas no ano de 2009.
David Ellefson, baixista original dos MEGADETH, está de volta à banda 8 anos após a sua saída. O músico irá participar na tour comemorativa do vigésimo aniversário do lançamento do álbum «Rust In Peace». Acima encontra-se a primeira foto tirada com a nova formação. Fotografia de Stephanie Cabral.
HIM: STREAM DE NOVO ÁLBUM NO MYSPACE
AS I LAY DYING: NOME DO ÁLBUM
Os finlandeses HIM, disponibilizaram o seu sétimo álbum de estúdio, «Screamworks: Love In Theory And Practice» para audição no seu MySpace. O álbum foi produzido por Matt Squire e foi recentemente descrito pelo vocalista Ville Valo como “o mais álbum sexual que alguma vez fizemos”. O álbum estará à venda a partir de dia 9 de Fevereiro.
«The Powerless Rise» será o nome do quinto álbum dos AS I LAY DYING. A banda encontra-se de momento a finalizar as gravações do mesmo com o produtor Adam D.
THE OCEANIC COM NOVO ÁLBUM A banda alemã THE OCEAN pretende lançar dois álbuns este ano, sendo os seus nomes «Heliocentric» e «Anthropocentric». O primeiro registo tem data prevista de lançamento para Abril e o segundo 6 meses depois, em Outubro, ambos pela Metal Blade. «Heliocentric» irá abordar o heliocentrismo: teoria que considera o sol como centro do universo. Já «Anthropocentric» falará do fundamentalismo moderno, onde Terra e Homem são o centro das atenções.
TRIVIUM COM NOVO BATERISTA Os TRIVIUM anunciaram um novo baterista para substituir Travis Smith, que deixou a banda. Nick Augusto será o novo reforço da banda liderada por Matt Heafy e já se encontra a tocar na tour «Into The Mouth Of Hell We Tour».
RAGE AGAINST THE MACHINE + KORN + LIMP BIZKIT Circula um rumor pela web que os RATM, juntamente com os KORN e os LIMP BIZKIT estão a planear uma tour pela América Latina. Se os rumores se confirmarem, é fazer figas para que extendam a tour e dêem um salto até Portugal.
DEMON HUNTER DIVULGAM NOVO TEMA Os DEMON HUNTER publicaram o seu novo tema, «Tie This Around Your Neck», no MySpace oficial da banda. Esta música irá fazer parte do alinhamento do próximo álbum, «The World Is A Thorn», a ser lançado no dia 9 de Março pela Solid State.
VOCALISTA DOS KILLSWITCH ENGAGE ABANDONA TOUR Howard Jones, vocalista do KILLSWITCH ENGAGE, viu-se forçado a abandonar a tour da banda por razões ainda por divulgar. Phil Labonte, vocalista dos ALL THAT REMAINS irá substituir Howard temporariamente.
KREATOR NA NUCLEAR BLAST Os alemães KREATOR assinaram um contrato com a editora Nuclear Blast. Resta agora esperar por novidades discográficas.
DISTURBED EM ESTÚDIO Os DISTURBED entraram recentemente em estúdio para iniciar as gravações do seu quinto álbum de originais. O nome ainda está por determinar.
NONPOINT COM NOVO LANÇAMENTO 27 de Abril foi a data escolhida para o lançamento de «Miracle», o novo álbum dos NONPOINT. Este registo será lançado pela 954 Records e a produção ficou a cargo de Chad Gray e Greg Tribbett (Mudvayne/Hellyeah).
I KILLED THE PROM QUEEN DE VOLTA? Grandes noticias para os fãs de Metalcore/Deathcore, segundo o myspace da banda australiana, apesar de ocupados nas actuais bandas (Confession, Bring Me The Horizon, Deez Nuts e In Trenches), poderão em breve por um fim no hiatus que iniciaram em 2008 e lançar novo material.
GWYDION - Sample “Horn Triskelion” Online A Banda Portuguesa Viking/Folk GWYDION revela o novo artwork e tracklist do próximo CD “Horn Triskelion”, que tem data de lançamento a 9 Abril de 2010 via SMP/Trollzorn Records. “Horn Triskelion“ foi gravado e produzido por Fernando Matias (F.E.V.E.R.) in the Urban Insect Studios in Portugal, mixado e masterizado por Børge Finstad (que já trabalhou com bandas como Arcturus, Mayhem, Borknagar, Enslaved, Ulver, Tristania, Ava Inferi, Theatre of Thragedy, Vintersorg, Shining, Àsmegin among others) no Toproom Studios na Noruega. O artwork foi feito por Jan Yrlund da Darkgrove Designs ( Týr, Korpiklaani, Stratovarius, Svarysot, Imperia, Sirenia entre outras )
SALEM “Playing God And Other Short Stories” Novo Álbum O novo trabalho dos Israelitas Salem, “Playing God And Other Short Stories”, irá sair a meio deste mês. Este que será o 7º álbum de originais do colectivo e sucessor de “Necessary Evil” de 2007, que foi gravado nos Harold Studios em Israel e masterizado nos Sterling Sound por UE Nastasi, contará com a participação especial em duas músicas de Tomas Lindberg dos At The Gates.
Tristania - Novo álbum em inicio de gravação Os Tristania deram início ao processo de gravação do novo álbum de estúdio, o sexto da carreira. O disco ainda não tem um título definido nem data exacta para chegar às lojas, mas a previsão é que o lançamento seja feito em pleno Verão. A banda está a trabalhar em 12 músicas novas, segundo informou o guitarrista Anders Høyvik Hidle. “A sessão de bateria para o novo álbum está quase finalizada. Onze músicas estão completas, falta uma. As sessões de guitarra e baixo começam no domingo. O resultado deve ficar óptimo. Mal podemos esperar para lançá-lo”. Alguns títulos das novas músicas são “Patriot Games”, “Year of the Rat” e “The Emerald Piper”. O último disco lançado pela banda norueguesa foi “Illumination”, de 2007.
Darkthrone - LPs em vinil colorido Um dos maiores nomes do Black Metal mundial, os noruegueses do DARKTHRONE vão dar um presente aos seus fãs ao relançarem quatro dos seus treze álbuns de estúdios em edições especialíssimas de vinil. Os álbuns serão os seguintes: * “Panzerfaust” – LP de 180 gramas em Vinil Cinza * “Total Death” – LP de 180 gramas em Vinil Azul
* “Goatlord” – LP de 180 gramas em Vinil Roxo * “Ravishing Grimness” – LP de 180 gramas em Vinil Branco Todos os discos são limitados a 1.000 cópias cada um.
Ozzy Osbourne - DVD terá material inédito de Randy Rhoads OZZY OSBOURNE está a planear lançar um DVD no final do ano com cenas nunca vista da sua banda - incluindo o guitarrista RANDY RHOADS - a tocar em 1981. Ele escreveu no dia 22 de Janeiro no seu Twitter depois de assistir o material da era RANDY: “Estou sem palavras”. OSBOURNE está neste momento a gravar o seu novo álbum com intenção de lançar em Julho. O baixista ROB “BLASKO” NICHOLSON escreveu no seu Twitter o seguinte, na sexta passada: “Estive a semana inteira no estúdio gravando o novo álbum do OZZY. Devo terminar minha parte no domingo”.
Poisonblack - Álbum em Março POISONBLACK, a banda finlandesa que conta com o frontman original do SENTENCED, Ville Laihiala, vai lançar o seu quarto álbum, intitulado “Of Rust and Bones”, pela Century Media, em Março. O sucessor de “A Dead Heavy Day” de 2008 foi gravado com o produtor Hiili Hiilesmaa, que anteriormente já trabalhou com bandas como HIM, SENTENCED, AMORPHIS e ENSIFERUM.
Karuniiru - Metal Português cantado em Japonês?? Karuniiru surgiu em finais de 2005, pelas mãos de DominóPawo, compondo a banda com elementos que já vinham de antigas formações. O primeiro concerto realizou-se em Fevereiro de 2006, ao que se seguiram concertos em eventos relacionados com o Japão. Nesse mesmo ano e devido a várias divergências entre alguns elementos da banda, separaram-se e DominóPawo prosseguiu sozinho com o projecto. Em finais do ano de 2009, e depois de muitas desventuras, surgem os actuais elementos da banda. Depressa Karuniiru entrou em trabalho de composição lançando um demo Ep (Stupidity) em Dezembro de 2009, preparando-se actualmente para gravar o segundo demo ep. Oriunda do Seixal, o projecto quer sair da “aldeia” e mostrar o seu trabalho a um público mais alargado. NOTÍCIAS POR: PAULO EIRAS (DIRECTOR DO BLOG «PEDRA DE METAL»
JOEL COSTA // Direcção
CÁTIA CUNHA // Direcção
ERNESTO M. // Redacção
CHIMAIRA «The Infection»
KATATONIA «Night Is The New Day»
ABSU «Absu»
JOEL COSTA // Direcção
CÁTIA CUNHA // Direcção
HO-CHI-MINH «It Has Begun»
NO TRIBE «Primordial»
ERNESTO M. // Redacção
OBLIQUE RAIN «October Dawn»
MELHOR ÁLBUM
UNBRIDLED «Deathcore Glamour»
MELHOR EP
DON’T DISTURB MY CIRCLES «Eye Of The Tiger»
Este prémio é atribuído pela direcção da Versus Magazine afim de distinguir a melhor banda, em termos de conteúdo, que passou pela Versus Magazine.
AFTER HATE Talvez seja um pouco injusto, pelo motivo dos After Hate terem entrado no primeiro concerto organizado pela Versus Magazine e por terem feito a primeira entrevista filmada para o nosso programa «Live & Loud». O que é certo é que os After Hate mostraram-nos o poder do Underground e deram-nos a vontade de não nos termos ficado apenas pela primeira edição. Não é o EP a receber o prémio, até porque é um registo de 2008, mas sim a banda, por toda a experiência que vivemos com eles.
Este é um espaço onde seleccionamos alguém para falar um pouco do seu Top 10 do momento. Desta vez o escolhido foi o colaborador da Versus Magazine e director do blog Pedra de Metal, Paulo Eiras.
Queres participar no Playlist numa das próximas edições? Contacta: geral@versus-magazine.com
IRON MAIDEN
MOONSPELL
Música que representa o verdadeiro espírito da onda NWOBHM (New Waveof British Heavy Metal). Música potente, com uma parte que vai para uma calmaria, um solo de guitarra muito suave, mas que termina de uma forma estrondosa. Já tive o prazer de a ouvir ao vivo no Atlântico e arrepia mesmo. A minha banda favorita sem dúvida, e UP THE IRONS.
Já estou a ver que muita gente ao ler isto deve pensar: “Ele é tolo.” Os motivos para mim são simples: é cantada em português, é pesada q.b., e uma das melhores covers que já ouvi, pois nada tem a ver com o seu original dos Madredeus.
«Phanton of the Opera»
MEGADETH
«Os Senhores da Guerra»
RAMP
«Black Tie»
O melhor regresso de sempre de uma das bandas mais carismáticas da cena norte-americana, e finalmente um álbum que soa a Megadeth. A música tem um riff inicial brutal e depois continua com a típica vós rouca de Mustaine. Refrão de fácil memorização. A música tem tudo para ser um sucesso.
Primeiro quero dizer que os Ramp, com o seu álbum ao vivo, me surpreenderam e muito, principalmente pela sua produção. Infelizmente tinha que escolher uma música e decidi-me pela Black Tie, pois é uma música onde se ouve com muito entusiasmo o público. Este duplo CD, andou anos no meu carro a acompanhar-me em viagens e nunca me “cansei” dele. Penso que isso quer dizer muita coisa.
EMPEROR
BLACK SABBATH
Seis minutos de puro black metal, daquela que na minha opinião, é a melhor banda do género de todos os tempos. A musica atravessa dois periodos importantes: o da violenta brutal associado ao género e outro período de um calma... negra.
Palavras para quê? Estes senhores são os pais do heavy metal e do nascimento de lendas como Ozzy Osbourne ou Ronnie James Dio. Paranoid tem um riff inicial brutal, e pelo meio um solo de guitarra que ainda hoje deixa muita gente de boca aberta.
«HeadCrusher»
«I am the Black Wizards»
SLIPKNOT
«Spit It Out»
Uma das coisas mais brutais que pude apreciar ao vivo. Quando Corey diz pra toda a gente se sentar, para depois o pessoal puder saltar, é impressionante como toda a gente quer cumprir esse ritual. A única banda da onda Nu-Metal que surgiu que ainda continuo a ouvir, até porque eles de Nu-metal têm muito pouco.
«Paranoid»
METALLICA
«Creeping Death»
Confessem: os Metallica ao vivo têm melhor música de abertura? No Download 2006 eles começaram com esta música e deram um concerto estrondoso. Aliás a banda sempre que toca este tema, parece que injecta vitaminas nas veias.
MOTORHEAD
NIGHTWISH
A última escolha foi muito complicada. Opeth ou Motorhead. Decidi optar pelos Motorhead, de modo a prestar uma pequena homenagem a um senhor chamado Lemmy Kilmister. Life’s a Bitch pertence ao álbum Inferno e é Heavy Rock no seu lado mais puro e duro, sem rodeios nem coisas bonitas.
Porque me faz lembrar alguém muito especial para mim, e não sei porquê esta musica põe-me a sorrir.
«Life’s A Bitch»
«Wish I Had An Angel»
“Foi muito complicado escolher dez músicas, de dez bandas ádiferentes. Optei por tentar abranger varios tipos de Metal, mas se a lista pudesse ser de 50, continuava a ser muito dificil. Quero dar os parabéns à Versus, por mais esta iniciativa e por este convite.”
Depois de “Ódio” e uma paragem de 5 anos, os Bizarra Locomotiva regressaram com “Álbum Negro”, registo este que continua a dar que falar no panorama musical nacional, conquistando a crítica que o elegeu como um dos melhores discos de 2009. Mas a Locomotiva não pára por aqui. As suas apresentações ao vivo continuam a incendiar plateias e a dar que falar, mesmo após 17 anos de carreira. A intensidade do colectivo agora composto por Rui Sidónio, voz, Miguel Fonseca, guitarra, Rui Berton, bateria e Alpha, máquinas, não pára de nos surpreender. Fomos falar com os Bizarra Locomotiva e saber mais sobre o “Álbum Negro” e os projectos futuros.
Queres falar-nos um pouco sobre o vosso último trabalho, e todo o conceito que o envolve?
Miguel Fonseca: O conceito “Álbum Negro” foi inspirado num antigo livro da idade média chamado “Hypnerotomachia Poliphili”, que explorou a fase hipnagógica do sono que todos temos. Esta fase dá-se quando estamos ainda meio a dormir, meio acordados, prestes a entrar no mundo do sonho e que acabou por se tornar por acaso no processo criativo de alguns dos temas do “Álbum Negro”. Foi assim que alguns deles surgiram e por fim resultaram no conceito geral do disco, liricamente, musicalmente e graficamente. Esse livro conta algumas histórias algo carnais de seus personagens, à semelhança do nosso “Álbum Negro” e é ilustrado com iluminuras da época, remontando aos negros tempos da idade média e da santa inquisição e das magníficas pinturas de Hieronymus Bosch e Pieter Bruegel. Tivémos a colaboração de um artista gráfico que fez um magnífico trabalho na capa do disco e que captou a essência do conceito definido e conseguiu recriar estes ambientes no universo da Bizarra Locomotiva. Foi incluído digipack um poster com uma ilustração desse artista como bónus a quem adquirir o “Álbum Negro”. Tendo estas bases de inspiração e podendo assim dizer que se trata de um disco conceptual, em termos líricos, estamos conscientes que são os nossos mais densos e bem conseguidos textos até à data.
Já no disco anterior, “Ódio”, a produção esteve a teu cargo. A aposta manteve-se no “álbum negro”. Como é produzir um disco dos Bizarra Locomotiva?
As ideias estão sempre a surgir e vão ganhando forma à medida que se molda o conceito do disco. O processo passa sempre por musicar os textos consoante as sonoridades e o conceito que procuramos para o disco. As gravações decorrem no nosso estúdio onde nos dedicamos a explorar as sonoridades que queremos para o álbum e costumamos usar samples de sons exteriores que captamos ou criamos de raiz estes bancos sonoros relativos a paisagens industriais ou sons isolados do género. No caso do “Álbum Negro” gravámos tudo no nosso estúdio e fomos depois misturar aos estúdios Namouche - que são os mais antigos e conceituados estúdios de gravação do nosso país, onde tivemos a oportunidade de usar a imensa maquinaria vintage que por lá havia, caixas de reverberação reais etc... o que ajudou muito a criar as atmosferas sonoras deste novo trabalho.
Neste novo álbum houve algumas mudanças quer a nível de editora, quer em termos de formação. Queres falar-nos um pouco destas mudanças?
A entrada de novos elementos na banda tem sempre a sua influência. Já tocamos há uns bons anos juntos... como tal cada maquinista que entra na Bizarra Locomotiva deixa a sua marca pessoal. 17 Anos é uma longa viagem que nos mudou muito como pessoas mas não nos levou a mudar o que realmente gostamos que é sermos parte integrante desta Locomotiva.
Fernando Ribeiro, vocalista dos Moonspell participa no tema “O anjo exilado”. Como surgiu o contacto para esta colaboração?
Surgiu a oportunidade de uma participação dele no nosso novo registo aquando esteve em cena a Ópera Extravagante (Produção do grupo de teatro O Bando) onde participavam o Rui Sidónio e o Fernando Ribeiro, e ficou essa ideia no ar de uma futura colaboração. O Fernando Ribeiro já é nosso amigo e viajante da Bizarra Locomotiva de longa data... Já tem direito ao camarote presidencial no nosso vagão de passageiros. Pertencemos à mesma geração de músicos que surgiram por cá... e a empatia já era comum... Mais tarde quando estivemos a misturar o “Álbum Negro” o Fernando escolheu participar no tema “O Anjo Exilado” que foi perfeito para o seu registo vocal assim como a temática da letra. Também tem havido algumas participações de sua parte ao vivo nas estações da Bizarra Locomotiva e que têm resultado bastante bem também.
Houve um longo período entre a edição de “Ódio” e o “Àlbum Negro”. Existiu alguma razão especial para estarem 5 anos sem lançar nada? Foi apenas uma questão burocrática de mudança de editora e management, isto porque já tinhamos o “Álbum Negro” pronto à cerca de dois anos, o que resultou neste gap tão grande entre edições. Mas acabou por ser benéfico pois deu-nos mais tempo para trabalhar no novo disco.
Os Bizarra Locomotiva têm também uma forte componente visual. Como funciona essa caracterização que vai sofrendo mutações de álbum para álbum?
A componente estética da banda tem muito a ver com o imaginário da parte lírica. Por exemplo, no nosso 4º álbum – “Bestiário”, actuávamos ao vivo embrulhados em película aderente para ilustrar o lado carnal do corpo em exposição pública como fazem nos talhos e nas grandes superfícies comerciais, explorar o lado animal do homem enquanto besta, e no início das actuações o corpo de Rui Sidónio renascia de um casulo plástico para se entregar à multidão. Tentamos sempre conceptualizar a componente visual nas actuações. São esses pormenores que reforçam o imaginário do conteúdo lírico dos nossos trabalhos e que completam as prestações da banda perante o público.
Vocês têm um público bastante diversificado, que abrange desde o Metal ao Industrial, passando pelo Gótico e indo até mesmo ao Death Metal. A música dos Bizarra Locomotiva é influenciada por todos estes estilos musicais? O que vos inspira?
As características do som da Bizarra Locomotiva são muito exclusivas... temos mantido o nosso estilo ou género musical porque é o que gostamos de fazer e onde nos sentimos bem. Está nos nossos genes soarmos assim pois somos os chamados filhos do “Industrial” devido a termos sido criados e crescido nessas atmosferas citadinas. Isso marcou-nos como pessoas e influenciou-nos sonora e visualmente, o que se veio a reflectir no som da Bizarra Locomotiva. O facto de tocarmos para pessoas com gostos musicais diferentes deixa-nos não mais do que boas recordações, que nos marcaram por estas viagens que a Bizarra Locomotiva tem percorrido. É sempre bom podermos mostrar o nosso som a quem não conhece ainda a Bizarra Loco-
motiva. Posso relembrar algumas actuações mais importantes que fizemos como o caso da primeira edição do festival do Sudoeste em 97 com Marilyn Manson, também a primeira edição do festival Ilha do Ermal com os Sisters of Mercy, ou como convidados dos Rammstein ou dos Young Gods... e mais recentemente o festival SuperBock com os Korn. Foram bons momentos que marcaram a nossa viagem e que dificilmente iremos esquecer.
Existem já algumas ideias para um novo disco? Queres adiantar alguns projectos para este ano?
Sim, já existem algumas ideias mas ainda é cedo para adiantar alguma coisa, pois os conceitos dos nossos discos demoram o seu tempo a amadurecer e a serem moldados.
Próximas paragens da Bizarra Locomotiva? Existem planos para fora de Portugal?
Parámos esta semana que passou numa grande estação com os Moonspell na Fil (Parque das Nações) em Lisboa, a próxima paragem da Bizarra Locomotiva é já dia 6 de Fevereiro no Coliseu do Porto com os Fields of The Nephilim. Quanto a planos para fora de Portugal continuam uma ilusão mas estão presentes nos nossos desejos. Fotografias e Entrevista: Pedro Almeida
Quase a completar vinte anos de carreira, permanecem de pedra e cal como o grande porta-estandarte do metal israelita. Recentemente lançaram «The Never Ending Way of ORwarriOR», o tão aguardado quarto álbum de originais, que é, simultaneamente, o trabalho mais elaborado de sempre do colectivo, e o disco onde mais explicitamente se pronunciam sobre o conflito que se vive naquela região do globo. O vocalista Kobi Farhi falou-nos acerca do novo álbum e sobre a experiência de pertencer a uma banda que é amada e odiada no mundo árabe.
Segundo parece, este novo álbum exigiu centenas de horas de composição e de gravação em estúdio, tendo sido, possivelmente, o disco que mais trabalho vos deu. O que nos podes dizer sobre isso?
Kobi Farhi: É verdade! Sabes que foi exactamente após as gravações que me nasceu o primeiro cabelo branco? Acho que foi mesmo por causa deste disco! (risos). Mas, a sério, este foi de facto o disco para o qual trabalhamos mais arduamente. Foram meses de isolamento em estúdio, num ciclo intensivo de criação e gravações, sem praticamente comunicar com o mundo exterior. A questão é que a nossa música é bastante complexa, diversa e cheia de camadas. Raramente repetimos certas partes e há muita informação envolvida. De modo que compor um álbum dos Orphaned Land é sempre um processo muito demorado e exaustivo. Não é fácil estar nesta banda, mas é o preço a pagar quando se quer ser diferente. Neste momento estou feliz por ter terminado, e há dois dias que não largo o CD das mãos. Para mim é como um filho acabado de nascer. Eu sei que a editora e os fãs nos odeiam por demorarmos sempre tanto tempo entre álbuns (risos), mas posso dizer-te que nos damos a todo este trabalho exactamente porque somos fiéis a nós próprios e aos nossos fãs.
Neste álbum realizaste o sonho de ter o Steven Wilson a misturar e a produzir. Como é que foi trabalhar com ele?
O Steven é fantástico. Somos grandes fãs dos Porcupine Tree e de tudo o mais que ele faz. Foi um privilégio ter sido a segunda banda com que o Steven trabalhou, a seguir aos Opeth. Curiosamente ele costuma dizer que se os Opeth tivessem nascido no médio Oriente, eles teriam sido os Orphaned Land (risos). Trabalhar com ele foi portanto uma grande experiência, não só porque ele é um génio, mas também porque a nossa música precisa da mistura adequada para funcionar e o Steven foi a pessoa certa para o fazer.
Embora não seja decididamente um segundo volume do «Mabool», o novo álbum mantém a mesma direcção musical desse disco de 2004 e parece ser até mais experimental e progressivo. O que achas?
Sim, é verdade. Eu diria até que o novo álbum é uma espécie de combinação de todos os nossos discos anteriores. Em algumas partes reconheço influências do «Sahara», o nosso primeiro álbum lançado em 1994; noutras parece que ouço o «El Norra Alila». O «Mabool» foi o álbum mais bem sucedido até agora, mas nós não queríamos fazer uma nova versão desse disco, basicamente porque não gostamos de nos repetir. Preferimos
sempre explorar novas coisas e procuramos ser originais. O «Never Ending Way…» é, como referiste, muito progressivo. As vocalizações também são muito mais variadas e a instrumentação tradicional do médio oriente resultou melhor do que nunca. Penso que este é o nosso melhor e mais complexo disco de sempre.
Sendo os Orphaned Land uma banda israelita, como é que a vossa música é recebida no mundo árabe?
Por incrível que pareça temos milhares de fãs árabes. Toda a gente está mais ou menos a par da situação no médio oriente, mas é preciso viver aqui para perceber realmente quão bizarro é o facto de uma banda israelita ter tantos fãs árabes. É como imaginar os adeptos do Barcelona a aplaudir a equipa do Real Madrid. É tão incrível quanto isso! Mas neste caso é ainda mais bizarro porque israelitas e árabes são inimigos que se matam mutuamente há décadas. Contudo, apesar desta rivalidade, temos muitos fãs do lado árabe. Alguns chegaram já a ser presos por nos ouvirem! Acho que isto demonstra bem o poder da música como meio de união entre culturas. Penso que esta é a razão principal para o sucesso dos Orphaned Land numa região tão trágica como o médio oriente. E é igualmente por esta razão que somos vistos por muitos dos nossos fãs – mesmo os árabes – como os embaixadores do heavy metal desta região.
Como é que os fãs árabes têm acesso aos vossos discos?
Quando são encomendados no nosso website, os discos são enviados para o nosso clube de fãs na Europa, e daí seguem para o destino nos países árabes. É claro que também podem passar directamente de cá para lá por contrabando.
O heavy metal em geral é proibido nos países árabes, não é?
Exactamente. As autoridades no mundo árabe não conseguem compreender bandas como Slayer ou Cannibal Corpse. Como as capas dos discos incluem coisas como caveiras e sangue, eles associam sempre isso a satanismo. Embora as nossas capas não sejam assim tão chocantes, o facto de sermos israelitas torna a proibição ainda mais severa.
Obviamente que os concertos também são proibidos.
Sim, claro. A única excepção é o Dubai onde se realiza regularmente um festival de metal (NR: o Dubai Desert Rock Festival). Os Iron Maiden, os Sepultura e os Opeth já lá estiveram. Mas os Orphaned Land não podem tocar lá.
Este novo álbum transporta uma mensagem muito forte através de uma metáfora que vocês designam por “ORwarrior”, ou seja, o “guerreiro da luz”. Podes explicar isto melhor?
Antes de mais quero deixar bem claro que o ORwarrior não é um conceito religioso e nós não somos uma banda de white metal. O ORwarrior corresponde metaforicamente a uma luz interior que nos pode ajudar a perceber que israelitas e árabes, judeus e muçulmanos, são de facto seres humanos iguais; somos todos irmãos de sangue. Assim, os nossos fãs árabes são “guerreiros da luz” porque eles não me julgam por ser israelita. Nós somos israelitas e judeus, mas não somos mais pelos israelitas do que somos pelos árabes. O novo álbum inclui também elementos da língua e da cultura árabe exactamente para sublinhar o facto de que nós e eles somos iguais. Este é, em resumo, o conceito subjacente a este álbum. Permanecemos nesta situação desesperada de conflito há décadas e nada parece mudar. Há quem esteja ainda à espera dum Messias para lhe trazer a salvação. Mas nós próprios é que temos de resolver os problemas. Nós é que somos os heróis; somos os “guerreiros da luz”.
Infelizmente esse conceito unificador não passa de utopia poética face ao fundamentalismo islâmico que grassa no mundo árabe.
Sim, na verdade, o que eu mais receio é exactamente o radicalismo religioso. Essas são as pessoas que não estão dispostas a ouvir. Felizmente, esse não é o caso dos fãs muçulmanos dos Orphaned Land. O mundo tem de se livrar rapidamente dos aspectos mais conservadores das religiões. São esses aspectos que nos separam e é neles que reside a fonte de muitos conflitos. Matar em nome de Deus é ridículo. Não me interessa quão letrados são os padres, os rabis ou os imãs; eles não podem fomentar a desunião da humanidade. Deus criou todos os seres humanos por igual e como um todo.
Parece que algumas pessoas não gostaram das fotos promocionais da banda. Afinal quem é que se sentiu ofendido?
A maior parte das reacções de protesto chegaram-nos dos Estados Unidos. Mas não houve qualquer intenção de ofender. As fotos apenas pretendem reflectir visualmente este conceito de unificação que está subjacente ao álbum.
Já que resolveram representar Jesus Cristo nas fotos, seria lógico que representassem também o profeta Maomé. Pensaram nisso?
Sim pensamos. O problema é que, ao contrário da imagem de Jesus que é bem conhecida da iconografia, não existe nenhuma imagem do profeta Maomé, portanto ninguém sabe como ele era fisicamente.
Bem, nesse caso podias ter recorrido à representação de Maomé que apareceu naqueles famosos cartoons publicados em 2004 por um jornal dinamarquês…
(risos) Bem, nós não queremos mesmo ofender os nossos fãs árabes. Se tivéssemos representado o profeta Maomé nas fotos promocionais, de certeza que não nos iriam perdoar. Os cartoons dinamarqueses tiveram a intenção de brincar com o profeta Maomé. Nós não gozamos com a religião, embora estejamos constantemente a fazer coisas que são consideradas proibidas de uma maneira ou de outra. Por exemplo, no tema «Disciples of the sacred oath II» incluímos versos do Corão, e alguns dos nossos fãs não gostaram nada.
Ou seja, embora se intitulem críticos da religião, há um limite de critica que vocês não ultrapassam, certo? Nós fazemos coisas que são proibidas à luz da ortodoxia religiosa, mas não fazemos troça. E não somos anti-religião.
Para terminar, o que nos podes adiantar sobre concertos? Há alguma esperança de ver os Orphaned Land ao vivo em Portugal em 2010?
De momento a nossa presença está já confirmada em alguns festivais de verão na Alemanha, como o Rock Hard, o Summer Breeze e o Wacken Open Air, e a nossa agência está a trabalhar em mais datas na Europa. Penso que Portugal também está incluído na digressão, mas ainda não é certo. Divulgaremos isso nos próximos dias. Entrevista: Ernesto Martins
ORPHANED LAND «The Never Ending Way of ORwarriOR» [2010 / Century Media]
Pioneiros do rock mais extremo no médio oriente, acabam de regressar com a sua maior obra de sempre: uma mescla única de folk e prog metal de composição elaborada, repleta de detalhes variados, elementos sinfónicos e texturas exóticas produzidas por instrumentos tradicionais como o bouzouki e o saz (espécies de alaúde), o chumbush (parecido com o banjo) e o santur. A música irradia luz e espiritualidade a todo o momento, destacando-se o trabalho fabuloso de guitarra solo (eléctrica e acústica), pleno de acordes e melodias de uma beleza de cortar a respiração, que nos remetem para lá do imaginário das mil e uma noites. Kobi Farhi canta como nunca cantou na vida, não só em inglês, mas também em hebraico e em árabe, voltando a ser secundado por vezes, e uma vez mais, pela encantadora Shlomit Levi. Pode dizer-se que estamos perante o sucessor natural de «Mabool»(2004), contudo este é um álbum mais experimental e progressivo, incluindo, ao mesmo tempo, mais momentos de atracção imediata, e uma sonoridade que saiu beneficiada pela mistura e produção de Steven Wilson. É também a tentativa mais explícita de sempre do colectivo israelita – admirado, às escondidas, por milhares de fãs do lado palestiniano –, de harmonizar, ao nível musical, lírico e até gráfico, elementos israelitas e árabes, num manifesto simbólico de união que desconhece barreiras políticas e religiosas. Elaborando sobre anseios humanos universais – e utópicos – de paz e tranquilidade, «The Never Ending Way of ORwarriOR» é, acima de tudo, um festim para os sentidos; puro alimento para a alma – o que quer que isso seja. [Ernesto Martins]
Na altura em que esta entrevista foi feita, os «The Way Of Purity», cuja identidade ou origem continua por ser revelada, desconheciam os detalhes da sua tour, que supostamente teria três concertos em Portugal, sendo que dois eram no mesmo dia e um tinha lugar na FNAC, às 16h. Confrontados com esta situação, e a ser verdade, fiz com que o concerto na FNAC fosse cancelado. Esta entrevista contém vocabulário impróprio e aborda temas como a religião, suicídio e claro, a forma da banda ver o mundo, na voz de xWITHOUT NAMEx. Resumindo, e como diria um bom amigo meu: ESTA ENTREVISTA NÃO É PARA CONINHAS!
Muitas bandas gostam de apresentar fotos excelentes e anunciar o seu primeiro lançamento meses antes de o mesmo ser lançado. Mas vocês não criaram nenhuma expectativa. Simplesmente apareceram vindos do nada e “boom”! Porquê?
xWITHOUT NAMEx: Bem, a diferença entre os The Way Of Purity e a maioria destas novas bandas está no push que faz as coisas moverem-se, mas principalmente nos objectivos que este projecto tem. A maioria das pessoas vêem a MTV ou compram revistas com os Underoath, All Shall Perish, Meshuggah, etc, nas capas, ou vêem essas bandas a tocar em grandes festivais e acham que podem fazer o mesmo, ou até mesmo melhor, gastando dinheiro em penteados, roupas bonitas e agindo da mesma forma que essas bandas. Estas novas
bandas vivem neste estado “wannabe” negativo, que torna as coisas muito básicas e faz a música ser muito negativa. Nós somos diferentes. Todos os membros da banda já estiveram em bandas muito conhecidas, com contratos em grandes editoras, e não queremos saber destas merdas de estar numa revista por uma razão que não seja a de espalhar a nossa mensagem ou criar algo novo. Nós não queremos saber do mundo do espectáculo (já recusamos muitas propostas) e não nos queremos mostrar como aquilo que não somos. Nós somos algo… alguns gostam, outros não, mas somos reais. O que queremos é que as pessoas nos amem ou odeiem… não nos importamos se nos odiarem pois continuaremos a ser o que somos. Temos vindo a trabalhar secretamente neste projecto (nem as nossas mulheres ou amigos sabem) e agora temos uma mensagem. É por isso que aparecemos do nada:
somos mensageiros do verdadeiro e único Deus, que na nossa visão é um animal: Cabra se segues Satanás ou Macaco se segues Jesus Cristo. Todas as representações de Satanás estão relacionadas com a cabra ou com um demónio? A ciência não diz que descendemos da evolução do macaco? Se a resposta for sim, então tanto o bom e o mau são governados por animais e não por homens.
Tentei perceber que tipo de mensagem querem passar e já percebi que é algo relacionado com religião e animais. Podem-me explicar?
É a mensagem de Deus como Natureza. Se entendes isto como acreditar em Jesus Cristo, força, caso contrário pensa apenas que acreditamos em Satanás. Não queremos saber. Usamos ambos os símbolos do bom e do mau para chegarmos às pessoas, uma vez que a religião não é aquilo que a maioria das pessoas pensa. A religião tanto é Cristo como Satanás, vida e morte, bom e mau, uma vez que tudo isto está na natureza humana. A nossa natureza vem dos valores do mundo animal e nunca vimos a vida como isso. Por exemplo, eu tenho um cão: o meu cão é bom comigo, com os meus amigos e com boas pessoas, e também é mau com coisas que não gosta, como por exemplo um gato ou um rato. Se eu lhe atirar um pedaço de carne crua, ele vai lamber aquilo eufórico mas se alguém me tentar bater, ele provavelmente mata essa pessoa. Os animais não são religiosos e é por isso que eles são a religião. Eles são a verdade, a honestidade e percebem que uma força maior está sobre eles pois agem sempre conforme a sua natureza, que lhes deu a vida. Eles fazem sexo para ter crias, não por diversão. Matam para sobreviver e não por interesses. Também não te vão matar se não fores ter com eles com más intenções. Isto é aquilo que a religião e o homem deveriam ser. Nenhuma religião ensina as pessoas a ver os animais como um exemplo. Esta é a mensagem e todos vocês deveriam segui-la. A sociedade é apenas um jogo doentio nas mãos de alguém.
A vossa tour será algo extensiva. Vão dar dois concertos em apenas um dia, aqui em Portugal. Isso não é muito para vocês?
Para ser honesto, não sei se vamos mesmo tocar duas vezes no mesmo dia aí, mas acho que isso não vai acontecer. Mas tenho a certeza que vamos tocar um concerto no vosso país… Vai ser uma tour longa e ain-
da temos que ver todos os detalhes, peço desculpa. Estamos a pensar num set estrondoso e depois é que vamos ver onde é que ele vai ser tocado.
A primeira vez que ouvi a vossa música fiquei muito impressionado. Como foi o processo de composição? Quem escreveu as letras?
Obrigado pelas tuas palavras. Ficamos muito gratos. Escrever este álbum demorou cerca de um ano. Eu compus todos os riffs de guitarra e pensei na bateria e nos vocais. Com um amigo, que é produtor e baixista, escrevi todas as linhas de baixo e gravei as demos no meu pequeno estúdio. No fim produzi os vocais com a xBETTYx e os synts com xLOST my FAITHx. Depois disso, já em Julho, entramos no estúdio com o baterista para a sessão de gravação final. Gravamos o baixo, as guitarras, os synths e a voz noutro estúdio. xJeffreyx fez tudo isso comigo em Agosto. Depois disso uma má notícia, que foi o suicídio da xBETTYx tocou-nos muito, mas decidimos misturar o álbum com o Chris Donaldson e continuar a nossa missão. A xBETTYx escreveu todas as letras durante os seus tormentosos sonhos e pesadelos. Vamos abordar este assunto nos próximos meses, uma vez que um filme baseado na história real de xBETTYX está a ser editado enquanto falamos. Todas estas palavras não são importantes uma vez que apenas estou preocupado com a identidade da banda. Queremo-nos focar numa sonoridade mais baseada em bandas como Christian Death, The Cure, Syster Of Mercy, etc, mas sem soar a Gothic Metal. Nós tocamos hardcore mas não somos aquilo que o mercado espera de uma banda que diz algo assim. Ambientes New Wave e riffs hardcore criaram os The Way Of Purity. Isto é importante.
Desastres acontecem a toda a hora. Muitas pessoas culpamse pelos seus pecados e perguntam a Deus porquê que tal foi acontecer. Para vocês qual é a causa? Deus ou Natureza?
Os desastres acontecem porque a natureza humana é muito negativa. As pessoas procuram pelo mal e não pelo bem. As pessoas casam-se e depois cometem adultério, matamse uns aos outros, destroem o planeta e tentam foder a vida uns aos outros… Destroem a própria vida e o próprio corpo com drogas e por aí fora… Dinheiro, diversão, sexo, comida, drogas… É tudo o que as pessoas
por este mundo for a procuram, todos os dias nas suas vidas. E este é o resultado: acaba-se a família, Deus, arte, apenas tristeza. O mundo está a morrer devido às acções de todos nós. Toda a gente contribui com algo para destruir o nosso planeta. Para a sociedade actual e religiões populares, somos apenas carne. Não passamos de carne! E este é o verdadeiro desastre rapaz, acredita.
Como se classificam? Consideram-se uma banda, uma organização, uma família…?
Não somos merda nenhuma. Não somos uma família, não somos uma banda nem sequer somos uma organização… Somos apenas um potencial evento. A nossa missão é transmitir uma mensagem a todos aqueles que possam entender. A xBettyx disse numa música: “I am nothing, I am anything, no one knows who I am... No one understands, we are proud of this... whisper softly death.” E isto é verdade: “We are the fucking nothing” rapaz. A maioria das pessoas não entendem, mas nós sabemos isto desde o começo.
Qual o nome do vosso próximo álbum e como o descreveriam?
O álbum chama-se “Crosscore”. Contém 10 músicas de pura loucura e vai ser lançado pela Wormholedeath Records com a Aural Music. Atitude é o principal neste álbum.
Novamente sobre os vossos concertos em Portugal. Vocês vão tocar na FNAC, uma loja onde pessoas de todas as idades procuram livros, CDs, material informático, etc. A maioria dos concertos que têm lugar aí são acústicos e não-metal. Estão conscientes disso? Vão estar lá na mesma com toda a vossa força?
Nós não vamos tocar na FNAC, caso contrário a FNAC sofreria um colapso e as pessoas vomitariam sangue até morrer. É melhor não tocarmos lá. Que se fodam os sets acústicos e os computadores. Nunca faremos nada assim.
Para concluir a nossa entrevista, querem deixar alguma mensagem aos leitores portugueses? Em breve irão descobrir a verdade, que vos tornará livres. Obrigado por este espacinho!
Entrevista: Joel Costa
Como surgiram os Factory Of Dreams?
Hugo Flores: Tudo começou com a ideia de fazer um tipo de música mais simples e directo do que o meu projecto Creation (prog metal) e que misturasse metal com uma vertente electrónica. Dediquei cerca de uma semana a compor algumas ideias base e a partir daí foi começar a refinar essas composições e depois ‘entrar em estúdio’ e gravar guitarras, baixo e algumas backing vocals. Foi algo que ainda não tinha experimentado, compor espontaneamente, ou seja, criar o que me viesse à cabeça em muito pouco tempo e cingir-me a isso, esculpindo tudo a partir dessas ideias. Sabia que queria ter uma vocalista para este género musical algo planante e rock/electro, mas não sabia ainda se iria procurar uma vocalista com toques de ópera, ou para uma abordagem mais pop. Comecei a procurar e efectivamente encontrei uma voz única, a da Jessica, que nem era pop, nem totalmente operática, era um in-between, e além disso tinha um timbre suave e quente ao mesmo tempo. Surgiu Poles, o primeiro álbum. Nós tentamos criar uma musica diferente com Factory, não é o convencional metal nem electrónico, nem o convencional industrial ou electro metal. É algo mais ambiental e atmosférico, com as partes vocais a embelezar uma música que tenta já ser bastante melódica.
A vossa banda participou no Songs For Haiti. De que maneira esperas ajudar com a tua música?
Sim, participamos em duas compilações, na Songs for Haiti-Relief Through Music, preparada pela editora Melodic Revolution Records do Nick Katona. Vamos ainda participar com muito orgulho no The Haiti Projekt, criado por Brian Cobb - www.thehaitiprojekt.com da Digitalchemistrymusic. Ambos terão o suporte digital da Mindawn.com, site de música digital da nossa editora Progrock Records. O objectivo é alertar as pessoas para a situação caótica e triste que ocorre num país já por si pobríssimo. As pessoas podem adquirir a compilação, ou músicas individuais e contribuir para a causa. Nós até reeditamos um tema que estava meio escondido para que os fãs de Factory possam querer descobrir esse tema e comprá-lo para ajudar. Esse tema, de nome Reset World, só vai estar disponível nessa compilação do Brian Cobb. Estejam atentos pois ambas as compilações estão quase quase prontas!
Como está a funcionar esse projecto? Bastante bem, este último álbum ga-
nha cada vez mais fãs, o que faz igualmente com que as vendas do primeiro CD continuem, o que é muito bom para nós. Temos a editora Progrock Records que promove também o CD e assegura que este seja visto em diversos media, como rádios, revistas, ezines... Em termos de composição musical, eu encarrego-me normalmente de toda a produção, letras e música, e a Jessica trabalha todas as partes vocais. Aliás, é ela que cria a maioria das linhas e melodias vocais, tanto ao nível de lead vocals como das harmonias. Desde que continuemos a gostar de criar música e a divertirmo-nos com isso, está tudo bem.
Tens outro projecto para além de Factory Of Dreams. Há alguma semelhança entre os dois? Fala-nos um pouco disso.
Sim, há semelhanças, sobretudo no facto de habitualmente as composições serem iniciadas nos teclados, portanto a minha música é muito synthdriven. Tem semelhanças também no sentido electrónico, épico e sinfónico da música. Mas as diferenças são muitas, e para começar, Factory, apesar de ter álbuns conceptuais, não funciona como uma série... um álbum é um álbum e acabou. Project Creation tem história para 4 álbums, que vou acabar por condensar em 3 álbuns. É um projecto muito virado para um tema de scifi, muito mais progressivo em termos musicais, com muitos convidados (Linx - ex-Forgotten Suns, Paulo Chagas, Zara, ...). Factory é mais simples nesse aspecto, apesar deste último ter também contado com alguns convidados nomeadamente o David Ragsdale dos Kansas, o Tadashi Goto também, entre outros... Mas para quem gosta de Factory, eu convido obviamente a ouvir Project Creation pois vai certamente encontrar pontos de convergência.
Em 2008 lançaste “Poles” e “Strange Utopia” apareceu pouco tempo depois. Dispensas muito tempo neste teu projecto? Dás contigo a compôr temas novos com que frequência? Confesso que não consigo ficar muito tempo sem tocar ou criar. Se não ponho um travão, acho que estaria sempre a compor coisas novas, e depois iria certamente ficar deprimido pois não poderia editá-las todas... Quando terminei Poles, já tinha outros temas que tinha estado a trabalhar. Agora que saiu o Strange Utopia, já tenho também todos os temas que irão compor o próximo Factory of Dreams. São drafts ainda, mas já sei para onde vai este terceiro CD, e posso adiantar que será
mais na onda Poles, mas muito mais forte. Ou seja, músicas mais simples e condensadas, mas som potente tal como o Strange Utopia. Ainda relativamente ao que tinha dito, normalmente quando tenho um número suficiente de músicas, paro de criar coisas novas e começo a trabalhar as que tenho e que já me satisfazem, exactamente para não ter demasiado entre-mãos e não ter tempo para editar tudo. O que mais gosto é de me fechar em estúdio e em mim mesmo, e tocar, ouvir novos sons, sentir a melodia, e a partir daí é navegar pela minha imaginação.
Quais são as principais diferenças que podemos encontrar entre os dois registos?
De facto fiz um corte consciente com o som fabricado em Poles... enfim, não foi corte total, senão não teria razão de ser um álbum de Factory of Dreams. A principal diferença está na simplicidade, que existe em Poles mas menos em A Strange Utopia, que é, a meu ver, mais complexo, mais longo e diversificado e conta com músicos convidados como já referi. É um álbum épico, e para além deste sentido mais épico, em detrimento de um Poles mais atmosférico e mais, digamos, pessoal, este novo álbum também se assume como mais sinfónico, mais metal-driven e mais arrojado e complexo que Poles. As músicas também são independentes umas das outras, apesar de existir um fio condutor ao longo dos 70 minutos do CD, o que contraria o sentido de história que existia em Poles. Poles tem uma história, ‘A Strange Utopia’ tem um conceito, que é a exploração de Mundos bizarros, utópicos, quase que impossíveis.
Como foi a recepção do público ao teu trabalho? Estás satisfeito com o feedback?
Ainda é cedo para dizer, mas sim, principalmente temos recebido feedback excelente dos fãs! Além disso, os novos videoclips têm tido cada vez mais views no youtube e em outros media. O Hypertensão (Sic Radical) também tem dado destaque aos vídeos, o que é sempre fantástico. Em termos de vendas não tenho ainda qualquer informação, mas estará para breve. Em termos de críticas, esta divide-se: há os que adoram o álbum e até o colocam no topo dos recommended, como no caso da DPRP (uma das grandes ezines prog) e os que o acham estranho, ou demasiado digital, ao início, pois esperam algo de imediato, algo de mainstream. Eu não vou nessas e faço o que me dá gozo. Mas a verdade é que à medida que vão ouvindo percebem que é algo de novo e arrojado e isso para mim é a melhor critica que
se pode fazer.
Hoje em dia, principalmente em projectos como o teu, encontram-se bons artistas para colaborações através do MySpace. Foi assim que encontraste a Jessica Lehto, certo? Como chegaste até ela? Exacto, o myspace tornou-se numa ‘montra’ de talentos: alguns bons outros menos, mas de facto a Jessica tem uma página no myspace e foi graças a essa página que fiquei a conhecer o trabalho dela. Fiquei muito impressionado pelo que ouvi, e ainda mais porque é ela a criar as suas próprias músicas, apesar de ter ajuda nas misturas de outros amigos. Portanto, a internet é um meio fulcral hoje em dia para se divulgar, para se conhecer novos talentos, sem dúvida, mas também tem imensos perigos que têm de ser mitigados... sabem bem ao que me refiro, e a indústria discográfica foi apanhada na curva digamos assim. Se algo nos traz perigos temos de saber aproveitar o que há de bom nisso, e acho que encontrámos a forma de o fazer, tanto nós como grupo como a nossa editora.
trabalhar no ultimo capítulo de Project Creation.
Para finalizar, alguma mensagem que queiras deixar aos teus seguidores?
Espero que curtam este novo som de Factory, que ouçam não uma, nem duas mas várias vezes este novo CD, pois tem muito detalhe e requer uma audição cuidada. E sobretudo que comprem o álbum ok? Senão não haverá quem resista a uma avalanche de pirataria e file-sharing desmesurados. Custa muito, mas muito mesmo produzir um álbum, e cada obra deve ser apreciada com cuidado e respeito, mas eu sei que os fãs de Factory é pessoal à maneira, por isso não me preocupo e agradeço todo o apoio. Um grande abraço a todos e curtam o som! Entrevista: Joel Costa
Como funcionam os Factory Of Dreams em estúdio? Tens músicos a acompanhar-te ou és tu o responsável por todo o som?
Sou responsável pela maioria do som e pela mistura, e sou o principal produtor. Os recentes videos têm produção minha, com realização, edição e efeitos especiais feitos em estúdios na Suécia. Mas a Jessica grava no seu estúdio pessoal, e todos os músicos convidados gravam também no seu estúdio ou em estúdios contratados. Depois é tudo enviado para mim, para misturar. Quando tenho composições e letras já sólidas, envio para a Jessica que começa a delinear as linhas vocais e depois grava algumas demos para eu ouvir. Posso de vez em quando fazer sugestões, mas normalmente eu gosto sempre do que ela faz. No caso da masterização, isso deixo a cargo de outros experts. Prefiro que outros ouçam e que dêem o toque final, não gosto de dar o toque final quando a audição já está viciada após longos dias de mistura.
Que planos tens para 2010? Podemos contar com um terceiro álbum?
Terceiro album sem dúvida, mas não sei se será já para 2010, é muito cedo ainda. Logo se vê, e se não for finais de 2010, certamente 2011 sim.Os meus planos passam, portanto, por continuar a trabalhar os temas que tenho para o terceiro Factory, bem como
Abundam por esse mundo fora invejosos frustrados que apregoam aos quatro ventos ser Susan Boyle nada mais que uma fraude. A razão de tais afirmações prende-se com o facto de a escocesa mais mediática da actualidade não ser a estreante totalmente ingénua e desmazelada que foi “vendida” ao público durante a participação no concurso “Britain’s Got Talent”, que lhe trouxe fama planetária De facto, Boyle adquiriu experiência musical a nível amador ao longo dos anos, especialmente em palco – integrou desde jovem o coro da igreja local, onde desenvolveu a sua técnica; e, já adulta, venceu alguns concursos musicais, tendo ainda actuado regularmente em pubs de Whitburn, em West Lothian, onde sempre viveu. Além disso, já havia participado noutros programas televisivos de talentos anteriores a “Britain’s Got Talent”. Antes da gravação do álbum I Dreamed a Dream, editado no final de 2009, Susan Boyle também não era uma estreante em ambiente de estúdio. De facto, já dez anos antes havia
incluído o tema “Cry Me a River”, eternizado por Julie London, num CD de caridade lançado pela escola local. Além disso, gravara uma versão de “Killing Me Softly ” (original de Roberta Flack) para enviar às estações de rádio e TV no âmbito de inscrições em concursos de talentos. Apenas alguns amigos tinham acesso a esta gravação. Ora, não são estas experiências que fazem de Boyle uma cantora semiprofissional, como alguns alegam, ou lhe retiram a simplicidade de uma dona-de-casa pouco instruída, nada bonita, descuidada (ainda que alegadamente o seu aspecto maltrapilho haja sido exagerado tendo em vista potenciar o impacto no público) e condenada à vida simplória numa zona rural, sem reais oportunidades ou perspectivas. Se o júri do programa exacerbou essa simplicidade como manobra de marketing (inteligentíssima, diga-se)? É bem possível, apelando aos mais profundos sentimentos para criar no público uma identificação instantânea com a artista. Afinal, em tempos difíceis como há muito não se via, em que o Mundo perdeu a fé, a esperança e a auto-estima, que melhor exemplo do que o de uma solteirona provinciana à beira dos 50 anos, sem qualificações e votada a uma vida enfadonha mas que, não obstante, realizou o sonho? Tarde e sustentada pela indústria musical, mas tornou-o realidade. Com mérito. Portanto, será abusivo usar semelhante estratégia de marketing, envolvendo alguma encenação, para lançar uma artista fabulosa há demasiado tempo remetida ao obscurantismo? Mais ainda quando esse modelo comunicacional transporta em si uma mensagem de esperança? Quando apela, de forma pedagógica, à capacidade de realização das pessoas, revelando-lhes que se Boyle conseguiu também elas conseguem? Mostrando que a persistência, a força de vontade e a auto-estima compensam? Em tempos como os actuais só os burgessos mesquinhos e frustrados nas suas vidinhas miseráveis não se identificariam com tal mensagem, não obstante o oportunismo mercantilista que lhe estará subjacente. A verdadeira questão é outra (igualmente identificada por esses “génios”, justiça lhes seja feita): quando terminará o estado de graça da artista? E uma vez este esgotado, após exploração do seu talento até ao limite, o empresário de Boyle, Simon Cowell (jurado dos concursos “Britain’s Got Talent” e “Idols” com duradouras ligações à Sony) e a editora deixá-la-ão cair ou dar-lhe-ão a possibilidade de gravar um segundo álbum, necessariamente de originais e comportando maior risco comercial face a tão auspiciosa estreia? Mesmo que tal não se verifique e o fenómeno Boyle se esgote já este ano, a exposição de que a artista goza será suficiente para que até ao fim da carreira sobreviva a dar espectáculos de menor dimensão como cantora residente em salas da Grã-Bretanha e concertos regulares noutros países. Convites não faltarão, certamente. Até lá, quer se goste quer não, Boyle constitui um balão de oxigénio para uma indústria cuja falência foi há muito anunciada.
COM UM NOVO ÁLBUM PRESTES A SER LANÇADO, OS DEVIL IN ME PARTILHARAM ALGUMAS PALAVRAS COM A VERSUS MAGAZINE. A BANDA TEM NOVIDADES BEM INTERESSANTES PARA OS FÃS E PARA QUEM QUER CONHECER UM POUCO MELHOR OS DEVIL IN ME: A primeira coisa que me saltou à vista foi o vosso design. Quem está a trabalhar convosco e qual é a mensagem que tentam passar com a imagem?
Temos tido a sorte de trabalhar sempre com amigos próximos da banda, que têm imenso talento e que conseguem sempre satisfazer as nossas “fantasias”. Se imaginamos uma capa estilo “cartoon”, com o Moisés e com uns zoombies... eles transformam isso em “realidade” e é o que se vê. Pare criar o novo visual do myspace tivemos a colaboraçao do Filipe Oliveira (SURVIVAL Design) e do Ricardo Cabrita (RETURN TO LIFE Design). Relativamente áàsegunda parte da tua pergunta... quem esteve na gravação do concerto do DVD e mais tarde, quando toda a gente o tiver em casa vai perceber o Moisés.
As vossas músicas tam-
bém são baseadas em zombies ou já seguem um conceito completamente à parte?
Não... não falam de zombies (risos).
Porquê «Devil In Me»?
Aquela pergunta clássica... começamos por chamar-nos Lockdown mas pouco tempo depois descobrimos que ja havia algumas bandas com esse nome. Então tivemos de procurar outro nome. Devil in Me surgiu, e não te consigo dizer, “olha foi por causa disto ou daquilo”, mas fez sentido na altura e depois cada vez foi fazendo mais.
Em 2007 lançaram o vosso
segundo registo discográfico, «Brothers In Arms». De que nos fala esse álbum?
O “Brothers...” bem como o “Born to lose”, em termos liricos não é mais do que um sincero abrir de coração. Embora mais trabalhado que o primeiro registo, fala igualmente das nossas experiências pessoais, do diaa-dia, trabalho, amor, amizade, pensamentos sobre a sociedade...
Estão a preparar um novo álbum, com saída prevista para 2010. O alinhamento seguirá alguma temática?
Sim, o disco tem um tema e todas as músicas rodam à volta dele. Ainda é cedo para o revelar mas é algo novo para nós. Não foi pensado. Quando nos apercebemos, as músicas tinham todas algo em comum. Mais à frente vão entender (risos).
Vamos presenciar uma evolução em relação ao último registo ou vão estar fiéis ao som que já nos deram a conhecer nos anos que passaram?
Bem eu sou suspeito para falar sobre isso (risos). Sinto que é o mesmo estilo... mas melhor. Sem dúuvida uma evolução, como ja referi.Não estou a dizer que vai soar uma banda diferente mas... não temos compromisso nenhum de nos mantermos fiéis a um género. Se fizermos um riff bom usamos, ponto final. Não interessa se é mais hardcore ou mais punkrock.
O DVD «Live Fast Die Young» parece ter bons conteúdos. Como surgiu a ideia de lançar um DVD e quais os conteúdos presentes no mesmo? A ideia de lançar o DVD surgiu basicamente por termos dezenas de cassetes de vídeo com coisas nossas, palhaçadas, o dia a dia sempre que vamos tocar... então depois elaboramos a ideia e desenvolvemos um plano do que é que queríamos colocar no DVD. Filmamos o concerto, edi-
tamos meses a fio para escolher mesmo o melhor das muitas horas de filme que tínhamos e pronto... Os conteúdos são diversos... temos o concerto que gravamos no Tuatara, entrevistas que contam o começo e percurso da banda, os videos oficiais da banda e um mini filme sobre os Devil In Me em Tour.
Quando é que vai estar disponível para compra e onde o podemos adquirir?
Já no inicio de 2010, logo após uma tour de lançamento em que o vamos oferecer nos concertos. Onde podem comprar depois disso... nas Fnacs e lojas de música alternativa por todo o país.
Voltando ao álbum que ainda está para vir. Quem está a cargo da produção?
Este álbum foi produzido pelo Andrew Neufeld, vocalista de Comeback Kid. O processo de gravação demorou mais que o habitual por isso mesmo, além de termos tido mais tempo de estúdio, também não foi fácil conciliar com a disponibilidade para o Andrew se deslocar a Portugal.
O registo já tem nome? Para quando está prevista a sua saída?
O registo ainda não tem nome. Há ideias mas não posso revelar... Quanto ao lançamento, penso que a meio de 2010, pouco depois do DVD.
Para finalizar, alguma mensagem que queiram deixar aos vossos seguidores?
Queria deixar um abraço ao pessoal todo que nos tem seguido ao longo do nosso percurso. Obrigado e espero que gostem do que aí vem. D.I.M. Army.
Entrevista: Joel Costa
Foi com grande expectativa que, no passado domingo – 17 de Janeiro, a MYO Productions organizou na Gafanha da Encarnação, o BROOTAL SUNDAY FEST. Como era de esperar, a matinée superou as expectativas. Grandes nomes, dignos de cabeça de cartaz, como Inbred (Espanha) e Unbridled (Viseu), fizeram com que o público aveirense aderisse e comparecesse no evento, mesmo sendo uma tarde de domingo. Os Motim, sendo a banda da casa, abriram a tarde com o interventivo e acelerado punk a que já estamos habituados, e que junta sempre a multidão frente ao palco – só lhes faltava tocar de chinelos. Em seguida os Damnull (Stª. Maria da Feira) não subiram ao palco para menos e conseguiram juntar e movimentar o público, que durante a actuação não deixou de cumprir o já habitual ‘wall of death’. Momentos depois, os Equaleft (Vila Nova de Gaia) encheram os ouvidos do público com o seu metal nortenho, numa actuação pesada mas que deixou um pouco a desejar, não podendo, no entanto, deixar de salientar a boa performance do guitarrista (Veggy).
Quando os Unbridled actuam, à partida já sabemos que vai ser devastador e esta actuação não foi excepção. Pig squeals estridentes e breaks poderosos fazem das actuações de Unbridled um verdadeiro campo de batalha. Finalmente os Inbred juntandose à contenda, aproveitaram a devastação causada para provocar ainda mais. Entre diálogos em inglês e espanhol lá se foram fazendo entender, com todo o apoio do público que pedia por mais. Com excelentes riffs de guitarra e fortes breakdowns, os Inbred deixaram muitos soldados de baixa e só os resistentes sobreviveram ao seguinte alinhamento: “Reinventing a moment of vanished life”; “Abramel is behind me”; “Nothing shall be saved”; “Caressing the roots from the grave”; “End of agony”; “My dark solitude”; “Blessings were lost forever”; “Warmth of darkness”; Encore: “Tempest”; “At world’s end”. Ainda assim, o público pediu encore, e entre muito suor e cansaço nuestros hermanos lá conseguiram tocar mais um tema e cessar este “brootal” fim de tarde. FOTOGRAFIA: Teresa Pereira TEXTO: André Monteiro
Já há muito que se diz que para subir é também preciso descer, e no Altar Bar esse termo é bem aplicado. Foi no último sábado do mês de Janeiro que se realizou no Porto o penúltimo concerto da “Black Book Tour” de Hills Have Eyes. Eram 23horas e já os Solid (Porto) tinham subido ao altar e tentavam animar a noite com o seu forte rock/core. Vários foram os pedidos de Gil (vocalista da banda) para que o público executasse um “hall of death”, mas essa não era a noite. É então que os esperados Hills Have Eyes (Setúbal) subem ao altar para tocar o seguinte alinhamento: “Ending the cliché”; “Daydreaming isn´t so good after all”; “Those birds won’t bother us anymore”; “21-12-2012”; “Hey hater”; “Heart hit”; “On the roof of the world”; “We are way over you”; “Unneurotic”; “The same old story again and again”.
Trazendo como convidado, no lugar deixado por “China” (ex guitarrista), Pedro Correia de Eleven Miles Apart que participou em toda a tour. Da conversa com ele é de realçar o seguinte: “…convidaram-me uma semana e meia antes do primeiro show, foram dez músicas que aprendi de rajada e para tocar logo em Setúbal que é a hometown”. Quem não soubesse diria que fazia parte do setup. Voltando à performance, as músicas do novo álbum ouvidas ao vivo falam por si e mostram o bom trabalho conseguido por HHE, que aplica bastante movimento, energia e força nas suas actuações, desta vez testemunhámos desde peles de taróla partidas até ao momento em que Pedro sobe literalmente ao Altar e em conjunto com os seus discípulos “salta” para uma espécie de stage diving.
TEXTO: André Monteiro
ORPHANED LAND «The Never Ending Way of ORwarriOR» [2010 / Century Media]
Pioneiros do rock mais extremo no médio oriente, acabam de regressar com a sua maior obra de sempre: uma mescla única de folk e prog metal de composição elaborada, repleta de detalhes variados, elementos sinfónicos e texturas exóticas produzidas por instrumentos tradicionais como o bouzouki e o saz (espécies de alaúde), o chumbush (parecido com o banjo) e o santur. A música irradia luz e espiritualidade a todo o momento, destacando-se o trabalho fabuloso de guitarra solo (eléctrica e acústica), pleno de acordes e melodias de uma beleza de cortar a respiração, que nos remetem para lá do imaginário das mil e uma noites. Kobi Farhi canta como nunca cantou na vida, não só em inglês, mas também em hebraico e em árabe, voltando a ser secundado por vezes, e uma vez mais, pela encantadora Shlomit Levi. Pode dizer-se que estamos perante o sucessor natural de «Mabool»(2004), contudo este é um álbum mais experimental e progressivo, incluindo, ao mesmo tempo, mais momentos de atracção imediata, e uma sonoridade que saiu beneficiada pela mistura e produção de Steven Wilson. É também a tentativa mais explícita de sempre do colectivo israelita – admirado, às escondidas, por milhares de fãs do lado palestiniano –, de harmonizar, ao nível musical, lírico e até gráfico, elementos israelitas e árabes, num manifesto simbólico de união que desconhece barreiras políticas e religiosas. Elaborando sobre anseios humanos universais – e utópicos – de paz e tranquilidade, «The Never Ending Way of ORwarriOR» é, acima de tudo, um festim para os sentidos; puro alimento para a alma – o que quer que isso seja. [Ernesto Martins]
SECRETS OF THE MOON «Privilegivm» [2009 / Lupus Lounge]
Depois do período conturbado que atravessaram, primeiro motivado pela saída inesperada de Daevas, membro fundador, no início de 2008, e depois pelo abandono do guitarrista A.D., que tão significativamente contribuiu para a criação do último álbum, poucos apostariam num regresso em força dos Secrets of the Moon. Contudo, comprovando a máxima “o que não me mata, torna-me mais forte”, a banda aí está no seu melhor, com um disco que, mais do que brilhante, acrescenta algo de novo ao edifício sónico construído até aqui. Neste quarto registo de originais, a formação alemã, que inclui agora a baixista LSK (que passou pelos nossos Corpus Christii), modera de forma significativa a agressividade explícita das tiradas rápidas do passado, para se concentrar em temas longos que se desenvolvem lenta e gradualmente no seio de atmosferas sinistras, e em riffs cuja imponência se faz sentir até ao decair completo de cada nota. Como em «Antithesis», a composição conserva o seu carácter vanguardista, mas aqui afasta-se ainda mais dos chavões tradicionais do black metal, bem como das subtis referências ao estilo Satyricon patentes nesse disco de 2006. Versos inteligentes como sempre, com alusões veladas a temas da mitologia cristã, são cuspidos em tom inflamado por S. Golden no registo diabólico que lhe é característico, ou declamados convictamente como se de uma oração blasfema se tratasse. Com uma sonoridade assombrosa e um discurso carregado de intenção, «Privilegivm» ressoa como uma proclamação exaltada de uma nova era de escuridão. A luz no fundo do túnel acabou de se extinguir e a esperança foi a primeira a morrer. [Ernesto Martins]
BILOCATE «Sudden Death Syndrome» [2009 / Daxxar Music]
São um dos mais recentes fenómenos a emergir do médio rriente, mais concretamente da Jordânia, onde a música extrema ainda é vista como uma séria ameaça para os ideais religiosos. O trabalho do colectivo chega até nós através deste brilhante registo que combina doom e death metal de uma maneira que, por vezes, sugere Orphaned Land e Novembers Doom. Nas passagens mais calmas é também reminiscente da marca progressiva dos Opeth, aspecto que surge reforçado inevitavelmente pela co-produção e mistura de Jens Bogren. Os instrumentos tradicionais (e.g. oud e tabla) e os padrões rítmicos típicos das arábias, abraçados por tantas bandas provenientes desta região do globo, são aqui um elemento algo secundário, pelo que a música soa quase sempre muito ocidental. O ambicioso “Blooded forest” destaca-se como o tema mais representativo de todo o álbum. Com riffs excelentes a meio-tempo, segmentos atmosféricos, ora dramáticos ora grandiosos, belos excertos em piano e toda uma série de detalhes atractivos de composição, resultam num épico que consegue a proeza de prender a atenção durante todos os dezassete minutos da sua duração. Fartos das proibições impostas pelo regime teocrata do seu país de origem, as quais não permitiram mais do que uns míseros quatro concertos num espaço de seis anos, os Bilocate mudaramse recentemente para o emirado do Dubai estando agora mais livres para, finalmente, dar largas a esta forma de expressão que não conhece fronteiras geográficas, culturais ou religiosas. [Ernesto Martins]
ROB ZOMBIE «Hellbilly Deluxe 2» [2010 / Roadrunner]
FOZZY «Chasing The Grail» [2010 / Riot]
«Chasing The Grail» é o quarto álbum de estúdio dos Fozzy. A banda liderada pelo canadiano Chris Jericho, wrestler profissional da WWE, começou por divulgar o tema «Martyr No More» no YouTube, cuja afluência originou um esperado regresso da banda, que não lançava discos desde «All That Remains», editado em 2005. Se esperam ouvir os Fozzy que se deram a conhecer em discos anteriores, enganam-se! Aliás, o tema inicial intitulado «Under Blackened Skies» diz logo tudo, ao mostrar-nos o novo caminho da banda, que apanha e bem esta nova afluência ao Trash Metal. A banda continua no seu novo caminho e mostra-se mais pesada, como é possível verificar nos temas «Pray For Blood» e «Paraskavedekatriaphobia». A voz de Jericho também se tornou muito poderosa, nestes cinco anos que separaram «All That Remains» de «Chasing The Grail», fazendo um grande trabalho no tema «Wormwood», já considerado por muitos como o melhor do álbum e uma inegável obra-prima. Este álbum é o trabalho mais bem conseguido da banda até à data. Após alguns anos no activo, finalmente a banda consegue ganhar algum respeito na comunidade do Metal e passar a ser conhecida por Fozzy e não por “banda do Chris Jericho da WWE”. O melhor do CD, na minha opinião, é a performance do guitarrista Rich Ward, que elaborou pelo menos um riff poderoso para cada música, fazendo de «Chasing The Grail» aquilo que é. [Joel Costa]
O quarto álbum a solo do ex-líder dos White Zombie, Rob Zombie, finalmente chegou! «Hellbilly Deluxe 2», cujo nome completo é «Hellbilly Deluxe 2: Noble Jackals, Penny Dreadfuls and the Systematic Dehumanization of Cool», poderá ser o último CD lançado pela banda, uma vez que as vendas dos CDs têm vindo a decrescer, dando lugar a um aumento bastante considerável nos downloads. Rob Zombie já tinha demonstrado a sua vontade de mudar o seu som, seguindo um estilo “anos 70” em «Educated Horses». Esse estilo manteve-se, dando mais protagonismo ao guitarrista John 5 e aos restantes membros da banda, que pela primeira vez, trabalharam em estúdio juntamente com Rob Zombie para criar «Hellbilly Deluxe 2». O single «What?» é o tema mais fraco do álbum e infelizmente foi o primeiro single escolhido para promover este novo registo. Contudo, o restante alinhamento é bastante forte, com uma sonoridade nova e distinta, tal como é o caso de «Jesus Frankenstein» e «Sick BubbleGum», que são dois dos temas mais fortes deste novo álbum. «Hellbilly Deluxe 2». É sempre bom verificar que Rob Zombie continua a insistir, e bem, nas suas letras repletas de referências a filmes de terror, citando zombies, lobisomens e demais criaturas ocultas. Pode não funcionar para muitos mas não deixará os fãs desapontados. [Joel Costa]
FEAR FACTORY «Mechanize» [2010 / Candlelight]
Foram precisos 5 anos para assistirmos ao regresso dos Fear Factory. Depois do lançamento de «Transgression», em 2005, «Mechanize» chega agora às lojas e já é visto por muitos fãs como o melhor trabalho da banda desde «Obsolete», lançado em 1998. Conhecidos por um grande mistura de estilos que dão origem a um som único, a banda decidiu terminar após alguns confrontos internos entre dois dos seus membros. Pois bem! Eles reconci-
liaram-se e provaram que conseguem efectuar um excelente trabalho juntos, fazendo de «Mechanize» um sucesso garantido. Dino Cazares leva o seu trabalho de guitarra a um novo nível, mostrando alguns dos mais intensos riffs que produziu em toda a sua carreira. Quem também mostra grande forma é o vocalista Burton C. Bell, gritando palavras com a maior raiva possível e ao mesmo tempo a dar-nos as suas típicas melodias vocais. Um excelente regresso! [Joel Costa]
OVERKILL «Ironbound»
[2010 / Nuclear Blast]
A par do que acontece com os nossos Portugueses Hills Have Eyes, os Overkill também lançaram um excelente álbum no início de 2010, não os tornando elegíveis para o melhor trabalho de 2009. Até ao final deste ano muitos bons trabalhos virão, mas será que conseguem superar a grandeza de «Ironbound»? Desde o lançamento de 2003 «Killbox 13», que os Overkill, aos poucos, iam diminuindo a grandeza dos seus álbuns. Para uma banda que está no activo desde o início da grande era do Trash Metal, ia produzindo trabalhos não tão bons como aqueles que lhes deram nome. Contudo, fazem agora as pazes com alguns fãs e apresentam as suas desculpas com «Ironbound», o melhor álbum da banda em 7 anos. As origens Trash estão lá e definem-se apenas como uma grande banda de Metal, sem necessidade de recorrer a sub-géneros para se rotularem. Se ainda não conhecem este trabalho, dediquem 8 minutos do vosso tempo ao tema inicial «The Green And Black», que certamente vos fará amar esta banda. Se não fizer, não se chateiem a ouvir o resto. Daqui a um ano, estaremos certamente a falar deste álbum como sendo um dos melhores do ano passado. [Joel Costa]
ao mesmo nível desta. «Noir Coating» é um excelente ponto de partida dos SubDark, a melhor maneira de se darem a conhecer melhor, esperando eu que venham a ser ainda mais refinados e explosivos no futuro. Sem margens para dúvidas que estas 3 faixas souberam a pouco e deixam qualquer um na ânsia por mais. [Carlos Filipe]
COLDFEAR «Decadence In The Heart Of Man»
SUBDARK «Noir Coating»
Para quem o nome é estranho ou até mesmo desconhecido, então que se informe, pois esta banda barcelense esta longe de merecer passar despercebida. O EP “Decadence In The Heart Of Man” é a estreia deste quinteto, que para quem já os viu ao vivo, é uma descarga de energia do primeiro ao último tema. O primeiro tema deste EP, também ele intitulado “Decadence In The Heart Of Man” tem um início forte, bem marcado, com melodia nas guitarras e uma voz devastadora, mas para quem pensa que a força e a capacidade técnica desta banda fica por aqui, então engana-se... este tema e sucedido de “Creators Of Blinded Evolution” que e uma descarga de agressividade total. A rapidez nas batidas e nos riffs é quebrada um pouco mais à frente mostrando um bom groove. O terceiro tema “The Failure” tem como destaque as melodias bem trabalhadas, embora um pouco repetitivas e também o final onde ouvimos um solo simples mas com muito gosto e que encaixa perfeitamente no tema. Segue-se “Pull The Trigger” que foi o tema que gostei mais, pois é onde a banda mistura um pouco de todas as suas influências impondo andamentos rápidos ao estilo de Caliban, All Shall Perish ou ate mesmo Kataklysm, passando também por melodias bem trabalhadas a duas guitarras fazendo lembrar Amon Amarth. Este trabalho finaliza com mais um tema rápido “SelfInflicted” bem ao gosto dos fans do thrash e do death metal. A produção é mesmo o pior deste trabalho pois poderia ter sido mais trabalhada principalmente na bateria e nos solos de guitarra, mas no geral tem um som muito abafado, desequilibrado e um bocado destruído pelo exagero da compressão. Termino dizendo que é com expectativa que aguardo o próximo trabalho da banda na esperança de este ser um álbum. [Henrique Pinto]
«Noir Coating» é o EP de estreia dos portuenses SubDark. Vivendo enclausurados no underground nacional desde 2005, os Subdark vêem neste primeiro trabalho a luz ao fundo do túnel para saírem da “escuridão” e saltar para outros voos. «Noir Coating» é composto por 3 excelentes faixas de um Thrash Metal bem conseguido e muito interessante, roçando o experimental e definitivamente com uma veia clássica a ecoar em todas elas, fazendo-nos recordar aqui e ali uma ou outra clássica banda de Thrash Metal, não renegando assim os SubDark as suas influências. Gravado nos estúdios Soundvision, a qualidade sonora de «Noir Coating» é excelente, tendo em conta a estreia, revelando uma produção cuidada e eficiente. Depois de um curto «Intro» que estabelece de imediato o ritmo e a atmosfera, os SubDark partem para 3 pedaços de sólido Thrash Metal repleto de riffs, groove, e breaks na linha do que melhor se faz neste género. Todas as 3 músicas, «Warhead», «Culture to Kill» e «Whispering Shadow», afinam pelo mesmo diapasão, fazendo de «Noir Coating» um EP muito homogéneo e de fácil absorção. Os riffs entrelaçados com a bateria e o baixo produzindo uma sólida base para Nuno Gonçalves aplicar todas as suas capacidades vocais – ao bom estilo de Cronos Conrad Lant – dando ele aos SubDark, aquela característica que irá distingui-los no meio do Thrash Metal, algo muito importante quando uma banda pretende marcar a nossa posição demarcando-se dos outros. «Whispering Shadow» é sem dúvidas a canção que se destaca mais das três pela sua rica textura musical, ritmo e composição; começando com um sólido riff a apelar a um ritmado headbanging. Os Subdark mostram com esta canção aquilo que de melhor conseguem fazer, isto não esquecendo as restantes duas canções que claro está, estão
[2009 / Autor]
[2009 / Autor]
HILLS HAVE EYES «Black Book» [2010 / Autor]
Gostava de me conseguir lembrar quem foi a pessoa que me recomendou Hills Have Eyes para lhe agradecer devidamente. Era o álbum ter sido lançado duas semanas antes e seria o melhor de 2009, pelo menos para mim. A banda optou por seguir um caminho um tanto diferente em relação ao registo anterior, «All Doves Have Been Killed», e abençoados sejam eles por isso. Este registo começa da melhor forma possível, com Eddie a dar o seu melhor na linha vocal, sem esquecer os magníficos músicos que arrancam acordes poderosos, fazendo do refrão de «Unneurotic» um dos melhores momentos de «Black Book». O equilíbrio transmitido no primeiro tema continua ao longo da extensão do álbum, sendo ele composto por 10 músicas, fazendo com que não haja um único momento morto ao longo da sua duração. Mas não é só o Eddie quem está de parabéns: é de louvar o jogo de guitarras elaborado no tema «The Believer», bem como a linha de baixo que não passa despercebida em momento algum e a performance do baterista Nuno Silva, que faz este álbum ser ainda mais especial. Os Hills Have Eyes deram-me mais um motivo para ter orgulho em ser Português e agora resta esperar para ver se alguém consegue superar a genialidade transmitida em «Black Book». Um álbum que nos leva para outro mundo e mantem-nos lá por um bom tempo! [Joel Costa]