Coletânea de Textos brasileiros

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Neste momento, estou participando desse programa de formação para professores alfabetizadores, estou aprendendo mais sobre como as crianças aprendem a ler e escrever. É um momento muito importante, porque discutir com outros profissionais a nossa prática é refletir sobre ela e principalmente ressignificá-la.Tenho passado por alegrias, euforia, cansaço, frustração, conquistas, descobertas, dificuldades... não desisto de aprender, porque esse foi o caminho que escolhi... aprender sempre! Nossa turma A creche onde trabalhamos atende aos filhos de funcionários, professores e alunos da Universidade de São Paulo, o que resulta em uma diversidade cultural, econômica e social muito rica. De fato, a diversidade é muito interessante, pois tanto os adultos como as crianças aprendem com as diferenças, ampliam sua visão, opinião e saberes a respeito do mundo. Nós, adultos, aprendemos a desmistificar muitas das idéias preconceituosas que, ao longo de nossas vidas nos foram passadas como verdades, como por exemplo: criança pobre não aprende, não consegue ler, ou criança rica sabe mais, é mais fácil aprender para elas, entre outras. Com nossas observações e reflexões nesses anos de experiência em sala, destituímos a validade dessas idéias preconceituosas e sabemos que os avanços nas aprendizagens dos alunos dependem, principalmente, de nossos planejamentos, orientações, observações individuais, tudo isso balizado por nossa concepção de ensino e aprendizagem. Nós, em 2000, dividimos o mesmo grupo de pré, com crianças de 6 a 7 anos que permanecem diariamente de 9 a 12 horas na creche. É um grupo com 21 crianças e bem agitado, interessado, falante, crítico. A maioria do grupo freqüenta a creche desde bebê. Pelo trabalho que é realizado na creche, as crianças entram em contato com a escrita, desde os berçários, através das fichas com seus nomes, dos cartazes com imagens e dos livros de histórias. Durante o percurso na creche, as crianças participam de diferentes projetos nas diversas áreas de conhecimento e chegam ao pré com um bom acervo de conhecimentos e com procedimentos de estudante mais consolidados. No início do ano, precisamos identificar o que cada um já sabe para que possamos planejar mais objetivamente nossas atividades. Para realizar um levantamento dos conhecimentos das crianças sobre o sistema de escrita, propomos atividades de listas e, em seguida, pedimos que leiam o que escreveram. Por exemplo, se pedimos uma lista de doces para um aniversário, ditamos cada doce sem a preocupação de ditar como se escreve, depois pedimos que leiam o que escreveram mostrando onde está escrito o que estão lendo. Diante das hipóteses de escrita de cada um é que pensamos nos agrupamentos mais significativos para as aprendizagens dos alunos. Para explicar melhor, vamos apresentar alguns dados: Total: 21 crianças • 3 já estavam alfabetizadas; • 16 já reconheciam letras, nomes, algumas palavras, porém não escreviam convencionalmente; • 2 se recusavam a realizar as atividades, o que dificultava nossa observação.

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