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CARTA AO LEITOR

A RIQUEZA DE COMPARTILHAR

assava das 9 da noite quando o maquiador Jayme Vasconcellos empunhou pela enésima vez o pincel com pó compacto em direção à modelo Amanda Boeno. Partíamos para a pose derradeira do editorial “Santas Ceias”, que propõe combinações de estilo entre louças, cristais e talheres para as festas de fim de ano ó e o figurino para os anfitriões. Depois de dez dias de garimpo, do antiquário Passado Composto à Fendi, seguidos de trinta horas no estúdio da fotógrafa Fernanda Tricoli, a equipe de quinze pessoas tinha tudo para estrilar com o maquiador, que teimava em retocar o que parecia irretocável. Incansáveis e detalhistas, no entanto, produtoras, assistentes e camareira aproveitaram a pausa para girar milímetros os pratos Rosenthal, reposicionar a colher Christofle e reaprumar o macacão Gucci. A imagem estampa a capa, que não à toa celebra a arte de compartilhar ó seja à mesa, nos bastidores ou no cardápio desta edição. A reportagem “Do Bem e do Melhor”, por exemplo, aponta uma tendência entre um grupo de viajantes: incluir no roteiro a chance de beneficiar as comunidades que vivem em torno do hotel ó o Ritz-Carlton proporciona inúmeras atividades de

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FERNANDA TRICOLLI

Nas lentes da fotógrafa Fernanda Tricoli, a modelo Amanda Boeno e o maquiador Jayme Vasconcellos para o editorial “Santas Ceias” (pág. 180)

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voluntariado aos hóspedes. Um dos mais influentes fotógrafos de moda, o limenho Mario Testino encontrou um jeito próprio de ajudar os povoados que vivem em Cusco, destino que destacamos em “O Império Contra-Ataca”. Ele acaba de abrir em Nova York uma mostra de fotos de trajes folclóricos da região, uma “riqueza”, como ele define, que busca valorizar ao repartir as imagens com o público. De Nova York, a decoradora Iris Apfel veio ao Brasil pela primeira vez ó e nos revelou as vinte coisas que dão sentido aos seus 92 anos de vida. Radicado em Paris, o fotógrafo Jair Lanes viajou para Portugal para acompanhar a rotina dos queijeiros Filomena e Antonio, produtores de uma das mais antigas e amadas iguarias da Serra da Estrela. Na cozinha, os Cardoso lhe ofereceram uma fatia cremosa com um cálice de Porto. “Descobri, por baixo de personagens rudes na sua simplicidade, corações imensos”, diz Lanes, que, empolgado, fez ali mais de 500 imagens. Provar, compartilhar e repartir são mesmo os verbos mais luxuosos do dicionário. Boas festas e um excelente 2014! SIMONE ESMANHOTTO Editora MÁRIO RODRIGUES

Ícone de estilo, Iris Apfel tricota sobre xales russos com a editora Simone Esmanhotto: a curiosidade é um dos segredos de vitalidade da decoradora americana (pág. 95)

ARQUIVO PESSOAL

O fotógrafo Jair Lanes e o queijeiro Antonio Cardoso, em Seia: as ovelhas bordaleiras da foto, de cujo leite se produz o Serra da Estrela, haviam acabado de nascer (pág. 156)

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DESTINOS À MODA INCA

A uma hora da capital peruana, Cusco entra na rota do jet set

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O BRASIL DÁ GOSTO

De ostras recém-pescadas ao cardápio do chef Claude Troisgros, os hotéis que oferecem o melhor do país

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PASSAPORTE PARA O CÉU

Os viajantes que aproveitam as férias para fazer caridade no entorno dos hotéis luxuosos

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ADRIANO FAGUNDES

MÁQUINAS

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O CAVALO BRANCO DE NAPOLEÃO

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ERA UMA VEZ UM ROLLS

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PARA VOAR COMO SUPER-HOMEM

MARCIO KOGAN

A lista criativa e bem-humorada de favoritos do arquiteto paulistano

Com 1000 cc, o novo Polaris RZR XP é o primeiro utilitário a exigir do piloto traquejo com velocidade

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IRIS APFEL

Vinte coisas para fazer e dar sentido à vida, segundo a decoradora americana

Da fábrica inglesa sai o Wraith, o mais poderoso dos Royces

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QUEM QUER SER BILIONÁRIO?

A geração de ricaços que prefere dividir a multiplicar a fortuna

Um haras no Kuwait se dedica a melhorar a genética do cavalo árabe egípcio

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RETRATOS & IDEIAS

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RODA E AVISA

ARTE & DESIGN

NOVA YORK DO 52o ANDAR

Por dentro da suíte do Four Seasons, com janelas de 8 metros de altura e vista “uau” de Manhattan

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As bicicletas entram definitivamente para o portfólio da francesa Hermès

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FOTOS DIVULGAÇÃO

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CARA PINTADA

A maquiagem do estilista Marc Jacobs desembarca na Sephora brasileira em maio

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ESTILO

O LOUBOUTIN DOS HOMENS

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EXALANDO DIOR

ENTRE O AMÉM E O TIM-TIM

Percorremos 900 quilômetros para provar a cerveja produzida pelos monges na Bélgica

180 AS BOAS COMPRAS

JOIAS

O jogo de estilo entre louça e roupa para anfitriões de primeira

CALDEIRÃO CULTURAL

Silvia Furmanovich junta antiguidades e técnicas étnicas a metais e pedras para criar peças únicas

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EM BUSCA DE SÚDITOS

Quem são os reis da gastronomia de Roma

Os códigos de estilo da grife entram nos frascos da Privée, linha de perfumes agora no Brasil

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NAS MONTANHAS PORTUGUESAS

Da ordenha a uma fatia cremosa, a produção do queijo Serra da Estrela, um clássico do país

Pierre Corthay assina os sapatos masculinos mais ousados e refinados de Paris

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GOURMET

194 FORA DE SÉRIE

Com 12 000 garrafas, a Bordeauxthèque da Galeries Lafayette é a maior loja de vinhos de Bordeaux

CONTAGEM PROGRESSIVA

Colecionadores correm atrás de relógios de pulso nas casas de leilão

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BELEZA & BEM-ESTAR

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MASSAGEM TAILANDESA

Os spas para aproveitar as terapias mais relaxantes do planeta

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SUPERLIFTING

CAPA: FERNANDA TRICOLI | TIRAGEM: 142 291 EXEMPLARES

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FERNANDA TRICOLI

O spa da Clinique La Prairie, na Suíça, passa por uma reforma

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Fundada em 1950

VICTOR CIVITA

ROBERTO CIVITA

(1907-1990)

(1936-2013)

Conselho Editorial: Victor

Civita Neto (Presidente), Thomaz Souto Corrêa (Vice-Presidente), Elda Müller, Fábio Colletti Barbosa, José Roberto Guzzo Presidente: Fábio Colletti Barbosa Vice-presidente de Operações e Gestão: Marcelo Vaz Bonini Diretor-Superintendente de Assinaturas: Fernando Costa Diretora de Recursos Humanos: Cibele Castro Diretor Editorial Grupo Veja: Eurípedes Alcântara Diretora-Superintendente: Thais Chede Soares Diretor Editorial Veja Cidades: Carlos Maranhão

Edição Alecsandra Zapparoli e Simone Esmanhotto Colaboraram nesta edição Adriana Marmo, Adriano Fagundes, Alice Granato, Amanda Maia, Arnaldo Lorençato, Bruno Miranda, Carolina Meyer, Claudia Garcia, Daniela Ricci, Daniel Nunes Gonçalves, Denise Bobadilha, Eduardo Viotti, Fernanda Tricoli, Fernando Moraes, Jair Lanes, Jayme Vasconcellos, Joaquim Oliveira, Kênya Zanatta, Lamb Taylor, Loïc Parmentier, Magda Pandolfi, Marcelo Brettas, Mario Rodrigues, Patricia Moterani, Renato Souza, Rodrigo Albea, Rosane Queiroz, Silvano Mendes e Tatiana Cesso Projeto gráfico e edição de arte Daniela Giorno Designers Danilo Braga, Glauber Benevenuto e Marcelo Rainho Pesquisa de imagens Renato Ferreira Checagem Beatriz Semprini

Diretora de Redação: Alecsandra Zapparoli Editores Executivos: Marcelo Ventura, Sérgio Ruiz Luz Editores: Arnaldo Lorençato, Daniel Bergamasco, Mauricio Xavier, Meriane Morselli Editora Visual: Kiki Romero Repórteres: Angela Maiolini

Pinho, Carolina Lopes Giovanelli, Carol Pascoal, Dirceu Alves Jr., Emiliano Goyeneche, Helena Galante, João Batista Jr., Jonas Lopes, Júlia Gouveia, Luiz Henrique Ligabue, Miguel Barbieri Jr., Nathália Zaccaro, Ricky Hiraoka, Taciana Azevedo, Tati Amaro Fotografia: Fernando de Moraes, Lucas da Rocha Lima, Mário Rodrigues Júnior Pesquisa: Renato Ferreira Diretor de Arte: Valdécio de Oliveira Editora de Arte: Daniela Giorno Designers: Bruno Niz, Danilo Braga, Glauber Benevenuto, Marcelo de Mello Rainho, Rafael Tsutomu Fujiwara, Willian Rafael Knack Revisor: Bruno Naure Colaboradores: Ivan Angelo, Matthew Shirts VEJINHA.COM - Gerente de Produto: Marianne Nishihata Analistas de Produtos: Bruna Gomes, Caique Oliveira Editores: Adriana Ferreira Silva, Amauri Arrais, Diego Sapia Maia, Diógenes Muniz, Fabio Lemos Lopes, Milena Emilião Editora Assistente: Catharina Nakashima Editora de Arte: Renata Aguiar Webmasters: Anderson Renato Poli, Leo Olmos Webdesigner: Simone Midori Yamamoto Repórteres: Adriano Conter, Bruna Ribeiro, Carolina Romanini, Juliana Souza Deodoro, Juliene Fattori Moretti, Leonam Bernardo, Lucas Ogasawara, Marcus Vinicius de Oliveira, Mayra Maldjian, Nataly Costa, Sophia Braun, Tiago Faria Gestão de banco de dados: Elaine dos Santos (coordenadora) Camila Tiemi Taira (assistente), Ana Silvia Simões, Diana Santos, Juliana Paula, Lady Targino, Melina de Camargo, Renata Miranda VEJA SP LUXO - Editora Simone Esmanhotto Serviços Internacionais: Alcir N. da Silva (Nova York), Rogério Altman (Paris), Associated Press/Agence France Presse/Reuters PUBLICIDADE VEJA – Diretor de publicidade UN VEJA: Sérgio Amaral Diretores: Alex Foronda, Marcia Soter, Robson Monte Gerentes: Andrea Veiga, Samara Sampaio Executivos de negócios: Ailze Cunha, Alexandre Rezende, Allan Monteiro Pereira Souza, Ana Carolina Cassano, Ana Cristina C. Magalhaes, Bruno Loureiro, Carla Andrade, Carlos Eduardo Marques, Claudia Galdino, Cristiano Persona, Elaine Teixeira, Fabio Tavares Fernandes, Felipe Cosentino de Barros, Gabriela Peress, Guilherme Bruno de Luca, Jackeline Brito de S. Silva, Juliana Giancoli Barreto, Juliana Vicedomini, Juliane Ribeiro, Luisiane de Carvalho Ferreira, Luciano Almeida, Luciene Ribeiro, Luana Issa, Lucas M. N. Santos, Luiz Carlos M. P. de Almeida, Magda Costa, Marcela de Jorge Molina, Marcio Luis Fernandes, Maria Angelica G. Carvalho, Michelle Motta Preuss, Rafael Cammarota, Regina Coeli, Renata Mioli, Renata Padovez, Renata Simões, Roberta Fairbanks, Rodrigo Corner Caetano, Rodrigo Toledo, Thales Grego de Aguiar, Vanessa Aparecida Ferreira PROJETOS PUBLICITÁRIOS e NEGÓCIOS DIGITAIS – Diretor: Renato Cagno CIRCULAÇÃO e EVENTOS – Diretora: Andrea Abelleira Executiva de negócios: Michele Motta Preuss MARKETING – Diretora: Claudia Furini PUBLICIDADE REGIONAL – Diretor: Jacques Ricardo Gerentes: Adriano Freire, Grasiele Pantuzo, Ivan Rizental, João Paulo Pizarro, Kiko Neto, Mauro Sannazzaro, Sonia Paula, Vania Passalongo PUBLICIDADE INTERNACIONAL Alex Stevens ASSINATURAS – Atendimento ao cliente: Daniela Vada CIRCULAÇÃO AVULSAS – Gerente: Maria Helena Couto APOIO – PLANEJAMENTO, CONTROLE e OPERAÇÕES – Gerente: José Paulo Rando PROCESSOS – Gerente: Willian Cunha PESQUISA e INTELIGÊNCIA DE MERCADO Andrea Costa RECURSOS HUMANOS – Consultora: Renata Ceotto TREINAMENTO EDITORIAL Edward Pimenta Redação e Correspondência: Av. das Nações Unidas, 7221, 18º andar, Pinheiros, São Paulo, SP, CEP 05425-902, tel. (11) 3037-2000. Publicidade São Paulo e informações sobre representantes de publicidade no Brasil e no exterior: www.publiabril.com.br PUBLICAÇÕES DA EDITORA ABRIL: Almanaque Abril, AnaMaria, Arquitetura & Construção, Aventuras na História, Boa Forma, Bons Fluidos,

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Tratamento de imagem Edval Vilas Boas e equipe e Image Touch (“As Boas Compras”)

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Produção editorial Supervisão: Shirley Sodré Secretaria gráfica: Andrea Caitano e Patrícia Villas Bôas Cueva Revisão: André Luís Porto Araújo, Célia Regina Rodrigues de Lima e Marina de Souza

IMPRESSA NA ABRIL GRÁFICA Av. Otaviano Alves de Lima, 4400, CEP 02909-900, Freguesia do Ó, São Paulo, SP

“VEJA is published weekly by EDITORA ABRIL. A yearly subscription abroad costs US$ 454,59, except for Europe, where the subscription costs US$ 334,34. To subscribe, visit our website: www.assineabril.com.br and click on “Assinatura Internacional””. Serviço ao Assinante: Grande São Paulo: (11) 5087-2112. Demais localidades: 0800-775-2112. www.abrilsac.com Para assinar: Grande São Paulo: (11) 3347-2121. Demais localidades: 0800-775-2828. www.assineabril.com.br

Conselho de Administração: Giancarlo Civita (Presidente), Esmaré Weideman,

Hein Brand, Roberta Anamaria Civita, Victor Civita Neto Presidente: Fábio Colletti Barbosa www.abril.com.br

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digital VEJA LUXO está disponível para download gratuito na App Store e no Google Play. Baixe o aplicativo VEJA no tablet e então busque pelo título para acessar vídeos, galerias e conteúdos exclusivos.

e na web Em vejasp.com/luxo, leia as notícias e reportagens sobre os mercados de luxo nacional e internacional.

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FRANCOIS DABURON

Veja Luxo no tabLet

UmA ADEGA SEm iGUAL No 1º andar da Galeries Lafayette Homme, em Paris, a Bordeauxthèque concentra 12 000 garrafas, entre 5 e 60 000 euros, de vinhos produzidos em Bordeaux. Para escolher a sua, consulte nosso guia com as características de cada safra. De Roma, uma cidade que começa

a despontar na cotação dos gourmets com a ascensão de chefs estrelados, o editor de gastronomia de VEJA SÃO PAULO compartilha sua lista de restaurantes imperdíveis (mesmo sem estar no Guia Michelin). Viaje também no novo Rolls-Royce e nas joias de Silvia Furmanovich.

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DESTINOS

Cusco, a capital da maior civilização pré-colombiana, encontra na tradição inca e na hotelaria renovada a força para conquistar viajantes DANIEL NUNES GONÇALVES, DE CUSCO FOTOS ADRIANO FAGUNDES

O IMPÉRIO CO N 22

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FOTOS MARIO TESTINO

Trajes do distrito de Tinta (na pĂĄg. ao lado) e da comunidade rural de Chahuaytire, distrito de Pisac, ambos em Cusco: parte do ensaio Alta Moda, fotografado pelo limenho Mario Testino em 2012 para celebrar as raĂ­zes locais, chega agora a Nova York

O NTRA-ATACA LUXO | MES 2013

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As construções de pedra e os terraços de Machu Picchu e, à esquerda, peruana nas ruas de Cusco: herança de uma cultura milenar que povoou os Andes

Ruínas de Saqsaywaman e, à direita, de Moray: preciosidades da arquitetura do Vale Sagrado

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om o ego esperado para a fgura que revelou Gisele Bündchen e registrou, em poses ofciais, a família real britânica (foi ele quem extraiu os trejeitos mais espontâneos da princesa Diana, capturados cinco meses antes de sua morte, em 1997), Mario Testino diz sem rodeios que fotografou “as roupas mais incríveis do mundo”. Em mais de três décadas, mirou Gucci e Burberry em campanhas publicitárias e estampou imagens nas principais revistas de moda. Nos últimos anos, Testino tem passado mais tempo com a família em Lima, a capital do Peru, onde nasceu, há sessenta anos. Numa dessas visitas, estendeu o passeio a Cusco, o coração do império inca. Ali, deparou com um arquivo de trajes folclóricos. “Foi ao mesmo tempo minha descoberta da cultura tradicional e minha constatação de que essa riqueza não estava documentada”, diz. Ao longo de cinco anos, embarcou inúmeras vezes à antiga capital do povo que esculpiu as montanhas dos Andes com construções como Machu Picchu, ainda desconcertantes aos olhos caucasianos. Elegeu as roupas folclóricas “mais incríveis”. Recorreu aos netos do puñeno Martín Chambi para obter ampliações de paisagens da região — Chambi descendia do povo nativo do sudeste e, nos anos 1930, fotografou Cusco à espera de revelar a força da cultura pré-colonial. Testino, por fm, convidou os bailarinos do grupo Filigranas Peruanas para posar. Estava feito assim o ensaio com 28 retratos — dois deles na abertura desta reportagem —, exibidos desde abril na Asociación Mario Testino, a Mate, o espaço inaugurado por ele em 2012 numa casa do século XIX no bairro de Barranco, em Lima. Chamada de Alta Moda, a exposição, que fca em Nova York até março de 2014, não só revela os bordados e tecidos coloridos dos Andes que, ao olhar de Testino, lembram a alta-costura como marca o retorno do flho pródigo à terra natal. Encontra-se ali agora a maior coleção de imagens dos seus 35 anos de périplo. “A sociedade peruana está mais aberta, mas nosso DNA permanece intacto”, afrma. É em Cusco, a uma hora de voo de Lima, que o DNA pulsa com mais força. Fundada no início LUXO | DEZEMBRO 2013

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Pátio interno do Palácio del Inka: encontro das arquiteturas inca e espanhola preservado na reforma de 15 milhões de dólares

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fotos divulgação

Restaurante do hotel: culinária internacional com tempero local. Abaixo, uma das suítes com teto de pintura da Escuela Cusqueña e um dos tratamentos do spa

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À esquerda, o mosteiro do século XVII transformado no Hotel Monastério e um dos ceviches típicos: serviço cinco-estrelas

dos anos 1400, a cidade funcionou como capital do território em torno das margens férteis dos Apurímac e Urubamba, uma das fontes do Rio Amazonas, até o Lago Titicaca, fronteira com a Bolívia. Com a chegada dos espanhóis, em 1533, o império de dois séculos, resultado de uma cultura de 3 000 anos, foi dizimado em quatro décadas. Permanece intacta, no entanto, apesar de o número de habitantes ter ultrapassado a casa de 1 milhão, a organização urbana, com ruas estreitas de pedra, pré-invasão do conquistador espanhol Francisco Pizarro. “Visito a região sempre que possível porque as ruínas incas e a herança arqueológica são realmente amaaaazing”, diz Testino, alongando as sílabas para pontuar quão sensacional é o lugar. Alguns sítios têm aparecido com a nova investida de arqueólogos americanos e peruanos para encontrar vestígios da civilização que se destacou pelo conhecimento de astronomia, engenharia (inclusive de estradas) e agricultura (mais de setenta tipos de cultivo, entre algodão, amendoim e pimenta, foram plantados). “Tenho orgulho das nossas batatas. Na Europa, há umas vinte variedades. No Peru, são milhares”, conta o fotógrafo. Trajes típicos continuam sendo orgulhosamente vestidos pela população. Mas a presença espanhola se revela logo na Plaza de Armas. Rodeada

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por sobrados avarandados coloniais, a praça é um dos cenários favoritos dos 2 milhões de visitantes que passaram por aqui em 2012, mais que o dobro de oito anos atrás. A mistura de duas culturas tão distintas, principalmente na arquitetura, foi um dos critérios para Cusco figurar na lista da Unesco de patrimônio mundial. Sem shopping centers nem parques temáticos, a cidade ganha cada vez mais hotéis, restaurantes e museus. Em 2013, o Palácio del Inka, que surgiu nos anos 1980 como o primeiro cinco-estrelas local, entrou para a rede Luxury Collection depois de uma reforma de 15 milhões de dólares. Com quadros originais da Escuela Cusqueña ó óleos usados pelos colonizadores na conversão dos incas ao catolicismo ó nas paredes, tetos pintados a mão e muros pré-coloniais originais, pertence ao grupo de seis hotéis top disponíveis. A rede Orient-Express é dona do Monastério, um mosteiro do século XVII, e do vizinho mais moderno Palácio Nazarenas, que conta com oxigênio para amenizar o desconforto da altitude ñ Cusco flutua 3 400 metros acima do nível do mar, o que torna o ar rarefeito. Está a mais de 1 000 metros acima de Machu Picchu, considerado uma obra-prima da arquitetura e engenharia e cuja função abrangia desde o culto religioso até a domesticação de plantas selvagens. Único hotel a ficar a poucos metros da

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lorem ipsum Um dos vagões do trem Hiram Bingham: no trilho para Machu Picchu, com direito a música e champanhe

entrada de Machu Picchu, o Sanctuary Lodge costuma ter uma taxa de ocupação invejável: média anual de 80%. Mesmo na temporada das chuvas, de novembro a março, o movimento segue intenso. Para chegar a esse que é o ponto alto do Vale Sagrado, o trem Hiram Bingham – nome do americano que descobriu Machu Picchu, em 1911 ó garante uma escalada que em nada lembra a experiência dos mochileiros com espírito hippie que trilharam a subida nos anos 70. Os hotéis procuram servir uma gastronomia à altura da hospedagem, mas quem busca estrelas exclusivas no cardápio basta girar a bússola para o Chicha, restaurante batizado em homenagem a uma bebida de origem inca, normalmente feita de milho fermentado. Por trás do cardápio está Gastón Acurio, o chef que neste ano saltou da posição 35ª para a 14ª na lista da revista Restaurant com o Astrid y Gastón e dominou de Madri a Nova York à frente de cozinhas movidas a ceviche e anticucho (vulgo espetinho) de coração de vaca. Vem das relíquias encontradas pela equipe de Hiram Bingham outra novidade: o Museu Machu Picchu ó Casa Concha. Inaugurado em 2011, conta com 366 peças incas guardadas por um século na Universidade Yale, nos Estados Unidos. Soma-se a outros museus de boa curadoria da cidade, caso do Arte Precolombino, que pertence ao grupo do Museo Larco, de Lima, dono da mais fina coleção de

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objetos de cerâmica, ouro e prata do Peru antigo. As peças inspiram a designer de joias cusqueña Maria Elena Guevara, da Inka Treasure. “Somos o segundo maior exportador de prata e temos o privilégio de trabalhar com pedras como a crisocola, conhecida como a turquesa peruana”, diz. Entre outras riquezas estão os tricôs com lã de vicunha ou de baby alpaca – esses feitos da lã dos filhotes de alguns dos bichos mais avistados nessas alturas dos Andes ó, muito mais finos do que a lã de lhama vendida na rua (vem dos Andes a lã de vicunha processada no lanifício italiano da Ermenegildo Zegna). Do vale do Cusco, a exposição Alta Moda salta agora para o Queen Sophia Spanish Institute, no número 684 da Park Avenue, uma instituição referência da cultura hispânica ó entre os conselheiros está o costureiro dominiquenho Oscar de la Renta. Ocupa agora o Mate em Lima a coleção pessoal de obras de arte de Mario Testino, numa mostra batizada por ele de Somos Libres. “Tirei uma estrofe do hino nacional peruano, que lembra nossa independência dos espanhóis e nos torna livres para buscar nossa identidade”, explica Testino. “É na arte que encontramos nosso lugar no mundo.” Um dos fotógrafos mais celebrados do fim do século XX, Testino precisou rodar o mundo para olhar Cusco com novos olhos. Aos poucos, o império inca conquista a alta-roda. ß

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dEStinOS

aS MaraviLhaS da natUrEza Sete hotéis no país que oferecem uma combinação única de paisagem e conforto ALICE GRANATO E DENISE BOBADILHA

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O Hotel das Cataratas, no Parque Nacional do Iguaçu: estilo colonial no meio da foresta

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as refeições podem ser feitas ao som da natureza: o conjunto de 275 cachoeiras reverbera

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hotel das cataratas

tucanos e quatis: 185 000 hectares de foresta tropical

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fotos DivulGAção

foz do iguaçu, paraná

Ao entrar no Parque Nacional do Iguaçu, a caminho do Hotel das Cataratas, o hóspede é recebido por um balé de borboletas amarelas. “Trata-se da especialidade da casa”, brinca o motorista. Ao longo do percurso verde de 11 quilômetros até a recepção, dá para sentir a força magnânima da natureza. Que privilégio estar ali, sem horário para entrar ou sair do parque, vivenciando por completo a experiência de se hospedar de frente para uma das sete maravilhas naturais do mundo (eleita em fevereiro de 2012)! O parque já é o mais visitado do Brasil e foi declarado patrimônio mundial natural pela Unesco. Para o público, abre às 9 horas e fecha às 17. Para os hóspedes do Hotel das Cataratas, não fecha nunca. Debruçado sobre as quedas-d’água está o palacete em estilo colonial, num elegante tom de rosa.

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Um dos 193 apartamentos: diárias a partir de 850 reais

Com 55 anos, o hotel recomeçou sua história em outubro de 2007, quando passou a ser administrado pela rede Orient Express. Após uma ampla reforma de 60 milhões de reais, todos os ambientes foram recriados ó só as construções permaneceram intactas. O arquiteto francês Michel Jouannet, responsável pelo projeto, é o mesmo que coordenou a reforma do Copacabana Palace, no Rio. Aliás, temse a sensação de estar em um mini-Copa rodeado por 185 000 hectares de floresta tropical. Onçaspintadas e pumas são figuras comuns para quem vive ali. “Eu já vi onze vezes”, atesta o gerente-geral do hotel, Celso Valle, que coordena também o projeto Carnívoros, dedicado ao monitoramento dos animais. Tucanos, borboletas azuis, quatis, lagartos e quero-queros são tão hóspedes quanto você. Outro requinte de estar ali são os sons da natureza: o conjunto de 275 cachoeiras reverbera. A melhor escolha, certamente, é visitar o parque antes ou depois de sua abertura ao público, para des-

frutar o paraíso com mais privacidade. Trilhas, rafting, tour de safári, rapel, sobrevoo ó muitas opções de aventura são oferecidas aos turistas. Depois dos passeios, o hotel parece abraçar o hóspede com seu conforto. Dos sucos de fruta refrescantes oferecidos em copinhos de shot na beira da piscina à cozinha com acento brasileiro comandada pelo chef Fábio Del Antonio (que usa muito bem o maracujá, entre outras frutas tropicais, combinadas a peixes nortistas, como o pirarucu), passando pelo spa com massagens à base de produtos da Amazônia, como a andiroba, tudo funciona em perfeita harmonia com o lugar. Para que a atmosfera fique ainda mais ecológica, está sendo construída uma ciclovia que ligará o hotel à entrada do parque. Sim, as borboletas devem continuar acompanhando o trajeto com seu balé. hotel das cataratas. Rodovia BR 469, quilômetro 32, Parque Nacional do Iguaçu, (45) 2102-7000, hoteldascataratas.com. Diárias a partir de 850 reais, com café da manhã LUXO | DEZEMBRO 2013

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o passeio oyster Experience, na vila palateia: produção e degustação de ostras

uma das doze vilas privativas: vista para o mar

KEnoa ExcluSivE BEach & Spa RESoRt barra de são miguel, alagoas

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são abastecidas de água marinha levemente aquecida. São 23 suítes, das quais doze são vilas com saída exclusiva para a praia. A maior delas tem 200 metros quadrados, salas e jardins privativos. Fora do hotel, a lição ecochique continua forte: o passeio mais procurado pelos hóspedes, brasileiros e estrangeiros, é a Oyster Experience, que os embarca em canoa nativa pela Lagoa do Roteiro até uma fazenda de ostras na Vila Palateia. Lá, todos assistem ao processo de produção das ostras e fazem degustações. O restaurante do Kenoa, aberto também ao público externo, tem cardápio assinado por Cesar Santos, o criador do ótimo Oficina do Sabor, em Olinda. Depois do jantar, é só colocar a cabeça sobre o travesseiro de pena de ganso e sentir o lençol egípcio para dormir ao som do mar alagoano. Kenoa Exclusive Beach & Spa Resort

☎ (82) 3272-1285, kenoaresort.com.

Diárias de 1 270 a 4 040 reais (baixa temporada), com café da manhã

fotos Divulgação

Em um lugar tão sofisticado, notam-se de cara os guardanapos e toalhas de linho um pouco amassados (porém limpíssimos e perfumados), a falta de tinta nas paredes de pedra ou de argamassa crua, o uso de madeiras variadas. Longe de ser panfletária, a proposta sustentável do Kenoa Resort se incorpora de modo natural aos detalhes e à rotina local. Assim é com a própria arquitetura do hotel, que se estica suavemente acima da areia no fim da praia da Barra de São Miguel, uma das pérolas do litoral alagoano, 30 quilômetros ao sul de Maceió. A proposta do hotel, idealizado pelo português Pedro Marques, é mesmo de total integração com o ambiente. Nada de plástico, nem mesmo embalagens de papel. Os materiais são aproveitados para oferecer conforto e, ao mesmo tempo, garantir um contato mais harmônico com a natureza ó há sempre uma vista para o mar, um chão de areia aqui e ali, plantas nativas nos cantos. As piscinas de borda infinita ó sim, plural, porque as vilas possuem cada qual a sua ó

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Rústico-chique: proposta sustentável

As piscinas de borda infnita: abastecidas de água marinha levemente aquecida

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Ponta do Corumbau, a 80 quilômetros de Trancoso: acesso por barco ou helicóptero

PouSada Fazenda São FranCiSCo do Corumbau

prado, bahia

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ferve. Os hóspedes podem descansar na piscina cercada de coqueiros ou se esticar na areia muito branca diante do mar cristalino. Todos os dez bangalôs ficam de frente para o Atlântico, à sombra dos coqueiros. O isolamento obriga os hóspedes a consumir todas as refeições no local ó o que não é problema, já que a gastronomia é caprichada e cheia de ingredientes frescos, como peixes pescados ali mesmo, verduras colhidas na horta orgânica e uma providencial batata frita, se for o caso. Além da visita à tribo, o mergulho e os passeios náuticos ó inclusive em barco de pesca ó são opções para quem não quer simplesmente ver o dia passar devagar à beira-mar. Em tempo: a água de coco servida à vontade aos hóspedes lembra os tempos de fazenda produtora. Pousada Fazenda São Francisco do Corumbau. ☎ (11) 3078-4411, www.corumbau.com.br. Diárias de 1 400 a 2 670 reais (baixa temporada), com pensão completa

fotos Marcelo Biscola

É uma caminhada boa, numa estrada por onde só podem passar carros do Ibama e da reserva indígena ó além, é claro, dos hóspedes da Fazenda São Francisco, na Ponta do Corumbau, sul da Bahia. O caminho entre mar, rio e mangue, permeando o Monte Pascoal, vai até a reserva indígena dos pataxós. A tribo não é coisa para inglês ver, embora muitos o façam: os cerca de 10 000 pataxós que vivem na região falam língua própria (e também português) e estão entre os mais coesos grupos indígenas do país. Há, é claro, artesanato à venda e um roteiro típico para o visitante, mas sobra originalidade no passeio ó como, aliás, em toda a Fazenda São Francisco, uma antiga produtora de coco que virou uma das pousadas mais reclusas do litoral nordestino. Cerca de 80 quilômetros ao sul de Trancoso, a Ponta do Corumbau só é acessível por mar ou de helicóptero. A praia de 15 quilômetros ó 1,5 deles bem na frente do hotel ó fica, portanto, praticamente deserta o ano todo, inclusive em janeiro, quando o Quadrado de Trancoso

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A piscina cercada por coqueiros: garantia de sombra e água fresca

As refeições são servidas exclusivamente nos bangalôs (à dir.): privacidade

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O hotel, dentro de uma fazenda de gado: quartos confortáveis (à dir.) em 53 000 hectares

Ambiente integrado à natureza: refeições sem pressa 42

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REfúgio ECológiCo Caiman miranda, mato grosso

“Eu queria uma viagem fora do comum, imersa na natureza e na qual pudesse conhecer algo totalmente novo”, relata a americana Marija Dimitrijevic. “Encontrei um lugar que iluminou meu mundo.” O lugar é o Refúgio Ecológico Caiman, no meio do Pantanal Mato-Grossense. Boa parte do deslumbramento dela ó e de outras centenas de turistas que se hospedam ali todo ano, em sua maioria estrangeiros ó se deve ao Projeto Onçafari, uma experiência única. Nesse safári, a atração são os felinos, que aos poucos se habituam com a presença dos jipes e não fogem. Não são animais domesticados, e sim onças que gradativamente pararam de se incomodar com a presença humana (no caso, minimamente intrusiva). A Caiman é um curso rápido de como é a vida no Pantanal ó dos bichos, do gado e dos peões ó e de como a preservação e o turismo podem caminhar juntos, mas sem fazer proselitismo. O refúgio fica dentro de uma imensa fazenda de gado (de 53 000 hectares), que também possui uma grande área de reserva. Há duas pousadas, distantes 22 quilômetros uma da outra, com suítes e apartamentos confortáveis e áreas comuns com salas de jogos e televisão. Mas o negócio aqui é mesmo ficar em contato direto com a natureza. O dia deve começar cedo, com o amanhecer, quando a observação de pássaros é ainda mais rica. E terminar tarde, com a focagem noturna, pela qual se podem contemplar os milhares de jacarés que vivem na área. Entre as duas atividades, há safáris fotográficos, acompanhamento da lida na fazenda, passeios de canoa canadense e de bicicleta, além do Onçafari e de uma visita a um projeto de preservação da arara-azul. O melhor período para avistar animais é a estação seca, de julho a outubro. A graça da época das chuvas é ver os filhotes. Ou seja, não há tempo ruim para visitar o Pantanal. fotos Divulgação

os caminhões para o onçafari: a atração do passeio são os felinos

Refúgio Ecológico Caiman. ☎ (11) 3706-1808, caiman.com.br. Diárias a partir de 2 122 reais, com pensão completa e lanches nos passeios LUXO | DEZEMBRO 2013

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o hotel, instalado numa fazenda colonial (à dir., a sala de jantar): para os que querem sossego absoluto

ReseRva do IbItIpoca lima duarte, minas gerais

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tar, servido na casa da fazenda ou, quando o tempo permite, na área externa, rodeado de velas. O garimpo culinário comeÁou antes da inauguraÁão do hotel, quando o chef francês-carioca Claude Troisgros recebeu uma lista de ingredientes típicos da região, criou um cardápio e treinou a equipe. A cozinha, que parece saída de uma cena do filme Ratatouille, é uma atraÁão à parte. Para completar o apuro com que foi pensado o hotel, as oito suítes têm espaÁo de sobra com requinte sóbrio, incluindo banheiras de mármore. Todas ficam no casarão erguido em 1715 e reconstruído com as características originais, mas há ainda a opÁão de alugar uma das três casas dentro da fazenda, também servidas pelo staff do hotel. Reserva do Ibitipoca. ☎ (32) 2101-5103, ibiti.com. Diárias a partir de 1 200 reais por pessoa, com pensão completa

fotos Divulgação

São horas de estrada a partir do Rio de Janeiro, e a parte final dela é um teste de paciência. Mas quem chega à Reserva do Ibitipoca, hotel instalado em uma fazenda colonial na cidade de Lima Duarte, sul de Minas Gerais, não lamenta a jornada. “Fomos recebidos de forma calorosa e cuidados de forma pessoal e muito discreta durante nossa estada”, contou a austríaca Gabriele Eisenberg. O inglês Simon Clift acha que o hotel é “o único no Brasil que pode se equiparar em qualidade aos hotéis de luxo da Ásia”. O Ibitipoca não está na praia, no Pantanal ou a metros das Cataratas do IguaÁu, mas faz da reserva onde está inserido, ao lado do Parque Estadual do Ibitipoca, um paraíso para os hóspedes. Durante o dia, organiza passeios a cavalo e a pé pelas montanhas da Mantiqueira. À noite, a observaÁão das estrelas pode ser o ponto alto ó apenas pode ser, pois concorre fortemente com o jan-

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Apenas oito suítes: diária de 1 200 reais por pessoa

O Parque Estadual de Ibitipoca: passeios pelas montanhas LUXO | MES 2013 45 da Mantiqueira

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o hotel, localizado em uma vila de pescadores: na lista dos mais românticos da américa Latina

Ponta dos Ganchos

governador celso ramos, santa catarina

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mente casais, já que menores de 18 anos não são permitidos no local ó contam com privacidade absoluta. Podem inclusive desfrutar quase todos os regalos do hotel sem colocar as pantufas para fora de um dos 25 bangalôs. A vontade de usufruir essa privacidade é grande: todos os chalés têm vista para o mar (esmeralda ao longo do dia e dourado ao entardecer); jacuzzis no deque ou sob um teto de vidro, junto a uma bay window; camas imensas, lareira, adega e cafeteira. Dez deles, como a já citada suíte de 300 metros quadrados, possuem piscina de borda infinita para deixar a vista ainda mais tentadora. É possível receber no quarto todas as refeições, massagens, flores e amenities, como as degustações de queijos e de ostras harmonizadas com Veuve Clicquot. É difícil, porém, resistir ao chamado do mar, da prainha privativa, da ilha exclusiva ó na qual casais podem agendar um jantar apenas a dois ó e dos caminhos pela mata. Nesse cenário, o barulho das bateiras e a labuta dos pescadores são um charme extra. Ponta dos Ganchos Exclusive Resort. ☎ (48) 3262-5000. pontadosganchos.com.br. Diárias de 1 480 a 4 170 reais (baixa temporada), com café da manhã

fotos Divulgação

Há uma adega bem abastecida no quarto, uma piscina no deque em frente ao mar e uma academia privativa no andar inferior da suíte master de 300 metros quadrados. Mas o barulho das traineiras dos pescadores ó que passam bem cedinho rumo ao mar aberto e voltam ao entardecer ó parece um canto de sereia. Dá vontade de largar o conforto absoluto e entrar naqueles barquinhos de pintura descascada que atravessam a baía à custa de muito toc-toc. Nenhum problema para embarcar na experiência. Aos hóspedes do Ponta dos Ganchos Exclusive Resort, localizado numa vila de pescadores em Governador Celso Ramos, norte de Florianópolis, basta transmitir esse desejo ao concierge para então zarpar num passeio de traineira. Entre uma visita e outra às cooperativas pesqueiras da região, eles degustam ostras fresquíssimas com vinho branco de boa cepa e ouvem as histórias do marinheiro e pescador Seu Edésio. Nos meses de junho e julho, podem até acompanhar a pesca da tainha na Praia de Fora, que fica numa ilha em frente ao resort. Membro da rede internacional de hotéis de luxo Relais & Châteaux e nome fixo nas listas dos mais luxuosos e românticos da América Latina, o resort catarinense não se isolou dos arredores. É claro que os hóspedes ó quase exclusiva-

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Romulo Fialdini

Além de piscina privativa, a suíte master conta com academia no subsolo

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Os bangalôs suspensos em palaftas: sim, há ar-condicionado

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Canoa no Rio Negro e visita aos botoscor-de-rosa (à esq.): dois passeios bacanas

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AnAviLhAnAs JungLe Lodge novo airão, amazonas

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Os hotéis de selva se multiplicaram na Amazônia desde o início do milênio. Muitos, porém, fizeram da natureza luxuriante seu único atrativo. Não é o caso do Anavilhanas Jungle Lodge. Seus bangalôs, suspensos em palafitas, têm paredes de vidro para, ao mesmo tempo, garantir o bom funcionamento do ar-condicionado e integrar ainda mais os hóspedes ao verde ao redor. Há também uma rede na varanda, para quem quiser sentir o calor amazônico integralmente. Os chalés contam com cama kingsize, uma piscina de bom tamanho ó de frente para o Rio Negro e cercada de natureza ó, um lounge e tentadoras áreas comuns para relaxar, mas a grande pedida durante o dia é, obviamente, aproveitar a floresta. Isso pode ser feito em programas como as trilhas na mata, passeios em botes pelo rio e pelos igarapés do Parque Nacional de Anavilhanas ó que fica na frente do hotel, do outro lado do rio ó e visita aos botos-cor-de-rosa. Dois programas inesquecíveis estão incluídos em todos os pacotes do hotel: o amanhecer no parque nacional, em que é possível ver e ouvir a intensa movimentação de pássaros com os primeiros raios da manhã, e a focagem noturna, com a qual se ouvem e avistam animais como jacarés, preguiças e pássaros de hábitos noturnos. Os locais dizem que as margens do Rio Negro têm menos mosquitos que as de outros rios amazônicos por causa da acidez de suas águas. Os gringos adoram divulgar tal fato, mas a verdade é que, imerso na natureza absurda da Amazônia, ninguém nem se lembra de uma picada ou outra. Mais uma vantagem? O lodge está a apenas três horas de Manaus de carro. ß Anavilhanas Jungle Lodge. ☎ (92) 3622-8996, anavilhanaslodge.com. Duas noites (estada mínima) custam de 1645 a 2245 reais por pessoa, com pensão completa LUXO | DEZEMBRO 2013

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DESTINOS

DO BEM E DO

MELHOR Só mordomia é pouco. Cada vez mais globe-trotters exigem que a experiência de servir de voluntário em prol das comunidades locais faça parte do roteiro PATRICIA MOTERANI

Nos Himalaias: tempo de passeio dividido entre apreciar a cordilheira mais alta do mundo e fazer trabalho voluntário no hospital da região de Kumaon, que atende a comunidades como as do vilarejo de Jwalabanj (à dir.) 52

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or muito tempo, as férias da paulistana Jessica Hollander, executiva de uma multinacional, seguiram um padrão: carimbar o passaporte na entrada de países como Inglaterra, FranÁa ou Estados Unidos e, no que se pode chamar de turismo convencional, visitar os pontos turísticos, hospedar-se nos melhores hotéis, jantar nos restaurantes bem recomendados e forrar a mala de compras. Quando queria variar, seguia para o Arquipélago de Los Roques, na Venezuela, pela combinaÁão do mar azul com resorts, ou para o Taiti. Essa foi sua maneira preferida de viajar até 2011, quando decidiu traÁar um destino diferente. Embarcou para a Tanzânia, na África, país com problemas sociais tão extraordinários quanto suas paisagens naturais.

Jessica não eliminou da programaÁão o safári, os parques nacionais nem as belas praias, mas incluiu uma experiência inédita: por duas semanas, cuidou, como voluntária, de órfãos de 5 a 8 anos de idade. Dava aulas de inglês, angariava doaÁões de alimentos e roupas e levava os pequenos para passeios ao zoológico, entre outras atividades. “Eu não estava vivendo nenhuma crise pessoal ou profissional, o que às vezes justifica sair da rotina, apenas tinha vontade de fazer trabalho social”, conta Jessica. No lugar de hotéis com camas forradas com lenÁóis de algodão pima a que estava acostumada, hospedouse numa casa de dois cômodos, sem água potável, geladeira nem fogão, na cidade de Arusha, que dividia com quinze crianÁas e uma pastora, dona do orLUXO | DEZEMBRO 2013

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Jantar privativo num dos quatro quartos do hotel 360º Leti: agrados do volunturismo nos Himalaias indianos

fotos divulgação

A paulistana Jessica, na Tanzânia: férias para cuidar de crianças órfãs

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fanato onde trabalhou. “Foi um choque de realidade tão grande que cheguei a pensar ‘onde é que eu fui me meter?í, mas minha vontade de ajudar era maior do que meu desconforto”, diz ela, que montou o itinerário sozinha, depois de pesquisar por ONGs na região. De olho num crescente número de turistas que compartilham do desejo, mas não do espírito abnegado de Jessica, a indústria do turismo começa a adicionar a flantropia ao pacote dos sonhos. Criado em 2010, o site americano packforapurpose.org faz um link entre o viajante e os locais que precisam de ajuda, com opções nos cinco continentes. Nele, você mapeia as organizações próximas ao seu hotel interessadas em receber doações ó de material escolar a remédios, passando por bolas de futebol. O hotel encaminha o pedido. Já a agência londrina Across the Divide, fundada em 1997 e pioneira em viagens flantrópicas, tem uma proposta mais radical: organiza aventuras com a intenção de angariar fundos. Com ela é possível fazer um trekking de oito dias pelo Deserto do Saara e, com o dinheiro pago pela viagem (em média, 7 000 reais por pessoa, com passagens aéreas a partir de Londres), ajudar entidades como a Unicef ou a irlandesa Alone, que cuida de idosos.

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Four Seasons de Nevis, no Caribe: um dos destinos da rede com opção de trabalho social

Hóspedes montam playground: recém-implantado, o programa prevê mais seis parques até o fm do ano Tara Leigh

Outra maneira de atrair os viajantes a fazer o bem é proporcionar um roteiro com hospedagem estrelada. “São ideais para quem tem receio de encontrar uma infraestrutura precária”, explica Gisele Mainardi, gerente de produto da Central de Intercâmbio, especializada em viagens do tipo volunturismo (junÁão de voluntariado e turismo) na África, na Índia e no Nepal. No programa Save Our Wildlife, por exemplo, o viajante cuida de animais selvagens na Namíbia e se hospeda no hotel Naankuse, que promove safáris e oferece confortos como lodges privativos, além de ter o lucro revertido para causas locais (a partir de 7 600 reais por pessoa, sem aéreo, com duraÁão de duas semanas). Assim também é o roteiro Shakti Kumaon Volunteer Experience, da agÍncia Matueté. São oito dias de passeio na região de Kumaon, nos Himalaias indianos, e quatro de trabalho voluntário no hospital Arogya Kendra, que atende a cerca de cinquenta vilarejos e por onde passam 2 000 pessoas por ano. Profssionais da área de saúde são bem-vindos e podem aplicar seu conhecimento depois de um treinamento, mas também há demanda por serviÁos básicos como auxiliar pacientes na recepÁão. A

visita comeÁa no hospital, quando o turista se hospeda em uma vila próxima, e continua com passeios a templos hinduístas, trekkings e piqueniques nas montanhas. As noites de descanso são no hotel 360º Leti, a 2 400 metros acima do nível do mar e com apenas quatro quartos, distantes entre si, construídos principalmente com pedra e vidro, o que privilegia a vista para a cordilheira mais alta do mundo (a partir de 5 000 dólares por pessoa, sem aéreo). Quem não pode comprometer muitos dias da viagem encontra em redes como Four Seasons e Ritz-Carlton opÁões de trabalho social de poucas horas. No programa Give Back Getaways, da Ritz-Carlton, disponível desde 2008 em cidades como Nova Orleans e Washington, nos Estados Unidos, Toronto, no Canadá, e Xangai, na China, entre outras, é possível cozinhar para crianÁas e adultos, fazer trabalhos de reparos em ONGs ou plantar árvores. As atividades duram meio período. Na concorrente Four Seasons, são trÍs os endereÁos de volunturismo: Costa Rica, com visitas e doações a famílias benefciadas em programas educacionais (já foram arrecadados mais de 400 000 dólares desde o início do projeto, em LUXO | DEZEMBRO 2013

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O lounge do Ritz-Carlton de Washington: os hóspedes participam do plantio de árvores em parques

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2010); Praga, a capital da República Checa, onde são dadas refeições a moradores de rua; e a ilha de Nevis, no Caribe, com programas dedicados à preservação de tartarugas marinhas e à construção de playgrounds infantis. Há ainda opções para ajudar sem pôr a mão na massa ó somente no bolso. Criado em 2011, o clube americano Inspirato, que disponibiliza a seus sócios, hospedagens em lodges, casas à beira-mar, vilas ou penthouses, em mais de trinta lugares do mundo, por preços que chegam à metade do que é cobrado dos que não são membros, mantém também o programa Inspired Giving. Por meio dele, parceiros como o centro de pesquisa em câncer da Universidade do Colorado ou a fundação do tenista Andre Agassi, dedicada à educação, podem leiloar uma viagem organizada pelo clube ó o dinheiro fica com a entidade e o vencedor do lance ganha o direito de se hospedar por sete noites em um dos cinquenta endereços exclusivos aos sócios, pagando a respectiva diária (a partir de 300 dólares). Assim, já foram arrecadados mais de 2 milhões de dólares. ß

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Across the Divide. ☎ 44 (1460) 30456, acrossthedivide.com Central do Intercâmbio. ☎ (11) 2110-7460, ci.com.br Matueté. ☎ (11) 3071-4515, matuete.com Ritz-Carlton. ritzcarlton.com. Diárias a partir de 740 reais Four Seasons. fourseasons.com. Diárias a partir de 890 reais Inspirato. ☎ 1 (888) 546-5008, inspirato.com

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O haras Ajmal Arabian Stud, na Cidade do Kuwait: coleção de 91 cavalos árabes

cLaSSE a gaLOpE Um haras no Kuwait se dedica a melhorar a genética e a restabelecer a linhagem dos cavalos árabes no país que é o berço milenar da raça mais fascinante da história TATIANA CESSO FOTOS WOJTEK KWIATKOWSKI

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e a coleção de Mohammed Al-Marzouq fosse avaliada em cifras, um único exemplar entre os 91 cavalos que ele mantém na fazenda Ajmal Arabian Stud, na Cidade do Kuwait, capital do país, superaria com folga uma Ferrari V12 zero-quilômetro, clássico italiano negociado a 1 milhão de dólares. A tropa de Al-Marzouq, no entanto, não está submetida a valores de mercado, tampouco a enduros. “Minha ambição é desenvolver um programa de melhoramento genético e restabelecer a linhagem dos cavalos árabes no berço milenar da raça”, diz o criador. Nos anos 90, para atender à demanda internacional, xeques, príncipes e empresários da região do Golfo Pérsico turbinaram a raça por meio de inseminações, transferências artificiais de embriões e técnicas de clonagem. Não é o caso da tropa que galopa no Ajmal Arabian Stud. Al-Marzouq adquiriu o primeiro puro-sangue em 1994, depois da extinção da espécie em seu país durante a Guerra do Golfo. “Fazendo jus ao termo ‘clássicoí, que remete a algo puro e perfeito, quando se fala de uma criação clássica no circuito dos cavalos árabes, falamos de uma obra-prima”, diz Judith Forbis, juíza internacional da 62

categoria e fundadora do Ansata Arabian Stud, renomado haras americano. Em parceria com o fotógrafo Wojtek Kwiatkowski, cujas imagens ilustram esta reportagem, ela assina Arabian Horses, livro que registra a trajetória dos animais criados por Mohammed Al-Marzouq, lançado em outubro pela Assouline (695 dólares). “Essa é uma das mais fascinantes coleções.” Enquanto visitantes de outras criações de prestígio se impressionam com medalhas de corrida, os poucos que puderam botar os olhos sobre os cavalos de Ajmal falam apenas da extraordinária qualidade da linhagem. “Eles vivem numa espécie de santuário, um lugar dedicado exclusivamente à perpetuação da sua beleza”, diz Judith. “Lá o esplendor natural desses cavalos árabes prospera em paz e eles podem transmitir a excelência aos descendentes.” Especializado na linhagem árabe egípcia, cujos antepassados migraram da Arábia para o Egito no século XIX, como espólio de guerra, Al-Marzouq acredita que os cavalos criados por paxás egípcios são os descendentes que melhor preservaram os genes da raça árabe, mantendo as qualidades evolutivas naturais. Seu principal garanhão, Ansata Hejazi, nascido em 1992 e considerado o “Rei do Kuwait”, tem pai e mãe da notável família Bukra, um pedigree que

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O garanhão Ansata Hejazi, conhecido como o “Rei do Kuwait”: grandes olhos escuros, orelhas pontudas e postura de cisne (à esq.) defnem a espécie

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data do fm do século XIX. “Quando ele nasceu, os pelos prateados em volta dos olhos anunciavam a pelagem branca, símbolo de fortuna e sucesso na cultura local”, diz o proprietário de dezenas de outros cavalos dessa cor. Al-Marzouq não revela o investimento necessário para manter seus animais entre os tops da categoria, mas afrma que é preciso dispor de imensa pastagem — “os árabes se entediam facilmente em pequenos espaços” — e de cerca de trinta profssionais para cuidar deles. Quem lidera a equipe é a veterinária alemã Kristin Schlender, expert na raça. “Nossos cavalos são alimentados com alfafa fresca, uma mistura especial de grãos e grama Timothy da mais alta qualidade”, diz ela, sobre o capim nutritivo que mantém dentes e maxilar em bom funcionamento e vem sendo usado na alimentação de cavalos há três séculos. Com registros datados de 3 500 anos, o árabe é o tipo equino mais antigo de que se tem notícia. Sua fgura, facilmente reconhecida pelo porte de 64

cisne, aparece venerada em templos de faraós e em moedas antigas. Mais do que recurso de guerra, era ele próprio a razão de disputas entre povos da região do Mar Vermelho, que buscavam possuir o maior número possível de animais dotados de força e inteligência. Apta a superar as mais duras condições do deserto — com estamina para aguentar longas distâncias em velocidade moderada —, a raça passa de geração para geração seus traços singulares, caso das narinas largas, que permitem uma capacidade excepcional de respiração, ossatura densa e tendões de ferro, trunfo aproveitado nas atuais provas de resistência. O porte majestoso já serviu de inspiração para poetas e artistas plásticos de diferentes gêneros. O pintor romântico francês Eugène Delacroix retratou a espécie em seus quadros, entre eles Arab Horses Fighting in a Stable, de 1860, hoje parte do acervo do Museu do Louvre, em Paris. Animal favorito de Napoleão Bonaparte, o árabe egípcio Marengo o acompanhou na Batalha de Austerlitz, uma das maiores lideradas pelo im-

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Rotina cavalar: pastagens, alimentação especial e trinta profssionais dedicados aos animais. Abaixo, a entrada do haras

perador, e foi capturado na Batalha de Waterloo, uma década depois. O esqueleto de Marengo está exposto no National Army Museum de Londres. Nos anos 20, o galã Rudolph Valentino, na pele de Ahmed, fez fama no cinema mudo montado no árabe Jadaan, em O Filho do Sheik. Mais recentemente, a raça ganhou destaque em épicos como Troia, com Brad Pitt, e Cruzada, de Ridley Scott. A silhueta racé compõe logotipos de grifes como Hermès, Longchamp e, não surpreendentemente, o Cavallino Rampante da veloz Ferrari. “O cavalo árabe simboliza elegância e tradição”, defne Martine Assouline, que incluiu o novo Arabian Horses na série Ultimate Collection de sua editora, dedicada a imortalizar patrimônios em encadernações de peso. Segundo a publisher francesa, o livro é uma homenagem à contribuição que Mohammed Al-Marzouq faz para o renascimento dos cavalos árabes na antiga pátria da espécie. “Seu rebanho é tratado como uma coleção de arte, na qual continuidade e consistência são fatores essenciais.” ß LUXO | MES 2013

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Os árabes brancos são destaque: símbolo de fortuna e sucesso (Arabian Horses, Editora Assouline, 695 dólares)

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MáqUiNas

NascE UMa LENda com o Wraith, o terceiro — e mais poderoso — modelo a sair da fábrica de Goodwood, a Rolls-Royce realiza a máxima do seu fundador, sir Henry Royce: “Partam do melhor que existe e o tornem ainda melhor” JOAQUIM OLIVEIRA, DE VIENA

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divulgação

Sob o capô do Gran Turismo da montadora inglesa: motor V12 de 6,6 litros, com fôlego para atingir 250 quilômetros por hora

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Visual ousado: pintura em duas cores, à escolha do freguês, grelha recuada e a estatueta Spirit of Ecstasy mais inclinada 72

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Volante mais grosso: conforto e estabilidade para o motorista

Interior para quatro pessoas: madeira, couro e tecnologia

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Nova altura: o Wraith ĂŠ 5 centĂ­metros mais baixo do que o Ghost

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fotos divuLgação

Faróis redesenhados: mais dinamismo na estrada

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á histórias que só se contam com superlativos. É o caso da Rolls-Royce, marca de automóveis que nasceu em 1904 da visão do engenheiro Henry Royce e do aristocrata Charles Rolls. Tamanho, peso, potência: os capôs “carimbados” com a estatueta da senhora alada, chamada Spirit of Ecstasy, transformam cada uma das características em lenda. E com o novo Wraith nasce mais uma. Dez anos depois de a BMW assumir a direção da montadora e lançar nas estradas o Phantom, sai da fábrica de Goodwood, no interior da Inglaterra, o mais potente e pirotécnico Rolls-Royce. O Wraith parte da mesma plataforma do Ghost, apresentado em 2010, mas tem uma distância entre-eixos mais curta, traseira mais larga e é 5 centímetros mais baixo. Essas alterações foram pensadas para deixar o carro mais dinâmico na estrada. Do ponto de vista estético, as novidades são o para-choque redesenhado, a grelha frontal tradicional mais recuada e a Spirit of Ecstasy mais inclinada ó como quem voa em alta velocidade. Mas o que fsga os olhos é o fato de o carro ter apenas duas portas, a pintura em dois tons (um na carroceria, outro no capô, escolhidos a gosto do freguês na hora da encomenda) e a traseira tipo fastback (na qual a linha do teto se funde com a do porta-malas) inspirada em modelos italianos dos anos 60, como o Lancia Aurelia e a Maserati Ghibli. À exceção do capô, de alumínio, e da tampa do bagageiro, de material composto, o Wraith é puro aço, num total de 2,5 toneladas. “A solidez remete a uma barra de ouro sobre rodas”, diz Giles Taylor, diretor de design em Goodwood. Para acessar o interior da “barra de ouro”, é bom contar com um mordomo para abrir as portas invertidas, que fazem um semicírculo do motor em direção ao porta-malas. Se o ângulo de acesso aos bancos de couro é bastante generoso, o peso é pesado. Por isso o Wraith vem equipado com um botão para fechamento automático da porta. Por dentro, madeira LUXO | DEZEMBRO 2013

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nobre e couro revestem painéis e portas. No piso, tapetes de lã fariam qualquer motorista hesitar em entrar no carro com os sapatos molhados ó pelo menos até lembrar que as ovelhas se molham e secam naturalmente no pasto. O espaÁo é amplo para quatro pessoas, e, além do conforto convencional, há outros de acordo com os tempos modernos: um sistema de áudio com 1 300 watts, encaixe para dois iPads nos bancos posteriores, um controle de infotenimento que representa um salto do iDrive da BMW, um monitor colorido central de 10,2 polegadas e o head-up display (projeÁão de informaÁão no para-brisa). Dirigir algo tão superlativo é uma experiência singular. A comeÁar pelas dimensões de transatlântico, pouco compatíveis com as cidades cada vez mais apertadas em que vivemos. O volante de aro mais grosso que o do Ghost indica que emoÁões fortes se aproximam, mesmo antes de o ronco do motor V12 de 6,6 litros ó cujo rendimento foi esticado para 632 cv e 800 Nm, enquanto no Ghost “fca-se” pelos 570 cv e 780 Nm — se manifestar. Esse é o fator decisivo não só para este ser o mais potente Rolls como para alcanÁar performances mais rápidas. Saímos de Viena, na Áustria, em velocidade de cruzeiro. A ideia de tapete voador é inevitável ó efeito proporcionado pela combinaÁão do silêncio monástico da cabine com a quase inverossímil capacidade da suspensão com amortecimento eletrônico que isola os viajantes de todo e qualquer tipo de irregularidade encontrada pelas rodas. Entramos em zonas sinuosas, e torna-se evidente que este tapete mágico não está para grandes balanÁos ó há uma tendência natural para fugir da linha reta, algumas oscilaÁões da carroceria e pouca precisão da direÁão quando se tentam manobras para as quais esta barra de ouro não foi concebida. É bom lembrar que, independentemente dos 4,6 segundos de 0 a 100 quilômetros por hora ou dos 250 quilômetros por hora de velocidade máxima (com caixa de câmbio de oito velocidades), estamos ao volante de um Gran Turismo para cavalheiros ó e não de um cupê desportivo feito para injetar adrenalina no sangue. Os compradores dispostos a desembolsar 350 000 euros pelo rei dos RollsRoyces ajudarão a montadora a bater o recorde de produÁão e vendas, estabelecido no ano passado, de 3 575 unidades. Para eles, a fábrica dos superlativos não hesitará em estender um tapete vermelho, à altura do melhor dos melhores. ß 76

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A traseira tipo fastback: inspirada em modelos italianos dos anos 60, como o Lancia Aurelia e a Maserati Ghibli

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MáqUinaS

LEvantOU pOEira Mais potente e confortável, o polaris rZr Xp 1000 dispara na frente dos utilitários para competição — e já há fla de espera no Brasil para pilotar o brinquedo de 100 000 reais MARCELO BRETTAS esde que a roda foi inventada, no tempo das cavernas, o homem sempre deu um jeitinho de transformar algo prático em lúdico e prazeroso. Talvez nada represente tanto essa metamorfose quanto os UTVs, sigla em inglês para veículos utilitários. Não demorou para que os fazendeiros americanos encarassem essa espécie de minitrator com tração nas quatro rodas, criado para circular entre plantações, transportar ração e até tocar o gado, como divertimento pós-expediente. Logo os fabricantes perceberam um novo nicho e há cerca de cinco anos passaram a desenvolver modelos específicos para competição. Dessa leva, nenhum se compara ao Polaris RZR XP 1000, que acaba de ser lançado nos Estados Unidos e já está com lista de espera no Brasil. VEJA LUXO o testou em

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primeira mão, numa manhã ensolarada, pelos canaviais de Indaiatuba, no interior de São Paulo, onde o solo é arenoso e fofo, condição ideal para acelerar esse tipo de veículo. Fabricante de snowmobiles, motos e ATVs (all-terrain vehicles) criada nos anos 50 e com sede em Minneapolis, no Meio-Oeste dos Estados Unidos, a Polaris vende este como o UTV de aceleração mais rápida do mercado: vai de 0 a 80 quilômetros por hora em 5,3 segundos. Cinto de segurança afivelado e capacete adequado, cutuco o acelerador pela primeira vez. Com a resposta, rejuvenesço uns vinte anos: a cavalaria guardada nesse motor de 2 cilindros se mostra com facilidade, chegando a levantar a frente do carro de 625,5 quilogramas. São 1 000 cc e 108 cavalos de potência, o equivalente a uma moto que dispara no Mundial de

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Eduardo Viotti

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FOTOS DIVULGAÇÃO

SUSPENSÃO DIANTEIRA

Braço simples tipo A-Arm com amortecedores reguláveis com molas e 40,6 centímetros de curso

PRONTO PARA COMPETIR

Chassi tubular, tipo gaiola, volante esportivo, eficiente freio a disco nas quatro rodas e muita potência

SUSPENSÃO TRASEIRA

Braço duplo e 45,7 centímetros de curso, o ponto mais forte e responsável pela boa aderência 82

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Superbike. Isso faz deste o primeiro UTV a exigir do piloto uma real habilidade de dirigir em alta velocidade. Quando pressiono o freio para entrar na primeira curva, percebo a potência dos quatro discos, um para cada roda. Ando rápido pelo terreno irregular, na opção de tração nas quatro rodas (é possível deixá-la apenas nas rodas traseiras). A suspensão copia as irregularidades do solo com extrema eficiência, dando a impressão de que você flutua sobre os buracos. Mérito do conjunto de suspensões, com 40,6 centímetros de curso na dianteira e 45,7 centímetros na traseira. Para se ter uma ideia do que isso representa, é mais do que o dobro do curso da suspensão de um automóvel, que raramente supera 20 centímetros. O RZR XP 1000 chegará em novembro às onze concessionárias no Brasil custando 100 000 reais. Em 2014, haverá uma versão de quatro lugares. “Esse modelo vai além da competição”, diz Craig Scanlon, diretor da divisão de off-road da Polaris. “É uma aventura para compartilhar com a família e amigos a bordo.” Ainda que compartilhar seja um verbo tentador, é muito mais comum para um UTV ter apenas a cadeira do piloto ocupada. “Esse é meu brinquedo e minha terapia”, conta o paulista Murilo Serrano, 46 anos, empresário da área de tecnologia. Serrano entrou na fila de encomendas do XP 1 000, que substituirá o RZR XP 900 que dirige nas principais provas nacionais. “Saio de uma competição ou de um passeio de UTV na fazenda de um amigo com a cabeça zerada.” O efeito “Prozac” agrada em cheio aos homens com vários carros e motos na garagem e um cargo de chefia nas costas. “Encaro uma competição com um UTV como meu cotidiano de trabalho: é adrenalina o tempo todo, com você tentando sempre dar o seu melhor, num exercício constante de superação”, descreve Serrano. Na direção do novo Polaris, o exercício de se superar será eficiente a ponto de fazer o piloto acreditar que é o Super-Homem. ß

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As peças que compõem a Flâneur: 25 etapas até a magrela fnal

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rOda tOda Com estrutura de fbra de carbono, detalhes de couro de bezerro e montagem 100% artesanal, as novas bicicletas criadas pela Hermès põem o veículo de vez no portfólio da grife AMANDA MAIA

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FOTOS GRÉGOIRE ALEXANDRE

Le Flâneur Sportif e e Le Flâneur: feitas a mão em parceria com a francesa Time Sport

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inco anos depois de anunciar o lançamento da primeira bicicleta (em série limitada), a francesa Hermès promete que as duas rodas terão agora lugar garantido no portfólio da marca. Trata-se da coleção Le Flâneur, prevista para chegar às lojas neste fim de ano ó voltada para o lazer e, como sugere o nome da edição, para pedaladas sem compromisso ao redor da cidade. “Esta é a primeira vez que assinamos a criação de todo o projeto, desde o conceito até as etapas da engenharia”, explica François Doré, diretor do Hermès Horizons, departamento que também desenvolve interiores para carros e jatos particulares. “A ideia é atender as pessoas que adotaram a bicicleta como estilo de vida, que buscam o conforto e o desempenho do veículo mais do que a aparência.” A produção das peças e a montagem das bicicletas ó que envolve cerca de 25 etapas, todas artesanais ó são realizadas em parceria com a Time Sport, uma fabricante francesa especializada em bicicletas de competição. “Eles trouxeram tecnologia e experiência na construção dos quadros.

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GréGoire AlexAndre

Le Flâneur: o modelo de passeio está disponível nas cores carvão, branco e vermelho e custa 8 100 euros (cerca de 25 000 reais, sem impostos)

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Nas reuniões, descobrimos valores em comum, como qualidade e tradição no quesito feito a mão”, ressalta Doré. O modelo Des Fleurs, de 2008, leva a assinatura da tradicional bicicletaria holandesa Batavus, de 1904, e possui o quadro de aço inoxidável, considerado mais pesado que o de fbra de carbono, material aplicado nos quadros e nos garfos da nova safra. Cada Le Flâneur pesa 11 quilos, tem freio hidráulico, oito marchas, transmissão beltdrive (que utiliza correias emborrachadas no lugar de correntes) e farol de dínamo integrado na roda traseira. Na defnição da Hermès, trata-se de “uma bicicleta simples, unissex, elegante e fácil de usar”. Simplicidade, no universo da grife ó fundada em 1837 e criadora de ícones como as bolsas Kelly e Birkin —, signifca couro de bezerro revestindo os pontos que tocam a pele do ciclista, caso do selim, dos apoios do guidão, da alça de transporte e do suporte do bagageiro. A matéria-prima, além de nobre e confortável, resiste às condições climáticas. Para os mais aventureiros, que encaram as ruas e as estradas, a grife reserva para o primeiro semestre de 2014 o lançamento da Le Flâneur Sportif, com características semelhantes às do modelo urbano, porém com 11 velocidades e design de corrida. A it-bike na versão passeio só estará disponível sob encomenda na Hermès do Shopping Cidade Jardim, por cerca de 8 100 euros. ß

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REtRatOs & iDEias

UM BaNHO DE Num gesto de desapego sem precedentes, bilionários se desfazem de bens e capitais — em nome da simplicidade ou de causas mais nobres do que encarnar o tio Patinhas CAROLINA MEYER

ichael Bloomberg sai da cena pública em 2013 para entrar duas vezes na história. Ao deixar a cadeira de prefeito de Nova York para o democrata Bill de Blasio em 31 de dezembro, ele terá completado doze anos de governo ó antes dele, só Robert Wagner Jr. comandou a Grande Maçã por tanto tempo, entre 1954 e 1965. Neste ano, Bloomberg se tornou também o maior doador em solo americano para instituições de educação. Da formatura na Universidade Johns Hopkins, em 1964, até janeiro de 2013, repassou à instituição 1,1 bilhão de dólares, em doses que partiram de 5 dólares por ano até atingir 350 milhões, dez meses atrás. Ao morrer, distribuirá 25 bilhões de dólares amealhados à frente de um dos maiores grupos de comunicação do globo. Ele passa a ser, assim, um exemplo de figurão cuja receita se opõe ao primeiro mandamento do capitalismo: acumular. Na última década, Bloomberg se somou ao número de empresários empenhados em conjugar o verbo desapegar. Juntos, 23 bilionários da lista de pesos-pesados da revista americana Forbes doaram, a partir dos anos 2000, 92,8 bilhões de dólares ó o equivalente a cinco vezes o orçamento deste ano da prefeitura da cidade mais rica do Brasil, São Paulo. O maior mão-aberta dessa re90

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LUKE SHARRETT

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GENEROSIDADE

Michael Bloomberg no câmpus da Johns Hopkins: 1,1 bilhão de dólares repassados à universidade onde estudou

lação é Bill Gates, feliz em destinar 28 bilhões de dólares, mais de um terço de sua fortuna, a causas que flutuam do desenvolvimento de vacinas contra a malária até a distribuição de contraceptivos. Gates é seguido por Warren Buffett, que prometeu repassar, ao morrer, as cifras acumuladas ao longo dos 83 anos. Mudou de ideia ó já se foram quase 25 bilhões de dólares em vida ó ao descobrir a filosofia do compatriota Charles Feeney, de 81 anos. Feeney é a antítese do avarento Tio Patinhas. Seu objetivo é estampar a última assinatura num cheque-borracha ó aquele que bate no banco e volta por falta de fundos (à ex-mulher e aos cinco filhos, garantiu 140 milhões de dólares). Sob o guarda-chuva da Atlantic Philanthropies, fez doações anônimas em quinze anos, num total de 6,3 bilhões de dólares, para financiar desde a versão de um Vale do Silício no leste dos Estados Unidos até a integração entre católicos e protestantes em escolas na Irlanda do Norte. Até 2020, terá investido a última moedinha da fortuna de mais 1,3 bilhão de dólares, multiplicada desde 1964 como proprietário da Duty Free, e fechará as portas da instituição filantrópica. Dono de um relógio Casio de 15 dólares e passageiro da classe econômica “porque a primeira não me faz chegar mais rápido ao destino”, Feeney é a prova de que as cifras não definem o homem (ele possui, hoje, cerca de 2 milhões ó sim, com “m” ó de dólares). Virou guru de Gates e Buffett, que criaram a Gate Foundation para convencer seus pares a esvaziar os cofres em vida em prol de projetos humanitários: 92 já toparam se desfazer de metade da poupança. “Para os muito ricos, dividir o dinheiro é uma forma de garantir popularidade e legiLUXO | DEZEMBRO 2013

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Hamish Bowles: o editor se desfez de uma coleção de 3 000 itens

timidade na sociedade, além de lhes proporcionar uma tremenda satisfação pessoal”, diz Pablo Eisenberg, um dos maiores especialistas em filantropia dos Estados Unidos. Feeney foge à regra da veleidade ó não existe um prédio, busto ou monumento erguido em sua homenagem. Mas ele admite adorar fazer dinheiro tanto quanto doá-lo ó embora o mesmo não aconteça com desembolsar (“há um limite para o que se pode gastar na vida”, defende). “Doar ativa a área mesolímbica do cérebro, liberando dopamina”, diz Mathew Bishop, autor de Philanthrocapitalism: How Giving Can Save the World (Filantrocapitalismo: Como Doar Pode Salvar o Mundo, em tradução livre), escrito com Michael Green. Trata-se do neurotransmissor responsável também por sensações de prazer ligadas ao sexo ou ao jogo. Há quem tome essa atitude em busca de uma vida mais simples ó e , com isso, vão-se também coleções valiosas. Editor na Europa da revista Vogue americana, Hamish Bowles recebeu mais de 1,2 milhão de dólares ao leiloar, pela Bonhams, 3 000 itens ó entre vestidos de alta-costura, objetos de decoração e fotos ó estocados num armazém depois de se desfazer do apartamento em Paris. Dias antes do leilão, em novembro de

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monica Schipper

Steven BranScomBe/corBiS

Warren Buffett: o quarto homem mais rico também é o segundo maior doador

2012, Bowles resumiu: “É hora de me desapegar e dar um futuro melhor aos meus pertences”. Desde o fim do século XVII, empresários aplicaram enorme soma em causas alheias ó atitudes como essa financiaram a criação de Harvard, por exemplo. Mas é fato que nunca se viu tanta generosidade entre os ricos. Estima-se que, no ano passado, eles tenham doado cerca de 300 bilhões de dólares, cifra que vem se mantendo estável na última década. O que mudou nesse período foi o fato de os investidores desejarem ser mais participativos na melhora da qualidade de vida dos menos afortunados. “Eles acreditam ser capazes de aliviar o sofrimento do outro aplicando seu conhecimento nos negócios”, diz Steve Goldberg, consultor de filantropia e autor de Billions of Drops in Millions of Buckets: Why Philanthropy Doesn’t Advance Social Progress (Bilhões de Gotas em Milhões de Baldes: por que a Filantropia Não Acelera o Progresso Social, em tradução livre). No que depender de endinheirados desprendidos, a máxima de que “um homem que morre rico morre em desgraça”, cunhada por Andrew Carnegie, locomotiva da Revolução Industrial e considerado o pai da filantropia americana, será levada às últimas consequências. ß

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retratos & ideias

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coisas para fazer e dar sentido à vida por Iris Apfel, decoradora americana e genuíno ícone da moda

“Cultive pelo menos uma marca registrada no look. A minha são os óculos gigantes”

mario rodrigues

Iris no Shopping JK Iguatemi, em São Paulo, na primeira visita ao Brasil: os tecidos de sua fábrica, fechada em 1992, forraram os móveis da Casa Branca

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“Pense positivo” “Arrume-se. É um exercício de criatividade”

“Tenha orgulho da sua idade. Eu celebrei cada dia dos meus 92 anos”

“USE A MODA PARA TIRAR VOCÊ DO BAIXOASTRAL”

“Seja interessante”

“PREFIRA FICAR SOZINHO A AGUENTAR A COMPANHIA DE GENTE CHATA”

“Pinte as unhas”

“LIBERTE-SE DA IDEIA DE ACHAR QUE VOCÊ PRECISA SE PARECER COM TODO MUNDO AO SEU REDOR”

“Saiba qual pose favorece você numa foto”

“Durma nas manhãs de domingo” “Mantenha-se curioso”

“Vista jeans” “Pare de se importar com o que os outros pensam de você”

“Retoque permanentemente o batom” “NUNCA SE APOSENTE”

“Diga não sem perder a elegância” 96

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“Use bijus com turquesa, âmbar, jade”

“Aprenda a ouvir — é muito diferente de apenas escutar”

“VÁ AO ZOOL”GICO COM UM AMIGO”

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RETRATOS & IDEIAS

MARCIO KOGAN Um dos traços mais afinados com a herança de Lina Bo Bardi e Oscar Niemeyer, o arquiteto paulistano só entra em crise de criatividade na hora de dar presentes AMANDA MAIA feia, poluída, caótica, opressiva e violenta me inspira. O centro, especificamente, é bem interessante, mas parece uma cidade fantasma fora do horário comercial.

FERNANDO MORAES

Um lugar inspirador São Paulo. Esta cidade

Kogan no MK27, escritório nos Jardins: o traço minimalista toma forma no contraste entre concreto e madeira

Restaurante favorito Arturito. A comida é boa e a chef (a argentina Paola Carosella) é bonita. Recomendo todas as entradas do cardápio, sem exceção. Rua Artur de Azevedo, 542, Pinheiros, São Paulo, ☎ (11) 3063-4951.

O álbum de música mais recente Sou um assíduo comprador de música, principalmente no iTunes. Adquiro obras de todos os gêneros. O último álbum que comprei foi Chansons pour Fellini, de Nino Rota e Katyna Ranieri.

Salão do Arturito, o restaurante para apreciar as entradas e a bela chef

Prédio do museu Punta della Dogana, restaurado em 2009

HUBERT FANTHOMME

que fiz a Veneza, no ano passado, para representar o Brasil na Bienal de Arquitetura. Levei doze arquitetos e colaboradores do escritório, fechamos um hotel e foi emocionante. É difícil destacar algo em especial, já que Veneza é abarrotada de lugares incríveis. Valeu a pena conhecer o restauro do Museu Punta della Dogana, assinado pelo arquiteto japonês Tadao Ando. Mas o que mais marcou foi alugar um barquinho numa noite de verão e passear pelos canais. No mês seguinte, fali! Dorsoduro, 2, ☎ 39 (041) 271-9031.

RICARDO D'ANGELO

A melhor viagem de todos os tempos A

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Se pudesse colecionar obras de arte de um único artista, qual seria? Gosto do conjunto do trabalho do Andy Warhol, que era extremamente conectado aos anos 60, a minha década preferida. Tenho admiração especial pelos filmes underground, que me influenciaram bastante no começo da minha curta trajetória de cineasta, e por toda a vida que existia em seu estúdio, a Factory.

Um achado recente Um par de óculos na rua do escritório, nos Jardins. O presente mais original que deu a alguém recentemente Estou numa crise total de criatividade. Vivo a angustiante experiência do personagem Guido Anselmi, o diretor de 8 ½, de Federico Fellini.

O mais especial que já recebeu Meu fidivulgação

lho, Gabriel (ele vai ficar envergonhado com essa resposta brega...).

O que encontramos na sua geladeira Comida e muita Coca-Cola, gelo e limão.

Peet Simard/CorBiS

Uma personalidade que admira Sou fã de várias: Federico Fellini, Ingmar Bergman, Jacques Tati, Antonio Carlos Jobim, Albert Einstein, Barack Obama, Mies van der Rohe, Lina Bo Bardi, Paulo Mendes da Rocha, Oscar Niemeyer, Richard Rogers, Rem Koolhaas, Luis Barragán, Marina Abramović, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Philip Roth, Amós Oz, Jorge Luis Borges, Julio Cortázar, Junichiro Tanizaki, os japoneses do Sanaa, Sou Fujimoto... E Caetano Veloso e Chico Buarque antes da polêmica sobre as biografias. O local onde mais gosta de fazer compras Feirinhas de antiguidades e bugigangas, como a da Praça Benedito Calixto, em São Paulo, o Portobello Road Market, de Londres, ou o Marché aux Puces de Saint-Ouen, em Paris.

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O último item que entrou no seu guarda-roupa Um casaco xadrez de 19 dólares da marca japonesa Uniqlo. Gravura de Andy Warhol, o mercado de pulgas de Saint-Ouen, em Paris, e o Citroën 2CV, o sonho de consumo

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Algo que adoraria adquirir O Citroën 2CV do Monsieur Hulot.

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a 244 metros de altura, a suíte de hotel mais cara dos Estados Unidos tem vista panorâmica de Manhattan. Um projeto de Peter Marino e I.M. Pei avaliado em 50 milhões de dólares TATIANA CESSO, DE NOVA YORK LUXO | DEZEMBRO 2013

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Da chaise longue, é possível contemplar a paisagem do Central Park 106

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O painel de marchetaria de palha emoldura a cama com dossel tailandês feito de seda e fos de ouro. O colchão da marca sueca Hästens Vividus é costurado manualmente

O acabamento das paredes é todo artesanal e inclui madrepérola

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Revestido de uma espécie rara de ônix chinês, o banheiro tem pias esculpidas em blocos maciços de cristal de quartzo

m passo adentro na Ty Warner Penthouse e os olhos se agitam para ajustar o foco. Do 52º andar, as janelas dão vista para oito ângulos de Manhattan, incluindo o Central Park e o Rio Hudson. Não bastasse oferecer o melhor panorama da ilha, o quarto na cobertura do hotel Four Seasons Nova York leva nos 400 metros quadrados a assinatura dos arquitetos Peter Marino e I.M. Pei, num projeto de 50 milhões de dólares que demorou sete anos para ser concluído. São nove cômodos, incluindo spa. Marino convocou o escultor francês Claude Lalanne para criar os ramos que decoram a estante da biblioteca e a designer inglesa Deborah Thomas para desenhar o lustre sobre a mesa da sala de jantar, iluminado por 120 lâmpadas de fbra óptica. “Hospedar-se num espaço com peças customizadas provoca um prazer inigualável”, diz Marino. É de Pei, autor da pirâmide do Louvre, em Paris, a ideia do teto de vidro. O revestimento das paredes é todos artesanal e inclui a madrepérola da sala de estar. Para experimentar a vida do topo da cidade que nunca dorme, basta desembolsar 45 000 dólares por noite. ß LUXO | DEZEMBRO 2013

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Feitos sob encomenda, banco, lustre e ramos de bronze do escultor Claude Lalanne destacam-se no estar

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do ateliĂŞ de pierre Corthay, um dos quatro sapateiros que trabalham sob medida na capital francesa, saem os pares mais ousados, divertidos e coloridos para homens SILVANO MENDES, DE PARIS FOTOS JAIR LANES

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Corthay entre os moldes de faia identifcados com o nome de clientes como o tenista Rafael Nadal: artista em extinção. Na página ao lado, o estoque reserva surpresas como couro de baleia

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No porão do ateliê da rua Volney: coleção de ferramentas e formas usadas por artesãos diplomados com um década de estudo

O acabamento azul no modelo Vendôme escolhido pela atriz Cate Blanchett: entre as raras clientes do sexo feminino. Abaixo, o caderno de medidas

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Do corte das formas de papelão à coloração (abaixo): cerca de seis meses de trabalho manual

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impossível passar pe­ la discreta Rua Vol­ ney, perto da Praça Vendôme, no coração de Paris, sem dar uma paradinha diante do número 1. Protegido por uma pequena janela, um punhado de artesãos se exer­ cita diariamente em um balé de gestos vindos de outro século. Um martela, outro lixa, enquanto um terceiro costura, a mão, com longos fos de linho e agulhas feitas com pelo de javali, os sapatos sob medida assinados por Pierre Corthay. Para surpre­ sa de todos, o patrão, que poderia muito bem estar passeando em uma de suas lojas em Londres, Hong Kong, Dubai ou Tóquio, além da matriz parisien­ se, geralmente está sentado em um daqueles ban­ quinhos empoeirados batendo martelo lado a lado com os funcionários. Na capital francesa, Pierre Corthay, 50 anos, é um dos raros bottiers, sapatei­ ros especializados em calçados sob medida. No fm do século XIX, Paris somava cerca de 1 800 arte­ sãos do gênero, boa parte concentrada no mesmo bairro em que hoje funciona a Maison Corthay. A própria Rua Volney, onde Corthay se instalou há mais de duas décadas, tinha até 1947 três ateliês. O caso do homem de cabelos grisalhos, olhos azuis e meias coloridas é ainda mais raro: ele se dedica a modelos masculinos. Hoje, é o único daquela ruela e um dos quatro de Paris a dominar as técnicas an­ cestrais que conquistaram os homens mais exigen­ tes do planeta. Mais: em 2008, ele recebeu o título de Maître díArt, uma espécie de selo de excelência concedido pelo Ministério da Cultura da França aos principais artesãos do país. Ao contrário das marcas que se vangloriam de uma tradição transmitida de geração para gera­ ção, o simpático Corthay entrou nesse mundo aos 16 anos ó e sem seguir as pegadas de ninguém. O primeiro passo foi ingressar, em 1979, no curso de LUXO | DEZEMBRO 2013

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A loja de Londres, aberta em 2011: a marca começa a se expandir e hoje tem cinco endereços próprios

sapataria da Compagnons du Devoir, em Paris, uma espécie de confraria criada na Idade Média que, até hoje, forma os principais artesãos franceses num período de aprendizagem que chega a uma década. A marca da família Corthay se dá de outras maneiras: no logo em forma de estrela, uma lembrança dos passeios de barco com o pai, que se guiava pelos astros, e na presença no ateliê do irmão caçula, Christophe, que participa há quinze anos da sinfonia de marteladas. A ligação familiar vem também de uma das tias de Pierre, escultora de peças de couro. “Foi o trabalho dela que despertou minha paixão pelo material”, conta ele. Há ainda a infuência da avó. “Era uma dama de outro século, que dizia que na vida é preciso ter um bom chapéu e um bom par de calçados.” A moda das cabeças cobertas vai e vem, mas os acessórios para os pés, cujo faturamento aumenta quase duas vezes em relação ao das roupas, estão aí para provar que a vovó Corthay tinha razão. O neto atribui o sucesso do sapateiro ao fato de ser “um objeto no qual a mão do homem dirige tudo até o fm do processo”. No ateliê da Volney não se ouve maquinário algum; o silêncio monástico é quebrado

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apenas pelo toc-toc dos martelos. É algo que se dá com as bolsas, por exemplo, nos ateliês sob medida da Hermès, da Gucci ou da Louis Vuitton — com a diferença de que o calçado acompanha os passos do homem assim como a roupa o movimento do corpo. Por isso, a comparação com a alta-costura é inevitável. A fabricação de um par sob medida, que custa a partir de 4 400 euros, leva cerca de seis meses, da encomenda à entrega, passando pelo protótipo. São necessárias entre quarenta e sessenta horas apenas para realizar o “corpo” do sapato — essa conta não inclui as diferentes etapas de acabamento, como a coloração. Essa é, aliás, uma das especialidades de Pierre Corthay. Em cada uma das cinco lojas da marca (os demais endereços são de lojas de departamentos como Saks), o cliente encontra um colorista. Instalado diante de uma mesinha de madeira escura, ele vai ajudá-lo a escolher entre as infnitas combinações de cores e vernizes. Mas as possibilidades começam já na seleção do material, que inclui couros bovino, de crocodilo, píton, avestruz e até de baleia. Das formas ao forro e solado, passando pelas costuras e cadarço, o leque de opções é enorme, e tudo é possível. Ou melhor, quase

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O modelo Arca, clássico da Maison Corthay: além das texturas, ele brinca com a cor do couro, dos debruns e dos cadarços

tudo. “Um cliente queria fazer algo muito feio. Eu recusei!”, diz o artista, bem-humorado. Por dez anos, Corthay confeccionou apenas sob medida. Em 2000, lançou uma linha de prêt-àporter. Nela, modelos como o Arca, nome do barco do avô e um dos clássicos da casa, custam a partir de 1 000 euros. Não satisfeito, ele encontrou um meio-termo entre a alta-costura e o pronto para levar: no serviço Number 1, qualquer modelo da linha da loja pode ter o couro, a cor e o acabamento alterados pelo cliente. “É o mais perto que se pode chegar da experiência do sob medida”, afrma. A infuente jornalista de moda Suzy Menkes foi uma das descobridoras da marca. Mas o “toque de varinha de condão”, como defne Corthay, foi um misterioso cliente que, em 1992, pediu para ver seus calçados num hotel de Londres. “Achei estranho e fui mais por curiosidade”, lembra. “Era o sultão de Brunei, que encomendou 150 pares sob medida.” Dono do clube de golfe de Long Island, um dos mais seletivos do mundo, o executivo do mercado fnanceiro e colecionador Robert Rubin decidiu, em 2003, presentear seus cinquenta primeiros sócios com um Corthay sob medida. “A encomenda ajudou a fnanciar

a fábrica de prêt-à-porter”, explica o bottier, sobre o ateliê que fca em Neuilly-Plaisance, subúrbio parisiense. Os negócios ganharam impulso em 2010, quando o artesão se associou a Xavier de Royère, um gestor egresso do grupo gigante LVMH que trouxe investidores dispostos a apostar na virada da microempresa numa aventura internacional. Mesmo voltado ao público masculino, o ateliê já mediu pés femininos ilustres. Cruzaram a porta quase oculta da loja parisiense, ao lado do ateliê, Liliane Bettencourt, dona da LíOréal, e a atriz Cate Blanchett, cujo modelo Vendôme estava em plena pintura no momento da visita de VEJA LUXO. Quanto aos cavalheiros, a lista de nomes conhecidos é longa. Basta bisbilhotar no porão, onde fcam as formas de faia gravadas com o nome do proprietário: o tenista Rafael Nadal, o cantor Lionel Richie e os atores Adrien Brody e Clive Owen fazem parte do grupo. Mas muitos anônimos batem à porta em busca do que Corthay chama de “luxo íntimo”. É o caso de um motorista de ônibus que encomenda um novo par a cada ano. “É o troféu que ele se dá, mesmo que passe boa parte do tempo com os pés escondidos”, diz, com humor, o artesão. ß LUXO | DEZEMBRO 2013

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Modelo Arca com fvela e o Vendôme: opções do prêt-àporter que podem sair do clássico para o multicolorido

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inSpiraçÃO pErfUMada Com ingredientes raros e disponíveis em poucos endereços, os frascos da Collection privée, coleção de perfumes da dior, exalam o que há de novo no universo da grife SIMONE ESMANHOTTO

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Collection Privée, criação do perfumista François Demachy: “A composição de cada frasco equivale ao feitio de um vestido de alta-costura”, diz ele (980 reais, 250 ml, e 690 reais, 125 ml) fotos divulgação

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O EnDEREçO núMERO 1 Por uma década o fotógrafo Mark Shaw, da revista americana Life, acompanhou os bastidores dos desfiles realizados no primeiro endereço da Christian Dior, pioneiríssimo na Avenida Montaigne, em Paris. Recém-lançado, Dior Glamour: 1952-1962 (Rizzoli, 115 dólares) reúne mais de 200 fotos em preto e branco (à esq., o chapéu de pele, de 1954) e coloridas, muitas inéditas, dos anos derradeiros de Christian, que morreu em 1957, e do período do sucessor, Yves Saint Laurent. O número 30 segue como endereço da maison, e é uma homenagem a ele a fragrância Gris Montaigne, cujo ingrediente principal é o patchuli da Indonésia. Gris se refere à cor que Christian considerava a mais neutra e elegante para a alta-costura: o cinza.

AS ROSAS Entre as três estampas que colorem os lenços de seda da coleção resort 2014, Les Roses de Monsieur Dior revisita, em quatro tons aquarelados, as rosas, favoritas de Christian — um costureiro que dedicava todo o tempo livre à jardinagem e que acreditava que as mulheres, seguidas das flores, eram a criação mais divina. Em Ambre Nuit, as rosas damascenas da Turquia contrastam com o âmbar — “e me remetem ao século XVIII, um mundo espetacular amado por Dior”, diz François Demachy.

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A CINTURA DE PILÃO

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Em fevereiro de 1947, Christian Dior fez o primeiro desfile na Avenida Montaigne, marcado por saias rodadas e cinturas finas. Inspirada nas flores e simbolizada pelo tailleur Bar, look mais emblemático da coleção, a silhueta ampulheta aparece na lateral da bolsa DiorBar (a partir de 14 500 reais). O New Look 1947, batizado com o nome da coleção, “é um buquê de flores, com tuberosa indiana no coração”, diz Demachy.

A COSMOPOLITA Na mais recente coleção de alta-costura, o inverno 2013, o estilista Raf Simons embarcou, em grande parte das roupas, para a África e a Ásia, incorporando cores e estampas étnicas em vestidos sob medida. O velho Christian detestava voar, mas jamais deixou de viajar além da Avenida Montaigne para encontrar as clientes. Era fascinado pelo Oriente. Nos frascos de Leather Oud e Oud Ispahan, o perfumista utiliza a madeira de agar do Laos, a mais cara do mundo, e sândalo da Nova Caledônia.

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A SENSUALIDADE Há exatos sessenta anos, Dior lançou o primeiro batom vermelho da grife, o Rouge Dior — concentrado e de puro carmim. Às mais de 1 500 cores criadas desde 1953 somam-se agora vinte tons, entre bege, coral, rosa e escarlate (119 reais). O mais-mais é o Rouge 999, vermelho-sangue que traduz a ideia de sensualidade clássica de Dior. É o espírito do Patchouli Impérial, com patchuli e coentro russo, “elegante, intenso e atemporal”, diz Demachy.

O LEOPARDO Parisiense e casada com um diplomata romeno, Mitzah Bricard começou a dar expediente na Dior em 1946, como designer de estampas. A favorita? Leopardo. Aos poucos, virou marca registrada da grife. Em francês, griffe é sinônimo de marca — griffer significa deixar a marca das garras. Dois anéis celebram a grife de Mitzah: a versão ao lado e outra, de ouro branco, diamantes e esmalte preto. Mitzah é também o perfume à base de olíbano, uma resina de árvores da Somália. LUXO | DEZEMBRO 2013

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LOREM IPSUM

A ALFAIATARIA Duas fragrâncias mais masculinas se destacam na Collection Privée: Eau Noire, com lavanda de Luberon — região francesa onde Christian veraneava — e tomilho branco espanhol, e Vétiver, nome do principal ingrediente, colhido no Haiti. Ambas remetem ao trabalho da alfaiataria da grife — Raf Simons reinventa o blazer Bar, de 1947, a cada coleção. Na mais recente, para o verão 2014, ele é usado com calça cigarrete.

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A NOBREZA Dior adorava a personagem de Maria Antonieta, e a corte, incluindo Grace Kelly, adorava usar Dior — em 1995, Lady Di carregava uma bolsa como a da foto ao lado, que entrou para a história como Lady Dior. A nova versão aparece na cor cítrica, que remete ao aroma do Cologne Royale, que celebra a ligação da marca com a realeza com doses de menta mediterrânea.

O EXTRAORDINÁRIO Antes de ser costureiro, Dior foi galerista e expôs Salvador Dalí e Alberto Giacometti. No inverno de 2013, Raf Simons volta à ligação com as artes em busca de uma inspiração para a coleção — e encontra nos primeiros desenhos de Andy Warhol, sensíveis, gráficos e delicados, a assinatura única perfeita. O traço singular aparece nas botas de cetim bordadas (5 000 reais) e dita também a procura pelo incomum de Bois d’Argent, perfume com íris da Florença, que François Demachy define como “extraordinária”.

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A CASA DA INFÂNCIA

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Granville é o perfume que leva o nome da cidade natal de Christian Dior, na Normandia — na casa da família funciona o único museu dedicado a um costureiro. A mais recente exposição apresentou a ligação entre os vestidos de Christian e o impressionismo (a programação de 2014 permanece ainda um mistério). Demachy imaginou o aroma que o jardim exalava quando Dior abria as janelas pela manhã — num frescor a que se remete a proposta de maquiagem do verão 2014 da marca.

OS GRANDES BAILES Um vestido de baile justifica a existência de um costureiro — e é em homenagem às peças que ocupam o topo da pirâmide da moda que o Grand Bal, com jasmim de Grasse, a cidade icônica da perfumaria francesa, foi elaborado. O espírito dos grandes salões chega aos esmaltes. Numa caixinha preta reluzente (175 reais), vêm uma base e dois frasquinhos com purpurina — preta e dourada. De edição limitada, o produto é feito para as festas de adieu 2013. ß

O BOSQUE Das 25 peças da coleção de alta joalheria Cher Dior, apresentada em julho em Paris, os brincos (assimétricos) de esmeraldas, safiras e turmalinas Paraíba fazem o degradê entre azul e verde que lembra as visitas de Dior ao moinho de água, cercado pela floresta de Fontainebleau, no norte da França, na cidadezinha de Milly-la-Forêt. Esse é o nome também do perfume que leva absoluto de pinho e flor de laranjeira. 124

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JOIAS

TOUR VALIOSO m 2010, a designer de joias Silvia Furmanovich arrematou uma estatueta de marfim do século XIX em um leilão em Buenos Aires. Enviada para um escultor em Nápoles, na Itália, a peça deu origem a duas rosas de tamanho quase natural. De volta ao Brasil, uma pétala de marfim de cada botão foi substituída por outra, incrustada com rubis de Burma — a região de Mogok, na antiga Birmânia (agora Myanmar), produz as gemas chamadas de pigeon’s blood, consideradas as mais valiosas pelo tom de vermelho profundo. Fixada numa base sobre um bracelete de ouro com ponteiras de diamantes, cada peça recebeu uma pérola, a qual serve de ponto final para os três anos de produção, que resultaram em apenas duas pulseiras. Únicas, elas resumem a essência do trabalho cultivado nestes treze anos de sua joalheria, que se destaca não pelo brilho de um diamante do gênero troféu ou pelo trabalho rebuscado com o ouro, mas pelo fato de as peças equivalerem a uma obra de arte que pode ser usada. “Minha criação é uma colagem”, diz Silvia, que mantém um

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escritório no Itaim, em São Paulo. Além de itens antigos e raros (são poucos os profissionais que, como ela, aplicam pérolas selvagens, produzidas pelas ostras sem a interferência do homem, em joias confeccionadas sob encomenda), elementos como asas de besouro e conchas ganham vida e valor nas mãos dessa paulistana de 56 anos. “Conto histórias de lugares e épocas distantes.” É raro encontrar Silvia na cidade de São Paulo. Para construir cada história, ela roda o mundo atrás de técnicas e matéria-prima. De uma viagem à Tailândia surgiu uma das primeiras coleções. Nela, orquídeas frescas colhidas a mão são postas para secar e então viram uma espécie de fóssil, graças à aplicação de camadas e camadas de esmalte colorido. O artesanato asiático é fonte de inspiração constante: ela incorporou os nós feitos com um tipo de bambu finíssimo numa série de brincos coloridos e numa trama — de bambu, claro — tão vibrante quanto as turmalinas, as esmeraldas, os peridotos e os berilos que a acompanham. Dos mares da Indonésia, trouxe os corais-negros e a sabedoria para transformá-

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Mais do que design, metais e pedras preciosas, as peças criadas por Silvia Furmanovich reúnem elementos da natureza e fragmentos de culturas, épocas e lugares CLAUDIA GARCIA

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Pulseiras de rosas de marfim e rubis de Burma (à esq.): três anos de trabalho. Silvia na sala de casa, com objetos trazidos de viagens

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Mercado de jades, na Tailândia: além das pedras, são utilizados outros materiais da natureza, como flores e galhos

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los em pulseiras, anéis e brincos, que podem exibir diamantes e detalhes de ouro. Aquilo que a maioria classificaria como quinquilharia é objeto do garimpo — um pente antigo, por exemplo, estrela um bracelete com ouro e diamante (cerca de 72 000 reais). As relíquias, como se vê, não servem apenas de matéria-prima: elas são o elemento em torno do qual uma joia — ou uma coleção inteira — é criada. É o caso do netsuke de marfim, objeto com pequenas esculturas japonesas que, a partir do século XVII, eram penduradas numa das pontas das cordas amarradas na cintura, sobre os quimonos, para servir de contrapeso às caixinhas amarradas na ponta oposta, que continham tabaco e remédio, entre outros pertences. Silvia os utiliza em colares e anéis e numa infinidade de braceletes — eles aparecem em lugar de honra sobre bases de ouro, cravejadas de pedras ou contas de obsidiana ou pérolas. Designers clássicos costumam desmerecer o estilo da concorrente, principalmente pela utilização de antiguidades. Mas Silvia dá de ombros. “É melhor transformá-las em algo que será usado do que deixá-las esquecidas em alguma prateleira”, diz. Foi para se dedicar a peças que carregam mais do que 128

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Acima, bracelete de coral-negro, ouro, diamantes e folha de turquesa: uma das pedras preferidas da joalheira. Ao lado, anel de ouro, diamantes e netsuke de marfim do século XIX

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Estudo de criação de uma joia a partir de uma pérola selvagem, que lembra uma asa de borboleta. “Muitas vezes, a natureza se impõe”, diz Silvia

Nas oficinas de Ubud, em Bali: artesão mostra a técnica das filigranas, feitas com ouro 22 quilates ARQUIVO PESSOAL

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Brincos de prata com banho de ouro, zircônia, ametista e fios de bambu: técnica asiática dos nós

O escaravelho no centro da pulseira de ouro, diamante, safira, ônix, madrepérola, jaspe e turquesa: marca registrada da designer

metal e pedras que ela decidiu, em 1990, fechar as portas de sua empresa de bijuterias de luxo, fundada nos anos 1980. “A fabricação em série começou a me incomodar, eu queria fazer algo mais exclusivo.” Filha de ourives, Silvia cresceu observando o pai na oficina de casa. Dele, diz ter herdado o gosto e a habilidade para trabalhar com joias delicadas. Recentemente, descobriu ser bisneta e tataraneta de joalheiros italianos. “A família Longobardi, meu sobrenome de solteira, produzia peças para o Vaticano”, revela. A primeira criação foi uma borboleta de miçangas, hoje emoldurada e exibida em uma das paredes do escritório. “Só então fui fazer aulas de ourivesaria de bancada.” Em 2003, ela perdeu o marido e, com os filhos ainda adolescentes, se viu obrigada a encarar a atividade como um negócio profissional. Hoje, Silvia mantém duas lojas em São Paulo, uma no Shopping Cidade Jardim, outra no JK Iguatemi. “É o meu limite para manter a produção artesanal.” Dois filhos ajudam a tocar o escritório aqui; o outro, que vive em Nova York, cuida da divulgação da marca no exterior. Em fevereiro, ela recebeu a encomenda de uma coleção temática da loja de departamentos Bergdorf Goodman, em LUXO | DEZEMBRO 2013

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Nova York. Os compradores se encantaram justamente com o que torna a joia de Silvia peculiar ó a colagem. As primeiras 25 peças têm ares de Cleópatra. Entre as principais estão os braceletes com o escaravelho, símbolo da grife. “É meu talismã. Para os egípcios, simbolizava renascimento”, explica ela, que entrega agora a terceira leva de joias à Bergdorf. Na Europa, o local de venda é a butique Couturelab, em Londres. O site da loja destaca as pulseiras de miçangas de porcelana, que lembram os bordados de ponto cruz e marcam o início da carreira de Silvia como joalheira. A coleção mais recente não exigiu da designer muita milhagem. Ela viajou até Pedro II, no interior do Piauí, para acompanhar a extração de opalas. Na

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Silvia observa a extração de opalas com o uso de bateias nas minas de Pedro II, cidade do interior do Piauí: matéria-prima da nova coleção. Ao lado, fragmentos da gema para a produção de mosaicos e os brincos de ouro, diamantes e opala, com as cores do pôr do sol da cidade

cidade, de cerca de 37 000 habitantes, viu a produção de um artesanato com pedacinhos de opalas, um mosaico em tons de azul e verde que incorporou em modelos de brincos. Mas foi de uma pedra bruta guardada havia dez anos por um comerciante local que saíram as joias mais valiosas. Formada por microesferas de sílica que provocam a difração da luz ó um fenômeno equivalente ao da formação do arco-íris —, a opala cria uma infinidade de padronagens e de cores. Os romanos acreditavam que ela era a pedra mais valiosa, por conter as cores de todas as outras gemas. Pelo brilho, os beduínos pensavam que ela continha luz. Silvia enxerga o colorido do pôr do sol de Pedro II. Para ela, é isso que o mais novo par de brincos da marca revela. ß

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À esquerda, o Rolex Oyster de 1945 que pertenceu ao diretor e ator Charles Chaplin: confeccionado sob medida para canhotos, uma raridade leiloada pela Antiquorum de Nova York. Nesta página, o Patek Philippe Calatrava, cujo modelo novo sai mais barato no leilão

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Relógios modernos (até de 2013!) desbancam a procura pelos modelos centenários de bolso, de mesa e de parede nas casas de leilão ROSANE QUEIROZ

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Bulgari Serpenti: o ícone da joalheria italiana é procurado pela estética

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Rolex Cosmograph: vendido por cerca de 510 000 dólares na Christie’s

Patek Philippe com calendário perpétuo e fases da lua: modelo top na lista de compras

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m novo movimento vem ritmando as batidas do martelo nas grandes casas de leilão. Se antes os colecionadores de relógio buscavam peças excepcionais como o montre à tact ó modelo de bolsa, com ponteiro de diamantes exposto ao toque, feito pelo relojoeiro Abraham Louis-Breguet para a imperatriz Josefina Bonaparte (vendido pela Christie’s pelo equivalente a 2,3 milhões de reais em 2007) ó, hoje eles correm contra o tempo para garantir um exemplar de pulso, consagrado pela praticidade no punho dos soldados da I Guerra Mundial. “Registramos uma procura recorde por modelos portáteis técnica, estética e historicamente interessantes”, comenta Katharine Thomas, chefe do departamento de relógios da Sotheby’s, em Nova York. No que se refere à estética, entre os mais cobiçados estão os inúmeros estilos do Bulgari Serpenti, a “cobra” lançada pela joalheria italiana nos anos 40. Os itens de valor histórico são, principalmente, aqueles que revolucionaram a relojoaria. Um bom exemplo é o Altiplano, de caixa extrafina (5,25 milímetros), constante da linha de produção da Piaget, que fez o primeiro “magrinho” em 1957, com 2 milímetros de espessura. Mas os compradores podem, ainda, querer um modelo lançado em 2013. Embora Patek Philippe, Vacheron Constantin, Audemars Piguet, Rolex e Cartier sigam no topo das buscas, marcas contemporâneas como Greubel Forsey, de 2004, e F.P. Journe, de 1999, despertam interesse. “Uma vantagem do leilão é que nele se paga apenas o preço de mercado pela peça, e não o valor embutido do marketing, da embalagem ou da manutenção de uma loja”, diz a chefe da Sotheby’s. Os relógios recentes, de único dono, também são vistos co-

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mo um excelente negócio. Um Patek Philippe Calatrava novo em folha, vendido por mais de 25 000 dólares, pode sair por menos de 15 000 num leilão. Na Christieís, os vintage são os mais disputados, em lances que vão de menos de 1 000 a mais de 1 milhão de dólares (a maior procura, nesse caso, não é tanto por itens de épocas remotas como o século XVIII, mas principalmente por aqueles de meados dos anos 40 e 50 do século XX). “Os Rolex são mais desejáveis do que nunca”, diz John Reardon, vicepresidente do departamento de relógios da sede de Nova York. Em novembro, o endereço de Genebra leiloou Daytonas, em homenagem ao quinquagésimo aniversário da série. Um dos mais cobiçados, vendido em maio pela Antiquorum, casa de leilões suíça dedicada exclusivamente a relógios, é um exemplar da série Daytona Ouro Paul Newman, com mostrador verde-limão, lançado nos anos 60, tendo o ator como garoto-propaganda. O modelo bateu o recorde do valor pago por um da marca: chegou a 681 300 euros. “Há um frenesi por espécies indisponíveis no varejo”, reforça Saori Omura, diretor de relógios da Antiquorum nos Estados Unidos. É o caso do Rolex Oyster produzido em 1945 que

pertenceu ao diretor e ator Charles Chaplin (18891977). A particularidade da peça é ter sido confeccionada sob medida para canhotos, com a coroa no lado esquerdo. Acompanhado por cartas e fotografias, ele foi arrematado por 51 250 dólares, valor quatro vezes maior que o estimado. No patamar dos recordes, em 2012, a Sothebyís comercializou relógios da coleção do banqueiro americano Reginald H. Fullerton Jr. (1933-2012). A venda incluiu um Patek Philippe de ouro com repetidor de minutos, de 1895, adquirido por 3 milhões de euros ó a cifra mais exorbitante paga por um relógio de pulso na Sothebyís. Entre as peças modernas, o recorde vai para um Patek Philippe de titânio, negociado pela Antiquorum em setembro: 2,95 milhões de euros. Para o leilão de dezembro da Christieís Nova York, cintilam no catálogo um Rolex de aço com mostrador de diamantes (lance mínimo: 250 000 dólares) e um Patek Philippe com fundo de esmalte cloisonné, técnica em que tiras finas de metal são coladas na base do mostrador, formando o desenho a ser preenchido pelo esmalte. Nesse caso, uma paisagem tropical (200 000 dólares). Resta saber qual colecionador terá pulso suficiente para segurar o lance. ß

Audemars Piguet: entre as marcas mais cobiçadas

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Patek Philippe esmaltado: estrela do leilão de dezembro da Christie’s Nova York

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O spa do Mandarin Oriental: tratamentos à beira do Rio Chao Phraya

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refúgiOs de bangCOC Cinco spas para escapar do burburinho da cidade tailandesa e conhecer algumas das terapias mais relaxantes do planeta DANIEL NUNES GONÇALVES, DE BANGCOC

GEORGE APOSTOLIDIS

ecomendação número 1 de todo viajante que já esteve na Tailândia, dar-se o prazer de receber uma das massagens mais tradicionais do mundo é um luxo que não tem preço. Ou melhor, tem, sim: é muito barato. Com tratamentos custando a partir de 15 dólares a hora, compensa investir um bom tempo das férias para experimentar as diferentes técnicas nas quais os tailandeses são especialistas. E esqueça aquela imagem sexualizada distorcida que a massagem tailandesa ganhou no Brasil: aqui, é preciso estudar por ao menos 200 ho-

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ras em uma espécie de universidade de medicina tradicional para virar profissional. Na cosmopolita Bangcoc, uma metrópole que contrasta arranhacéus com o cheiro de incenso dos templos dedicados ao budismo ó religião de 89% da população ó, há ofertas de massagem a cada esquina. Na Khaosan Road, a rua mais turística, espreguiçadeiras ficam dispostas lado a lado ao ar livre só para relaxamentos rápidos nos pés. Mas é nos melhores spas da cidade que o visitante pode, por preços mais que justos, se aprofundar na arte tailandesa do bem-estar.

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uma das catorze suítes do spa que fca no hotel Mandarin oriental: todos os cosméticos utilizados são exclusivos do local

Cardápio variado à beira-rio The Oriental Spa at mandarin Oriental Inaugurado em 1993 num casarão tailandês de madeira diante do Rio Chao Phraya, The Oriental Spa foi o primeiro espaço localizado dentro de um hotel de Bangcoc: o Mandarin Oriental, um clássico da hotelaria mundial que existe desde 1876. Suas quinze suítes contam com sauna e banheiro privados, onde os clientes escolhem entre sete tipos de massagem e 26 tratamentos para o corpo e o rosto. Um deles foi desenvolvido para amenizar o desconforto do jet lag. Os terapeutas trabalham não apenas com técnicas tailandesas, mas também de países como Suécia e Indonésia, por 90 dólares a hora. Os cosméticos são produzidos especialmente para o spa (mandarinoriental.com).

MassageM na sala de aula Discretamente localizado dentro do Wat Pho, o templo que abriga o famoso Buda deitado, com 46 metros de extensão, o galpão da Watpo Thai Traditional Medical School tem uma sala de aula especial. Ali, sessenta alunos avançados da maior escola de medicina tradicional do país, que existe desde 1955, testam suas habilidades em massageados-cobaias. Pagando apenas 15 dólares por hora, o voluntário escolhe se quer sessão concentrada nos pés ou em todo o corpo ó nesse caso, optando entre com ervas ou sem. Um porém: trata-se de um espaço coletivo. Todo mundo ouve o ai-ai-ui-ui do colega sendo torcido no tatame ao lado (watpomassage.com).

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Watpo Thai Traditional medical School

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a terapia ayurvédica, com óleo, e os mimos comestíveis servidos em pétalas: delicadezas do rarinJinda Wellness spa

sem querer levantar da maca

com acompanhamento médico

rarinJinda Wellness Spa

S medical Clinic

Filial urbana do spa de um resort em Chiang Mai, no norte do país, o RarinJinda Wellness Spa de Bangcoc tem como endereÁo o Grande Centre Point Hotel e não fica devendo em nada ao irmão famoso. O cliente é recebido com chá e um escaldapés em um ambiente de meia-luz onde predominam tons de terra. Por 50 dólares a hora, pode ser esfregado ou “embalado” em máscaras com ervas. Parte da terapia ayurvédica, o filete de óleo despejado sobre a testa leva às nuvens. Ao término de qualquer terapia, não é preciso nem levantar para tomar uma ducha. No Vichy Shower, uma haste com uma fileira de chuveiros fica suspensa sobre o corpo na maca, para que os jatos relaxem a musculatura enquanto retiram o óleo (rarinjinda.com).

Oito em cada dez pacientes que buscam o premiado S Medical Clinic são tailandeses ó e pelo menos um dos outros dois vem do Japão. O motivo? Primeira clínica com foco em terapias anti-idade da Ásia, esse premiado misto de spa com clínica estética não tem como alvo os turistas. O cliente faz uma consulta com um dos médicos antes de passar às jacuzzis, saunas ou salas de laser ou lipo. Só então vai receber alguns dos 300 tratamentos que buscam mais o rejuvenescimento da pele e o emagrecimento do que o simples relaxamento proporcionado pelas massagens clássicas ó ainda que, é claro, as técnicas tailandesas se destaquem no menu (smedicalclinic.com).

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os ambientes minimalistas do shambhala: a hora da massagem custa cerca de 80 dólares

quase um santuário

MARTIN MORRELL/METROpOLITAN

COMO Shambhala Urban Escape

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Muita luz natural, poucos estímulos visuais e um ambiente de santuário. O minimalismo que o COMO Shambhala Urban Escape herdou da decoraÁão do hotel que o acolhe, o Metropolitan, só não se repete no cuidado com os detalhes: do sorriso das recepcionistas ao aroma dos produtos da grife própria, tudo soa impecável. Até sal e aÁúcar são esfregados na pele para desintoxicá-la, num tratamento de 80 dólares a hora. A especialidade são os cuidados com a face. E vale a pena sair com fome: fica no Metropolitan o Nahm, o terceiro melhor restaurante da Ásia pela lista dos cinquenta melhores da revista britânica Restaurant (comohotels.com/metropolitan). ß

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LIFTING O spa da Clinique La Prairie acaba de reabrir — e a reforma marca a nova fase do endereço que é considerado uma espécie de fonte da juventude (com base científica) RODRIGO ALBEA, DE MONTREUX

s margens do Lago Léman, as nuvens se dispersam e aos poucos revelam as primeiras neves cobrindo o topo dos Alpes. O sol ainda brilha e esquenta este mês de outubro. A uma hora de carro de Genebra, encravada nesse cenário idílico, a Clinique La Prairie — referência desde 1931 nos tratamentos para rejuvenescer, graças à terapia celular desenvolvida pelo médico Paul Niehans — acaba de passar por um lifting. Na reforma, que marca a renovação que se estenderá até o centro médico no ano que vem, o espaço inaugurado em 2005 ganhou mais do que novos equipamentos, áreas e decoração. Reaberto em outubro, o spa vende, acima de tudo, um antídoto contra um dos males dos tempos modernos: a falta de privacidade. “Nosso objetivo maior era proporcionar uma sensação de total intimidade”, diz Hanneke Stoop, diretora do spa desde 2011. “Antes, por exemplo, os vestiários masculino e feminino não eram completamente separados.” Para evitar que uma princesa árabe cruzasse com um bilionário chinês, a diretora propôs a criação de um lugar ainda mais reservado: uma cabine para duas pessoas, com sauna úmida e seca, jacuzzi e cama para tratamentos. Dentro da mesma filosofia, foram previstos dois espaços ao abrigo de olhares, no fundo do lounge: salas de espera e vitrine da marca Swiss Perfection,

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O prédio antigo, em estilo alpino, e a construção moderna (à esq.): referência na área de tratamentos antienvelhecimento

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A piscina dentro do espaço inaugurado em 2005: vista para os Alpes e para o lago. Abaixo, as saunas a vapor e seca e o vestiário masculino

desenvolvida pela clínica a partir de células de raízes da planta conhecida como Iris germanica, um antioxidante poderoso (lançados em 1978, os cosméticos com a marca La Prairie foram vendidos a outro laboratório seis anos depois). Na decoração, há tons vivos em alguns ambientes ó caso dos vestiários e das saunas. Mas o que predomina é o branco, suavizado pela iluminação de LEDs com cores apaziguantes. Até a sauna a vapor próxima à piscina se transformou num local totalmente imaculado. “É uma escolha de acordo com o nosso conceito: somos um spa medicinal”, diz Hanneke Stoop. O spa fica no mesmo prédio de arquitetura pós-modernista da clínica onde se realizam desde terapias para menopausa até cirurgias estéticas ó e, não raro, os tratamentos de bem-estar são

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coadjuvantes das intervenções médicas. “Todos os procedimentos recebem o aval da minha equipe”, confirma Adrien Heini, diretor médico do complexo. O cardápio, que vai da drenagem linfática à ioga, passando por uma massagem relaxante, é pensado de acordo com o desejo (ou a necessidade) do hóspede: varia de uma simples perda de peso a um tratamento pós-operatório. À lista clássica acabam de ser incorporadas uma cabine de fototerapia para tratar desde pele seca até dores musculares, máquinas de oxigenação anticelulite e para tônus da pele e a técnica Thermage antienvelhecimento, que utiliza radiofrequência. Nos chuveiros, a frescura: uma bruma mentolada é uma nova opção, para tonificar. Com a mudança, vem também uma revisão nos horários de funcionamento. A partir de janeiro,

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A cabine para duas pessoas: saunas, banheira de hidromassagem e total privacidade. Abaixo, a sala de uma das suítes com 78 metros quadrados

pacotes diários estarão disponíveis (entre os serviços, haverá manicure e pedicure). Por fim, somase às novidades o Café Spa, um bar localizado em frente ao lago e às montanhas. Aqui, a nutricionista Laurence Grosjean elaborou, com o chef JeanBernard Muraro — o homem que tornou leve a tradicional culinária francesa no restaurante da Clinique —, uma carta com poucas opções equilibradas, saborosas e coloridas, na qual não se fala de calorias, e sim do estilo dos sucos e pratos: desintoxicante, antioxidante, relaxante. Não foram esquecidas as sobremesas, que incluem um delicioso e finíssimo carpaccio de abacaxi, marinado no mel e especiarias, e decorado com (poucas) frutas vermelhas. “Sabemos que as restrições provocam sobretudo problemas”, explica Grosjean. E na La Prairie a ideia é evitar as rugas a qualquer preço. ß Clinique La Prairie. 1815, Montreux, ☎ 41 (21) 989-3311, laprairie.ch. De 860 (fim de semana) a 27 400 dólares (uma semana, com check-up médico, pensão completa e a terapia de “revitalização”)

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O antes e o depois nos rascunhos de Jacobs para os produtos: pedidos anotados a mão. Aqui, ele quer pontas arredondadas para o frasco do esmalte (18 dólares), “como um sorriso”, e uma tampa brilhante preta com friso prateado

FORA DO PADRÃO Com status de Midas na indústria da moda, o designer americano Marc Jacobs cria linha unissex de maquiagem para consumidores que pedem grife à flor da pele TATIANA CESSO

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“Gostaria que nossa paleta tivesse um fator ‘uau’. Penso que ‘7’ é o número certo! Muita variedade e ainda assim uma imagem concisa. Se todo mundo faz 5 ou 6 cores de sombra, faremos 7!”, diz ele, sobre o estojo com quatro versões (59 dólares)

“Como seria um novo jeito de aplicar um corretivo?”, pergunta Jacobs à equipe sobre a caneta (39 dólares). “Talvez uma ponta incomum, como esta? Um material que é refrescante no toque — acalma olhos cansados!”

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M Esmaltes, lápis para o contorno dos olhos, batons e pó iluminador: linha colorida, com preços entre 18 e 78 dólares

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arc Jacobs, ao longo de dezess e i s anos à frente da Louis Vuitton, quebrou inúmeras convenções. Adotou saia como parte do figurino. Posou nu para campanhas publicitárias. Compartilhou fotos íntimas nas redes sociais. Se assumisse a forma de um batom, certamente ele seria o mais provocante de todos: um vermelho-sangue. Pois na primeira linha de maquiagem que leva a sua assinatura ó Marc Jacobs Beauty ó, vendida desde agosto na Sephora dos Estados Unidos e do Canadá e com desembarque em maio nos endereços da rede no Brasil, o estilista mostra a cara em dezessete cores, do laranja ao roxo. “Gosto de tons que se aproximam dos conhecidos, mas com um toque fora do padrão. Fujo das escolhas preguiçosas”, diz. A cartela de cores “despudoradas” tinge também os esmaltes, sombras e lápis, num total de 122 itens (de 18 a 78 dólares). “Essa é uma linha sensual, glamourosa e moderna, sem aquele ar frio de produto clínico”, define Jacobs. Ele é o primeiro nome do grupo LVMH, por ora ainda dono da Marc Jacobs e da Sephora, a criar uma linha exclusiva para o gigante dos cosméticos. Com a consultoria da maquiadora inglesa Diane Kendal, Jacobs integrou ingredientes de ponta da indústria. Os batons são feitos de manteiga de gardênia do Taiti e extrato de uvas de Champagne, com propriedades hidratantes. As bases, corretivos e pós compactos contam com os avanços da Sephora no desenvolvimento de complexos antienvelhecimento. Em menos de um mês, o lápis de olho Gel Crayon emplacou na lista de best-sellers como o preto mais intenso e brilhante da categoria. É o espírito também da embalagem, inspirada na peça de mobiliário favorita de Jacobs, uma mesa laqueada art déco que ele tem no apartamento em Manhattan. O designer não restringe a linha às mulheres. Balm, rímel incolor e corretivo levam selo unissex, mas Jacobs encoraja os pares a ir além. “Homens e mulheres podem usar de tudo. Para mim, a beleza é uma questão de confiança, algo que surpreende pelo senso de estilo.” ß

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A for do cardo (C. cardunculus spp) ĂŠ um dos ingredientes do exclusivo queijo Serra da Estrela: as enzimas da planta talham o leite

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O qUEijO

dO cardO O Serra da Estrela é uma das iguarias mais antigas e amadas de Portugal. acompanhamos o nascimento de um, desde a ordenha de uma ovelha até a maturação ADRIANA MARMO, DE SEIA FOTOS JAIR LANES

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ilomena, de 52 anos, pertence à terceira geração de mulheres queijeiras da família Cardoso. Há quatro décadas sua rotina é a mesma que seguiram a avó, a mãe e as tias ó sim, ela faz isso desde os 12 anos. Seu dia começa às 6h30, com os afazeres domésticos. Uma hora e meia depois, Filomena já está com o antebraço mergulhado no balde de leite que acabou de ser ordenhado por Antonio, seu marido. Ao entardecer, ela terá produzido três Serra da Estrela, os queijos que levam o nome da região onde vive e um dos artigos mais famosos de Portugal. O que distingue a delicada iguaria de massa mole, sabor forte e que pede a faca apenas para que se abra uma tampa na casca rígida (a surpreendente cremosidade deve ser saboreada em colheradas) dos outros queijos similares é a característica muito peculiar de produção. A for de cardo, cujas pétalas tingem de roxo a paisagem entre os meses de junho e agosto, é utilizada para talhar o leite das ovelhas, criadas

nos 1 993 metros de altitude da Serra da Estrela, o ponto mais elevado e frio do país. O leite é trabalhado ainda cru, no máximo duas horas após ser ordenhado. E precisa, obrigatoriamente, sair das pequenas tetas das ovelhas das raças churra mondegueira e bordaleira serra da estrela. Elas são conhecidas não pela produtividade (cada uma dá pouco mais de meio litro por dia, e 1 quilo de queijo pede 5 litros de leite), mas sim pelo alto teor de gordura do seu leite. Outro diferencial: o rebanho só come o capim que nasce na região. “Nada de rações, hormônios ou qualquer tipo de aditivo químico na alimentação dos animais ou na confecção do queijo”, explica José Carlos Pessoa, o importador da iguaria no Brasil e criador na região. Mas é nas mãos frias de mulheres como Filomena, responsáveis por transformar o leite no queijo que vem sempre envolto em uma faixa de tecido, que mora o maior segredo desse produto. É sabido que, quanto mais baixas as temperaturas, melhor a transformação da coalhada em massa. Elas recebem uma tina de leite já coagula-

A mistura de cardo com sal: o primeiro passo da “queijação”

A queijaria Cardoso é uma das 70 que produzem a especialidade: o mesmo método de séculos atrás 158

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Na Serra da Estrela, cabe às mulheres, como Filomena Cardoso, o ofício de fazer os queijos

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A tarefa masculina é a lida com os animais, que inclui partos, passeios em busca de pastagens e ordenha: aqui, os bebês recém-nascidos com Antonio Cardoso

do pela mistura feita de cardo com sal e transformam os coágulos em uma massa lisa com as próprias mãos. Depois disso, colocam-na em uma tela fníssima de um algodão alvo e, com vontade, começam uma sequência de amassa, espreme, amassa e espreme, até que boa parte do soro seja drenada. Mais tarde, o excesso de líquido que saiu do queijo vai para o fogo e vira requeijão, que na Serra é comido com doce de abóbora. “O soro que sobra do requeijão é usado para alimentar os porcos. Aqui nada se perde”, conta Filomena. Após esse processo, que pede braços fortes, o queijo vai para a fôrma e repousa por 24 horas sob o peso de uma pedra de granito, o que o fará perder ainda mais água. No dia seguinte, toma um banho de salmoura para que se forme a casca 160

rígida. Ele é então lavado, envolvido na tira de algodão e, fnalmente, destinado à maturação. Cerca de 45 dias depois, o produto está pronto para o consumo em sua forma “amanteigada”, ou seja, cremoso por dentro, com sabor levemente acidulado e um toque suave de amargor. A partir de noventa dias de descanso, o queijo é vendido como “velho” — fca com a massa dura e, aí sim, pede a faca para que seja degustado em fatias. O sabor é mais forte e picante que o da versão anterior. Na Serra da Estrela, o quilo custa 15 euros. Por aqui, esse valor pode chegar a 315 reais. Os homens não fcam de fora do processo. A eles cabe a lida com os animais, que, além das duas ordenhas diárias, compreende o passeio com as ovelhas. Ou seja, andar pelas belas paisagens da

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O pastor-da-serra é típico da região: ele mantém o rebanho unido

região em busca de bons pastos. Nessa rotina, o marido de Filomena, Antonio, tem sempre ao seu lado Nero, cão pastor e amigo fel. “Este cachorro é da raça pastor-da-Serra, que só existe aqui”, afrma. “Ele me ajuda a manter o rebanho unido e me faz companhia.” A produção do queijo vai de outubro a maio. Nos meses mais quentes, é tempo de cuidar dos pastos para garantir alimentação no inverno. Nesse período as senhoras queijeiras e as ovelhas descansam. O trabalho, na maioria das 70 queijarias artesanais que existem na região, ainda é feito em família e com métodos muito parecidos com os de séculos atrás. Serra da Estrela, entretanto, abriga fábricas que têm produção em escala industrial. O queijo mais famoso do local é consumido largamente por seus habitantes. Está presente 162

nos lares, bares e restaurantes do pedaço, onde é oferecido como entrada ou em combinação com doce de abóbora na sobremesa. Na casa de Filomena não é diferente. Mas a iguaria que ela mesma produz é degustada de outra maneira: ao lado de um cálice de vinho do Porto e espalmado sobre uma fatia de pão. “O gosto adocicado da bebida fca perfeito com o sabor forte do queijo”, explica ela, que tenta ao menos uma vez por semana fazer essa boa mistura antes de ir descansar para, no dia seguinte, começar a escrever mais um capítulo de uma história que possivelmente não será continuada pelas duas flhas. “Elas moram na Áustria e trabalham em uma sorveteria. Quero que elas tenham a oportunidade de decidir sobre o próprio futuro.” ß

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Cardoso volta para casa no fm de um dia de pasto: os carros sĂŁo obrigados a dar passagem Ă s ovelhas

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rOMa dE pUra gULa a cidade tem quinze restaurantes estrelados que a tornam obrigatória na agenda de todo bom garfo ARNALDO LORENÇATO, DE ROMA

Salão do La Pergola: numa das colinas da capital italiana, com vista para o Vaticano 166 LUXO | MES 2013

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Tonno tonnato: clássico reinterpretado

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Heinz Beck: o imperador de Roma é um chef alemão

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branco, gelatina e pó frio do mesmo peixe ó, a vontade é voltar para provar o cardápio inteiro. Também conta pontos a favor do La Pergola a adega onde descansam mais de 53 000 garrafas de todas as faixas de preÁo, assim como a seleÁão de 29 tipos de água mineral apresentados com elegância pela brigada exemplar sob o comando do maître-gerente Umberto Giraudo. Aberto apenas para o jantar, o La Pergola conserva o estilo à moda antiga: só permite a entrada de cavalheiros de blazer. Se Beck é rei, ele não se encontra mais sozinho na posiÁão de soberano. Vários outros cozinheiros estão em vertiginosa ascensão, renovando o panorama culinário, como pude conferir em duas recentes viagens, a última delas em setembro, quando estive lá para dar uma palestra, a convite da Embaixada Brasileira, sobre a influência dos oriundi na culinária brasileira. A cidade virou um poderoso ímã, não apenas pelos inescapáveis Coliseu, Fórum, Fontana di Trevi, Piazza navona e outros sítios históricos, mas também pelas singularidades da boa mesa. Visitar Roma é regalar-se com almoÁos e jantares inesquecíveis, seja pelo frescor dos ingredientes, pelo charmoso toque de criatividade usado nas receitas ou pela delicadeza quase divina. no Michelin estão listados quinze restaurantes estrelados. no coraÁão do Centro Histórico, o Il Pagliaccio tem como maestro Anthony Genovese. Filho de calabreses nascido na Côte díAzur, o chef, de 45 anos, deu os primeiros passos culinários na escola de hotelaria de nice. Pôs sua experiência franco-italiana na mala e foi trabalhar na Ásia. Sempre falando pausadamente, ele conta que na Tailândia e na Malásia aprendeu tudo sobre especiarias, enquanto sua passagem pelo Japão o ensinou a respeitar as matérias-primas. Genovese liquidifica suas variadas influências e as transforma em receitas de técnica notável. no cardápio, expressa essa marca a vieira na água de alcachofra com alga kombu, essencial na cozinha japonesa. Em outra, digamos, mais clássica, encontra-se o tortelli verde de ervas com manteiga, anchova e

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enhuma culinária ocidental foi tão assimilada nem influenciou tantas outras mundo afora quanto a italiana. Uma de suas receitas mais difundidas, o macarrão ao molho de tomate, tornou-se um prato universal. Era de esperar, então, que Roma fosse não só a capital da Itália, mas o epicentro da alta cozinha do país peninsular, certo? não é bem assim. Embora se coma muito bem na Cidade Eterna, ela nunca foi reconhecida pelo refinamento encontrado em Paris, nem pela vanguarda que projetou Barcelona, nem pelo recente prestígio alcanÁado por Londres. Métrica para avaliar o desempenho da boa mesa, o Guia Michelin mantém nos últimos oito anos um único restaurante cotado com suas três estrelas máximas na capital monumental. É o La Pergola, que fica no interior do luxuoso hotel Rome Cavalieri ó Waldorf Astoria Hotels & Resorts e é dirigido pelo chef Heinz Beck. Ungido imperador da cozinha romana, Beck surpreende por não ser nativo, mas alemão nascido na região de Tübingen ó o “cuoco tedescoî, como cansei de ouvir por lá. Conta pontos para ele o fato de estar casado com Teresa, uma siciliana que o “naturalizouî. Sem perder a mão nessa quase uma década de reinado, o cozinheiro continua a impressionar quem faz reserva no restaurante da cobertura do albergue de luxo, de onde se desfruta uma vista estonteante. O chef segue recriando clássicos italianos, mas mantém o que eles têm de melhor: intensidade de sabor e simplicidade. Moderno na medida, seu prato de resistência hoje parece simples, mas representou uma pequena revoluÁão ao levar o molho para o interior do macarrão. Trata-se do fagottelli la pergola, um ravióli recheado de carbonara. Cada unidade deve ser provada inteira para que o fino envelope se rompa com uma única mordida e provoque uma explosão capaz de envolver todo o paladar. Depois de degustar o menu em nove etapas por 210 euros, com sugestões como o tonno tonnato ó atum marinado em vinagre balsâmico

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Tortelli verde, colorido por ervas: com anchova e favas

Anthony Genovese: no comando LUXO | MES 2013 do Il 169 Pagliaccio

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LeitĂŁo de leite: carne tenra com espuma de aliche, purĂŞ de batata e espinafre

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Riccardo Di Giacinto: à frente do ótimo All’Oro

favas. Além de sugestões à la carte, o chef faz menus especiais. A degustação pode ser em oito (130 euros) ou dez etapas (150 euros). Mas vá sem pressa, já que o serviço é demorado. Nascido no coração do Parioli, charmoso bairro residencial que teve entre outros moradores o pintor, escultor e escritor De Chirico (1888-1978), o AllíOro tem novo endereço desde o fim do ano passado. Transferiu-se para o térreo do hotel The First Luxury Art, de design high-tech. Fica a poucos passos da Piazza del Popolo, uma região cercada por restaurantes turísticos como o manjado Dal Bolognese. No AllíOro, a Itália aparece revista pelos olhos atentos de Riccardo Di Giacinto, um nome a guardar. Embora tenha conquistado sua primeira estrela Michelin há dois anos, o chef vai longe. Não é difícil afirmar isso após provar o menu degustação com quatro (78 euros) ou seis receitas (95 euros) ó não raro, o cozinheiro manda um prato extra de cortesia. É memorável da primeira à ultima garfada, esta de uma sobremesa incrível. Esqueça todos os tiramisus que você provou. O de Di Giacinto tem o formato de uma esfera de merengue tão branca quanto o salão do restaurante. Basta quebrá-la para encontrar o creme de mascarpone. Até chegar a esse doce, percorrem-se iguarias como o capelete recheado de brodo clássico e decorado com pistilos

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de açafrão, a codorna com salame calabrês beeem picante e o leitãozinho de leite com purê de batata, espuma de aliche, espinafre e redução de vinho. Se você pensa que as sugestões de restaurante estrelado acabam aqui, ponha ainda na agenda o Glass Hostaria, comandado por uma mulher, Cristina Bowerman, que faz a salada de lagosta temperada com a bebida indiana de iogurte lassi; o Metamorfosi, do chef colombiano Roy Caceres, autor do figo recheado de foie gras com brioche integral; o Imàgo allíHassler, sob as ordens de Francesco Apedra e seu ilusionista ovo ao zabaione com granita de orchata e crumble de café... Um último conselho: reserve bastante apetite para desfrutar essa Roma pura gula! ■ All’Oro. Via del Vantaggio, 14, ☎ 39 (06) 9799-6907 Il Pagliaccio. Via dei Banchi Vecchi, 129, ☎ 39 (06) 6880-9595 La Pergola. Via Alberto Cadlolo, 101 (Rome Cavalieri – Waldorf Astoria Hotels & Resorts), ☎ 39 (06) 35091 Glass Hostaria. Vicolo Dè Cinque, 58, ☎ 39 (06) 5833-5903 Imàgo all’Hassler. Piazza Trinità dei Monti, 6, ☎ 39 (06) 6993-4726 Metamorfosi. Via Giovanni Antonelli, 30/32, ☎ 39 (06) 8076839

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GOURMET

JOCHEM WIJNANDS/KEYSTONE

BENDITA BEBIDA Uma única fé move peregrinos pelos 900 quilômetros do norte ao sul da Bélgica: provar a melhor cerveja, feita pelos monges trapistas em nome da caridade ADRIANA MARMO, DAS REGIÕES DE FLANDRES E VALÔNIA, NA BÉLGICA FOTOS LOÏC PARMENTIER

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Orval (6,9%): o único rótulo do mosteiro Nossa Senhora de Orval, em Villers-devant-Orval

O peixe é o símbolo da bebida: no rótulo e em vários detalhes do mosteiro (à dir.)

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S

ão 17h40 e o sol já se pôs. As badaladas do sino do mosteiro de San Sisto, em Vleteren, a 140 quilômetros de Bruxelas, anunciam que as vésperas, a penúltima das seis orações diárias da Liturgia das Horas, estão para começar. A celebração é uma das práticas mais importantes da ordem trapista, congregação do século XVII que prega a austeridade, o silêncio e a caridade. Dentro da igreja, vinte monges se dividem em duas flas, de lado para o altar. O ambiente é iluminado por dois feixes de luz: um direcionado à cruz, o único símbolo dentro da abadia, e o outro ao púlpito, de onde um dos religiosos começará a rezar o salmo em famengo assim que os féis se acomodarem. No restaurante In de Vrede (em paz, na língua local), o som agudo do sino faz seis católicos levantar da mesa e seguir em direção à igreja, a pouco mais de 100 metros. Os demais clientes permanecem féis — mas aos copos cheios de uma bebi-

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Mosteiro de Chimay: estrutura para abrigar visitantes. Abaixo, o restaurante, que oferece quatro tipos de cerveja

Um monge observa a fermentação da cultuada Westvleteren: à venda em apenas um endereço no planeta

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da espumante que, sob o colarinho branco, varia entre o amarelo e o âmbar. Em vinte minutos, ao fm da oração, os religiosos seguem para o refeitório e de lá para as celas, encerrando mais um dia de trabalho. Os seis féis voltam ao In de Vrede para degustar aquela que é considerada por apreciadores (ela está, há dois anos, em primeiro lugar no ranking do site RateBeer) e por críticos (entre eles o mítico Michael Jackson, homônimo do pop star americano) a melhor cerveja: a Westvleteren 12, produzida há um século e meio pelos monges da mesma ordem. O restaurante é o único lugar no planeta onde se vende a bebida. As garrafas, identifcadas pelos números 6, 8 e 12 nas tampas, custam o equivalente a 54 reais. San Sisto é um dos seis mosteiros na Bélgica a fabricar a cerveja trapista. A atividade, ainda que pareça pagã, segue o lema beneditino ora et labora, ou reze e trabalhe. O trabalho, no caso desses devotos, signifca produzir a bebida, que, junto com queijo, pães e biscoitos, é comercializada com o objetivo de levantar fundos para a caridade ó os monges doam dinheiro anonimamente a instituições. A venda confnada aos arredores dos mosteiros e a produção pequena tornam difícil de encontrar mesmo as garrafas exportadas ó bons de copo costumam peregrinar pela Bélgica em busca da cerveja abençoada. A rota trapista compreende pouco mais de 900 quilômetros de norte a sul do país. Para ser mapeado nela é preciso obedecer às

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regras da Associação Trapista Internacional, que funciona como uma espécie de selo de garantia de procedência. Tanto que dos 171 mosteiros trapistas ao redor do mundo, apenas oito se enquadram nos critérios estabelecidos em 1962. O austríaco Engelszell, produtor da Gregorius, foi incorporado à lista em agosto e se junta ao holandês La Trappe, o primeiro da ordem, entre os únicos não belgas. Um passeio pelos mosteiros garante encontros celestiais com bebidas raras, como a Westvleteren ou tipos elaborados especialmente para o consumo dos monges, com teor alcoólico menor e sabor suave. Mas as paisagens, percorridas invariavelmente de carro (considerando que o porta-malas deve fcar recheado de engradados), entre as estradas nebulosas, pontuadas por construções medievais e mesas fartas, fazem desta uma viagem gastronômica dos deuses. Todo mosteiro tem um bar encostado à igreja. É chegar e sentar-se para degustar a estrela local. Em algum momento, o tal sino avisará o horário da oração, e quem é de fé pode rezar com os monges. Exceto na Nossa Senhora do Sagrado Coração de Westmalle, em Malle, a 73 quilômetros de Bruxelas, onde os monges

nem disfarçam sua preferência de manter os turistas a distância do local sagrado. Mas vale a viagem tanto pela encorpada Dubbel, com 7%, e pela clara Tripel, com 9,5% de teor alcoólico, quanto pelos campos de lúpulo ao redor da abadia. O mosteiro Nossa Senhora de Orval, em Villers-devant-Orval, a 190 quilômetros de Bruxelas, produtor da Orval, é um dos pontos altos. É o único a produzir um só tipo de cerveja, e a construção, ladeada por campos de cevada, é a mais bela de todas. De lá, podese seguir para Chimay, a 120 quilômetros. A mais popular entre as trapistas possui um complexo para receber turistas, incluindo um hotel. No restaurante, são servidos clássicos belgas como endívias gratinadas e batatas fritas, além dos muitos queijos feitos ali mesmo. Em Rochefort, a 120 quilômetros de Bruxelas, o bar vende apenas os três tipos de cerveja feitos no local. Entre elas, uma das mais fortes entre as trapistas, a Rochefort 10, com elevados 11,3% de álcool. Degustar uma dose e entrar na bela Igreja de Nossa Senhora de Saint-Rémy para ouvir as orações, ditas em francês, pode ser um belo atalho para a tão desejada iluminação. ß

DIVULGAçÃO

Os trapistas dividem o altar: entre a liturgia, a produção e a degustação de cervejas

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as boas compras

santas ceias SIMONE ESMANHOTTO FOTOS FERNANDA TRICOLI

CASA DANIELA RICCI MODA RENATO SOUZA E MAGDA PANDOLFI BELEZA BRUNO MIRANDA E JAYME VASCONCELLOS (CAPA MGT)

Assistente de produção BeAtriz LirAnço/Assistentes de fotogrAfiA MiLenA Mendes e renAn MArtins/ ModeLos AMAndA Boeno e dougLAs reCH (WAY ModeLs)/AgrAdeCiMentos à BotHAniCA pAuListA (11) 3037-7401

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JACQUARD, coleção Tropical Heat, do designer Greyson Kirby, R$ 425,00 o metro, Holly Hunt, % (11) 3063-3189. CAMURÇA, usada como toalha, R$ 147,00 o metro, JRJ Tecidos, % (11) 3849-3629. BAIXELA, coleção Cerisier d’Or, do estilista Kenzo Takada, R$ 10 152,00 (24 peças), Royal Limoges na Grifes & Design, % (11) 3062-1251. VESTIDO de crepe, R$ 19 600,00, Fausto Puglisi para Mares, % (11) 3181-4142. BOLSA de couro, R$ 4 890,00, Emilio Pucci, % (11) 3552-2050.

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JACQUARD, coleção Tropical Heat, do designer Greyson Kirby, R$ 425,00 o metro, Holly Hunt, % (11) 3063-3189. VELUDO, usado como toalha, R$ 147,50 o metro, JRJ Tecidos, % (11) 3849-3629. LOUÇA, coleção Balcon du Guadalquivir, R$ 1 850,00 (saladeira) e R$ 1 580,00 (prato de bolo), Hermès, % (11) 3552-4500; R$ 1 120,00 (açucareiro) e R$ 14 100,00 (prato raso e de sobremesa, inclusos na baixela de 24 peças), Hermès na Presentes Mickey, % (11) 3088-0577.

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COPOS de vidro, R$ 547,00 (18 peças), Presentes Mickey, % (11) 3088-0577. PALETÓ de algodão, R$ 1 998,00, e CAMISA de tricoline, R$ 618,00, Hugo Boss, % (11) 3152-6104. RELÓGIO de aço e pulseira de crocodilo, R$ 66 000,00, Jaeger LeCoultre, % (11) 3152-6640. VESTIDO de lã, R$ 6 640,00, Bottega Veneta, % (11) 5904-6670. BRINCOS, R$ 16 6 800,00, ANEL, R$ 34 120,00, e PULSEIRA, todos de diamantes e esmeraldas, Talento Joias, % (11) 3081-9000.

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VELUDO, usado como papel de parede e como toalha, R$ 147,50 o metro, JRJ Tecidos, % (11) 3849-3629. TAÇA de cristal e friso de ouro fosco, R$ 89,00, Galerie Deco, % (11) 3081-8105. BAIXELA de opalina: R$ 220,00 e R$ 450,00 (boleiras pequena e grande), R$ 195,00 (bowl), R$ 315,00 (jogo para café com três peças), Tania Bulhões, % (11) 3087-0090. FAQUEIRO com banho de ouro rosa, R$ 4 600,00, Tania Bulhões, % (11) 3087-0090. PRATOS, coleção Filet Prata Indienne, R$ 198,00 (raso) e R$ 178,00 (sobremesa), Daslu Casa, % (11) 3552-3033. CUPCAKES decorados com pasta americana

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e ouro, sob encomenda, R$ 12,00 (cada um), Comidocas, % (11) 2307-8129. VESTIDO de lã e seda, R$ 6 230,00, Prada, % (11) 3552-1030. ANÉIS de platina, R$ 152 000,00 (diamantes brancos e amarelo) e R$ 29 345,00 (diamantes e água-marinha), e COLAR de ouro rosa e diamantes, R$ 70 000,00, Tiffany & Co., % (11) 3815-7000. BRINCOS de diamantes, R$ 33 160,00, e PULSEIRA de esmeraldas, R$ 91 580,00, Talento Joias, % (11) 3081-9000. MINAUDIÈRE de pedras, R$ 1 250,00, Isla, % (31) 3291-6772.

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TAPEÇARIA de lã, O Grande Pássaro Solitário, de Genaro Antônio Dantas de Carvalho, R$ 29 000,00, Passado Composto Século XX, % (11) 3088-9128. BAIXELA, R$ 8 072,00 (42 peças), COPOS de cristal, Strauss, R$ 3 520,00 (30 peças), CASTIÇAL de estanho, R$ 181,00, e FAQUEIRO de prata, modelo Malmaison, R$ 11 000,00 (48 peças), Pavillon Christofe, tudo Presentes Mickey, % (11) 3088-0577. VINHOS tinto Sassicaia 2009, R$ 1 392,00,

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Tenuta San Guido, Toscana, e branco Tokaji Aszú 5 Puttonyos 2000, R$ 290,00, ambos Maison des Caves, % (11) 3891-1920. VESTIDO de viscose, R$ 7 050,00, Fendi, % (11) 4873-5592. COLAR de acrílico e metal, R$ 1 100,00, e GARGANTILHA de metal (no prato), R$ 1 200,00, Paula Marques na Esencial, % (11) 3168-5601. ANEL de ouro, quartzo e diamantes negros, R$ 5 800,00, Ara Vartanian, % (11) 3044-0133.

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PAPEL DE PAREDE, coleção Regente, Zambaiti Parati, R$ 360,00 (o rolo com 10 metros), Bucalo Papéis de Parede, % (11) 3062-2882. CAMURÇA, usada como toalha, R$ 147,00 o metro, JRJ Tecidos, % (11) 3849-3629. ÂNFORA de porcelana, R$ 538,00, Achille Bloch na Daslu Casa, % (11) 3152-6607. COPOS: de licor, R$ 959,00 (30 peças), Presentes Mickey, % (11) 3088-0577; de vinho tinto, R$ 147,00, e vinho branco, R$ 68,00, Tania Bulhões, % (11) 3087-0090.

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BAIXELA, R$ 43 000,00 (55 peças), Rosenthal, e FAQUEIRO de prata, modelo Marly, R$ 11 000,00, Pavillon Christofe, ambos na Presentes Mickey, % (11) 3088-0577. MACACÃO de seda e renda, R$ 8 280, 00, Gucci, % (11) 3097-8655. BRINCOS de ônix e diamantes, R$ 23 900,00, e ANEL de diamantes, R$ 17 000,00, Jack Vartanian, % (11) 3061-5738. PERFUME foral sólido, estojo com edição limitada, R$ 1 046,00, Bottega Veneta, % (11) 3047-5757.

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LONA, coleção Olhar o Brasil, R$ 226,70 o metro, e CAMURÇA, Farm, R$ 130,00 o metro, ambas JRJ Tecidos, % (11) 3849-3629. LOUÇAS: estampa de abacaxi, R$ 89,00 (3 peças); de bananas, R$ 89,00 (3 peças), e coleção Pássaros do Brasil, R$ 3 480,00 (12 peças), Tania Bulhões, % (11) 3087-0090. COPO de cristal, R$ 98,00, Galerie Deco, % (11) 3081-8105. LICOR de menta, Marie Brizard, R$ 77,00,

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Casa Santa Luzia, % (11) 3897-5000. VESTIDO de seda, R$ 14 785,00, Dolce & Gabbana, % (11) 3152-6230. BRINCOS de ágata e diamantes, R$ 54 630,00, e ANEL de cornalina e safra, R$ 15 580,00, Carla Amorim, % (11) 2146-1250. PALETÓ de algodão, R$ 6 900,00, Camargo Alfaiataria, % (11) 3078-6009. CAMISA de tricoline, R$ 618,00, Hugo Boss, % (11) 3152-6104.

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PAPEL DE PAREDE, Walton por Rasch, R$ 250,00 (o rolo com 10 metros), Bucalo Papéis de Parede, % (11) 3062-2882. BAIXELA, modelo À La Carte da linha Studio Line, R$ 4 300,00 (18 peças), Rosenthal na Grife&Design, % (11) 3062-1251. FAQUEIRO com banho de ouro amarelo, R$ 6 890,00, Tania Bulhões, % (11) 3087-0090. JOGO de café de porcelana pintada a mão com ouro 22 quilates, R$ 1 213,00 (cada um),

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Armani Casa, % (11) 4564-0074. VESTIDO de viscose, R$ 6 390,00, Fendi, % (11) 4873-5592. BRINCOS de ouro e diamantes, R$ 34 200,00, Silvia Furmanovich, % (11) 3552-1460. BRACELETE de metal, R$ 660,00, Paula Marques na Esencial, % (11) 3168-5601. PULSEIRA de ouro, R$ 62 500,00, Antonio Bernardo, % (11) 3083-5622. MINAUDIÈRE de madrepérola, R$ 1 838,00, Serpui Marie, % (11) 3873-3095.

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LOrEM ipSUM fOra dE SériE

rOMancE bordeaux

FRANCOIS DABURON

Só o tempo de envelhecimento na adega dirá se a safra 2013, prejudicada pelo frio e pela umidade atípicos para a primavera, entrará para a história de bordeaux como um capítulo feliz. os apaixonados pela maior e mais antiga região produtora de vinhos fnos da França, no entanto, deverão esperar até o fnal do ano que vem, quando os primeiros rótulos se juntam às 12 000 garrafas, todas bordalesas, nas prateleiras da bordeauxthèque. Com 250 metros quadrados, a loja reúne no 1º andar da Galeries Lafayette Homme rótulos de pequenos e desconhecidos até lendas como o Latour, entre os 10 000 vinicultores das margens do estuário de Gironde, que banha o sudoeste da França. “Somos uma biblioteca completa, com châteaux, safras e

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formatos impossíveis de encontrar em outro lugar”, afrma o diretor Patrice remaud. entre eles está o Petrus 1959 impériale, com 6 litros e valor recorde na loja: 60 000 euros. Para quem acredita, como a crítica inglesa Jancis robinson, que preço e qualidade não têm relação direta (o custo de produção por garrafa de um grande bordeaux é de 10 euros), há rótulos que custam menos que 5 euros. o ponto alto é a sala redonda (foto), onde dormem os Grands Crus. É aqui que envelhece o vinho mais antigo disponível nesse santuário: um Château d’Yquem de 1899 (20 000 euros). KênYa Zanatta, de PariS

bordeauxthèque. Galeries Lafayette Homme, 48, Boulevard Haussmann, Paris

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