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“Um pilar estratégico do setor dos polímeros em Portugal”
Sendo o setor dos plásticos e compósitos estrategicamente relevante para a economia nacional com reconhecido valor, pendor de exportação, altamente tecnológico e inovador em setores que nos são mais tradicionais, como é o caso do automóvel, torna-se imperativo a consolidação da sua afirmação nos domínios da aeronáutica e espaço, como explicam a engenheira Cláudia Cristóvão - diretora-geral e o engenheiro Carlos Ribeiro - diretor de operações e PMO do Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros.
Quão importante foi, há 22 anos, o lançamento deste Pólo de Inovação?
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A forte colaboração do Departamento de Engenharia de Polímeros da Universidade do Minho (UMinho) com o meio empresarial do setor dos plásticos e compósitos apelou à criação de uma infraestrutura dedicada, de resposta às necessidades de Investigação, Desenvolvimento e Inovação das empresas nacionais a operarem num mercado global altamente competitivo. Ao longo de mais de duas décadas de existência, o PIEP tem-se consolidado enquanto parceiro de referência para a inovação, cumprindo e aprimorando a sua missão, assente num conjunto de atividades principais de investigação, desenvolvimento e inovação, transferência de tecnologia, consultadoria técnico-científica, formação e prestação de serviços.
Movido pelo lema de "Converter Ideias em Produtos", o PIEP desenvolve a sua atividade em inúmeros setores de aplicação através do desenvolvimento de produtos e tecnologias inovadoras, com elevados níveis de integração e funcionalidade, visando evidenciar a capacidade endógena nacional de responder às tendências do setor e a desafios específicos de inovação, assente na promoção dos princípios do desenvolvimento sustentável, fomentando o desenvolvimento socioeconómico e a competitividade industrial.
Que evolução/desenvolvimentos são esperados nos próximos tempos na Engenharia de Polímeros? Poderá Portugal tornar-se um país de referência nos setores do espaço e aeronáutica por via da tão consolidada indústriados plásticos nacionais?
O plástico tem propriedades únicas e tão interessantes que fizeram dele um material amplamente utilizado e transformador da sociedade moderna, possibilitando ganhos de eficiência em veículos, a massificação de produtos eletrónicos, o aumento do tempo de prateleira dos alimentos e usos inovadores na saúde. A utilização de plásticos veio democratizar o acesso generalizado a um conjunto alargado de bens de consumo, e eles vislumbram um mundo de oportunidades de evolução e de novas aplicações. O desenvolvimento de produtos em polímeros e compósitos tem evoluído para soluções de elevada integração, funcionalidade, design e materiais inteligentes, baixo peso, customização e consequente elevada complexidade produtiva. A cadeia de valordo setordos plásticos, baseada nos desafios da economia circular e da sustentabilidade, encontra-se em profunda alteração. A vertente da economia circular tem um papel central na história e estratégia do PIEP, no capítulo da circularidadecircularidade pelo design de materiais e produtos, pela reciclagem e pelas matérias-primas alternativas.
O setor dos polímeros e compósitos nacional tem vindo a apresentar um forte dinamismo e soluções inovadoras, tecnologicamente avançadas. Tendo como base o conhecimento científico e tecnológico, o investimento em recursos humanos qualificados, a capacidade, o know-how acumulado, o envolvimento das empresas e o suporte do ClusterAED Portugal, este setor reúne todos os ingredientes para se tornar uma referência nas áreas do espaço e aeronáutica. O PIEP, como o principal centro de investigação neste setorem Portugal, terá por certo um papel fundamental no processo.

Que projetos de referência nacional ligados aos setores da Aeronáutica e Espacial contaramcom a participaçãodo PIEP?
Na sua maioria em consórcio com Empresas, Universidades e outros Centros Tecnológicos, o PIEP teve envolvimento num largo conjunto de projetos de referência nos setores da Aeronáutica e Espacial, nomeadamente: cTPS, onde um consórcio totalmente nacional desenvolveu, com o suporte da European Space Agency (ESA), uma cápsula de reentrada atmosférica, para a recolha de amostras de solo em missões espaciais com características termomecânicas otimizadas a uma reentrada atmosférica passiva. Este design focou-se no desenvolvimento de um sistema de proteção térmica e capacidade de absorção de impacto.
PECTF, que em parceria com a ESA, obteve um filamento para produzir peças por impressão 3D sem sair do espaço, com especificações diferenciadoras. A UMinho e o PIEP são os únicos fornecedores a nível mundial deste tipo de material a incluir em sensores de sondas lunares e no revestimento de satélites.
Imperio UAS, que resultou no 1º UAV português. O Imperio SP1 é uma aeronave para monitorização de fogos e vigilância marítima. A plataforma do UAV foi desenvolvida e fabricada em colaboração com a Lockheed-Martin, o gigante aeroespacial dos EUA.
O que é o projeto POLARISE e quais os seus principaisobjetivos?
NACO, projeto ESA, que identificou aplicações espaciais de “esqueletos” de nanotubos de carbono (CNTs) ou “CNT Network”, impregnados por matrizes poliméricas, metálicas ou cerâmicas.
BetterSky, desenvolvimento, teste e demonstração de novas metodologias de projeto e qualificação de aeroestruturas em ambiente betterdesign.
KC-390, o maior projeto de desenvolvimento de uma aeronave em que a engenharia aeronáutica portuguesa esteve envolvida, com a produção em Portugal de componentes do KC-390.
HYPROP, desenvolvimento e integração de um sistema de propulsão híbrida/elétrica distribuída num veículo aéreo não-tripulado da TEKEVER.
ACE, de migração de motores a combustão para motores elétricos com o desenvolvimento de novas soluções de energia para aplicações aeronáuticas, em particularde sistemas de armazenamento de hidrogénio pressurizado.
Como Centro de Tecnologia e Inovação, o PIEP dedica-se à produção, difusão e transmissão de conhecimento, orientado para as empresas e para a criação de valor económico, contribuindo para a prossecução de objetivos de política pública, enquadrados nos domínios de especialização prioritários nacionais. Neste contexto, o projeto POLARISE é um projeto estratégico do PIEP, ao abrigo do programa de financiamento base do Plano de Recuperação e Resiliência, que assenta na identificação das novas necessidades do tecido empresarial e social dos setores onde os polímeros e compósitos atuam (setores do espaço e aeronáutica incluídos), e tem como prioridades: o desenvolvimento de atividades colaborativas de transferência de tecnologia com as empresas, centros tecnológicos, universidades e a sociedade; o desenvolvimento de conhecimentos científicos e tecnológicos em temáticas críticas (Transformação Digital, Transição Verde, Descarbonização, Economia Circular e Crescimento Inteligente, Sustentável e Inclusivo); a capacitação e reforço do conhecimento baseado nas pessoas, pela contratação de recursos altamente qualificados e up-skill/re-skill de pessoas dos quadros; e o incremento do posicionamento do PIEP nos fóruns de discussão científica, técnica e tecnológica, associações e redes europeias. POLARISE
FLY.PT, um novo conceito de transporte aéreo urbano modular que integra a mobilidade horizontal com a mobilidade vertical, através da combinação de um veículo elétrico autónomo com um drone.