Jornal Valor local edição Julho 2016

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Cultura

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Coligação quer expropriação de terrenos do Castro de Vila Nova de São Pedro Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra apresentou durante uma das últimas reuniões de Câmara de Azambuja uma proposta tendo em vista a expropriação dos terrenos onde se situa o Castro de Vila Nova de São Pedro, mas o executivo socialista achou por bem pedir um compasso de espera tendo em conta que após mais de 10 anos de negociações com os proprietários espera, agora, que se consiga finalmente chegar a

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acordo. Até outubro, o município ficará na expetativa quanto a esta matéria. Daqui a três meses, se nada acontecer, Luís de Sousa, presidente da autarquia, referiu que está disponível para se avaliar de novo a proposta. Recorde-se que o monumento classificado como de interesse nacional permanece ao abandono, sendo difícil até para os habitantes do concelho conseguirem descortinar a sua localização face ao emaranhado de sil-

vas para grande desgosto da população e da comunidade científica. A Câmara escuda-se no facto de não poder intervir em terreno alheio. Esta é uma questão que tem andado ao sabor de disputas e partilhas familiares há vários anos, bem como de sucessivas promessas e anúncios da autarquia sem grande sucesso. O município tem até à data rejeitado o instrumento da expropriação, sendo que o vereador

da Cultura, António Amaral, aconselhou a se ir fazendo o caminho nesta matéria com alguma cautela, “pois tudo indica que será desta” que a família vai conseguir fazer as partilhas. A bola está mais uma vez do lado dos proprietários, mas “as coisas estão bem encaminhadas”, quis sossegar – Luís de Sousa, que tem-se reunido com os mesmos que manifestaram, nas suas palavras, “interesse em que o património seja recu-

perado”. Em cima da mesa, estará ainda, e ao que tudo indica o pagamento de uma espécie de renda mensal a rondar os 100 euros (valor que ainda não é definitivo) por parte do município aos proprietários que não estão disponíveis para vender o terreno. Foi comentado nesta reunião de Câmara que o valor do terreno não deverá exceder os 3600 euros, e como tal uma renda a médio longo prazo poder ser visto como algo mais

vantajoso. O vereador da Coligação, Jorge Lopes, defendeu que a via da compra do terreno seria a mais desejável tendo em vista uma eventual candidatura a fundos comunitários, mas sem especificar que tipo de projetos se poderiam levar a cabo naquele local, que recorde-se está indicado para sofrer obras de limpeza e de sinalização, que até deverão ser em parte custeadas pela associação dos arqueólogos.

Câmara de Alenquer apresenta estudo sobre o Pintar e Cantar dos Reis lenquer quis ao longo do mês de julho dar mais um pontapé de saída na candidatura da tradição do “Pintar e Cantar dos Reis” a património mundial da humanidade. Tiveram lugar três apresentações públicas em que foi dado a conhecer o estudo e inventariação desta tradição pela Cooperativa Cultu-

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ral –Memória Imaterial Do estudo levado a cabo sobre esta tradição resultou a publicação de um livro e a criação de 11 documentários vídeo (um geral, com cerca de 50 minutos e dez respeitantes às localidades onde a tradição se mantém, com cerca de seis minutos cada). O vereador da Cultura, Rui Costa, salientou a forma como a tradição se consegui solidificar nos últimos anos, ou seja desde que os “reizeiros” se uniram no objetivo de colocar a outro nível o cantar e pintar dos reis que já foi considerado “Património Cultural e Imaterial de Interesse Municipal”. O próximo passo será o do reconhecimento nacional, e

posteriormente internacional. Filomena Sousa da cooperativa cultural encarregue de fazer o levantamento da tradição reforçou durante a apresentação que os rituais do “Cantar e Pintar dos Reis” possuem algumas variações consoante as localidades: (Catém, Casal Monteiro, Ota, Abrigada, Olhalvo, Pocari-

ça, Mata e Penafirme, Cabanas de Torres e Paúla). A tradição pode estar ligada, entre outros aspetos, à presença dos franciscanos no concelho “que trouxeram esta representação do Auto dos Magos” que incluía desfiles

e peditórios pelas ruas. De alguma forma também se pode associar os desenhos pintados pelos reizeiros nas casas “aos antigos rituais romanos de bênção do giz e das casas”. A tradição do “Cantar e Pintar dos Reis” A manifestação celebrada no concelho de Alenquer implica a participação quer dos cantoresreiseiros que anualmente, na noite de 5 para 6 de janeiro, se reúnem para Pintar e Cantar os Reis nas suas localidades. Sem ensaios ou combinações elaboradas, o grupo junta-se espontaneamente e parte pelas ruas da povoação. Os membros que vão pintar seguem à frente e, em silêncio, munidos das tintas, pincéis e lanternas pintam as fachadas, os muros e as entradas das casas com os tradicionais desenhos dos Reis. Mais atrás seguem, em maior número, os cantores – o coro liderado pelo apontador. Durante toda a noite alguns elementos do grupo desenham diferentes símbolos nas fachadas junto às portas, na entrada das casas - o desenho de vasos e corações com flores alusivos à composição do agregado familiar; os desenhos representativos das profissões e doutras atividades dos habitantes; o dese-

nho da “Estrela do Oriente”; as inscrições alusivas aos Reis e a

“Era” (o ano da celebração). As cores tradicionalmente utiliza-

das no ritual são o vermelho almagre e o azul de anilina.


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