Revista valeparaibano - Abril 2010

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Divulgação

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Entrevista >Márlon Reis é um dos idealizadores do projeto de lei encaminhado ao Congresso que propõe uma investigação da vida regressa dos candidatos a cargos políticos no Brasil antes de se elegerem

“Chegou a hora de acordar. O Ficha Limpa é um grito de alerta” Adriano Pereira São José dos Campos

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oje, um cidadão comum que consegue um emprego tem, entre outras obrigações, que apresentar um atestado de antecedentes criminais. Se esta mesma pessoa tenta ingressar no serviço público, também é obrigada a apresentar o documento. Entretanto, candidatos a cargos políticos no Brasil podem se eleger mesmo tendo vasta ficha criminal. Para mudar essa realidade e outras discrepâncias no processo eleitoral brasileiro, o MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral) criou a campanha Ficha Limpa, uma iniciativa que visa a criação de uma lei sobre a vida regressa dos candidatos para tornar mais rígidos os critérios de inelegibilidade, ou seja, de quem não pode se candidatar. O projeto recolheu em 2009 mais de 1,3 milhão de assinaturas para que fosse apresentado ao Congresso. Um dos principais representantes dessa ação é o juiz eleitoral Márlon Reis, 40 anos. Com declarações diretas e pesadas, o ma-

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gistrado vem pregando pelo país a inelegibilidade de candidatos condenados pela Justiça. Em meio às discussões sobre textos alternativos propostos pelo Congresso, Reis atendeu a revista valeparaibano para falar sobre o assunto. Qual a principal resistência ao projeto por parte dos políticos? < A resistência é cultural, é a resistência que não é dita, baseada no fato de que as instituições brasileiras, particularmente a área política, tratem da corrupção como algo irrelevante. O que está por trás de uma realidade difícil de mudar é a cultura dos políticos e da sociedade civil. Em outros países, a cultura rejeita esse tipo de crime e uma lei dessas nem precisa ser apresentada. Aqui, precisamos da voz de mais de um milhão de pessoas para que alguém resolva tratar do assunto. Qual a parcela de culpa da população na corrupção eleitoral? < A situação atual é fruto de processos históricos, não existem culpados pontuais. Temos que entender que a partir de agora podemos falar de responsabilidade. Por exemplo, fingir que não está se passando nada é uma responsabilidade. A política no Brasil foi confundida com o privado, em segundo plano ficou a ética. Sempre se pensou

PERFIL NOME: Márlon Reis IDADE: 40 anos PROFISSÃO: Juiz Eleitoral no Estado do Maranhão ATUAÇÃO: Um dos principais articuladores do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e da Campanha Ficha Limpa

CORRUPÇÃO “A PRIVADO. SEMP ISSO? CHEGOU

18/3/2010 16:17:01


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