21 . fevereiro a 5 . março de 2014 . ANO I . Número 15 . Distribuição gratuita
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Foto: Cinthya Pernes
tudo que inteRessa no seu bairro está aqui
Donos do Pedaço
Na Praça JK, no bairro Sion, acontece diariamente o encontro de raças. Além do lazer, os encontros geram momentos divertidos e muita interação.
local No último mês a pBH realizou a limpeza do lago da Mata das Borboletas, onde os moradores tem um maior contato com a natureza pág. 3
entrevista Luiz Otávio Pôssas possui um dom inegável para os negócios e conta sobre a sua paixão pelo trabalho e pelo meio ambiente pág. 6
bem-estar Dançar por prazer faz bem para a alma, o corpo e a mente. A atividade pode ser a solução para diversos problemas pág. 11
cidade
extinção da verba indenizatória vereador dá exemplo de transparência e retidão na gestão pública, abrindo mão da utilização da verba desde o primeiro dia de seu mandato pág. 05
jovem Mudar de cidade, sair da casa dos pais e morar sozinho é um grande desafio para os jovens que vem estudar na capital pág.13
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opinião
Foto: arquivo pessoal
frasesURBHANAS
Tom Coelho (*)
Custo, tempo e qualidade
O ano de 2013 bateu o recorde de campanhas de recall de veículos no Brasil. Segundo a Secretaria Nacional do Consumidor foram 109 chamados, contra 67 registrados em 2012, 76 em 2011 e 78 em 2010. A tendência de alta é justificável, devido ao aumento do número de produtos, volume de vendas e complexidade dos veículos, demonstrando também maior maturidade do setor em atender às exigências do Código de Defesa do Consumidor que impõe a necessidade de recall em caso de risco à segurança ou à saúde do usuário. Portanto, ruim seria a ausência desta iniciativa. Contudo, este fenômeno pode ser explicado a partir de um aspecto da gestão corporativa que denomino de tripé custotempo-qualidade. Na busca pela competitividade, um fator primordial na atual conjuntura é a redução de custos, a racionalização dos investimentos e o combate aos desperdícios. Lemann, Sicupira e Teles compraram o Burger King em 2010 e dois anos depois elevaram os lucros da rede em 150%, mesmo com uma redução de 42,5% nas receitas, apenas enxugando custos. Na indústria automobilística dá-se o mesmo. Em 1987 tínhamos no Brasil apenas três montadoras: Chevrolet, Fiat e Autolatina (joint venture entre a Ford e a Volkswagen). Atualmente temos 49 marcas no país e mais de 350 modelos de veículos, o que pressiona cada player a proporcionar aos clientes melhores preços, demandando redução de custos. O segundo fator é dado pelo tempo. A velocidade das mudanças, a celeridade dos processos, a ansiedade das pessoas propulsionada pela comunicação interativa, exigem respostas rápidas. Refeições em fast food, decisões fast track, relacionamentos fast love. Assim, veículos que eram desenvolvidos em dois anos ou mais, agora precisam ser levados ao mercado em questão de poucos meses. Ocorre que a produção de um modelo envolve a junção de mais de 20 mil peças, a maior parte fornecida por empresas parceiras, de modo que nem todos os testes devidos são realizados. Diante deste contexto, o último aspecto que acaba sendo não negligenciado, mas comprometido, é a qualidade. Toda a pressão por redução de custos, por abertura de novas fábricas, por lançamento de novos produtos, impossibilita o treinamento adequado dos profissionais e o monitoramento de processos. Por isso, não importa qual sua atividade e porte de empresa. Reduza custos, tenha celeridade em suas ações, mas esteja atento com a qualidade de seus produtos e serviços. Caso contrário, o preço poderá ser a credibilidade de sua marca e a perda de confiança do consumidor. Tom Coelho Educador,conferencistaeescritorcomartigospublicadosemdezessetepaíses. E-mail: tomcoelho@tomcoelho.com.br | www.tomcoelho.com (*)
Foto: UOL/divulgação
Às vezes tenho a sensação que jogamos fora de casa. A conexão tem que ser positiva. Daniel Alves desabafou contra a torcida do Barcelona na derrota em casa para o Valencia
Eu queria, se pudesse não ganhar nada e ganhar este título contra o preconceito, eu trocaria todos os meus títulos por uma igualdade em todas as áreas, em todas as classes. Tinga, jogador do Cruzeiro, alvo de racismo pela torcida do Real Garcilaso em jogo da Libertadores no Peru
Espero que esses rapazes que fazem isso pensem na mãe, na família, que a família é tão importante. Meu marido está indo embora, podem ser outros, pode ter outra família que pode ser destruída com isso. Que façam coisa pacífica, porque só sendo pacífico a gente consegue as coisas. Não adianta essa violência, não leva a nada. Arlita Andrade, mulher do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, horas antes de saber de sua morte cerebral
Ninguém merece ser tímida depois de velha. Renata Vasconcellos, apresentadora do Fantástico
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local
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Mata das Borboletas Fotos: Cinthya Pernes
Limpeza | Maior área verde do Sion recebeu no último mês revitalização em seu espelho d’Água
O lago artificial do Parque Mata das Borboletas, reduto de animais aquáticos e essencial para toda a fauna do local, passou por limpeza no último mês
Com o forte sol em Belo Horizonte nos últimos dias, as atenções se voltam aos escassos locais de sombra e água fresca. Dentre eles está o Parque Mata das Borboletas, que passou por revitalização em seu espelho d’água na última quinzena de janeiro. Localizado na encosta da Serra do Curral, na Rua Assunção, 650, o parque é cercado de vegetação nativa correspondente a mais de 80% da área total de 35.500 m². Apesar de não possuir mais a exuberância de nuvens de borboletas, pertencentes à fauna silvestre e que originaram o nome do Parque, outros animais ainda fazem do local um refúgio, como mamíferos de pequeno porte, várias espécies de aves, tartarugas e ainda pequenos peixes, que sobrevivem com a presença de duas nascentes, que abastecem a Bacia do Córrego Acaba-Mundo, e um pequeno lago artificial. Para a manutenção desses mananciais, a Fundação de Parques Municipais (FPM) realiza periodicamente limpezas que consistem na retirada do excesso de vegetação no entorno do lago. A paisagista da FPM, Margareth Ávila, que acompanhou o trabalho da última equipe de limpeza, explica a ação. “Já precisavam de manejo. Todo o entorno foi capinado e foram feitas poda de limpeza e contenção na vegetação, além da limpeza do espelho d’água”. Segundo Margareth, o mato estava adensando e invadindo o lago. De acordo com a FPM, o lago contribui com a recarga do lençol freático e é fundamental para a fauna aquática existente. Por esse motivo, o manejo foi realizado de forma criteriosa para não destruir os locais onde peixes e anfíbios vivem e se reproduzem. Roberto Villar, membro da Associação Amigos da Mata das Borboletas (AMBO), também se preocupa
com a fauna aquática do local. Para o ambientalista, a ação de limpeza é benéfica para as espécies que vivem no Parque. No entanto, Roberto opina que uma ação mais complexa é necessária para solucionar as dificuldades encontradas pelas espécies que habitam o parque. “Não é a solução que se precisa. Já vi vários peixes mortos lá. Eu mesmo retirei muitos peixes nesse estado de lá, porque a oxigenação da água está pouca. Nessa época com tempo mais seco a água diminui muito”, explica Roberto. Segundo o ativista, a AMBO já realizou um pedido à coordenação do parque para uma limpeza mais profunda do lago. A ação sugerida pela associação consistiria no seguinte: retirada temporária dos peixes, retirada da lama assoreada pelos prédios do entorno, e em seguida devolução dos peixes ao lago. Roberto acredita que a terra assoreada seria a causa da mortandade dos peixes. Na opinião da paisagista da Fundação de Parques Municipais, Margareth Ávila, as construções no entorno do parque adensam o solo, o que dificulta a permeabilidade do local e vem ocasionando a diminuição do fluxo de água das nascentes e por consequência o nível da lagoa. Isso, segundo Ávila, daria a impressão de assoreamento. A assessoria da FPM afirmou que não há previsão de ações de grande porte para a limpeza da lagoa. No entanto, o órgão ressaltou que limpezas são feitas periodicamente e são realizadas por meio de demandas da coordenação do Parque. De acordo com a Fundação, um encaminhamento será realizado para futuras vistorias no local. n
Conheça o Parque Mata das Borboletas O parque possui trilha ecológica, espaço para caminhadas e equipamentos de ginástica, brinquedos e área de convivência com mesas para jogos em 35,5 mil m² de área verde. Lá existem duas nascentes que abastecem a Bacia do Córrego Acaba-Mundo, além de um pequeno lago artificial. O local é utilizado por famílias e grupos de amigos para fazerem piqueniques. Muitas escolas também vem adotando o local para a realização de atividades ao ar livre. O Parque fica na Rua Assunção, 650, e funciona de terça a domingo, das 8 às 18h.
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cidade
Expectativas de mudanças
Mobilidade | O funcionamento do Move (BRT) da Av. Cristiano Machado foi adiado para 8 de março
Usuários do transporte público não criam boas expectativas para o Move
redores teremos dois tipos de usuários de transporte público, aqueles que vão usar o Move, porque suas vias foram transferidas para o corredor, e aqueles que vão continuar usando as pistas de tráfego, porque não cabem todos no Move. Então o problema fundamentalmente é esse”, explica o especialista. A cobradora de ônibus e também usuária, Lúcia Helena Ferreira dos Santos, 54, não tem boas expectativas. “Não estou vendo perspectivas para o novo transporte e nem acreditando que aqui na Cristiano Machado ficará pronto até o dia previsto, está tudo muito bagunçado. Acredito que o trânsito não irá melhorar. Na verdade, tem mais carros do que os próprios ônibus, o que atrapalha o trânsito não são os ônibus, mas os carros”, lamenta a cobradora que diz que será uma das usuárias do Move. Enquanto não houver uso significativo do transporte público na capital, Ronaldo acredita que será complicado haver mudanças que tragam bons resultados. “O trânsito vai piorar porque a frota de carro está crescendo, muitas pessoas não vão deixar de usar o carro para usar o Move. Ele é o primeiro passo para uma mudança na capital. O problema é que as coisas aqui são muito lentas. Com relação ao tráfego eu não sou otimista, acho que a situação vai piorar, porque os investimentos em transporte público que estão sendo feitos são insuficientes diante do aumento da demanda de automóveis. As vias na Cristiano Machado alargaram devido ao Move, mas a situação ainda é a mesma, e isso está aumentando numa velocidade maior que a demanda. A tendência, infelizmente, é piorar, enquanto não for implementada uma rede de metrô”, completa o especialista que acredita que o Move é um transporte intermediário. n
Fotos: Cinthya Pernes
Trânsito, multidão, calor, stress, lentidão, muitos carros e ainda obras por toda a cidade. Não há um só dia em que as pessoas que necessitam do transporte coletivo deixem de reclamar das complicações do tráfego na capital. Os passageiros e motoristas, que são os principais prejudicados, esperam por uma melhoria. Nos últimos meses, devido à implantação do Move, muitas obras estão sendo feitas; alguns locais de paradas de ônibus e o itinerário das linhas de transporte coletivo sofreram alterações, acarretando grandes transtornos. Para a construção do Move foram feitas interdições em importantes vias de Belo Horizonte, como as avenidas Santos Dumont e Paraná. Além disso, nas avenidas Cristiano Machado, Antônio Carlos, Vilarinho e Pedro I, locais em que o Move irá operar, foram feitas diversas alterações, complicando ainda mais a vida das pessoas. Era previsto para começar a circular no dia 15 de fevereiro, na Avenida Cristiano Machado, mas um comunicado da prefeitura adiou a data para dia 8 de março. Para o engenheiro civil, urbanista, especialista em transporte urbano e professor da UFMG, Ronaldo Guimarães Gouvêa, esse coletivo pode ser um progresso para o transporte na capital. “O Move representa de um lado o avanço em termos de qualidade de transporte, é um sistema mais eficiente que o sistema de ônibus convencional, apresenta mais capacidade e oferece mais conforto. Então, inegavelmente, os usuários de transporte de BH que forem usuários do Move vão se beneficiar”, analisa. Gilson Queiroz, 29, agente de bordo, que sempre utiliza a Avenida Cristiano Machado para ir ao trabalho não espera grandes melhorias com a implantação. “Acredito que pelo menos a locomoção vai ser melhor, mas ainda tenho algumas dúvidas em questão de capacidade, se ele vai atender a demanda. O trânsito vai continuar da mesma forma, não irá influenciar em nada, pois quem tem o carro não vai deixar de usar”, lamenta. O Move possui algumas características semelhantes ao metrô e traz um grande benefício, pois irá circular em pistas ou faixas exclusivas sem disputar espaço com outros veículos. Possui ainda uma capacidade de transporte de passageiros maior que a dos ônibus convencionais. Além disso, a cobrança da tarifa antecipada vai agilizar o embarque e os ônibus passarão em intervalos reduzidos. Nas estações serão implementados painéis eletrônicos informando sobre a chegada dos próximos ônibus. Para oferecer mais conforto aos usuários ele possui ar condicionado. Mesmo com esses benefícios o especialista Ronaldo prevê alguns problemas. “A PBH fez uma opção pelo Move, indiscriminadamente, ou seja, o plano de expansão do Move contempla um grupo enorme de corredores, que a demanda efetiva, na maioria dos casos, é compatível com o volume e a capacidade. O problema é que essa linha inicial não será dessa forma, a demanda de transporte será superior à capacidade do Move. Na Cristiano Machado, a demanda hoje é compatível com o sistema de metrô, que tem maior capacidade. Mas nesses cor-
Motoristas e passageiros esperam por melhorias no trânsito da capital
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cidade
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A briga pela verba
Polêmica | vereador DÁ O EXEMPLO E ABRE MÃO DA UTILIZAÇÃO DA VERBA INDENIZATÓRIA
O vereador Marcelo Aro abriu mão da verba indenizatória desde que assumiu o mandato e já economizou aos cofres públicos mais de R$ 200 mil
Foto: Cinthya Pernes
vereador
Na segunda-feira (3), o presidente da Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte, Léo Burguês, convocou uma coletiva de imprensa para anunciar o fim da utilização da verba indenizatória. O recurso, que é destinado ao pagamento de despesas com o mandato (tais como material de papelaria, aluguel de computadores, etc), é utilizado atualmente na modalidade de reembolso. Ou seja, o parlamentar contrata os serviços, paga as despesas e apresenta um comprovante para a Câmara, solicitando o ressarcimento dos valores. Cada vereador pode utilizar até 15 mil reais por mês, desde que os gastos atendam aos critérios previamente estabelecidos pela casa, conforme um rol de 19 itens. O grande problema é que a utilização da verba, na modalidade reembolso, dificulta a fiscalização por parte dos órgãos públicos, que ficam impedidos de acompanhar a efetiva contratação e prestação dos serviços. Além disso, não há qualquer processo que possibilite a participação de várias empresas, permitindo ao setor público a compra segura pelo menor preço de mercado. O atual modelo ainda dá margens para aquisições vultuosas, que nem sempre são sinônimo de qualidade ou eficiência. Diante dessa realidade, a Mesa Diretora da Câmara decidiu regulamentar a matéria, extinguindo o atual modelo de verba indenizatória. Contudo, o fato gerou divergência entre os vereadores, ocasionando bate-bocas e discussões. Enquanto alguns parlamentares são contrários à extinção da verba, outros afirmam que a medida está sendo adotada tardiamente. Há ainda o grupo daqueles que afirmam ser necessário um debate mais profundo da matéria. Por causa disso, a direção da Casa decidiu designar uma comissão para avaliar o projeto proposto, com poderes para sugerir alterações no texto atual. Este grupo deverá fixar um prazo para apresentação do relatório final, apontando eventuais modificações ao projeto. A frente parlamentar será composta pelos vereadores Wellington Magalhães, Leonardo Mattos, Autair Gomes, Jorge Santos, Professor Wendel, Ronaldo Gon-
tijo e Silvinho Rezende. Na última legislatura (2009-2012), a utilização da verba fez com que os 41 vereadores de Belo Horizonte respondessem a processo de improbidade administrativa ajuizado pelo Ministério Público de Minas Gerais. Alguns desses vereadores, que deixaram a câmara para assumir cadeiras na Assembleia Legislativa, ainda respondem ao processo, e podem ser condenados pela prática de crime contra o erário público, que os tornaria incapazes para exercer qualquer cargo ou função pública. Fato curioso é a posição dos novos parlamentares, que ocupam as duas pontas da tabela. Enquanto alguns gastaram o valor máximo permitido (R$ 180.000,00), um dos novatos, Marcelo Aro, poupou cada centavo que lhe foi destinado. O vereador optou por abrir mão de 100% da verba desde o primeiro dia de seu mandato, e vem buscando a extinção do recurso no modelo atual. De acordo com Aro, a utilização da verba não obedece aos critérios exigidos pela Lei das Licitações (8.666/93), e pode configurar má gestão do dinheiro público. Por isso, o parlamentar já havia proposto à mesa a elaboração de um projeto de lei, em ofício enviado em março de 2013. O vereador, que representa a região centro-sul, defende que a quantidade, os produtos e os serviços a serem utilizados nos gabinetes sejam todos licitados. Aro deseja que as compras sejam efetuadas diretamente pela casa legislativa e que os serviços e produtos sejam posteriormente disponibilizados aos parlamentares. No entendimento do vereador, além de gerar maior transparência na gestão do dinheiro público, a atitude fomentaria o mercado privado, possibilitando a aquisição de produtos em maior quantidade e menor preço, e ainda permitindo uma concorrência mais clara e acessível para as empresas que desejassem vender para a Câmara. “Hoje a forma que essa verba é usada não é ética, não é moral. Ela facilita a corrupção. Precisamos de maior transparência no uso do dinheiro público”, afirmou Aro. A atitude do parlamentar já proporcionou uma
total utilizado em R$
Jorge Santos*
180.000,00
Henrique Braga
180.000,00
Gunda
180.000,00
Vilmo Gomes*
179.999,73
Autair Gomes
179.998,74
Elaine Matozinhos
179.989,77
Dr. Sandro*
179.886,31
Bispo Luiz*
179.779,89
Elves Cortês*
179.541,59
Joel Moreira
179.135,01
Sérgio Fernando
179.030,09
Silvinho Rezende
177.765,89
Bim da Ambulância*
176.805,53
Juliano Lopes*
175.226,51
Leonardo Mattos
173.331,74
Léo Burguês
172.225,89
Marcelo Álvaro Antônio*
167.248,01
Dr. Nilton*
166.100,05
Tarcísio Caixeta
164.889,07
Wellington Magalhães*
161.963,29
Valdivino*
160.639,43
Adriano Ventura
155.619,82
Mohamed Rachid
149.972,52
Alexandre Gomes
149.310,85
Professor Weldel*
146.942,51
Wellington Bessa Sapão*
144.782,35
Edson Moreira*
139.026,90
Juninho Los Hermanos*
131.032,74
Pelé do Vôlei*
124.342,47
Juninho Paim*
115.228,47
Gilson Reis*
114.312,53
Pablito
109.231,17
Pedro Patrus*
99.456,89
Preto
98.458,20
Ronaldo Gontijo
91.302,70
Veré da Farmácia*
79.903,59
Iran Barbosa
78.701,44
Arnaldo Godoy
67.994,01
Cel. Piccinini*
35.498,61
Orlei*
25.406,19
Marcelo Aro*
0 * Vereadores novatos em primeiro mandato
Gastos de janeiro a dezembro de 2013. Fonte: site CMBH
economia de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) para os cofres públicos, além de outros milhares de reais economizados com a redução da despesa com pessoal. O parlamentar já sugeriu que o valor economizado seja revertido em benefício da população, com investimentos em segurança, mobilidade urbana, educação. Indagado sobre a criação da comissão para análise do projeto, Aro afirmou que trata-se de uma articulação política para protelar a tomada de decisão, evitando-se que os vereadores que concordam com a verba tenham que votar a extinção do recurso. De fato, é no mínimo curioso que os maiores gastadores integrem a comissão que pretende acabar com o benefício. À população resta aguardar e torcer para que os gastadores sigam o exemplo do jovem vereador. n
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entrevista
Faro para os negócios Foto: Cinthya Pernes
Trajetória | aos 71 anos, O empresário Luiz Otávio Pôssas acredita que ainda tem muito o que fazer
Luiz Otávio Pôssas Gonçalves é natural de Belo Horizonte, cresceu na Rua Bárbara Heliodora, no bairro Lourdes, onde pôde acompanhar de perto a evolução e progresso da cidade. Sua infância foi com muita liberdade, brincava pelas ruas da capital com segurança. Na época, fez grandes amizades, amigos que traz até os dias atuais. Admite que nunca teve vocação definida para uma profissão, por isso sempre foi uma pessoa aberta a novos desafios. Formou-se em direito aos 36 anos, mas nunca exerceu a profissão. Começou a trabalhar cedo na fábrica da Coca-Cola pertencente ao seu pai, foi o fundador da cerveja Kaiser, da água de Coco Kero Coco e da premiada cachaça Vale Verde. Luiz acredita que tudo o que aconteceu em sua vida foi de forma natural e sem muito planejamento. Amante da natureza e defensor dos animais, é presidente da Biodiversitas, onde realiza um trabalho de prevenção com diversas espécies em risco. É dono do Parque Vale Verde, em Betim, lugar onde desenvolve um grande trabalho com reprodução de aves e outros animais. Um dos seus últimos empreendimentos é a ração Megazoo, feita da criação de insetos destinada à alimentação das aves, mas que hoje é um negócio lucrativo. Já foram criadas quarenta toneladas de baratas, grilos, larvas de mosca e besouros. Luiz Otávio é casado há 46 anos com Tereza, é pai de quatro filhos e avô de quatro netos. Um homem simples e simpático que conta sobre a vida com amor e entusiasmo. Aos 71 anos não pensa por nem um minuto em parar de trabalhar, pois como ele mesmo diz: “Sempre fiz o que me deu prazer, por isso considero que nunca trabalhei na vida”.
Como foi a sua infância? Minha infância foi numa época muito melhor do que hoje para as crianças. Outro dia, fui a uma palestra, pois tenho uma creche com a minha mulher, cuidamos de duzentas crianças lá. Um sociólogo foi até lá e falou sobre a importância de tirar as crianças da rua. Eu levantei e disse que não queria tirar os meninos da rua, queria poder colocar as crianças na rua, pois eu fui criado na rua. A gente jogava futebol na rua, brincávamos de pegador e todas essas brincadeiras. Hoje vejo que meus netos não podem sair na rua por causa da violência, então eu quero o contrário, quero que eles tenham essa liberdade de ir para a rua. A minha infância foi com uma turma muito grande. Cresci com essa turma, e tenho uma satisfação muito grande dos meus amigos de hoje serem os mesmos daquela época. Joguei muito basquete, aprendi a nadar no Minas Tênis Clube, ainda tenho uma mesa lá no clube que eu frequento até hoje, que é dos amigos de infância. Não sei até que ponto essas mídias sociais de internet podem substituir o contato pessoal, de brincadeiras. Eu espero que possa substituir, pois as amizades que carregamos ao longo da vida têm muito valor.
E como foi a sua trajetória profissional? Costumo falar que nunca tive uma vocação muito definida. Quando a pessoa nasce querendo ser advogado, médico, piloto ou até mesmo padre, eu acho que a pessoa fica muito bitolada com aquilo. Comecei a estudar, pois tinha dois amigos do Loyola que resolveram fazer Medicina e eu resolvi me matricular no cursinho também. Passamos no vestibular, mas eu não cheguei a entrar, pois meu pai morreu bem naquele ano e eu já estava trabalhando no negócio dele, que era a Coca-Cola, na época. Fiquei muitos anos me dedicando ao trabalho, me casei com 24 anos, depois acabei entrando para a faculdade de Direito e me formei com 36 anos, mas nunca exerci a profissão. Comecei a trabalhar muito cedo, pois nunca tive muita tendência para me dedicar aos estudos. Passei por vários colégios da cidade, eu brinco falando que procurava o melhor (risos). Isso foi muito bom, eu estudei no Loyola, no Marista, no Santo Antônio, mas fiz muitas amizades. Com 17 anos, eu disse ao meu pai que queria trabalhar, mas que iria estudar de manhã ou de noite. Ele me disse para eu ir trabalhar no banco, pois ele foi um
dos fundadores do Banco Mercantil. Meu irmão já trabalhava lá, mas naquela época para trabalhar em banco era obrigatório usar gravata e ganhar muito pouco. Falavam que quem trabalhava em banco era um mendigo de gravata e eu disse isso para meu pai. Coitado, ficou muito chateado com aquilo. Ele estava começando com a fábrica da Coca-Cola e me disse: Se você quiser carregar caixas pode ir trabalhar lá, e eu disse que preferia. Ele me desafiou, disse que não aguentaria uma semana e eu fiquei lá 43 anos. Fiz de tudo lá dentro, meu pai morreu depois de três anos, e aí tive de dar duro mesmo. Parei de estudar e logo depois me casei. A Coca-Cola era um produto que não dava lucro na época, era um produto de difícil penetração no mercado, bem diferente de hoje. Na época batalhamos muito para entrar com o produto no mercado, pois era um produto totalmente desconhecido e com um gosto muito diferente. Eles o comparavam a um sabão líquido da época chamado Sabão Aristolino, que era da cor da Coca-Cola. Isso foi em 1958, veio um americano da Coca para me ajudar a abrir o mercado. Chegávamos no interior, onde ninguém conhecia nada, com um caminhão do
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produto para dar de amostra. Os comerciantes sempre me diziam que não gostavam, que não queriam, e por último usavam a resposta de que não tinham dinheiro. E nós então dizíamos, me dá um pedaço de salame, um pacote de biscoito, e falávamos que agora ele tinha dinheiro para comprar. Saíamos com o caminhão de Coca e voltávamos com uma mercearia, até abrimos uma lojinha dentro da fábrica para vender esses produtos para os funcionários. Era a forma que tínhamos para entrar no mercado, na época foi uma saga mesmo.
entrevista deslanchou. Quatro meses depois passamos de 16% de participação de mercado para 50%. Depois de 22 anos vendemos para um grupo do Canadá. Nós só tinhamos 12% da fábrica, mas foi o melhor negócio que fizemos, vendemos por quase um bilhão de reais.
Você sempre foi empreendedor? Não sempre, digo, como estamos em Minas Gerais, a necessidade faz o sapo pular. Por eu não ter tido vocação para uma profissão, sempre fui muito aberto a tudo. O que aparecia eu ia pegando para fazer, algumas por oportunidades e muitas por necessidade. Pela necessidade que nós temos no Brasil de diversificar as atividades, hoje não muito. Tradicionalmente no Brasil as crises sempre foram setoriais. E como a gente mexia com reA cachaça Vale Verde foi criada para consumo prófrigerantes, nós começamos a prio, mas devido ao grande sucesso entre os amigos diversificar dentro do próprio de Luiz Otávio, começou a ser comercializada negócio. Veio o problema sério que quase quebrou a CocaCola na época, o que eles chamavam de venda casada do refrigerante com a cerveja. A cerveja sempre foi o produto que deu mais lucros aos bares, então chegava a Antarctica e falava que vendia dez caixas de cerveja se o comerciante comprasse vinte caixas de guaraná. Ele então tinha que vender guaraná para poder comprar cerveja. A Coca-Cola não vendia, pois não tínhamos cerveja. A participação de mercado caiu para 16%. Nós iríamos quebrar. Pensamos que a única solução era ter uma cerveja, e construímos então a primeira fábrica da Kaiser, para defender a CocaCola. Montamos uma fábrica em Divinópolis e, por acaso, contratei um mestre cervejeiro que trabalhou na Heineken holandesa, e ele sabia o projeto de uma fábrica de cerveja O parque ecológico é uma das grandes paixões do empresário, pois lá ele tem o Heineken, então construímos contato com a natureza e os animais uma fábrica com esses padrões. O pessoal da Heineken ficou sabendo da nossa fábrica, veio para conhecer e ficou impressionado com o que tínhamos construído. E como foi a história da Kero Coco? Foi assim que começou esse namoro da nossa Nós fomos pioneiros no envasamento de água Kaiser com a Heineken, tínhamos um contrato de coco no Brasil. Uma das mais saudáveis do munde assistência técnica com eles. Gastamos muito do e que Deus colocou na embalagem mais difícil. para a construção da fábrica, tínhamos uma dí- Aquele coco, que você precisa cortar, é complicado. vida muito grande, mas a Heineken veio e com- Tivemos a ideia de colocar uma embalagem melhor prou 15% da fábrica. E foi assim que o negócio e mais prática. Fui conversar com a maior indústria
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de coco, que é a Sococo, e descobri que eles jogavam a água de coco fora, pois eles aproveitavam só a poupa. Eles jogavam 75 mil litros de água de coco fora todos os dias. Eu perguntei por que eles não envasavam, e me falaram que a água de coco é muito perecível e fermenta rápido. Eu sempre gostei de trabalhar com assistência de centro de pesquisa, e as empresas brasileiras Foto: Divulgação/Vale Verde não investem nisso. As grandes universidades do Brasil estão com as gavetas cheias de bons projetos, mas nenhum empresário aproveita. Dei o problema do envasamento da água de coco para a Universidade de Viçosa, ficaram um ano e meio com o projeto e vieram com a solução até mim. Procurei o pessoal da Sococo e ofereci uma parceria, eu entrei com tecnologia e eles com a água desperdiçada, e fizemos uma sociedade meio a meio. Ficamos dezessete anos com a parceria, mas começaram a oferecer muita grana e acabamos vendendo. Como na época precisamos de mais água do que a da Sococo, comecei a comprar fazendas e a plantar coco. Quando vendemos a Kero Coco, fiquei com as fazendas e hoje ainda sou fornecedor de água de coco. E o Parque Ecológico Vale Verde? As coisas na minha vida vão surgindo sem muito planejamento. O caso do Vale Verde foi assim, era uma fazenda de gado de leite, mas eu comecei a fazer uma cachaça só para mim e para os meus amigos. O pessoal começou a gostar, a ir até lá, então comecei a engarrafar a cachaça e dei o nome Vale Verde. As pessoas começaram a ir até lá para ver como fazia a cachaça e queriam comprar, e elas falavam que podia ter o que comer lá também. Fizemos um restaurante e começamos a criar aves. Tiramos licença do IBAMA e hoje somos um dos maiores criadores de aves, nos especializamos em criar aves em extinção. Este ano tivemos quatro filhotes de arara azul do Pantanal nascidos em cativeiro. Nós estamos com a média de 15 mil visitantes por mês, as pessoas adoram o parque porque lá podem ter esse contato com a natureza. E além de trabalhar, o que o senhor mais gosta de fazer? Faço minha atividade física todos os dias no Minas Tênis Clube de manhã cedinho. Gosto de uma bebidinha, principalmente a Vale Verde, que tomo todos os dias. E leio muito, gosto de ler de tudo. Sempre leio dois livros ao mesmo tempo, um leve e outro mais pesado. n
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Praça JKães Lazer | Ponto de encontro dos moradores, a Praça JK agora também reúne pets e seus donos
Huskys, labradores, yorkshires, pugs e vira-latas são apenas alguns dos animais que participam, ao lado dos donos, de encontros diários na Praça JK, no bairro Sion. Através do grupo Praça JKães, criado no Facebook, o encontro desses pets acontece de segunda à sexta-feira, por volta de 19h30. Os passeios ocorrem há cerca de um ano e meio e começaram com a iniciativa da protetora de animais Maluh Pepper, moradora do Mangabeiras, e a amiga Luiza Vasconcellos. De acordo com Maluh, no início os passeios ocorriam de forma casual, e logo foram conquistando a adesão
de outros apreciadores de cães. O grande boom do movimento foi quando Luiza criou a página na internet. No começo, o grupo reunia poucas dezenas de amigos. Hoje são 135 pessoas que se encontram ao longo da semana. Cada membro comparece de acordo com suas possibilidades, em dias alternados. Lá o assunto gira em torno dos cãezinhos. Os donos trocam informações a respeito de tudo o que se refere ao mundo pet: rações, veterinários, receitas de comidas e até medicamentos. Apesar disso, a interação vai além e diferentes temas são abordados. Segundo a coordenadora do Praça JKães, Maluh Pepper, o objetivo era trazer os cachorros para um momento de recreação
com outros animais e ainda com os próprios donos. Na opinião dela, o resultado superou as expectativas. “Não existe perfil certo de quem vem aqui. Sempre vem gente nova. São pessoas super diferentes, de todos os gêneros e estilos. A única coisa em comum, em todo mundo, é a paixão pelos cachorros. Isso uniu o grupo todo. Por isso essa interação é maravilhosa”, explica Maluh. E não é apenas durante o meio da semana que o grupo se reúne. Mesmo sem um pré-agendamento, muitos se reúnem na praça nas manhãs de sábado e domingo. “Eu sempre chamo meus amigos e quem eu vejo para vir. Todo dia eu faço isso e o grupo só cresce. Tem gente que até cria perfil no Face pra participar do grupo.” As duas cadelas de Maluh, Vidah e Bia, foram adotadas das ruas pela protetora de animais e simbolizam a bandeira levantada pela dona. Segundo dados do
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Fotos: Cinthya Pernes
Centro de Controle de Zoonoses da capital, são cerca de 30 mil animais em situação de abandono pelas ruas da capital. O exemplo foi seguido pela fotógrafa Letícia Gloor, 21, que retirou há seis meses a cadelinha Safah das ruas da capital. Frequentadora da praça aos fins de semana, Letícia conta que passou a ir ao local em novembro de 2013. Foi nessa época que a fotógrafa decidiu se espe-
A protetora de animais, Maluh Pepper, brinca com Vidah e Bia , que foram resgatadas das ruas
deve ser realizada a vacinação e castração do animal. Outro item importante, e muitas vezes ignorado, é a necessidade do uso de uma plaquinha de identificação no cachorro. Em caso de perda do animal a plaquinha pode ser crucial para um final feliz. Além de propagar informações como essas na página do Facebook, os membros do Praça JKães ainda programam festas e brincadeiras. Um dos participantes mais animados é o pequeno Lucas Gervasio, de apenas 8 anos. Há apenas dois meses Lucas passou a frequentar os encontros noturnos na praça com a mãe, a consultora de RH Soraya Gervasio, 47, e seu cão Bruce. Os três não puderam comparecer à festa de fim de ano do grupo, epor isso Lucas sugeriu uma festa com o tema de frutas, realizada no dia 10 de fevereiro. A proposta era que os Para o terapeuta canino, Humberto donos levassem, além dos Araújo, a interação entre cães melhora seus animaizinhos, frutas já a qualidade de vida dos pets cortadas e de fácil consumo para serem compartilhadas entre todos. A mãe de Lucas garante que o evento foi um sucesso. “Foi muito legal, porque várias pessoas que não tinham uma frequência muito forte na praça vieram pra confraternizar. É uma reunião muito especial de pessoas do bem. Porque as pessoas que cuidam de animais, principalmente animais adotados, são pessoas muito generosas”. Criado através do Facebook, o grupo Por acompanhar o filho Praça JKães realiza encontros entre praticamente todos os dias cachorros e donos na Praça JK nos encontros, Soraya garante que além do lazer, as reuniões foram fundamentais para a socialização da família. Para ela, a convivência estreitou os laços com o filho e ainda aumentou seu círculo de amizades. Soraya afirma que o golden retrivier Bruce, de 1 ano e 3 meses, foi um fator importante para o desenvolvimento social e afetivo do filho. “O Lucas era um menino extremamente tímido, mais reservado. Com o Bruce ele se tornou um menino beijoqueiro, abraça todo mundo, é desinibido”, conta a consultora que recomenda a todos a companhia de um pet.
cializar em fotografias de animais. “Eu descobri então que vinha gente aqui pra ficar por conta do cachorro, o que é algo diferente. Geralmente, as pessoas levam o cachorro, dão volta e tudo, mas como se o animal fosse um adereço. Aqui é diferente, as pessoas vêm e param para ficar por conta mesmo, brincar, dar atenção”. A ação de resgate encorajada pela coordenação do projeto deve ser feita de forma metódica. Especialistas recomendam que, após o resgate, os possíveis problemas de saúde do animal sejam tratados, e em seguida
Benefícios para os cães
As vantagens do convívio com outros animais ao ar livre não se limitam ao lazer dos proprietários. A recreação com outros cães é extremamente benéfica para o desenvolvimento psicossocial e físico dos animais. A origem desses animais está intimamente ligada a esse fator, pois por serem descendentes de lobos estão habituados a viver em grandes grupos. É o que lembra o terapeuta canino Humberto Araújo,
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que possuiu doze anos de experiência na capital. Para ele, esses encontros caninos representam um grande avanço na qualidade de vida dos animais. “Acho super positivo! Cachorro tem que ter comportamento e vida de cachorro. Às vezes a pessoa tem um cachorro dentro de casa. Muitas vezes é apenas um animal, que só convive com pessoas. Então quando ele vai pra uma praça tipo a JK, pra conviver com outros cães, ele está socializando e tendo vida de cachorro. Isso é importantíssimo para o cão”. Humberto lembra que o aspecto físico também é contemplado por esse tipo de experiência. Segundo o especialista, passear é a atividade preferida do animal, por estimular os sentidos, principalmente o olfato. “Na rua tudo tem um cheiro diferente e aquilo é um estimulo pra cabeça do cachorro. Tendo esse estímulo e a companhia de outros cães, esse cachorro vai distrair, brincar, descansar e voltar pra casa relaxado”. O especialista enfatiza que a interação entre cães é extremamente útil no auxílio de animais antissociais. Nesses casos, o terapeuta recomenda que o pet seja apresentado a outros cães. “Isso é muito bom pra ele, pois ele passa a conviver com outros animais que não são agressivos. Então a agressividade dele passa a nem existir mais e ele começa a se comportar igual a outros cães”, exemplifica. O terapeuta explica que ignorar as carências desses animais pode ocasionar problemas comportamentais no pet, como excesso de latido, agressividade, ansiedade, necessidades fora do lugar, cães medrosos. Segundo Humberto, problemas de comportamento dos cães possuem causa na relação do cão com seus donos. “A demanda é muito grande, porque os problemas de comportamento só aumentam. Porque as pessoas hoje levam o cachorro para casa como forma de suprir uma carência afetiva. É o caso de algumas pessoas mais velhas que, ao verem os filhos casados, arrumam um cãozinho de companhia. Mas aí ela começa a mimar demais o cachorro e os problemas aparecem”, explica o profissional. Para solucionar esses problemas, o terapeuta, que atua principalmente nos bairros da região Centro-Sul de Belo Horizonte, vai até o lar desse cão e analisa as causas dos problemas comportamentais. A partir dessa análise, o profissional sugere as mudanças necessárias. Foi depois de ouvir recomendações de um adestrador de cães que a servidora pública Cátia Gomes, 46, passou a frequentar a praça JK com seu cão, o husky siberiano Zeus, de apenas 6 meses. “Geralmente ele fica num espaço mais restrito, e ele tem muita energia. Aqui ele brinca com outros cães. O adestrador me orientou que isso é necessário pra ele”. Cátia garante ter bons momentos de lazer na praça, assim como as irmãs, as bancárias Juliana, 43, e Silvia Calazans, 33, que frequentam uma vez por mês o local com seus cãezinhos. Cada uma tem dois cachorros e recomendam a experiência. “É muito divertido. Faz bem pra alma. Pra mim, quem curte um animal de estimação é mais feliz. É como uma terapia”, opina Juliana. n
adoção de Pets Local: Feira do Melhor Amigo - Espaço Buritis Horário: A partir das 11h Dia: 29 de março Endereço: Av. Prof. Mário Werneck, 1.550, Buritis Local: Centro de Controle de Zoonoses de BH Horário: Segundas-feiras, entre 10h e 17h. De terça-feira à sexta-feira, de 9h30 às 17h. Dia: De segunda a sexta-feira Endereço: Rua Edna Quintel, 173, próximo ao aeroporto da Pampulha
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gastronomia
Cupcakes Encantamento | Bolinhos atraem pela aparência e conquistam consumidores pelo paladar Lorena destaca que hoje o mercado dispõe de uma infinidade de produtos destinados ao preparo da receita. A chef, que se especializou nas receitas de cupcakes, enfatiza que os bolos vêm se tornando cada vez mais presentes em eventos familiares e até confraternizaçoes e eventos corporativos. Para ela a tendência continua sendo de mais crescimento. Apesar de não haver uma origem precisa, a teoria mais provável é de que os cupcakes tenham se originado no Reino Unido, por volta da década de 1970. Possivelmente criados como acompanhamento para os chás britânicos, foram chamados de Fairy Cakes (bolo das fadas). O termo cupcake é mencionado pela primeira vez no livro “Seventy-Five Receipts for Pastry, Cakes and Sweetmeats”, de Eliza Leslie, onde o nome fazia referência às medidas que eram dadas em quantidade de xícaras (Cups) . Outra possível origem para o nome é a forma como era realizado o preparo da massa. Até o início do século 20 não havia formas para assar os bolinhos, por essa razão eles eram assados em pequenos recipientes como pequenas latas e xícaras. n
Cupcake de Chocolate com cobertura de Cream cheese com limão Chef Lorena Gomes
Ingredientes da massa • ½ xícara de manteiga em temperatura ambiente • 1 xícara + 1 colher de sopa de açúcar refinado • 3 ovos • 1 colher (chá) de baunilha • 1 xícara + ½ de farinha de trigo • ½ xícara de cacau em pó • 1 pitada de sal • ¾ de xícara de leite Modo de preparo Bata na batedeira a manteiga e o açúcar por aproximadamente 10 minutos até a formação de um creme branco. Depois acrescente os ovos misturados com a baunilha. Em outra vasilha misture todos os ingredientes secos e misture com um fuê (batedor de ovos). Adicione os ingredientes secos ao creme e bata na batedeira. Em seguida, acrescente aos poucos o leite. Colocar a massa nas
forminhas, de preferência com auxílio de uma colher de sorvete. e retire um pequeno cone da massa. Cuidado para não ir até o final Levar as formas ao forno, que deve ser pré-aquecido a 180°. do cupcake. Insira até um pouco além da metade do bolo. Com cautela, segure o cupcake com uma mão e gire, serrando o Recheio de chocolate pequeno cone que irá se formar.Quando completar a volta levante a Ingredientes: faca, o cone deverá facilmente se soltar na sua mão. Caso fique pre• 1 lata de leite condensado so, passe a faca novamente e reserve o pedaço retirado do bolinho. • 200 g (caixinha ) de creme de leite No buraco formado insira o recheio. Em seguida “tampe” o bolinho, • 200g de chocolate meio amargo picado recolocando o cone. Para quem prefere mais praticidade na hora de • 1 colher (sopa) manteiga montar os cupcakes, a chef lembra que existem vários utensílios próprios para a receita, para acrescentar o recheio sem dificuldade. Modo de preparo Em seguida acrescente a cobertura. Misture todos os ingredientes em fogo alto. É necessário mexer o creme o tempo todo. Assim que o recheio atingir o ponto de fervura, Cobertura de Cream cheese com limão cozinhar por mais 3 minutos em fogo baixo. O recheio está pronto. Ingredientes: • 200 g de cream cheese (não light) Como montar o recheio • 200 g de manteiga sem sal (amolecida) Ao retirar os bolinhos do forno, aguarde o esfriamento dos cup- • 500g de açúcar de confeiteiro, peineirado cakes. Em seguida, insira uma faca de serra com ponta na diagonal • raspas finas da casca de 2 limões-sicilianos sem cera
Foto: Cinthya Pernes
Com uma alta visibilidade na mídia, os bolinhos de xícara ou cupcakes continuam com uma popularidade crescente na última década. Filmes como, “O Diabo Veste Prada”, “Mulheres Perfeitas” e o seriado “Sex and the City” também auxiliaram na propagação da receita. Hoje, sinônimos da cultura pop, os bolinhos são expostos em grafites pela capital, através da artistas como Maria Raquel Couto, além de ganharem espaço em animações, artigos de decoração e muitos outros produtos. A possibilidade de conciliar sabores extravagantes, em tamanho ideal para uma pessoa, facilidade no transporte e variedade de opções de decoração são os motivos apontados pela chef de cozinha, Lorena Gomes, para a popularidade mundial dos bolinhos.
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bem estar
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Dançar por prazer
Metodologia | o studio it incentiva a dança por diversão para todos, sem rótulos e cobranças
A bailarina, coreógrafa e professora Elaine Reis trouxe para o Studio It uma metodologia diferenciada para o aprendizado e aperfeiçoamento da dança, além da prevenção de lesões
Foto: Christoph Reher
Uma excelente atividade para se exercitar e queimar as calorias de forma prazerosa e divertida é a dança. Além dos benefícios estéticos, a dança pode ser considerada uma atividade física que ajuda no aumento da flexibilidade, melhoramento do condicionamento aeróbico e da coordenação motora, fortalecimento da musculatura e proteção das articulações. Ela pode auxiliar a perder peso, combater a depressão e a timidez. Muitas vezes, as pessoas procuram a dança por indicação médica, pois é usada como terapia também. Por envolver música associada ao movimento e expressão corporal, traz ao praticante a sensação de liberdade e experiências diferentes para o corpo. Ao darem os primeiros passos, os iniciantes se deparam com os tabus, medos e também preconceitos. Diferente do que muitos pensam, não existem restrições para a dança. Ela pode ser feita por todas as pessoas, tanto homens quanto mulheres, independentemente de idade ou de condicionamento físico, pois cada um se adapta às suas limitações físicas. A professora, bailarina e coreógrafa Elaine Reis, após passar por um período de pesquisas e estudos, em São Paulo e Nova York, decidiu compartilhar sua experiência no universo da dança nacional e internacional com o público mineiro e abriu sua própria escola de dança, o
Studio It. Elaine se especializou em dança, consciência corporal e prevenção de lesões dentro do jazz, da dança contemporânea e do balé clássico. A diretora da nova escola já passou por diversas escolas de dança da capital como bailarina, dentre elas o Oz Cia de Dança, Grupo Camaleão e Meia Ponta Cia de Dança. Além dessas, ela integrou a equipe de profissionais do Ballet Cristina Helena, do Núcleo Artístico de Dança, do Primeiro Ato Centro de Danças e do Centro Mineiro de Danças, onde introduziu o jazz. Com 25 anos de carreira, Elaine conta como a dança entrou na sua vida e como com o passar do tempo ela tornou-se uma paixão a ponto de fazê-la abrir sua própria escola. “Sempre gostei de dançar. Meu irmão era músico e quando criança ele gostava de pegar uma raquete de tênis e usar como instrumento musical, e eu dançava. A paixão vem desde pequena, mas acabou que eu segui outros rumos e fui jogar vôlei. Em uma determinada época meu pai queria que eu ficasse um pouco mais feminina (risos), e então fui atrás da dança como uma opção, mas apaixonei e nunca mais saí”. Com base nas lesões mais comuns sofridas por bailarinos, ela estudou formas de preveni-las com o auxílio da própria dança, aliada a diferentes terapias e técnicas corporais, como o pilates, a ginástica funcional,
a ioga e a meditação. Ela também desenvolveu um método próprio para o ensino e prática da dança nas suas diversas modalidades, sempre respeitando os limites do corpo dentro de cada faixa etária e estágio de aprendizado artístico. “A dança ajuda a descobrir qualidades que não conhecemos, você consegue aumentar sua autoestima, perder a vergonha e aprender a lidar com o corpo de uma forma diferente”. Além disso, Elaine acredita que, infelizmente, ainda existem certos preconceitos com esse meio artístico. “Vejo que existe o preconceito, mas não na pessoa, acho que é do próprio meio, infelizmente. Porque tem esse estereótipo de que a bailarina precisa ser magra, bem leve, que importa a idade. Você precisa entender cada corpo e respeitar o limite de cada um. A dança trabalha tanto a autoestima que a pessoa emagrece sem se cobrar. Claro que você tem que controlar a sua alimentação pela qualidade, porém ninguém tem que se privar de nada. Sempre falo que quem dança os males espanta. Então realmente não existe idade, uma pessoa com 30 anos que nunca tenha dançado pode começar tranquilamente. A dança consegue te dar tudo, condicionamento cardiorrespiratório, trabalho muscular, postura, força física, alongamento e, claro, o bem-estar”, afirma a profissional. Há 30 anos a bailarina Luciana Martins, aluna de Elaine, faz aula de dança e conta que a atividade a ajudou a perder sua timidez. “Sempre fui mais agitada e o balé clássico nunca me interessou, a não ser pela questão da parte técnica. A dança ajudou a melhorar minha qualidade de vida, sem dúvidas, questão de timidez, a minha vida social, de relacionar com as pessoas e de me abrir para o mundo, foi essencial na minha vida”, conta Luciano. n
Modalidades Foto: Cinthya Pernes
Ballet Clássico, Jazz, Dança Contemporânea, Dança de Salão, Dança Urbana, Stilleto, Soul Funk, Teatro, Ginástica Elementar, Mat Pilates, Aula para Gestantes A equipe do Studio It é formada por profissionais renomados
#sejait Rua Alumínio, 22 | Praça Milton Campos | Serra Tel 31 3327.3503 | 3267.3823 | 9622.4822 www. studioit.art.br facebook.com/sejait
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moda |
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Isadora vargas
isadora.vargas@urbhano.com.br
NYFW New York Fashion Week | está aberta a temporada de desfiles inverno 14/15
Alexander Wang
A temporada de desfiles da coleção de inverno 2014/15 começou, no dia 5 de fevereiro, bem agitada na cidade de Nova Iorque. A IMG, formalmente conhecida por Mercedes-Benz Fashion Week, divulgou seu plano de resgatar o conceito e a exclusividade de uma temporada fashion. Na última estação, Oscar de la Renta apelou para uma exibição super seleta para 350 pessoas em seu atelier, seguindo à risca essa ideia de resgatar o conceito de exclusividade de uma temporada de moda. Segundo o estilista, os megashows de Nova Iorque estavam superlotados de pessoas que não tem conexão alguma com a moda e, ao que tudo indica, não é esse o propósito que possuem em mente. Em razão disso, houve uma certa dificuldade de ter acesso ao Lincoln Center (espaço oficial da NYFW), uma vez que o lugar foi invadido por blogueiros, fãs de moda e fotógrafos de street style, além das centenas de celebridades e jornalistas. Se-
Herve Leger
Herve Leger
gundo Catherine Bennet, vice-presidente da IMG, o que costumava ser uma plataforma para designers estrearem suas coleções para a imprensa especializada e compradores, virou um período caótico e exaustivo para a indústria. As mudanças relacionadas ao evento vêm como uma resposta às reclamações de muitos estilistas, mas certamente desagradam quem ficou de fora. Blogueiros, por exempo, defendem a ideia de que também são responsáveis pela divulgação e propagação do evento por meio de suas redes sociais que, diga-se de passagem, é movimentada por milhares de fãs. O NYFW contou com mais de 350 apresentações e desfiles espalhados pelos nove dias de calendário (oficial e paralelo). Alexander Wang, um dos favoritos da semana, levou os fashionistas ao galpão da Marinha, no Brooklyn, apresentando um verdadeiro show com sua coleção ultratecnológica. O desfile começou com
Monique Lhuillier
Fotos: Divulgação
Diane Von Furste nberg
vestidos e casacos sobrepostos a camisas estampadas de gola alta. As botas eram bicolores, tinham canos altíssimos, eram perfeitas para enfrentar as temperaturas abaixo de zero sem deixar o estilo de lado. Bermudas e conjuntinhos de alfaiataria, com um toque masculinizado, também ganharam espaço. Hervé Léger não poupou esforços para registrar a permanência do “sex appeal” ao apresentar sua marca registrada, a bandagem. Os vestidos, saias e macacões abrigavam franjas, fivelas, aplicações. Até penas foram levadas à passarela, compondo um inverno sexy e feminino, com pouca pele à mostra. No calendário lotado, os editores e compradores brincam de barata tonta para tentar absorver o melhor da moda americana. Entre os destaques da temporada estão o desfile de Marc Jacobs, em sua primeira estação sem a Louis Vuitton, Monique Lhuillier, Diane Von Furstenberg e Marchesa. n
Monique Lhuillier
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jovem
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Hora de sair de casa
Adaptação | apesar da liberdade, jovens que que vão morar sozinhos sentem falta do conforto
Fotos: Cinthya Pernes
Mesmo morando em repúblicas, os meninos precisam aprender a fazer a própria comida
Ir morar sozinho é uma decisão difícil e pode ser tomada por diversos motivos. Hoje em dia a maioria dos jovens que saem de casa saem para estudar. Por volta dos 17 e 18 anos, os jovens prestam o vestibular e a maioria quer passar em grandes faculdades federais, como a UFMG. Muitos vêm do interior e precisam morar sozinhos ou em repúblicas por necessidade. Assim, a cada novo semestre letivo, pais procuram apartamento para os seus filhos. O problema é que, muitas vezes, esses jovens não estão preparados para morar sozinhos e arcar com os cuidados de uma casa. Morar com os pais, sem dúvidas, tem
os seus privilégios. Comida quentinha na mesa na hora certa, quarto arrumado, roupas-lavadas e perfumadas, situações que muitos desses jovens só dão valor quando vão morar sozinhos. O estudante de Administração Fábio Mansur, 18, mudou-se para Belo Horizonte há um ano devido a sua aprovação no vestibular. Precisando se adaptar a uma nova cidade e a uma nova vida, ele preferiu morar totalmente sozinho, em vez de dividir uma república estudantil. “Sempre sonhei em estudar na UFMG e, como minha família é de São Paulo, escolhi morar sozinho. O motivo dessa escolha foi devido a uma maior liberdade, poder
fazer o que eu quero sem precisar me preocupar com outras pessoas”, relata o estudante. Lavar a louça, passar roupas e fazer o almoço eram tarefas impensadas antes de se deparar com a realidade de ir morar longe dos pais. “Para mim, a parte mais difícil é manter tudo sempre organizado. A louça lavada, os objetos no seu devido lugar, a casa arrumada, pois tudo só depende de você”, conta Fábio. É o que acontece também com a estudante de Relações Internacionais da PUC Minas Isabella Dias Marques, 18, que é natural de Patos de Minas e mudou-se para a capital para estudar. “O mais difícil
de tudo é cuidar das coisas da casa, lavar roupa, cozinhar, passar! E fazer almoço no domingo, muito triste! Mas também é difícil os primeiros meses porque você acaba de sair da mordomia da casa dos pais e tem que aprender a fazer tudo sozinha”, confessa Isabella que mora em uma república com mais quatro meninas. Devido à falta de jeito com a cozinha e afazeres domésticos, acontecem situações inusitadas e engraçadas. E como todo jovem, eles levam na esportiva. “Já passei por várias situações engraçadas, principalmente envolvendo baratas. Mas viver em república acaba sendo muito engraçado, pois todo dia acontece uma eventualidade cômica”, conta Isabella. Já com Fábio a situação foi outra. “O dia em que tive que me virar foi quando acabou a luz por bastante tempo. Eu tinha que continuar a fazer as coisas, então a comida que eu faço nas panelas elétricas tiveram que ser feitas do jeito normal, o que não deu muito certo. Sem contar o banho frio”. Para o estudante de Medicina João Paulo Pereira Martins, 18, os casos inusitados de morar sozinho aparecem na hora de cozinhar alguma coisa para comer. “As situações mais engraçadas que eu passei até hoje são sempre na cozinha, pois eu ainda estou aprendendo a fazer algumas coisas. Sempre recorro aos meus pais pelo telefone e peço ajuda”, relata. Mas apesar das responsabilidades da nova vida e da rotina, os jovens confessam que tem o lado bom. O quesito liberdade é o motivo mais apontado. Não ter hora para chegar em casa e nem precisar dar satisfação sobre todos os pas-
sos é um ponto muito positivo para eles. “Com certeza o lado bom é uma maior ‘liberdade’, sair e voltar sem dizer pra onde foi e que horas volta, os horários de frequentar ou não na faculdade, ir para um bar em plena segunda. Mas também maior aprendizado, maior experiência de vida! Acho que todos devem morar longe dos pais para aprender sobre a vida. No meu caso eu tive que aprender muita coisa”, conta a estudante de Relações Públicas. Apesar do sexo masculino não se preocupar tanto com a casa quanto o sexo feminino, o estu-
dante Fábio aponta que montar a casa do seu jeito é o lado bom de morar longe dos pais. “O melhor de morar sozinho é se tornar responsável por tudo na casa, ter liberdade de montá-la da sua maneira e de poder fazer o que quiser, com quem quiser sem ouvir reclamações”. Para o estudante de Medicina João Paulo, o que prevalece é o respeito por seu espaço. “O melhor de tudo é poder fazer o que eu quiser e na hora que quiser, sem ter ninguém para ficar cobrando nada. Além, é claro, de poder fazer mais bagunça e das manias serem respeitadas”. n
As jovens vieram do interior para estudar em grandes universidades da capital
Longe dos pais, os jovens precisam realizar todos os afazeres domésticos, entre eles, lavar o banheiro
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cultura
Cidade em festa Foto: Acervo Belotur
Carnaval de rua e bloquinhos | Belo Horizonte não perdeu as suas raízes carnavalescas
Carnaval na capital mineira resgata as suas tradições
Pelo resgate da tradição cultural da festa do carnaval em Belo Horizonte, os amantes e saudosistas da data organizam bloquinhos que voltam a desfilar na capital. Depois de 23 anos, as Escolas de Samba e os Blocos Caricatos retornam a desfilar na Avenida Afonso Pena, entre a Avenida Carandaí e Rua da Bahia. Neste ano, eles vêm com um novo formato, trazendo novidades e uma nova festa para os foliões. Além disso, o belohorizontino também se diverte nos blocos de rua, que já estão se apresentando pela cidade.
Em 1980, o Decreto Municipal 3.676 oficializou o Carnaval em Belo Horizonte, e nesse mesmo ano as Escolas de Samba e os Blocos Caricatos desfilaram pela primeira vez na Avenida Afonso Pensa. Essa tradição foi mantida durante 10 anos. Depois aconteceram bailes nas regionais, desfiles na Via 240 e na Avenida dos Andradas. Em 2014, diante do crescimento da festa, a Belotur anunciou o retorno dos desfiles para a Afonso Pena, reivindicação antiga dos sambistas da capital. Neste ano, aproximadamente seis Escolas de Samba e nove Blocos Caricatos se apresentarão. Entre as novidades, a Belotur realizou a eleição da Corte Momesca, no dia 18 de janeiro, no Music Hall, evento que marcou oficialmente a abertura da festa em Belo Horizonte. As praças da Estação, da Savassi e da Pampulha vão contar com palcos estratégicos para o encontro dos foliões curtirem shows de nomes locais e nacionais do samba. Além dessas, as nove regionais da capital também montarão diversos palcos de show. ParaMauroWerkema,presidentedaBelotur,onovo formato do Carnaval irá garantir a concentração das pessoas em pontos estratégicos da cidade. “Queremos possibilitar, juntamente com todos os órgãos parceiros, uma melhor logística de deslocamento, segurança e alegria para os foliões, e ainda a manutenção da limpeza e do patrimônio da cidade”. n
O Carnaval em BH 1897 – Foliões fazem o Carnaval em BH antes mesmo da sua inauguração; Década de 1910 – Começa o desfile das grandes sociedades, que saíam com os caminhões alegóricos pela cidade; Década de 1930 – Escolas de Samba Pedreira Unida, formada por moradores da Pedreira Prado Lopes, é a primeira agremiação a desfilar em BH; 1975 – Banda Mole faz sua estreia no Carnaval; 1980 – Escolas de Samba e Blocos Caricatos saem pela primeira vez na Avenida Afonso Pena; 1990 – Blocos Caricatos e Escolas de Samba desfilam pela última vez na Afonso Pena; 2004 – Desfile das Escolas de Samba é transferido para a Via 240, na região Norte; 2011 – Desfile das Escolas de Samba é transferido para o Boulevard Arrudas na região Centro-Sul; 2013 – Em 6 de dezembro é anunciado o entendimento entre Belotur, PBH, escolas de samba e blocos caricatos para volta dos desfiles na Avenida Afonso Pena.
Foto: Cinthya Pernes
URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 21 de fevereiro a 5 de março de 2014
especial
Contudo, embora esse raciocínio seja juridicamente falso e logicamente absurdo, existe uma explicação bastante razoável para se supor que ele esteja sendo disseminado por pessoas muito bem esclarecidas e interessadas em seus possíveis efeitos, dependendo de como estiver configurado o cenário político às vésperas das eleições. O falacioso argumento normalmente é apresentado com maquiagem jurídica, a qual lhe confere uma sedutora aparência de legitimidade, sobretudo para o público leigo. Isso porque induz o leitor a uma interpretação distorcida do Código Eleitoral, que, em seu artigo 224, dispõe sobre a necessidade da marcação Diogo Mendonça Cruvinel é Cientista político, Bacharel em Direito, Especialista em Direito de novas eleições sempre que a nulidade atingir mais Público e professor de Direito Eleitoral. diogocruvinel@yahoo.com.br da metade dos votos. O truque é esconder que essa nulidade referida pelo Código deve decorrer exclusivamente de decisão proferida pela Justiça Eleitoral, em razão de alguma vantagem obtida irregularmente durante a campanha do candidato vencedor, e não da manifestação dos eleitores que deliberadamente tenham escolhido anular seus votos. Assim, apenas os votos válidos são considerados para o resultado de uma eleição, ainda que proferidos por Eleitores que votam nulo podem anular uma eleição? A resposta, menos da metade dos eleitores, desprezando-se sempre os votos nulos sem dúvida nenhuma, é “não”. Mesmo assim, em períodos eleitorais é e os em branco. O argumento é logicamente incorreto por partir da falsa premissa bastante comum a veiculação de e-mails e postagens nas redes sociais de que nenhum dos candidatos é bom o suficiente para merecer o voto conclamando os eleitores a votar nulo, sob o argumento de que se mais da metade anular seu voto uma nova eleição deve ser marcada, na qual dos eleitores. Seguindo esse raciocínio, duas seriam as supostas consenão poderão concorrer os candidatos registrados no primeiro pleito. quências: (1) ao se anular as eleições, surgiriam para o segundo pleito
O falso mito dos votos nulos
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novos candidatos, dentre os quais finalmente seria possível escolher um que fosse bom ou (2) como no primeiro pleito, nenhum dos candidatos registrados para o segundo seria bom, de forma que os eleitores novamente votariam nulo e, assim, viveríamos em um estado de permanente anarquia e renovação de pleitos, sem que nenhum representante fosse eleito. Não é preciso muito esforço para perceber que o argumento não se sustenta. Mas, como dito, pelas regras atuais, as eleições são decididas apenas pelos votos válidos, de maneira que, em uma eleição majoritária para cargo do Executivo (prefeito, governador ou presidente), por exemplo, na qual as pesquisas de intenção de voto apontem uma diferença não tranquila entre o primeiro e o segundo colocados, quanto maior for o número de votos nulos, menos votos válidos disponíveis entre os eleitores indecisos terá o segundo colocado para tentar alcançar o primeiro. Com isso, mesmo em uma situação na qual a diferença de votos entre ambos é menor que o número de indecisos, não será necessário ao primeiro empreender uma busca desesperada pelo voto desse grupo de eleitores, bastando-lhe que estes simplesmente não votem no segundo colocado. Por essa razão, se todos os eleitores indecisos votarem em branco, anularem seus votos ou escolherem candidatos de menor expressão,tão melhor será para o candidato que lidera as pesquisas. Não repreendo o eleitor que, por convicção ideológica, anula o próprio voto. Pelo contrário, vejo essa manifestação como absolutamente legítima. Entretanto, lamento por aqueles que, enganados, anulam o voto esperando ingenuamente a marcação de um novo pleito. Ou pior, acreditando que, em uma nova e inexistente eleição, descerá dos céus um candidato perfeito, o salvador, aquele que “dará um jeito” na política. n
cristina ho
| turismo Foto: Arquivo pessoal
Tesouro escondido Foto: Charly Ho
Brasil | são miguel do gostoso - RN é um lugar mágico
Recentemente tive oportunidade de conhecer uma região belíssima do Brasil que se encontra, ainda, bastante preservada e pouco turisticamente explorada: São Miguel do Gostoso e arredores. Localizado a 110 km de Natal, São Miguel do Gostoso é um lugar que se dá o privilégio de exibir um céu estrelado, uma vida marinha abundante e alguns quilômetros de praia
deserta. Um presente da natureza combinado com a areia fina que dança aos pés daqueles que caminham sob o sol escaldante do verão. A apenas uma hora e meia de carro da capital do Rio Grande do Norte, São Miguel do Gostoso também oferece aos seus visitantes uma paisagem primitiva, pousadas sem frescura e natureza na sua forma mais deslumbrante e original. Por causa do vento forte as praias da região são bastante procuradas por praticantes de kitesurf e windsurf, um ornamento especial que pincela o céu azul com cores fortes e movimentos radicais. Apesar dissso, a democracia impera. Aos turistas menos radicais a natureza mostra sua generosidade: o sobe-desce das marés e uma nova paisagem surge no horizonte: onde havia somente mar, agora uma piscina natural se revela: tranquila e de água morna à espera de um banhista. Na praia de São José, onde a simplicidade é tangível
Cristina Ho também escreve no www.fasciniopelomundo.blogspot.com.br
encontramos um lugar chamado Urca do Tubarão, comandado pelo incomparável Edson Nobre, ex-professor de Química que administra seu restaurante & pousada & cachaçaria há 13 anos, ao lado de sua Lila. Lá, enquanto saboreava um delicioso frango caipira, meus ouvidos eram agraciados por um desfile de poemas de variadas autorias, todos muito nobres, à altura do seu recitador. Na sua cachaçaria Edson apresenta, com um humor criativo e extraordinário, as cachaças envelhecidas em barris de umburana, cumaru, angico e freijó, todas devidamente degustadas e aprovadas. A vida por aqueles lados parece descomplicada e alegre. E nesse ritmo mais leve me deixei contagiar pela paz, pela pureza e pela verdadeira essência da felicidade. De lá voltei com a energia renovada e a certeza de que o gostoso da vida é passear em Gostoso, com o perdão do trocadilho, professor! n