MF BrasilItália - A grande partida - MF Milano

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Sexta-feira 28 Dezembro 2012

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C A P I TÃ E S C O R A J O S O S Investimentos

Campari

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festa da Campari no Brasil já terminou? Não, está apenas no início. Numa primeira leitura dos dados do terceiro semestre de 2012 da empresa controlada pela família Garavoglia, a quebra de 8,6% das vendas no Brasil (6% do total) pode levar ao engano, mas é preciso analisar os números no seu todo. Se é verdade que os resultados das vendas são negativos, outros números indicam um crescimento constante do mercado quer em termos de vendas, quer em termos de incidência no Brasil no total. No segundo semestre, as vendas incidiam em 6,1% do total e assinalavam -14,2%, sendo que no primeiro semestre os números eram ainda piores. As vendas incidiam apenas em 4,2% do total, registrando -31,9%. Em geral, +2,4% de incidência sobre o total e +23,3% sobre as vendas em apenas nove meses: números de uma tendência positiva que não parece parar. Os dados são confirmados à Milano Finanza por Bob KunzeConcewitz, diretor executivo da Campari, que sublinha a centralidade do mercado brasileiro. No ano passado, a empresa milanesa comprou a marca Sagatiba, líder no mercado da cachaça

Enel Green Power

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uase dois mil milhões de dólares de investimentos, num total de 6 previstos para os próximos 5 anos pela Enel Green Power (EGP), dão uma ideia exata sobre o empenho do grupo italiano no mercado de energias renováveis mais importante do mundo, o sul-americano. Deste montante, 34% será gasto no Brasil, onde a sociedade opera desde 2006. Com cerca de 200 colaboradores nos escritórios do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Cuiabá e Palmas, a EGP atua nos setores eólico e hidroelétrico, com 20 sistemas de mini-hidro nos estados de Mato Grosso, Tocantins e São Paulo, que têm uma capacidade total de cerca de 93 mil MW, totalmente distribuídos no campo hidroelétrico. «Existe um forte incentivo para o desenvolvimento de fontes de energia limpa, graças aos recursos naturais fenomenais e à vontade de ativar uma indústria local sólida através da introdução de benefícios fiscais estatais e locais», explica Maurizio Bezzeccheri, nascido em 1958, responsável pela Península Ibérica e América Latina da EGP. «O Brasil tem uma capacidade de cerca de 4.000 horas de vento, contra pouco mais de 2.000 na Europa», continua Bezzeccheri, que sublinha como o sistema de incentivos permite a realização de sistemas a preços altamente competitivos. Um exemplo é o complexo eólico Cristal, em Morro do Chapéu no estado da Bahia, que entrará em operação em setembro de 2013, ou o Curva dos Ventos, também no estado da Bahia, o Fontes dos Ventos, no estado de Pernambuco, e o Modelo no estado do Rio Grande

Tim-tim com cachaça premium na América Latina. A bebida produzida a partir da cana-de-açúcar e ingrediente principal da caipirinha, o cocktail nacional com limão e açúcar, preenche o vazio na oferta da empresa. A operação, que custou 26 milhões de dólares, aos quais se agrega o pagamento de um earn-out de 7,5% do valor das vendas anuais nos oito anos após o fechamento, foi uma manobra importante no mercado brasileiro, pois a Sagatiba representava 99% das vendas totais de cachaça. «Analisando o último e importante quarquar to trimestre de 2012 e o início de 2013, esperamos uma melhora adicional no Brasil», afirma Kunze-Concewitz. A Campari terminou em 2011 uma fábrica de produção em Jaboatão, Pernambuco, que substituiu a fábrica anterior, na mesma região, e se agrega às fábricas de Barueri e Sorocaba no estado de São Paulo. Com um custo de 80 milhões de dólares e disposta numa área de 32.000 m2, desfruta da proximidade com o complexo portuário de Suape, que dispõe de uma logística moderna e funcional para as operações de movimentação, estoque, exportação e importação de mercadorias.

Bob Kunze-Concewitz, diretor executivo da Campari. «Os resultados nos primeiros nove meses de 2012 foram influenciados por uma repentina alteração das condições de mercado e do consumo na Itália em setembro e um desempenho fraco na Alemanha durante o verão. Como nota positiva, registramos uma gradual melhora no Brasil e uma progressão contínua na América do Norte», explica.

Um clima ideal: muito vento e poucos impostos do Norte. Todos estes parques eólicos deverão entrar em atividade a partir de janeiro de 2014. «Para todos os projetos, a EGP usufruiu da isenção do IVA, que no Brasil é de 17%», explica Bezzeccheri. Mas a EGP não é a única sociedade a aproveitar este sistema fiscal. Existe uma isenção fiscal de 3,75% a favor dos fornecedores e uma outra que coloca à disposição um incentivo adicional para toto das as sociedades que não ultrapassam os 40 milhões de reais de rendimento. Além disso, a nível federal, como no caso da Bahia, existem vantagens fiscais para os investimentos em infraestrutura, destinado a incentivar a atividade das empresas locais. «De fato, os fornecedores de máquinas da EGP não são brasileiros, mas para as obras de construção, estradas ou obras infraestruturais elétricas, utilizamos empresas locais», revela Bezzeccheri. É assim ativado um círculo de investimentos muito importante com o objetivo de ativar a indústria local num país que vive da sua riqueza graças à exportação de matéria-prima.

Luigi Ferraris é presidente da Enel Green Power, além de chief financial officer do Grupo Enel que, através da Endesa, a subsidiária espanhola, é líder de mercado no Brasil


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