W. W. da Matta e Silva - Umbanda de Todos Nós

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A Quimbanda, no meio umbandista ou mesmo em seu próprio “habitat”, é a coisa mais confusa e disparatada que se pode observar, tanto nas concepções, quanto nas práticas. De modo geral, admitem dentro dela uma Linha das Almas (?) composta de “umuluns”, espíritos que dizem ter uma forma apavorante, peludos como ursos brancos, usando cornos, etc., tendo como chefe (sic) um Santo, o S. Lázaro (qual dos 4 santos ou bispos do mesmo nome?). Admitem ainda a Linha dos cemitérios, constituída pelas 7 Legiões dos caveiras, chefiadas por João Caveira, e afirmam que os espíritos desta Linha têm a forma de um “esqueleto humano”. (Obs.: é crença comum acreditarem ser esta Linha integrada por “almas aflitas, necessitadas, suicidas, queimadas, enforcadas, afogadas, etc.”, enquanto que a já citada Linha das Almas compõe-se de “umuluns”, que são espíritos ou almas cuja órbita ou campo de ação são os cemitérios). Falam na Linha de Nagô, cujos espíritos integrantes chamam-se “gangas” e ainda de uma Linha de Mossurubi, composta de espíritos de pretos, tais como os dos Cafres, Zulus, Hotentotes, etc. A concepção mais arraigada está na Linha das Encruzilhadas, que dizem também “de Malei” ou de Exus. Não podemos passar em branco a descrição que, genericamente, fazem dos Exus, os quais dizem “possuir na cabeça uma luz vermelha, como um archote, e quase todos portadores de cauda e chifres. Uns têm pés e pernas de bode, chifres grandes ou pequenos, outros têm forma de morcegos, de gorilas, usando capa preta de fundo vermelho e tridentes arredondados. Nesta altura, temos que dissertar um pouco à margem, mas os assuntos são conexos. Obedecendo à descrição retro, vemos que existe uma variedade de estátuas de Exus: A, B, C, D etc., à venda nas vitrinas e (que absurdo!) preceituadas em grande número de “terreiros de Umbanda”. É deprimente ver como a ignorância gera o fanatismo, irmão gêmeo do fetichismo. Causa espécie vermos milhares de criaturas, em pleno século XX, venerarem estátuas esquisitas, modeladas segundo as descrições citadas e apoiadas por “videntes” que, na maioria, devem ter confundido “larvas” diversas com os ditos elementais, vítimas, talvez, de seus próprios estados mentais ou alucinatórios, criando, assim, um conceito comum sobre Exus, quando o qualificam de “o homem de capa preta, o malvado, o homem da meia-noite, o compadre, etc.”,


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