Cometa - 40 anos

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com os mediadores, se deu o processo de partilha. As lojas foram divididas com equidade. As fazendas eram uma paixão de Francis herdada do pai e Marcos não tinha interesse de ficar com elas naquela momento. Foi fácil decidir com quem elas ficariam... Mas havia uma dificuldade: o hotel de Mirassol D’Oeste, que acumulava dívidas provenientes de seu financiamento. Depois de uma rodada de conversas, os mediadores expuseram a sua solução: o hotel ficaria com os dois. Diante de um momento de hesitação de ambas as partes, a justificativa foi apresentada com a devida imparcialidade, indicando que, em função do valor da dívida, não seria possível nenhum dos dois arcar sozinho com o compromisso. Se um dos dois o fizesse, estaria fadado à falência. Portanto, as dívidas também seriam objetos da divisão entre os irmãos. Eis que se fazia a partilha do Grupo Cometa, nome que, aliás, ficou em definitivo sob a responsabilidade de Francis, que por muito tempo, por uma condição natural da sua personalidade, havia tocado os negócios da família. Engana-se, no entanto, quem acha que Marcos se afastaria dos astros – e da venda de veículos. Fundaria o Grupo Canopus, que hoje é também um dos maiores do país no setor. Os desafios para Francis eram infindáveis. Este seria, mais uma vez, um recomeço, somado ainda a um novo ingrediente: a ausência do irmão. Pensar uma trajetória sem a companhia de Marcos era quase impossível num primeiro momento, já que com ele compartilhara toda sua história até então. Entretanto, as experiências anteriores e o faro para os negócios fizeram com que o Grupo Cometa seguisse seu caminho permeado pelo sucesso. A partir da década de 1990, os anos foram de crescimento, expansão e consolidação do negócio de motocicletas Honda, possibilitando avançar para o setor de quatro rodas, com a Volkswagen. 20

Fachada da primeira Cometa Center Car, em Ariquemes.

As lojas de autopeças foram dando lugar, gradativamente, para as concessionárias Honda, sendo que no início da década de 1990 as atenções do grupo se voltaram quase que exclusivamente para esse segmento. O espírito bandeirante levou o grupo a extrapolar as fronteiras do Centro-Oeste brasileiro. A equipe estava onde parecia não haver caminho e, ao enfrentar buracos, atoleiros e muita poeira, desvendava os territórios pantaneiro e amazônico. Os negócios avançavam pelo norte do Mato Grosso e por diferentes estados da região Norte. Francis não perdia a oportunidade de abrir uma nova concessionária, ou um novo ponto de venda. Pará, Amazonas, Acre, Rondônia. Não havia fronteira ou dificuldades que o grupo não enfrentasse no intento de procurar o cliente, onde ele estivesse, com “paixão em servir”.

Sidnei Matos, que na época já galgava postos mais elevados na administração do Grupo, avalia que dois fatores foram determinantes para que o momento de transição fosse superado com êxito: Eu diria que a força de vontade do Francis foi o fator mais importante. Ele nunca entrou num negócio sem a certeza de que daria certo. E isso contagia quem trabalha com ele. Outra coisa fundamental foi o know-how adquirido ao longo dos anos anteriores, com as lojas de autopeças. O Francis já conhecia todas as etapas importantes para a manutenção de um negócio; para o sucesso nas vendas.

As distâncias se somavam a vários obstáculos, como os atoleiros.


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