REVISTA UBC #31

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8/UBC : NOTÍCIAS

SETE PERGUNTAS PARA:

DANIEL FIGUEIREDO ASSOCIADO DA UBC É O RESPONSÁVEL PELAS TRILHAS SONORAS DE SÉRIES E NOVELAS DA RECORD, PRODUZ DISCOS E OBSERVA COM OLHAR PRIVILEGIADO AS MUDANÇAS NO MERCADO DESDE QUE COMEÇOU, HÁ 25 ANOS De São Paulo

Como está o processo de produção da trilha sonora da próxima novela bíblica da Record, “O Rico e o Lázaro”? Quais os desafios inerentes à produção de uma trilha para um trabalho de época tão específico? Daniel Figueiredo: O processo está bem adiantado. O principal desafio é superar a qualidade das novelas anteriores e, ao mesmo tempo, ter um diferencial. Estou utilizando alguns elementos mais modernos e que eu não tinha utilizado nas novelas anteriores, que irão ajudar a dar esse “pulo” no tempo. Há alguns meses você disse ao site da UBC estar focado no mundo das trilhas e também nas suas empresas, a Up-Rights, de gerenciamento de direitos autorais, entre elas. Agora vem a surpresa da produção do novo disco da Jane Duboc. Você vinha produzindo discos continuamente nos últimos tempos ou retomou esse labor agora? Quando a Jane esteve no meu estúdio para gravar o tema da novela “A Terra Prometida”, sentou-se ao piano para me mostrar uma música, e percebi que somente ela tocando e cantando já seria um disco excelente. Se adicionássemos participações especiais, então, aí seria um disco também histórico. Mesmo tendo os duetos, o disco será “minimalista”, acústico, geralmente apenas com piano ou violão tocados pela Jane em cada faixa e as vozes divididas com grandes nomes nacionais e, provavelmente, alguns internacionais. A Jane é uma das artistas mais talentosas que já conheci, então a produção musical está sendo a mais fácil que já fiz. Apesar do imenso prazer e da honra que estou tendo com este disco, não pretendo voltar a fazer produção musical para o mercado fonográfico, por muitos motivos. Como foi o processo de produção deste? É um disco de inéditas? A maioria são regravações, mas o repertório ainda não está todo definido. Pode ser que tenha inéditas também. À medida

que estão chegando os convidados, as músicas podem mudar. Ainda estamos no início da produção. Apesar de ser um disco simples e, consequentemente, barato de produzir, convenci a Jane a utilizar o sistema de financiamento coletivo, que tem permitido a grandes artistas (como Rick Wakeman, Marillion, Def Leppard, Michael Bolton, Jethro Tull, entre outros) não apenas lançar mais um disco, mas sim verdadeiras obras de arte. Como não existe excedente de produção, estoque etc., o público pode ter um produto 100% feito para ele e, além disso, ter contato com todo o processo de produção. É uma luz no fim do túnel que tenho visto para o mercado fonográfico. E o disco “Guitar Heroes”, que também está produzindo? O que é exatamente? É meu primeiro disco solo, onde reúno trilhas, no estilo mais rock, que fiz para novelas e séries, e convido um guitarrista que admiro para solar comigo em cada faixa. Já gravaram: Greg Howe, Jennifer Batten, Larry Coryell, Paul Gilbert, Big Gilson, Marcos Kleine, Mike Stern, Scott Henderson, Jamie Glaser e Roman Miroshnichenko. Qual foi a principal mudança no mercado a que assistiu desde que começou? Comecei tocando profissionalmente em bandas de baile há aproximadamente 25 anos. A principal mudança a que assisti é que agora é mais fácil para o artista produzir e divulgar sua arte. Quando comecei, a possibilidade de alguém da Dinamarca, por exemplo, escutar uma música minha, mesmo que eu fosse o artista mais ouvido no Brasil, era ínfima. Agora eu posto uma música no YouTube, no SoundCloud ou Facebook e, em segundos, já posso ver até os comentários das pessoas de vários países. E qual crê ser a nova fronteira para o mercado musical? Em outras palavras: você, que parece estar sempre inovando, se vê exatamente onde daqui a uma década? No mercado de música original/trilha sonora original, vejo um crescimento natural por conta do crescimento da produção audiovisual. Na produção fonográfica não consigo ver, e acho que ninguém consegue, um futuro muito promissor. Os discos se tornaram brindes promocionais, o streaming não paga nem o cafezinho, e os artistas estão cada vez mais produzindo e distribuindo de graça seu próprio material.

Foto: Ricardo Fujii

Há 25 anos, Daniel Figueiredo começou sua carreira tocando em bailes no interior de Minas Gerais. Hoje, é o responsável pelas trilhas sonoras de incontáveis produtos de sucesso da Rede Record, além da produção de discos, da criação de diferentes empresas da área musical e do gerenciamento de carreiras. No futuro, vê uma mistura ainda maior entre música e produtos audiovisuais – e planeja fazer parte dela. Dono de um olhar agudo e privilegiado sobre o universo musical, ele comenta à Revista UBC seus mais recentes trabalhos e demonstra um olhar otimista sobre a era digital: “é mais fácil para o artista produzir e divulgar sua arte”.


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