Dimensões da Dieta Mediterrânica

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celas ocupadas por culturas de sequeiro, nas áreas onde não é exequível o regadio. Estas eram, maioritariamente, ocupadas por pomares de sequeiro mistos, muito heterogéneos na composição e na idade das árvores, culturas arvenses de sequeiro (fava e ervilha) e cereais, cultivadas como culturas intercalares nos pomares de sequeiro, ou em sistemas de cultivo intensivos, formando parcelas individualizadas, com rotação de culturas. Estas culturas seguiam, quase sempre, uma rotação bienal, onde o trigo alternava com a fava ou a ervilha (Simões, 1934/5). As zonas baixas da planície litoral ofereciam condições excepcionais para o regadio, devido à presença de solos de aluvião, à fraca densidade do pomar de sequeiro, à topografia e à facilidade de abertura de poços. Nestes encontrava-se sempre água em relativa abundância, ainda que de qualidade não muito elevada (frequentemente calcária e salobra). Encontrava-se, a cada passo, poços a diferentes profundidades, em que as águas eram levantadas para tanques por meio de aparelhos ou engenhos mecânicos – noras mouriscas, de uma ou duas rodas elevatórias, designadas, respectivamente, por engenhos simples ou duplos, inicialmente construídos em madeiras rijas (de alfarrobeira e amendoeira) e, mais recentemente, em ferro, puxados por bois ou bestas. evolução das culturas ao longo do tempo A produção de figo manteve-se a base do comércio algarvio nos séculos XVII e XVIII, mas assistiu-se à expansão da área de vinha e olival, a partir do século XVII. Segundo Magalhães (1988) mercadores e homens de negócio adquiriram terras junto dos centros urbanos

228 a. freitas et al. (coord.) – dimensões da dieta mediterrânica, património cultural imaterial da humanidade, faro: universidade do algarve, 2015


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