Edição número 1491 - 10 de julho de 2012

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TribunaIndependente

AĂ?LTON VILLANOVA ailton.villanova@gmail.com

MACEIÓ - TERÇA-FEIRA, 10 DE JULHO DE 2012

CIDADES

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Agente penitenciĂĄrio ĂŠ acusado de lĂ­derar quadrilha ‘Rochinha’, segundo investigação, facilitava entrada de armas no presĂ­dio

diretora da DivisĂŁo Especial de Investigaçþes e Capturas (Deic), o agente era responinda no inĂ­cio da sĂĄvel pela entrega de mamanhĂŁ de sĂĄbado, a teriais e o repasse de inforoperação integrada maçþes aos reeducandos das polĂ­cias Militar e Civil, Wellyngton da Silva, 21, e denominada ‘Crime S.A Alexandro da Conceição, 25. Santos Dumont’, conseguiu “Alguns suspeitos confessaprender uma quadrilha que ram e apontaram outros inrealizava latrocĂ­nios em Ma- tegrantes. ceiĂł, cujos integrantes atuForam seis meses de inavam no bairro do Santos vestigação; coletamos proDumont. AtĂŠ o momento, YDV VXĂ€FLHQWHVÂľ UHVVDOWD D sete pessoas foram identi- delegada que comandou a Ă€FDGDV H GHWLGDV 'HQWUH operação. elas, estĂŁo dois presidiĂĄrios A conclusĂŁo da polĂ­cia e um agente penitenciĂĄrio ĂŠ de que Rochinha entreque, segundo informaçþes gava armas, alimentos e da PolĂ­cia Civil, era um muniçþes aos presos. AlĂŠm dos lĂ­deres da quadrilha. disso, ele teria participado JosĂŠ MĂĄrcio Rocha da Sil- de açþes da quadrilha que va, o ‘Rochinha’, de 35 anos, resultaram em latrocĂ­nio. ĂŠ suspeito de realizar um Inclusive, casos de grande papel articulador na qua- repercussĂŁo, como o assasdrilha. De acordo com a de- sinato do casal homossexulegada Ana Luiza Nogueira, al MĂĄrcio Lira de Souza, 40 DANIEL MAIA REPĂ“RTER

A

O ATESTADO DE Ă“BITO

M

atuto das lonjuras sertanejas, ProcĂłpio Camutinga apreciava bastante um folguedo junino. De modo que no perĂ­odo de festejos de Santo AntĂ´nio, SĂŁo JoĂŁo e SĂŁo Pedro ele caprichava nos arraiais que eram instalados na sua fazenda, onde tinha de tudo – dos animais Ă s plantaçþes. Os festejos da ĂŠpoca nos domĂ­nios de ProcĂłpio Camutinga principiavam no dia 1° de junho e se estendiam atĂŠ o Ăşltimo dia desse mĂŞs, com fogueiras, arrasta-pĂŠs, quadrilhas juninas tradicionais, fogos de artifĂ­cio e principalmente muito quentĂŁo, tudo organizado pelo velho Arqueleu JanuĂĄrio, famoso nas paragens santanenses porque sabia produzir e manejar, como ninguĂŠm, todas as espĂŠcies de bombas de pĂłlvora, foguetes de vareta, traques e outros produtos do seu vasto repertĂłrio foguistamente explosivos. De Santana do Ipanema, estendendo-se por Dois Riachos e Cacimbinhas, ele reinava. ProcĂłpio tambĂŠm era mestre na arte de produzir cachaça no seu alambique particular. O cabra que tomasse um grogue de cachaça da sua produção, nĂŁo queria parar mais de beber. Bom. Ali pelos idos de 1960, ProcĂłpio Camutinga inventou de incrementar a festa de SĂŁo JoĂŁo por um bom motivo: estava completando 50 anos de idade, juntamente com dona Consentina, sua mulher. Nesse dia, no meio do espocar de bombas e chiar de fogos de artifĂ­cio, ProcĂłpio arrastava os solados dos pĂŠs na quadrilha ensaiada por madame AmbrĂłsia, sua prima, por sinal, quando, lĂĄ pelas tantas, jĂĄ doidĂŁo de tanto vapor de ĂĄlcool no juĂ­zo, chamou o amigo Arqueleu e encomendou: - Queleu, meu velho, prepare aĂ­ pra eu uma bebida bem quente. Mande brasa, viu? E o primo: - Ă” ProcĂłpio, se eu botar brasa na bebida ela vai apagar. SĂł se eu misturar com pĂłlvora. Talvez dĂŞ certo. - EntĂŁo, o que vocĂŞ tĂĄ esperando, rapaz? Chame na colher! A bebida foi forte demais. A “marvadaâ€? destrambelhou tudo por dentro do ilustre sertanejo, que nĂŁo teve outra alternativa senĂŁo morrer de caganeira. Horas depois, nos preparativos para o seu sepultamento e na impossiELOLGDGH GR PpGLFR Ă€UPDU D UHVSHFWLYD GHFODUDomR GH yELWR SRUTXH HVWDYD de porre, o tabeliĂŁo tomou a iniciativa de convocar a viĂşva para fornecer os dados indispensĂĄveis Ă feitura do documento. - O marido da senhora morreu de disenteria, nĂŁo foi dona Consentina? - Foi, doutor, mas eu preferia que o senhor botasse aĂ­ no papel que ele morreu de “urina soltaâ€?... - Mas minha senhora, eu nĂŁo posso mentir no Atestado de Ă“bito. - Bote aĂ­ que o meu velho morreu de urina solta, pelo amor de Deus! - Mas por quĂŞ? 3RUTXH HX SUHĂ€UR GL]HU TXH IXL FDVDGD FRP XP PLMmR GR TXH FRP um cagĂŁo!

MAIS UMA OPORTUNIDADE... O empresĂĄrio EstrogonĂłvio Pimpo entrou em casa muito puto, chamou a mulher e deu o recado: - Vamos ter que providenciar outro motorista. Esse que temos nĂŁo dĂĄ mais! E a mulher: - Mas por que, meu amor? O CĂ­ce-

ro Ê tão bonzinho! - Bonzinho? Bonzinho p’ras negas dele! Nesses dois últimos dias ele quase me matou quatro vezes! É mole? - Seja compreensivo, meu anjo. Por que não då mais uma chance pro coitado?

MAS QUE CORES? 0DGDPH ÂżQtVVLPD WUHPHQGR ERP JRVWR GRQD (GEDOGD YL~YD SRU VLQDO p ligadona em artes plĂĄsticas. - Minha maior frustração ĂŠ nĂŁo ter produzido uma Ăşnica obra de arte para a posteridade! – lamentou certa feita. NĂŁo muito recentemente, ela passava pela Praça do CentenĂĄrio, no Farol, quando reparou num artista pincelando numa tela. AĂ­, sentou-se ao lado do pintor para apreciar melhor o seu trabalho: - Mas que coisa mais linda! Que talento o senhor tem! Ah, como eu gostaria de levar essas belĂ­ssimas cores para minha casa! - elogiou. E o artista, reparado de lado: - O seu desejo vai se realizar, madame. A senhora estĂĄ sentada bem em cima da minha paleta de tintas!

MAS QUE FOME! A mulherada entrou mesmo de cabeça na onda naturalista. As fêmeas estão querendo de todo jeito melhorar a silhueta. E, como não poderia deixar de ser, a redondinha Heleninha Andrade tambÊm mergulhou nessa onda. Dia desses, ela papeava com a amiga Raquel, na praça de alimentação de determinado shopping da praça, entre um gole e outro de suco de chuchu: - Sabe, Quelzinha, minha alimentação mudou radicalmente...

E a Raquel: - É, tô vendo! Suco de chuchu Ê dose pra leão! - Pois Ê, amiga. Risquei da minha OLVWD WXGR R TXH p DUWL¿FLDO 5LVTXHL corantes e conservantes e cortei tudo que contenha agrotóxicos e fertilizantes químicos! E a amiga, admirada: - Mas que maravilha! Radicalizou mesmo, hein? E como se sente agora? - Morrendo de fome!

MAS QUE BRINCALHĂ•ES! O Constâncio Pinheiro ganhou do patrĂŁo, doutor Reginaldo Lima, uma viagem a Salvador, como recompensa pela dedicação ao trabalho. Constâncio foi Ă Boa Terra num “asa duraâ€? e voltou enumerando as maravilhas que viu por lĂĄ. Mas uma coisa ele fez questĂŁo de sĂł contar Ă dona Maria Cicera, sua mulher: - Sabe, Cicinha, o baiano ĂŠ um povo brincalhĂŁo e gozador pra cacete! Uma pessoa cai do Ă´nibus, em plena rua, e ele faz a maior mangação... - E tu tambĂŠm mangando junto, hein, safado? - Que nada, mulher. Esse caso aconteceu comigo! O cara que caiu do Ă´nibus fui eu!

anos, e Eduardo Luiz Mello da Silva, de 44 anos. As vítimas foram encontradas em um canavial do município de Rio Largo, no dia 12 de abril. Os corpos apresentavam sinais de tortura, olhos perfurados e arrancados, alÊm de marca de tiros. Com a captura da quadrilha, mais dois crimes de repercussão estão elucidados. Um deles Ê o sequestro e assassinato do taxista Handerson Thiago Alves Martins, de 21 anos. O jovem foi encontrado morto num canavial no município de Pilar, no dia 23 de maio. Sua namorada, que foi poupada do crime, declarou TXH RV EDQGLGRV ÀFDUDP LQdignados quando souberam que Handerson tinha pouco dinheiro em caixa. O terceiro caso Ê referente ao assassinato do soldado

Valter de SĂĄ Carvalho, 32 anos, em uma van que realiza transporte alternativo. Durante uma tentativa de assalto, os bandidos perceberam que havia um policial no coletivo e efetuaram disparos em sua direção. O crime aconteceu em UniĂŁo dos Palmares, na noite de 15 de março. AlĂŠm de Rochinha, Wellyngton e Alexandro, estĂŁo presos Claudevan Rafael Rodrigues, o ‘Bob’, de 20 anos; Genilson Ferreira da Silva, o ‘Galo’, 19 anos; Williams JosĂŠ Costa dos Santos, ‘Will’, 48 anos; e Jean Pontes da Silva, 19 anos. A polĂ­cia ainda estĂĄ Ă procura de Denis Carlos Morais da Silva, 22 anos. Ele ĂŠ investigado por ter participação em vĂĄrios crimes com a quadrilha. ADAILSON CALHEIROS

Ação integrada da PM e Polícia Civil prendeu sete pessoas acusadas de latrocínios em Maceió e região

ELUCIDAĂ‡ĂƒO

Celular de vĂ­tima levou a criminosos

Delegada revela como a quadrilha estava articulada com detentos A delegada Ana Luiza Nogueira falou, em entrevista, como a articulação dos policiais conseguiu chegar ao desdobramento das quadrilha homicida do Santos Dumont, composta por oito pessoas. Pessoas com emprego Ă€[R H URWLQD GH YLGD FRQVLGHradas “exemplarâ€? foram desmascaradas pela operação que envolveu 60 homens das polĂ­cias Civil e Militar. Jean Pontes da Silva, de 19 anos, ĂŠ apontado como um dos executores do casal MĂĄrcio Lira e Eduardo Luiz. De acordo com as investiga-

çþes policiais, ele roubou o celular de uma das vĂ­timas, mas permaneceu utilizando o aparelho. “O celular foi a principal prova para chegarmos Ă elucidação do casoâ€?, aponta a delegada. Com base nos depoimentos dos integrantes presos, a polĂ­cia concluiu que oito pessoas integravam a quadrilha. Dentre elas, constou a participação do enfermeiro Williams JosĂŠ Costa dos Santos, ‘Will’, de 48 anos. Ele seria um dos responsĂĄveis pelos requintes de crueldade no assassinato

do casal homossexual. AlĂŠm do celular, outros objetos do crime teriam sido encaminhados ao presĂ­dio, onde estĂŁo Wellyngton da Silva, de 21, e Alexandro da Conceição, 25. “NĂŁo hĂĄ dĂşvida nenhuma da participação deles, pelos objetos que foram encontrados nos presĂ­diosâ€?, disse a delegada Ana Luiza, ao explicar que o transporte de objetos pessoais das vĂ­timas era feito pelo agente penitenciĂĄrio terceirizado JosĂŠ MĂĄrcio Rocha da Silva, o ‘Rochinha’. A operação conjunta contou com a atu-

ação da DivisĂŁo Especial de Investigaçþes e Capturas (Deic), do 10Âş Distrito PoliFLDO *UXSDPHQWR $VĂ€[LD GD PolĂ­cia Civil, e BatalhĂŁo de Operaçþes Policiais Especiais (Bope). POLĂ?CIA NĂƒO PARA Na manhĂŁ de domingo, o 3Âş BatalhĂŁo da PolĂ­cia Militar e a Força Nacional apreenderam 15 veĂ­culos e realizaram 19 autuaçþes. A operação foi realizada na Feira da Fumageira, local considerado de constantes infraçþes de trânsito e venda de drogas, em Arapiraca. (D.M.) SANDRO LIMA

CONCURSO PĂšBLICO

MP recomenda demissĂŁo de 900 agentes penitenciĂĄrios ressalta que a Procuradoria Regional do Trabalho provocou o MPE para que houvesse uma ApĂłs a anĂĄlise de um inquĂŠri- investigação mais profunda. O to civil pĂşblico instaurado pelo inquĂŠrito civil iniciado em 2010 MinistĂŠrio PĂşblico Estadual trouxe Ă tona como os agentes (MPE), o promotor Coaracy da penitenciĂĄrios haviam sido conMata Fonseca recomendou a tratados. demissĂŁo de aproximadamenA demissĂŁo serve diretamente te 900 funcionĂĄrios que atuam para viabilizar a elaboração de como agentes penitenciĂĄrios concurso pĂşblico para a categopara o governo do Estado de ria. No entanto, ainda nĂŁo hĂĄ Alagoas. A informação foi publi- data para a realização de conFDGD QR 'LiULR 2Ă€FLDO GR (VWDGR curso para os agentes penitencide ontem e coincide com o perĂ­- ĂĄrios. O Ăşltimo foi realizado em odo em que a polĂ­cia investiga a 2006, quando foram contratados liderança de um agente peniten- 1.200 agentes. ciĂĄrio em uma quadrilha homiO presidente do Sindicato dos cida em MaceiĂł. Agentes PenitenciĂĄrios de AlaA SuperintendĂŞncia Geral de goas (Sindapen), Jarbas de SouAdministração PenitenciĂĄria za, comemorou a decisĂŁo, por (Sgap) tem quatro meses para um lado, mas se disse entristeexonerar todos os funcionĂĄrios cido, por outro, com a possibiliterceirizados contratados sem dade de um agente penitenciĂĄas regras de um concurso pĂş- rio liderar a quadrilha que foi blico. No parecer, o promotor desbaratada no Ăşltimo sĂĄbado.

NIGEL SANTANA REPĂ“RTER

Presidente do Sindicato dos Agentes comemorou decisĂŁo do MPE


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