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A-2 Opinião

TRIBUNA DO VALE Terça-feira, 03 de junho de 2014

Nunca •tubeou, mesmo como magistrado ou presidente da Corte, em performar para as massas, usando inclusive gestos e linguagem inteligíveis por elas.” Editorial

Colocar-se contra a Copa é colocar-se contra o símbolo máximo do projeto de poder do PT, que não necessariamente coincide com o que se chama de esquerda. R$ 10 bilhões não é quan•a que se jogue fora. ”

A RTIGO

E DITORIAL

Joaquim Barbosa: popular ou populista? Por força da parábola “A tábua e os pregos” se sabe que uma ferida verbal (uma ofensa) é tão maligna para a alma como uma agressão física. Quando você ofende alguém, ficam as marcas. Você pode enfiar uma faca em alguém e depois retirá-la. Não importa quantas vezes você peça desculpas, a cicatriz ainda continuará lá. Joaquim Barbosa, que disse que vai deixar em breve a magistratura, foi um juiz independente e corajoso, mas deixa cicatrizes profundas nas almas de todas as pessoas que foram vítimas das suas temperamentais ofensas. Muitos vão comemorar sua saída; outros irão lamentar profundamente. Para alguns ele já vai tarde; para muitos ele fará muita falta na desprestigiada magistratura brasileira. De qualquer modo, para quem nunca acreditou na punição dos poderosos no Brasil, JB se mostrou, especialmente no julgamento do mensalão do PT, um exemplo de juiz autônomo e idealista. Precisamente porque fugiu HORÁRIO DE FECHAMENTO

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do figurino demarcado pelo exercício do poder no Brasil, JB se tornou o mais popular julgador do país (de todos os tempos). Jamais um juiz da Suprema Corte foi tão adorado, mas, ao mesmo tempo, tão odiado, inclusive pelos seus colegas de tribunal, pelo seu irascível temperamento, pela sua incapacidade de dialogar, de buscar consensos. Penso que a melhor comparação para se definir JB é com Ayres Britto. A personalidade de ambos encaixa-se na demarcação esquadrinhada por Nietzsche, no final do século XIX, que distinguia duas morais: a nobre (aristocrática) e a plebeia (rancorosa). São duas escalas de valores completamente opostas: guerras nobres, aventuras, a dança, os jogos, os exercícios físicos, a poesia, o diálogo, a busca de consenso, as atividades robustas, livres, alegres: isso tudo faz parte da moral nobre, que não tem nada a ver a moral rancorosa, ressentida, odiosa, vingativa, impotente etc. JB se mostrou independen-

te porque não compactuava com os grandes conchavos entre os donos do poder (elites econômicas e políticas), terrivelmente perniciosos para os interesses da nação. Mas ao mesmo tempo maltratava os advogados assim como seus pares, mostrando-se muitas vezes (como diz a mídia compartilhada) um imbatível “barraqueiro”, identificando-se nessas horas com o pensamento ressentido das massas rebeladas. Daí, aliás, seu prestígio grandioso perante as massas de todas as classes sociais. Respeitando-as, sabiamente decidiu não ingressar na política partidária, que não é mesmo a sua praia (como disse FHC). A política não é olocus adequado para quem gosta de tomar decisões sozinho, sem apego, muitas vezes, às formas e solenidades (como fez no mensalão, ao não separar o julgamento dos que não tinham foro privilegiado, negando-lhes o duplo grau de jurisdição, assegurado pelo sistema interamericano de direitos humanos).

C HARGE

JB, que mandou para a cadeia quem violou as bases sagradas da democracia, comprando votos de parlamentares venais e corruptos, se tornou extremamente popular justamente porque conta com perfil populista. Nunca titubeou, mesmo como magistrado ou presidente da Corte, em performar para as massas, usando inclusive gestos e linguagem inteligíveis por elas. Nessa arte mostrou-se insuperável. Proferiu votos importantes (quando aprovou o aborto anencefálico, por exemplo), mas nunca deixou de se mostrar agressivo, autoritário e deselegante em suas manifestações. Ficará para a memória do tempo como um juiz controvertido, sem meio termo: tanto quanto todos os populistas da história (Getúlio, Jânio, Peron etc.), sempre será amado por alguns e odiado por outros (sobretudo pelos que ainda não curaram as cicatrizes nas suas almas dilaceradas pelas ofensas barbosianas). chargeonline.com.br

NESTA EDIÇÃO TEM

12 PÁGINAS CADERNO PRINCIPAL - OPINIÃO - POLÍTICA - GERAL - CIDADES - COTIDIANO - ESPORTES - AGRONEGÓCIO

A 01 - 08 A 02 A 03 A 04 A 05 A 06 A 07 A 08

2ª CADERNO - AGRONEGÓCIO - ATAS & EDITAIS - SOCIAL

B 01 - 08 B 01 B 02 - 07 B 08

JOEL PINHEIRO

PREVISÃO PARA HOJE

200 60

JOEL PINHEIRO *

A Copa da decisão Os conflitos que cercam a Copa são mais complexos do que a dicotomia PT x PSDB, ou direita x esquerda. Cada vez mais a briga se configura como governo versus todo o resto. Colocar-se contra a Copa é colocar-se contra o símbolo máximo do projeto de poder do PT, que não necessariamente coincide com o que se chama de esquerda. R$ 10 bilhões não é quantia que se jogue fora. É mais de um terço do gasto anual com o Bolsa Família. Ainda assim, é uma gota no orçamento estatal. Sua importância maior é como símbolo vistoso de um governo que quer se afirmar, dentro e fora de casa, como um sucesso absoluto. Só que nem todos estão felizes. Com a situação econômica cada dia mais preocupante – com direito a contabilidade criativa, manipulação de preços do índice de inflação, naufrágio da Petrobras, endividamento dos cidadãos e esfriamento do consumo – e com velhos problemas sociais longe de resolvidos, todo mundo que não partilha do sentimento de oba-oba do governo federal encontrou a oportunidade ideal para protestar. O governo conta com o mérito de ter aumentado o poder de consumo da parcela mais pobre da população. Entretanto, negligenciou as reformas estruturais que permitiriam avanços qualitativos na sua capacidade produtiva, para aí sim crescer sustentavelmente. A Copa, afinal, também simboliza o que está errado na administração: o império das aparências. A simbiose com a Fifa reproduz a política de compadrio que marcou a atuação sufocante do Estado sobre a economia: escolha de empresas campeãs em detrimento do processo de mercado; obras monumentais de grande visibilidade, feitas por critérios políticos, sem nenhuma preocupação com os afetados. O uso político de todos os eventos e instituições. A Fifa sai com os lucros, o governo federal faz seu marketing, tudo isso pago pelos impostos da população exaurida e atropelando as necessidades de setores mais frágeis. Não é segredo que, para levar adiante sua ideia de modernização, o governo Dilma azedou a relação com os índios. Ambientalistas também veem o modelo de desenvolvimento com preocupação. Setores que há tempos acumulam reivindicações (professores, médicos) aproveitam o momento. E, por fim, os problemas perenes da corrupção e da violência invadem os noticiários e as vidas como nunca antes na história deste país. O clima de protesto, portanto, não é monopólio “da direita” ou de um grupo qualquer; reúne um pouco de todos os descontentes no momento de maior visibilidade. Para o governo, o fiasco é inaceitável, e já tivemos mostras de sua opção preferencial pela repressão violenta. Ao mesmo tempo, intensifica-se uma campanha ideológica pró-Copa. Quem não louva a Copa é um vendido ao pessimismo, é um derrotista, ou mesmo um golpista que odeia o Brasil. Voltamos ao “Ame-o ou deixe-o”. Sempre achei que o brasileiro, mesmo incomodado, se acomodaria. Que a Copa seria um período caótico, mas de festa geral. Agora tenho dúvida; desde os protestos de junho passado, o cenário mudou. A proximidade das eleições acirra os ânimos; tal como em final de campeonato, sente-se no ar um clima de “tudo ou nada”. Este, mais do que todos, é o momento de expressar o descontentamento. Que as oposições, contudo, façam-se ouvir não só pela revolta, mas também proponham alternativas. Joel Pinheiro é mestre em Filosofia pela USP e assina a coluna Lesa-Majestade para o sitewww.liberzone.com.br.

SANTO ANTÔNIO DA PLATINA

A RTIGO Adriano Dias Nunes*

O verdadeiro aprendizado é como uma boa música: fica para sempre! No mês de maio, comemora-se o aniversário do músico russo Pyotr Ilitch Tchaikovsky. Nascido em 1840, o compositor de clássicos como O lago dos cisnes, A bela adormecida, O quebra nozes e a Abertura-fantasia Romeu e Julieta morreu aos 53 anos, vítima de cólera. Passados 120 anos de sua morte, comparamos seu trabalho, que nos deixou um rico legado de composições talentosas e criativas, à atuação de um professor em sala de aula. Entre outros significados, a música é descrita no dicionário como “arte e técnica de combinar sons de maneira agradável ao ouvido”. Se trocarmos a palavra “sons” por “conhecimento”, obteremos uma poética explicação

para o ofício do docente. Assim como os grandes músicos, os bons educadores têm o poder de transformar a teoria em uma linguagem viva e dinâmica. Como o aluno de hoje está conectado a um universo de informações e possibilidades, o educador deve assumir o papel de maestro. Assim como os regentes que conduzem um grupo de músicos, cabe ao professor estabelecer a harmonia entre instrumentos de aprendizado, conteúdos e metodologia. Ao deixar de ser o agente central do processo e se tornar mediador, o professor assegura que os temas sejam discutidos com propriedade pelos alunos, que devem desenvolver habilidades e competências, construir

TRIBUNA DO VALE

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argumentações e resolver desafios apresentados por meio de situações-problema. Uma estratégia que pode ser um recurso para atrair e manter o interesse do aluno é empregar uma metodologia que faça com que ele teste seus limites por meio de um conjunto de atividades que valorizem o pensamento investigativo e o raciocínio lógico. Ao lidar com situações que fazem sentido para o aluno, torna-se mais fácil despertar sua vontade de aprender. Além disso, é fundamental oferecer soluções educacionais que combinem o que há de mais atual em metodologia com recursos interativos e modernos para que o aprendizado do aluno seja de fato uma experiência

dinâmica e sensorial. Porque sabemos que cada vez mais os conhecimentos devem ser vivenciados pelo aluno em tempo real. E transformar o aprendizado em experiência prática deve ser o maior propósito. Para que aluno e professor estejam em harmonia, o repertório de soluções educacionais precisa acompanhar o ritmo de cada estudante, com auxílio de recursos interativos e dinâmicos que permitam ao aluno vivenciar todas as suas descobertas. E esse é justamente um dos diferenciais do Ético Sistema de Ensino, que prepara o professor para assumir a função de maestro e conduzir o aprendizado, sempre buscando a harmonia entre o ensinar e o aprender.

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pedagógica, o que é um ótimo ponto de partida para que se sintam motivados a estudar e sejam conduzidos a um notável aprendizado. Assim como o músico se atualiza e busca construir seu trabalho de forma a se adequar aos tempos modernos, estamos sempre reinventando nosso material didático, incorporando soluções visuais que o tornam tão atrativo quanto uma tela de computador e apresentam conceitos e atividades que despertem no jovem o gosto pelo desafio. Adriano Dias Nunes é publicitário, pós-graduado em comunicação visual e coordenador de marketing da Saraiva, Divisão de Sistemas e Ensino.

Circulação: Abatiá ¦ Andirá ¦ Arapoti ¦ Bandeirantes ¦ Barra do Jacaré ¦Cambará ¦ Carlópolis ¦ Conselheiro Mairink ¦ Figueira¦Guapirama ¦ Ibaiti ¦ Itambaracá ¦ Jaboti ¦ Jacarezinho Jaguariaíva ¦ Japira ¦ Joaquim Távora ¦ Jundiaí do Sul ¦ Pinhalão ¦ Quatiguá ¦ Ribeirão Claro ¦ Ribeirão do Pinhal ¦ Salto do Itararé ¦Santana do Itararé¦ Santo Antônio da Platina ¦ São José da Boa Vista ¦ Sengés ¦ Siqueira Campos ¦Tomazina ¦ Wenceslau Bráz

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