TRIBUNA DO VALE - EDIÇÃO Nº 2382

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A-2 Opinião

TRIBUNA DO VALE

A agonia financeira anunciada pelos governadores e pelos prefeitos é apenas o efeito de um setor público velho, atrasado, corrupto e incompetente” Editorial

Sexta-feira, 03 de maio de 2013

Foi em 1951 que, atingido por extraordinária onda criativa, compôs o samba “Ronda”, em minha opinião a obra musical que mais retrata a cidade de São Paulo da segunda metade do século 20”

A RTIGO

E DITORIAL

Pedro Luiz Rodrigues *

Franca decadcência

Com poucas exceções, os estados e os municípios brasileiros estão em franca decadência em relação às finanças públicas. Não há um só prefeito ou um só governador que não propague aos quatro ventos a penúria financeira em que se encontra o caixa do ente público sob sua administração. Embora seja costume rotineiro cada governante escancarar a falência financeira logo após a posse, basta andar pelo interior do país, em qualquer estado, para constatar a olho nu a deterioração dos equipamentos públicos. Estradas esburacadas (à exceção de algumas rodovias de melhor qualidade, geralmente as pedagiadas), avenidas deterioradas, escolas caindo aos pedaços, hospitais públicos em situação precária, postos de saúde mal cuidados e sem insumos, praças abandonadas, sujeira e mato por todo lado, segurança pública inexistente, cadeias superlotadas, enfim, a lista de mazelas é extensa. Qualquer pessoa em viagem pelos municípios brasileiros com olhar observador de tudo que seja responsabilidade das prefeituras ou dos governos estaduais notará a decadência acelerada do setor público. Questionados sobre esse trágico panorama, governadores e prefeitos repetem a mesma cantilena, ano após ano, década após década: não há dinheiro. O discurso dos governantes é sempre que o caixa das prefeituras e dos tesouros estaduais está sufocado, mal sendo suficiente para pagar os salários dos servidores públicos. A causa mais propalada é a concentração dos tributos no governo federal. Se isso é verdade, o Brasil vive o pior dos mundos: o setor público cobra alta carga tributária da população (38% da renda nacional), deixa os estados e municípios morrendo à míngua, e o governo federal, mesmo com a maior fatia, não cumpre suas atribuições a contento, como mostra o mau estado das rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, e da saúde pública. Várias conclusões podem ser tiradas desse quadro lamentável. Primeira, não há falta de arrecadação no Brasil. Pelo contrário: a carga tributária está no máximo aceitável. Segunda, a HORÁRIO DE FECHAMENTO

22:10

Constituição de 1988 redistribuiu recursos a favor de estados e municípios, sem que isso resolvesse a deterioração das finanças desses entes públicos. Algumas causas são o inchaço das máquinas administrativas das prefeituras e dos governos estaduais, o excesso de pessoal, a baixa produtividade dos funcionários e a burocracia sufocante que não para de crescer. Tanto é verdade que, hoje, praticamente todos os estados e todos os municípios estão no limite máximo – quando não o ultrapassam – do quanto podem gastar com pessoal, conforme previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. Pelo exemplo da história, mesmo que houvesse nova redistribuição da arrecadação tributária total, dando mais dinheiro para prefeitos e governadores, em poucos anos o quadro se repetiria: equipamentos urbanos deteriorados, serviços públicos de péssima qualidade e investimentos mínimos. Os argumentos seriam os mesmos: falta de dinheiro e concentração de tributos no governo federal. O setor público brasileiro está morrendo sob duas doenças graves: corrupção desenfreada e ineficiência profunda. São duas crises, uma moral e outra gerencial. A agonia financeira anunciada pelos governadores e pelos prefeitos é apenas o efeito de um setor público velho, atrasado, corrupto e incompetente, que não foi capaz de incorporar os conhecimentos e técnicas da administração moderna, nem foi capaz de melhorar a ética política. A corrida de prefeitos e governadores a Brasília, as marchas até o Congresso Nacional que anunciam de vez em quando e as ameaças de elevação da tributação são um espetáculo melancólico de um sistema que está agonizando sob as consequências de sua própria deterioração e falência. Quem sofre é a população, que recebe serviços públicos de quinta categoria e dispõe de equipamentos públicos comparáveis aos dos países mais miseráveis do mundo. Embora o Brasil esteja com renda per capita em torno de US$ 11 mil, os serviços oferecidos pelo governo e os bens públicos dos municípios estão no padrão de países pobres cuja renda por habitante é de um quinto da renda brasileira.

C HARGE

chargeonline.com.br

NESTA EDIÇÃO TEM

22 PÁGINAS CADERNO PRINCIPAL - OPINIÃO - POLÍTICA - GERAL - CIDADES - COTIDIANO - ESPORTES - AGRONEGÓCIO

A 01 - 08 A 02 A 03 A 04 A 05 A 06 A 07 A 08

2ª CADERNO - AGRONEGÓCIO - ATAS & EDITAIS - SOCIAL

B 01 - 08 B 01 B 02 - 07 B 08

3º CADERNO - ATAS & EDITAIS

C 01 - 06 C 01 - 06

PREVISÃO PARA HOJE

31º 140

SANTO ANTÔNIO DA PLATINA

A RTIGO Inácio Dantas *

Doze dicas de trabalho para líderes e liderados 1-Se você galgou o posto de líder, cuidado com a empáfia. Ela é igual à nuvem, depois que o vento deforma nunca mais volta à forma original. 2-Ao explicar as operações de um trabalho seja direto e objetivo. Líder que exagera nos detalhes prejudica a compreensão. 3-Numa linha de produção, se o ferramental é apropriado e o profissional experiente, exija trabalho em alto padrão. Serviço bem feito cativa os clientes e aumenta o faturamento. 4-Cuidado com a vaidade. Quando o sucesso sobe à cabeça os pés perdem o contato com o chão. Humildade, amistosidade, afabilidade mantém

você em perfeita sincronia com a equipe, aperfeiçoa seu comando e lhe permite boa performance dos trabalhos. 5-Em equipes de alto nível evite manter pessoas despreparadas ou incultas. Se você quer grandes trabalhos acerque-se de grandes inteligências! 6-Líder deve transbordar qualidades, não defeitos; deve irradiar certezas, não desconfianças; fazer-se mestre, não aprendiz; deve, nas suas ordens e orientações, demonstrar segurança e sapiência para, ao ser questionado, não silenciar, não dar respostas evasivas nem desdizer o que disse. Suas orientações, claras e programáticas, devem estar

TRIBUNA DO VALE

O Diário da nossa região - Fundado em agosto de 1995 Editora Jornal Tribuna do Vale LTDA CNPJ 01.037.108/0001-11 Matriz: Rua Tiradentes 425, Centro Santo Antônio da Platina, PR Fone/Fax: 43 3534 . 4114

Pedro Luiz Rodrigues

Diretor Responsável Benedito Francisquini - MTB 262/PR tribunadovale@tribunadovale.com.br tribunadovale@uol.com.br

lastreadas pelo saber técnico afim de abreviar tarefas e expandir produção. 7-Quando alguém incompetente se julga líder, não são os problemas que o atrapalham, mas ele que se atrapalha com os problemas… 8-Disciplina, sensatez, retidão nos atos, comprometimento com os membros da equipe. Esse é o perfil do homem que se prepara, de comandado para comandante! 9-Atenção, não confunda mandar com comandar. Mandar é dar preferência às coisas em relação às pessoas; comandar é dar preferência às pessoas em relação às coisas. 10- Líder perspicaz, aten-

cioso, guerreiro, é muitas vezes combatido, mas dificilmente derrotado! 11-Fantástico, líder que não ensina somente como manipular os átomos da matéria, mas que, principalmente, ensina como domar o gênio das pessoas! 12-Líder, imponha a força da sua presença na área de trabalho. Funcionário que você precisa advertir e ameaçar para realizar um serviço, afaste-o na primeira oportunidade. Não hesite. Ele pode até ter competência de “100%”, mas tem hombridade de “0%”! Do livro Ebook “Motivado para o Sucesso” – www.amazon. com.br

Representação: MERCONET Representação de Veículos de Comunicação LTDA Rua Dep. Atílio de A. Barbosa, 76 conj. 03 - Boa Vista - Curitiba PR Fone: 41-3079-4666 ¦ Fax: 41-3079-3633 Vendas Assinatura Anual R$ 200,00 Semestral R$ 100,00

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Paulo Vanzolini, até mais!

Uma tarde, em setembro de 1987, servia na Embaixada do Brasil em Washington, procura-me, indicado por conhecidos, um senhor muito educado, desejoso de informações sobre um acidente radiológico que teria acabado de acontecer no Brasil. Explicou-me que era biólogo, trabalhava na Universidade de São Paulo, e estava passando algum tempo convidado não me lembro se da George Washington ou da Universidade de Georgetown. Como ainda não havia a Internet e o assunto ainda não fora divulgado pelas agências de notícias, resolvi chamar o Carlos Chagas, em Brasília, que certamente teria condições de apurar o que tinha acontecido. Chagas logo devolveu a ligação, contando a história da contaminação produzida pelo arrombamento de um aparelho de radioterapia, encontrado por não se sabe lá quem, numa clínica abandonada em Goiânia. A contaminação seria mais tarde classificada como nível 5 na Escala Internacional de Acidentes Nucleares. Havia gente hospitalizada, mas o Governo pensava que já tinha a situação sob controle. Foi assim que conheci o Paulo Vanzolini. De tão simpático que era aceitou ir jantar lá em casa naquela mesma noite, para particular alegria minha e do colega Antonino Mena Gonçalves, que além de ser um dos mais competentes diplomatas brasileiros, é também um dos que mais entende e aprecia de música popular brasileira. Foi uma noitada e tanto. Cantou pouco, mas contou muito. De como, desde cedo, conseguiu manter vivas, ao mesmo tempo, as paixões pela ciência e pela música. Foi um dos fundadores do internacionalmente conhecido Instituto Butantã, mas foi também inigualável compositor, “autor de letras imortais, boêmio por natureza e grande amante da cidade de São Paulo”, como o descreve Maria Helena de Sousa, filha do principal parceiro de Vanzolini, Adoniran Barbosa: “foram muito bons amigos, ele e Adoniran, os dois com sangue italiano, ambos com a inteligência à flor da pele; Vanzolini muito instruído, com bagagem intelectual de primeira; Adoniran com as lições aprendidas na escola da vida”. Depois daquela ocasião, nos encontramos vez por outra em São Paulo, principalmente no final dos anos noventa, quando passei alguns anos trabalhando no Estadão. Vanzolini era amigo de uma amiga, Sílvia Fischer (especialista em urbanismo, leciona na UnB), o que facilitou a aproximação. Entrou na faculdade de Medicina aos vinte anos, em 1942. Foi um bom aluno, mas foi também um frequentador assíduo das rodas boêmias, onde encontrou inspiração para suas primeiras composições. Dois anos depois, com seu primo Henrique Lobo, colaborou com o programa Consultório Sentimental, que Cacilda Becker mantinha na rádio América. A boemia não o impediu de concluir sua vida acadêmica com chave de ouro: obteve o título de doutor pela Universidade de Harvard. Como homem de ciência, era respeitado. A ele deve o museu de zoologia da Universidade de São Paulo sua extraordinária coleção de répteis, de quase 250 mil exemplares. Foi um dos idealizadores da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), hoje presidida pelo ex-chanceler Celso Lafer. Foi em 1951 que, atingido por extraordinária onda criativa, compôs o samba “Ronda”, em minha opinião a obra musical que mais retrata a cidade de São Paulo da segunda metade do século 20. Isso sem desmerecer tudo mais que fez de excelente, como “Samba erudito”, “Praça Clóvis” e “Volta por cima”. “Ronda” De noite eu rondo a cidade A te procurar sem encontrar No meio de olhares espio em todos os bares Você não está Volto pra casa abatida Desencantada da vida O sonho alegria me dá Nele você está Ah, se eu tivesse quem bem me quisesse Esse alguém me diria Desiste, esta busca é inútil Eu não desistia Porém, com perfeita paciência Volto a te buscar Hei de encontrar Bebendo com outras mulheres Rolando um dadinho Jogando bilhar E neste dia então Vai dar na primeira edição Cena de sangue num bar Da avenida são João Paulo Vanzolini morreu no domingo, quatro dias após ter completado 89 anos de idade. Circulação: Abatiá ¦ Andirá ¦ Arapoti ¦ Bandeirantes ¦ Barra do Jacaré ¦Cambará ¦ Carlópolis ¦ Conselheiro Mairink ¦ Figueira¦Guapirama ¦ Ibaiti ¦ Itambaracá ¦ Jaboti ¦ Jacarezinho Jaguariaíva ¦ Japira ¦ Joaquim Távora ¦ Jundiaí do Sul ¦ Pinhalão ¦ Quatiguá ¦ Ribeirão Claro ¦ Ribeirão do Pinhal ¦ Salto do Itararé ¦Santana do Itararé ¦ Santo Antônio da Platina ¦ São José da Boa Vista ¦ Sengés ¦ Siqueira Campos ¦Tomazina ¦ Wenceslau Bráz

Filiado a Associação dos Jornais Diário do Interior do Paraná

* Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião do jornal, sendo de exclusiva responsabilidade de seus respectivos autores.


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