Tribuna do Norte - 26/09/2012

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opinião

Quarta-feira | 26 de setembro de 2012

TICIANO DUARTE [ jornalista ]

Jornal de WM WODEN MADRUGA - woden@terra.com.br

Na marcha da eleição

C

ontando nos dedos das duas mãos, faltam exatamente, a partir de hoje, dez dias para as eleições de prefeito e de vereador. Tudo junto no dia 7, primeiro domingo de outubro, lua em quarto minguante, regime de Libra (Vênus entrando em Leão). Qualquer dúvida é só consultar Madame Zoraide, de tenda armada na Travessa dos Amores, Quintas profundas. Suas cartas são infalíveis. Libra que, além de representar o sétimo signo do Zodíaco (23 de setembro/23 de outubro), também é a sétima constelação do Zodíaco. Em época de eleição tem um outro significado muito forte: moeda, que lembra a esterlina dos ingleses. Moeda forte que circula por todos os quadrantes tropicais, muito além das esferas celestiais. Nunca se comprou tanto voto e, como uma mão lava a outra, nunca se vendeu tantos votos por este Rio Grande do Norte. Qualquer sociólogo de botequim explica: eleição de vereador vale tudo, até homem dançar com homem. E como dançam! Em qualquer cidade do interior não se fala noutra coisa (não esquecer que libra ainda pode ser balança). Aí você junta prefeito e vereador na mesma balança, todos dando sua mordidinha na rapadura da democracia. A gastança é tanta que até da seca eles esqueceram. Aliás, a bem da verdade, uma eleição pode até trazer mais fartura do que um ano de inverno. O voto é uma mercadoria que está em alta nas bolsas brasileiras. Não é de graça que o Brasil já está cadastrado como a sexta economia do mundo. Bote sexta (ou será cesta?) nisso. Nesta eleição vê-se de tudo. A fauna de candidatos é riquíssima de excelências na capital e no interior. Nem precisa sair de casa, bastando

perder um bom pedaço de tempo vendo o horário eleitoral. Vai ganhar no pitoresco, no burlesco, no esquisito, no engraçado, no folclórico. Muito cara de pau. Se você parar em certos papos, aí pelo interior (por aqui na praça, também), vai ouvir cada história. Um domingo desses ouvi de uma pessoa, que eu considero séria, que determinado candidato a vereador, num município de porte médio daqui do Estado, entre as moedas que usa para comprovar o voto, não necessariamente democrático, usa o “crak” que dispõe em seu estoque particular. Sim, ele atende a todo tipo de eleitor. Os “doidão” também. Faltando pouco mais de uma semana para a eleição vai circular muita grana por estas estradas afora. Os mensageiros (ou seriam mensaleiros?) agem à vontade. Os pacotes adredemente preparados. A democracia tem o seu preço e aquele velho líder político gostava de dizer: “Todos têm o seu preço e eu sei o preço de cada um”.

O que fizeram de ti, Natal?!

N

atal é o chão de minha infância. Chão sagrado que revisito constantemente, como que redescobrindo-o, na pureza das suas imagens, que aprendi a evocar sempre que sou tocado pela saudade de todas as coisas que me rodeavam e me rodeiam, na misteriosa e encantadora viagem proustiana, de volta. As cidades são como corpo humano, têm coração, cérebro, pulmão, corrente sanguínea, artérias. E também espiritualidade. Elas preservam sua alma boêmia, os seus heróis das noites e das serestas. Ledo Ivo, o grande poeta de Alagoas, que ganhou nome nacional, falando sobre sua terra, destaca que o seu povo tem uma maneira de ser e estar, amar e odiar, viver e morrer. E definiu ainda: “Guardamos um segredo, um mistério, um encantamento, uma alegria e uma dor que são nossos, exclusivamente nossos, de quem nasceu em nossas terras moles ou junto às nossas águas. E o nosso emblema é o vento do mar”. O que fizeram de ti, Natal?! É a pergunta que me faço quando vejo a nossa paisagem desfigurada, violentada, depredada, porque não dizer assassinada. E sinto de repente que se foram e não voltam mais gestores como Omar O’Grady, os Gentil Ferreira, os Mário Lira, os Sílvio Pedroza, os Creso Bezerra,

os Wilson Miranda, os Djalma Maranhão. Os edis, os leOnde anda os teus gisladores que degaris? O teu lixo fenderam os interesvergonhoso,em ses mais legítimos verdade não está dos nossos habitantão somente tes, como o velho, sujando as João Francisco da calçadas,as ruas, Motta, o médico Mamas subindo pelas noel Villar de Melo, paredes e pelas o jornalista Sandosalas dos órgãos val Wanderley, o onde se amontoam empresário Aparício os pseudos Menezes, o operário dirigentes que Antônio Félix, o sercuidam da tua vidor público João administração” Alves, o comerciante Augusto Alves, o pastor Sátiro e tantos outros que engrandeceram a atividade parlamentar, a serviço da comunidade. Mas repito, o que fizeram de ti, Natal. Das tuas ruas largas, belissimamente encopadas por árvores centenárias, canteiros que ornamentavam um cenário que encantava o turista, ou visitante. Onde anda os teus garis? Os responsáveis pela tua limpeza? O teu lixo vergonhoso, em verdade não está tão somen-

te sujando as calçadas, as ruas, mas subindo pelas paredes e pelas salas dos órgãos onde se amontoam os pseudos dirigentes que cuidam da tua administração, do zelo que deveria existir no trato e na guarda do dinheiro público, do dinheiro do povo que é dilapidado. Natal com a sua porta luminosa, de um sol forte, cercada pelas dunas, com a tonalidade azul e branca, com os morros brancos que o poeta Ferreira Itajubá festejou, cantando sua solidão. O rio Potengi batendo na porta do mar, contemplado no cais abandonado da Tavares de Lira ou na sede do Iate Clube, um dos mais bonitos locais da cidade, ao lado do sítio histórico da Rampa. Como é bom apreciar o por do sol, à beira do longo estuário avistando a praia da Redinha. O que fizeram de ti, Natal? É preciso reagir energicamente contra os teus malfeitores. Os que ainda enganam o teu povo acolhedor. Os que cinicamente te exaltam no discurso, nas palavras e na prática, na rotina, no dia-a-dia, apunhalam-te, ofendendo os teus brios de decência e honradez. Digo agora como o poeta, neste momento de indignação. Foi na infância que aprendi a ver-te, ó sol que ilumina, a amar-te, fêmea. Hoje dominada pela mediocridade que desonra tua melhor tradição de probidade e dignidade.

Brum - www.rabiscosdobrum.zip.net

Cartas Walfredo (1) O que não dá pra entender é o que se faz com todo o dinheiro que é arrecadado pelo Estado e pelo município, pois como bem sabemos, os investimentos e repasses são mínimos em relação ao pagamento da folha pública e dos projetos de maior interesse político. Estão roubando mesmo ou isso é só incompetência?!

Ferreira Gullar Nas páginas amarelas da Veja desta semana a entrevista com Ferreira Gullar, 82 anos, dos maiores poetas brasileiros, crítico de arte, ensaísta militante político, ex-comunista: - Eu, de direita? Era só o que faltava. A questão é muito clara. Quando ser de esquerda dava cadeia, ninguém era. Agora dá prêmio, todo mundo é. Pensar isso a meu respeito não é honesto. Porque o que estou dizendo é que o socialismo acabou, estabeleceu ditaduras, não criou democracia em lugar algum e matou gente em quantidade. Isso tudo é verdade. Não es-

ddean.rcxavier@gmail.com

tou inventando. - A poesia não nasce pela vontade da gente, ela nasce do espanto, alguma coisa da vida que eu vejo e que não sabia. Só escrevo assim (...) Com o avanço da idade, diminuem a vontade e a inspiração. A gente passa a se espantar menos. Tem poeta que não se espanta mais, mas insiste em continuar escrevendo, não quer se dar por vencido. Então começa a escrever bobagens ou coisas sem a mesma qualidade das que produzia antes. Saber fazer ele sabe, mas é só técnica, falta alguma coisa. Não se faz poesia a frio.

Máscara Destaque no jornal O Globo: “Cara nova na folia: Joaquim Barbosa inspira o carnaval”. Negócio seguinte: uma fábrica de São Gonçalo, no Rio, está produzindo máscaras do ministro Joaquim Barbosa, do Supremo, que são vendidas com capas (lembrando a toga do STJ), apostando que elas serão o

produto mais cobiçado do próximo carnaval. Diz a notícia: - Pelas ruas do Rio, muitos ainda não sabem o nome dele. O rosto, porém, é inconfundível, e Joaquim Barbosa, o ministro linha dura que roubou a cena nas sessões do julgamento do mensalão, já está nas ruas em versão carnavalesca.

FLIPIPA Na manhã de hoje, coisa das 10 horas, na sede da Inter TV-Cabugi, será feita a apresentação da IV Festa Literária da Praia de Pipa, que acontecerá no final de novembro. A Inter TV é um dos patrocinadores.

Literatura O escritor mineiro Bartolomeu Campos de Queiroz, falecido em janeiro, é o vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura, com o seu romance Vermelho Amargo. O anúncio foi feito segunda-feira. Na ca-

tegoria autor estreante, a vitoriosa foi a escritora paulista Suzana Montoro, autora do livro Os Hungareses. O São Paulo é o maior prêmio literário do país. Vale em dinheiro 200 mil reais.

LIVRO O livro de crônicas do juiz Ivan Lira de Carvalho, De longe e de perto, será lançado amanhã, no Solar Bela Vista, a partir das 19 horas. Editado pelo Sebo Vermelho, tem orelhas de Manoel Onofre Jr., prefácio de Diógenes da Cunha Lima e apresentação de Margarida Cantarelli.

PESQUISA Há três dias que não sai pesquisa eleitoral em Natal. Um espanto! Na última, a da Vox Populi, divulgada domingo, Carlos Eduardo, do PDT, tem 47% das intenções de voto, Hermano Alves, PMDB, 17%. Mineiro (PT), 8%, Rogério Marinho, PSDB/DEM, 5%. Apenas 10% de indecisos. Carlos Eduardo lidera as pesquisas de todos os institutos, pintando ganhar a parada no primeiro turno.

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Walfredo (2)

LAURENCE BITTENCOURT [ jornalista ]

Fanatismo ideológico

N

o Brasil não há fidelidade partidária. Não há confiabilidade em um anúncio ou adesão com fidelidade politica. Ou seja, em se tratando de politica é lamentável a nossa conduta ética, ou melhor, a falta de ética. E por não haver fidelidade partidária, é possível lermos por esses dias, atores que serão importantes quando chegar o momento da campanha presidencial, anunciando apoio a “A” ou a “B”, mas que sabemos poderão mudar o rumo desse apoio segundo seus interesses pessoais. Política no Brasil não é algo sério. Alguns analistas podem dizer: “mas mudar de partido faz parte do jogo democrático”. Nem tanto, amigo, nem tanto. Aliás, em nosso país o termo democracia se presta aos mais distintos interesses. Na verdade, se tomarmos o conceito de democracia que inspirou e foi adotada no Ocidente e o temos em países desenvolvidos, na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo, encontramos algo bastante diferente do que se passa por democracia no Brasil. Democracia pressupõe partidos definidos, e nós não temos. Democracia politica pressupõe o voto não obrigatório, e o nosso é obrigatório. Democracia pressupõe fidelidade partidária, entre nós é o que menos temos. Democracia não pressupõe interesses meramente pessoais e acordo espúrios, dizendo algo agora (esta semana, por exemplo, o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab admitiu apoio a Dilma para reeleição. Mas quem de fato e de sã consciência confia? Quantas vezes já vimos esse tipo de discurso e quando da eleição o sujeito simplesmente altera o rumo, e o pior, encontra argumentos para tanto) para depois mudar o rumo. A nossa falta de democracia autêntica tem relação direta com a nossa falta de ética na politica. Os nossos costumes políticos estão construídos na ausência de uma ética política. Por isso as mudanças de partidos tão comuns entre nós. A questão central é: como esperar reforma política de atores (no mais preciso do termo) que se beneficiam dessa não reforma? Não há interesse em fazer reforma política entre os políticos. De onde então poderia partir esse interesse? É consenso entre as pessoas com quem eu conClassificados Redação Fax Venda Avulsa Assinatura Natal Reclamações Natal ASSINATURA Mensal (à vista) Semestral (à vista) Anual (à vista)

4006-6161 4006-6113 4006-6124 4006-6100 4006-6111 4006-6111 R$ 43,00 R$ 258,00 R$ 516,00

PREÇO DO EXEMPLAR Rio Grande do Norte 3ª a Sábado Domingo Outro Estado 3ª a Sábado Domingo

verso dizer que a campanha este ano para prefeito e vereador está um “gelo”, isto O comunismo é, o eleitor não tem demonsdo ponto de trado o menor interesse. E vista moral e por quê? Porque ninguém econômico foi (estou generalizando, claro, um desastre, mas penso que represente a da mesma forma opinião da grande maioria) que o jacobinismo acredita na classe política. na França ao Há uma falência generaliinstalar o zada na e da política em Terror após nosso país. O político “fia revolução cha suja” é comum. E o PT, francesa de a última esperança ética se 1789” mostrou pior do que aqueles que eles tanto condenavam. E pior: cinicamente querem passar a imagem de que não é assim. Como se fossemos todos nós, os eleitores, os contribuintes uns idiotas. Talvez sejamos mesmos. Depois da revolução de 1917 na antiga Rússia, quando a coisa começou a desandar sob o stalinismo, muitos intelectuais ocidentais não quiseram acreditar na perseguição, no assassinato em massa provocado por Stalin e seus asseclas. Foi preciso que Kruchev ao assumir o poder em 1956 trouxesse à tona o horror stalinista. Claro, desfazer idealizações é difícil. Se livrar de ideais não é fácil. Mas é preciso. Crescer dá trabalho. Mas é necessário. O comunismo do ponto de vista moral e econômico foi um desastre, da mesma forma que o jacobinismo na França ao instalar o Terror após a revolução francesa de 1789. Foi Hannah Arendt de posse de uma coragem incrível, quem disse que a Constituição americana conseguiu afinal oferecer uma melhor contribuição ao mundo do que a revolução francesa. Da mesma forma foi essa mulher quem alertou o mundo de que a ética kantiana de respeito cego à lei, imperativo, foi usada pelos nazistas como forma de desculpa por seus atos sob Hitler. Mentes lúcidas e inteligentes estão sendo engolfadas a cada dia pelo fanatismo ideológico do nosso tempo.

Li nos blogues de Natal que o Walfredo Gurgel estava fazendo uma gambiarra e mandando os pacientes de volta para casa, para que ficassem aguardando chamado da cirurgia. A que ponto chegamos? Um ser humano precisando de uma intervenção cirúrgica para viver e não ter atendimento. Se estando nos corredores, mesmo jogados em macas, ninguém se sensibiliza com a situação do paciente, imagine em casa, longe da vista da opinião pública. Marlos santos – por e-mail

Mina Reabertura da mina em boa hora. Entretanto, enquanto o nosso país se contentar em extrair minerais e exportá-los como matéria-prima básica, sem o mínimo de valor agregado, ainda estaremos vivendo na era da escravidão. O que deve ser valorizado em nosso país é o processamento destas matérias-primas, principalmente os minerais, para que sejam comercializados já não mais como matéria-prima básica. ivanmedeiros@sapo.pt

Aftosa Enquanto isso, o milho não chega aos pequenos produtores potiguares.... jo_ca_46@hotmail.com

Lixo Sem capacidade para resolver os problemas mais urgentes da cidade e sem apoio político, a prefeita Micarla de Sousa deveria renunciar tão logo fosse proclamado o resultado das urnas. Seria melhor para todos. Para nós, moradores; para ela, prefeita; e para os funcionários. Jocafi Santana – por e-mail

FILIADO AO

R$ 1,50 R$ 2,50

FILIADO AO INSTITUTO VERIFICADOR DE CIRCULAÇÃO

R$ 2,00 R$ 3,20

REPRESENTANTE NACIONAL – Pereira de Souza & Cia Ltda: Rio de Janeiro :(O21)2544-3070 – São Paulo:(011) 3259-6111

FILIADO À ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS

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