Tribuna do Norte - 25/06/2014

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Natal - Rio Grande do Norte Quarta-feira, 25 de junho de 2014

Jornal de WM WODEN MADRUGA [ woden@terra.com.br ]

opinião

Julgamento histórico de Café Filho (3) TICIANO DUARTE Escritor

Nos dois campeonatos Sexta-feira, 27, o PMDB faz a sua convenção estadual oficializando a candidatura de Henrique Eduardo Alves a governador. No sábado, 28, véspera de São Pedro e dos 99 anos do ABC Futebol Clube (saudades da canjica de dona Maria Lamas Farache), o Brasil decide o seu futuro na Copa, jogando com o Chile de bom futebol e bons vinhos. Na sexta-feira o Ibope divulgará sua primeira pesquisa no Rio Grande do Norte. O PT daqui já resolveu seus problemas com os candidatos a suplentes de Fátima, na disputa para o Senado. Será uma chapa “puro sangue”, nada a ver, pois, com os ‘cumpanheros’ dos partidos da coligação. Felipão já terá resolvido o problema do meio de campo? Paulinho ou Fernandinho? O discurso longo e cansativo da presidente Dilma Rousseff na convenção nacional do PT incomodou setores do partido e continua sendo mote das editorias políticas. Como separar por estes atribulados dias de junho o futebol da política? Passei uma vista pelos jornais lá de baixo e vi que suas capas estão bem divididas nas chamadas de política e de futebol. Verdade que tem um pouquinho mais de Copa, até porque a Fifa é uma pauta sem fim. Esta chamada, por exemplo, da Folha de S. Paulo: “Invasão de estrangeiros faz São Paulo importar prostitutas”. Tem mulher para todos os gostos e bolsos. Algumas delas cobram 2 mil reais (mas exigem o pagamento em dólar) por programa. Certamente padrão Fifa. Mas aí pulei para a coluna de Dora Kramer, no Estadão. Ela analisa dos três discursos mais importantes da convenção do PT: o de Lula, o de Rui Falcão (presidente do partido) e o de Dilma Rousseff. Transcrevo o trecho sobre o discurso da presidente: “Para encerrar a convenção, a presidente Dilma. Em ritmo de anticlímax, com um discurso cansativo que provocou dispersão na plateia e visível tédio em petistas sentado às duas mesas montadas no palco. Contrariando o tom dos antecessores e a própria personalidade acenou com a “paz”. Por uma hora enumerou seus feitos naquele conhecido tom maçante. “Produção de conteúdo para o horário eleitoral”, justifica a assessoria. Mas, se aborreceu os correligionários ao ponto de enrolarem as bandeiras, deixarem o recinto para lanchar ou comprar na lojinha do PT nas salas ao lado e os que ficaram preferiram conversar, esse conteúdo é capaz de não entusiasmar muito o eleitorado”. Passemos para o futebol. No mesmo Estadão tem a crônica de Luís Fernando Verissimo. Não é cronista esportivo (e é) mas joga um bolão nesses gramados, tanto

quando joga na literatura com tempo ainda para cinema, teatro e música (toca sax), sem falar que é cartunista. O gaúcho está preocupado com o time de Felipão. Sua crônica de ontem tem o título de “Imagina nas oitavas” e começa assim: “Aquele bordão de antes. “imagina na Copa”, pode ser atualizado. Imagina nas oitavas. Vamos pegar o Chile, menos mal, mas o time que ganhou de Camarões, ontem, não deixa ninguém tranquilo. Até entrar o Fernandinho, continuávamos a jogar sem meio-campo. Os próprios jogadores da defesa não confiaram nos companheiros do meio e passaram o primeiro tempo fazendo lançamentos longos para o ataque, por cima deles. Felizmente, Neymar estava iluminado.” Voltemos à politica, agora comentada por Eliane Cantanhede, da Folha, com tempero futebolístico. Título da crônica: “Abre o olho, Dilma”, que vai começando assim: “Em plena Copa, Dilma toma uma bola nas costas atrás da outra. A convenção do PT foi driblada pela deserção do PTB e depois de uma jogada bem ensaiada de Aécio com Cabral e Pezão no Rio. O “Aezão” agora é orgânico. Assim Dilma divide seus palanques no Rio com Aécio, que lhe roubou o PMDB, e com Eduardo Campos, que lhe subtraiu uma fatia da campanha petista de Lindberg Farias. Ela não vai repetir o passeio de 2010 no Rio e em Minas e vai ter de suar a camisa em São Paulo. Confirmam-se as dificuldades da petista no “Triângulo das Bermudas”, ou “grupo da morte”, com cerca de 40% dos votos nacionais”.

Os cossacos Liguei a televisão e tive um susto danado. Mostrava um festival de quadrilha junina por estes agrestes do Rio Grande do Norte. Mas o que se via, na verdade, era um festival de dança esquisita, lembrando a dos cossacos. Aí pensei: os russos invadiram os nossos sertões. A Ucrânia é logo ali, depois, do rio, na descida da serra. O que diria o mestre Luís da Câmara Cascudo? E Luiz Gonzaga, hein? Aliás, o Rei do Baião compôs um “Pagode Russo” com o qual fazia o diabo dançar com a sua sanfona, em ritmo bem apressado: “Ontem eu sonhei que estava em Moscou/ Dançando pagode russo na boite Cossacou (...)/ Parecia até um frevo naquele cai e não cai/ Parecia até um frevo naquele vai e não vai (...)/ Vem cá cossaco, cossaco dança agora/ Na dança do cossaco, não fica cossaco fora.”

Revista Final da tarde de hoje, coisa das 17 horas, tem o lançamento de novo número da Revista da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, agora dirigida por Manoel Onofre Jr. e editada por Thiago Gonzaga. Será na sede da ANL. A revista tomou outro fôlego. Está boa de ler. Entre os artigos, destaco os textos de Leide Câmara, “Os 91 anos da Praeira”, de Eulália Duarte (Lalinha) sobre Dona Noilde Ramalho “Tudo que é bom, dura o tempo para ser inesquecível”, e de Diógenes da Cunha Lima, “Até Deus precisa de sinos”. A revista publica quatro discursos. Os de posse dos acadêmicos João Batista Machado (saudado por Ticiano Duarte) e Agnelo Alves (saudado pelo Padre João Medeiros Filho).

Chuva Choveu. Mas não saiu nenhum boletim da Emparn. Outra vez a empresa deixou de registrar as chuvas do Estado por conta da Copa do Mundo. Jogavam ontem aqui Itália e Uruguai. Funcionários públicos foram dispensados do trabalho. Mas choveu. Bom, a partir de hoje não haverá mais jogo na Arena das Dunas. A Copa acabou em Natal. Certamente, teremos chuvas e notícias delas.

Livro Átila, Você é Bárbaro, primeiro livro do cartunista Jaguar, publicado em 1968, com prefácio de Paulo Mendes Campos, será reeditado pela editora do Sesi de São Paulo. Lançamento marcado para o dia 30 de julho, na abertura da Festa Literária de Paraty. Jaguar é um dos convidados da FLIP que este ano homenageará Millôr Fernandes.

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O

poeta e jornalista Maia Pinto que coleciona e arquiva o jornal de WM, desta TN, faz me chegar às mãos, um recorte da edição de 22 de outubro de 2006, trazendo um valioso depoimento da lavra do próprio Café Filho, com relação ao seu exílio, nos anos 30, na Argentina, no período truculento do governo autoritário de Getúlio Vargas. Trata-se de uma carta do político potiguar, guardada pelo historiador Ivoncísio Meira de Medeiros - fiel guardião do que se pode chamar de museu histórico, do seu primo Gil Soares -, endereçada ao correligionário Bilé Soares, da cidade do Assu, que se estabeleceu em Natal, no ramo de comércio. Era também proprietário rural, na sua terra. A carta foi escrita em Córdoba, na Argentina, a 900 quilômetros de Buenos Aires, onde cumpria o exílio, na companhia de sua esposa, dona Jandira Fernandes Café. Woden na sua coluna, transcrevendo o texto de Café, disse

Brum

que “ele encontrara espécies na região de Córdoba parecidas com as de Assu: Aqui na Serra de Córdoba tem grande quantidade (...) em alguns pontos aqui na Serra matutos extraem o que eles chamam uma massa e usam outros misteres que não é a fabricação de cera” Voltando ao tema por mim abordado, anteriormente, de que Getúlio Vargas, durante o famigerado Estado Novo, perseguira o deputado que lhe fizera oposição, João Café Filho e que os dois jamais tiveram afinidades políticas, essa missiva vem reforçar a tese de que Café não devia nenhuma solidariedade ao antigo perseguidor, apesar de ter se comportado com equilíbrio durante a grave crise institucional que atingiu ao seu governo. Ele comunicava ao seu amigo Bilé: “Recebi esta semana do Embaixador Ramon Carcano, que se tem mostrado muito meu amigo, indagando-me se quero regressar ao Brasil. Esta pergunta foi uma grande surpresa para mim, especialmente pela espontaneidade. O mesmo Ramon quando chegou a Buenos Aires aconselhou-me a buscar a família porque eu ia ficar muito

Café combateu os integralistas. E em 1937, os integralistas tiveram influência no governo getulista, quando o presidente flertava com Hitler e Mussoline” tempo sem voltar à Pátria. Ele é amicíssimo do Getúlio e agora lembra-se de me perguntar se quero volver. Respondi-lhe que esse era o meu grande desejo, mais esperava que ele se tornase fiador da minha liberdade”. Mais adiante Café também comunica que recebera uma carta do Rio de Janeiro, dos seus amigos, dizendo que Pedro Ernesto, João Mangabeira e Domingos Velasco, políticos ligados aos ideais socialistas e tam-

bém oposicionistas ao governo Vargas estavam gozando de “tranqüila liberdade”. E acrescenta o missivista: “Ao mesmo tempo desapareceu do governo a influencia integralista que era o que doía nos calos”. Lá pras tantas entre outros assuntos e recordações, Café desabafou: “Você, meu caro Bilé não sabe como uma carta dahi faz bem a gente. O exílio é uma coisa indefinível. Pode ser que um cidadão de largo recursos pudesse viver bem. Para os que são obrigados a limitar os menores actos da vida no estrangeiro é insuportável. Por isso você calcula a minha ansiedade por uma palavra do Carcano”. Café combateu os integralistas. E em 1937, os integralistas tiveram influencia no governo getulista, quando o presidente flertava com Hitler e Mussoline. Sebastião Nery falando sobre o jornalista Hélio Fernandes, disse que ele foi um guerrilheiro da palavra, no jornal. Café Filho, no seu tempo, foi um guerrilheiro da tribuna parlamentar, temido e respeitado. • Republicado por incorreção

Cartas

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Deslizamentos Seria cômico, se não fosse tão trágico.... Olha que bela ironia do destino... Se na rua onde mora o prefeito Carlos Eduardo tá assim! Imagina nas outras! Detalhe: é praticamente em frente à casa dele! netomoura2003@yahoo.com.br

Greve Essa classe (os motoristas de ônibus) ficará para sempre mal vista pela população.Não tiveram a menor consideração com a população,pelo menos nestes dias de dificuldade devido as chuvas.INSENSÍVEIS. raiol.lobo@bol.com.br

Greve II

Vamos lá Transnordestina! JOÃO LYRA NETO JORNALISTA

A

o lado do “vai, mas não vai”, da caminhada da “Transposição do Rio São Francisco”, a “Transnordestina”, agora reformada pelo Governo para melhorar as condições de transporte de carga para alguns estados do nordeste, ainda se vê lenta. Pelo que se sabe, o Governo, no ano passado, aprovou a vultosa verba de 400 milhões, para recuperar esse serviço de transporte ferroviário, recurso esse de alta significação, dentro do chamado e conhecido PAC, projeto tão falado e promovido pela presidente, na execução de planos. Essa recomposição garantida pelo Governo vai aliviar a tensão de todos aqueles que não acreditavam que isso viesse a acontecer. É, realmente, um ponto importante que se realiza, depois de tantos anos de espera. O transporte de cargas, ou de mercadorias, é de real importância para os que vêm, há anos, contando com isso. Quem tomou o “pião na unha” para que a “Transnordestina” voltasse a funcionar foi o senador Sérgio Guerra, político altamente competente, consideClassificados Redação Fax Venda Avulsa Assinatura Natal Reclamações Natal ASSINATURA Mensal (à vista) Trimestral Semestral (à vista) Anual (à vista)

4006-6161 4006-6113 4006-6124 4006-6100 4006-6111 4006-6111 R$ 56,00 R$ 168,00 R$ 336,00 R$672,00

O que, a propósito, anda bem devagar ao lado da Trasnordestina também programada pelo Governo, é a Transposição do Rio São Francisco” rado pelos seus trabalhos no Senado, em favor do nordeste. A “Transnordestina” era, realmente, o seu alvo predileto, para realizar aquilo tão desejado pelos produtores e comerciantes na transferência de mercadorias. Entretanto, de repente, a “Transnordestina” parou. O setor rodoviário assumiu e passou a comandar o transporte de cargas e mercadorias de um estado para outro. O transporte ferroviário, no entanto, sempre esteve presente em quase todo o Nordeste. Era visto com frequência nos cruzamentos de estradas de um município para outro. E o senador Sérgio Guerra

PREÇO DO EXEMPLAR Rio Grande do Norte 3ª a Sábado Domingo Outro Estado 3ª a Sábado Domingo

trabalhou para que esse projeto tomasse o rumo desejado. Foi uma luta constante de quem tinha a decisão de alcançar os objetivos colimados. Lamentavelmente, o senador Sérgio Guerra saiu da luta antes da concretização do que tanto lutava e desejava. O que, a propósito, anda bem devagar ao lado da “Trasnordestina” também programada pelo Governo, é a “Transposição do Rio São Francisco”, obra considerada gigante, bastante aplaudida no governo do expresidente Itamar Franco, com o total apoio do ex-ministro da Integração Social, Aluizio Alves, pioneiro nesse trabalho em favor do Rio Grande do Norte. A luta era para que isso também acontecesse em outros estados. O Governo do ex-presidente Lula, mesmo brigando com o bispo da Bahia, que fez greve de fome, deixou parada essa obra com a demissão de mil operários por falta de recursos exigidos pelas construtoras. As regiões do semi-árido precisam desses canais para tornar positiva a sua exploração agrícola. E o nordeste todo espera que essa obra seja concluída. Só o Governo pode falar. FILIADO AO

R$ 2,00 R$ 3,00

FILIADO AO INSTITUTO VERIFICADOR DE CIRCULAÇÃO

R$ 3,00 R$ 4,00

REPRESENTANTE NACIONAL – Pereira de Souza & Cia Ltda: Rio de Janeiro : (O21)2544-3070 – São Paulo: (011) 3259-6111

FILIADO À ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS

Parabéns aos motoristas!!! Sugestão: querem fazer uma greve com o apoio de todos os segmentos da nossa sociedade que sempre foi a única parte prejudicada??? POIS VAMOS MUDAR O MODUSOPERANDIDESSAGREVE: “rodem com as catracas liberadas”, LIVRES, não cobrando absolutamente nada pela passagem dos usuários do sistema. Em SÃO PAULO funcionou e a greve de lá acabou vitoriosa ligeirinho com os empresários pondo-se de joelhos aos pés dos rodoviários. luiztrindade53@yahoo.com.br

Greve III Nessa história nem todos são vítimas. Os empresários e o poder público estão se lixando para a população e os grevistas. Salários achatados e condições precárias de trabalho. Enquanto isso a população mais uma vez arca com o sofrimento e torce para o Brasil ser hexa.” Jullian Araujo (Facebook)

Greve IV É o retrato da justiça brasileira: ninguém respeita mais decisão judicial, essa greve está prejudicando milhares de pessoas e 100% de paralisação não existe! Não há como a população ser favorável a uma categoria como essa.” Paulo Anderson (Facebook)

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