Tribuna do Norte - 01/06/2014

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Natal • Rio Grande do Norte Domingo, 01 de junho de 2014

economia

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Qualificação é chave para o Mundial « SERVIÇOS » Desde 2010, restaurantes promovem treinamentos com vistas à Copa. Entre as apostas, cursos de idiomas para a equipe. Os profissionais bilíngues passaram a ser mais valorizados dentro das empresas JÚNIOR SANTOS

s empresários de bares e restaurantes de Natal estão otimistas com a realização da Copa do Mundo na cidade. Os principais restaurantes esperam trabalhar com casa cheia durante o período. E, para isso, investiram em capacitação, contratações e melhorias. O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/RN), Max Fonseca, afirma que os empresários do setor estão com uma expectativa positiva com relação à Copa do Mundo. Ele explica que a Associação não tem números com relação ao incremento que o evento deve representar ao setor, mas já tem conhecimento de alguns restaurantes que estão com um volume grande de reservas para o período. “A maioria dos restaurantes só irá saber efetivamente durante os dias do evento, quando acontecer, mas esperamos um incremento médio de 15 e 30%”, destaca. De acordo com Max Fonseca, desde 2010, que os restaurantes iniciaram uma série de treinamentos com vistas à Copa do Mundo. “Os restaurantes fizeram treinamento, cardápio bilíngue, contrataram profissionais bilíngues”, detalha. Max Fonseca acrescenta que os restaurantes vêm passando por um momento de crise, com queda no movimento e redução da lucratividade e a expectativa é que a Copa do Mundo contribua para a melhoria do setor não só durante a realização do evento, mas com o pós Copa. “Nossa expectativa não é só com a realização da Copa, mas o que ela pode fazer por Natal no futuro. Essa é a grande aposta”, opina.

O

Investimento

Foi apostando na Copa do Mundo que a empresária Ana Cristina Quartucci programou a inauguração da unidade do Restaurante Mina Dágua de Ponta Negra para o mês de junho. Ela conta que, apesar do restaurante não ter sido aberto apenas para o Mundial, a ideia era abrir o restaurante um mês e meio antes do evento para aproveitar o volume de turistas que estarão na cidade. “Queríamos abrir o restaurante para o início dos jogos, mas tivemos um atraso, em função de prazos para liberações e alvarás, mesmo assim, queremos abrir ainda em junho”, explica Ana Cristina, que é uma das três sócias do restaurante, que já funciona há mais de 8 anos em Petrópolis. A empresária espera um bom movimento no final de junho e ainda no mês de julho. “Os turistas vão estar aqui e depois da Copa vêm as férias, então esperamos que frequentem o restaurante. Mas também esperamos o público de Natal”, diz. Para trabalhar no novo restaurante deverão ser contratados entre 16 e 20 funcionários e um dos pré- requisitos para contratação é falar pelo menos uma língua estrangeira. Funcionando na Orla de Ponta Negra, na avenida Erivan França, o Rio Restaurante, especializado em frutos do mar, ainda não tem reservas para o evento, mas espera casa cheia durante a temporada. A gerente Fabiana Medeiros diz que a expectativa é de um incremento entre 30 e 40% do restaurante que tem capacidade para atender 98 pessoas. “Estamos finalizando a decoração e esperamos uma melhora no mês de junho, com a maioria de clientes estrangeiros. Não temos funcionários fluentes, mas dois conseguem conversar em inglês. Além disso, nosso cardápio está todo em inglês”, acrescenta a gerente.

Curso de inglês no Restaurante Camarões, em Natal: cerca de 70, dos 450 funcionários das três lojas, participaram de aulas de idiomas

Reservas aquecem para público estrangeiro A Churrascaria Fogo e Chama tem vários grupos de estrangeiros e agências de viagens com reservas para o mês de junho. Segundo o sócio diretor, Bosco Galindo, nos dias de reservas, a casa funcionará com 100% da sua capacidade e ainda deve ter fila de espera. “No mês de junho, normalmente trabalhamos com 80% da capacidade do andar de baixo e não abríamos o primeiro andar. E durante a Copa, o primeiro andar que, conta com 80 meses, estará quase sempre lotado. Temos várias reservas para os dias de jogos, principalmente de japoneses e americanos”. Para atender a demanda, foram feitas contratações extras, mais de 20 funcionários passaram por cursos de idiomas pelo Pronatec e foi criado um cardápio bilíngue. A decoração também será iniciada neste final de

semana. “A Copa vai ser excelente, muito bom para a divulgação da cidade”, avalia Bosco Galindo. O empresário conta que a casa de eventos Chaplin, da qual também é proprietário, também está com reservas para o período. “Temos duas reservas, uma de 300 pessoas e outra de 500, que são italianos que vão realizar dois coquetéis, um dia antes do jogo da Itália em Natal”.

Preparação

O Restaurante Camarões também espera funcionar a “todo vapor”, nas palavras da sócia diretora, Clara Bezerra, durante o período da Copa, mesmo sem ter feito reservas. A empresária disse que não precisou contratar novos funcionários, mas se preparou para estar com o quadro completo. “Esperamos um movimento parecido com

o de janeiro. Em junho normalmente funcionamos com 60%, mas esperamos estar com 100%”. Para o evento, Clara afirma que o restaurante também organizou melhor o setor de compras para estar com o estoque acima da média e preparou uma carta de vinhos, apenas com vinhos brasileiros. O Camarões também investiu em aprimoramento dos profissionais. E cerca de 70 funcionários dos 450 das três lojas, participaram de cursos de idiomas. “Sem dúvida, a Copa do Mundo será positiva para o turismo. O grande desafio será plantar sementes para o futuro para que o turista da Copa, volte”, salienta Clara Bezerra. Alice Monteiro foi uma das professoras de inglês que atendeu a equipe do Camarões, por meio do Pronatec. Ela explica

que os funcionários vêm há 1 ano tendo 4 horas semanais de aulas. “Estamos trabalhando o inglês situacional de restaurante. Todos terminarão o curso capacitados para atender aos clientes”, garante. Ronnie Ribeiro foi um desses alunos. Ele, que trabalha como garçom no restaurante, disse que antes do curso só sabia algumas palavras. “Agora eu aprendi muita coisa, estou mais solto e já estou atendendo clientes em inglês. Antes eu tinha que chamar o único garçom que falava”, orgulha-se. Carlos Eduardo Souza, também garçom, não falava nada em inglês antes do curso e agora diz que já está preparado para atender ao cliente. “Consigo atender desde a hora que cliente chega até a finalização, com o pedido da conta. Já atendi clientes estrangeiros e deu certo”.

JÚNIOR SANTOS

Temos em média 30% dos bugueiros fluentes em outra língua. Além disso, os profissionais fizeram cursos até de combate à exploração sexual”. THIAGO DE SOUZA do Sindbuggy/ RN

João Bosco da Silva, da Abla: setor registra poucas reservas, até agora, impulsionadas pela Copa

Movimento é fraco nas locadoras Diferente da hotelaria, restaurantes e outros serviços, as locadoras de carros não esperam um grande incremento com a Copa do Mundo. Apenas um pequeno crescimento, em torno de 5 %. O presidente da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA/RN), João Bosco da Silva, afirma que o segmento tinha uma grande expectativa com a realização do Mundial, mas que não deve ser concretizada. De acordo com João Bosco, que também é proprietário a Radar Rent a Car, que conta com

100 carros, poucas reservas foram feitas até o momento. “O evento não despertou o setor, esperávamos um incremento de 20%, mas não deve chegar a 5%”, lamenta. Segundo Bosco, o mês de junho historicamente é de baixa e não teve demanda. Ele afirma que os profissionais do setor estão preparados para atender estrangeiros, com profissionais bilíngues, mas que não foram feitos investimentos no setor para o evento. “Este é um evento pontual, não podemos investir na frota para atender 15 dias”, explica.

O empresário, João Alves, sócio da L´auto Rent a Car, também afirma que a Copa do Mundo não irá trazer um grande incremento. “Estamos com 60% de reservas, que está dentro da normalidade para o período. Esperávamos 100% de reservas, mas não se concretizou”. João Alves, que possui uma frota de 40 carros, afirma ainda que esperava melhorar os preços da locação no período, mas sem a demanda isso não foi possível. O Rio Grande do Norte possui em média 80 locadoras, com uma frota de 6 mil veículos.

Este será um momento de muita oportunidade para ganhar dinheiro e experiência de trabalho”. GEORGE COSTA diretor da Luck Natal

Passeios estão mais caros, mas demanda sobe Os turistas que visitarão Natal em função dos jogos da Copa do Mundo também deverão aumentar a demanda por passeios e translados. Os bugueiros esperam não só um aumento no movimento, mas também no faturamento, em função de um reajuste na tarifa. As agências de receptivos que atendem a turistas internacionais estão sendo procuradas, principalmente, para realizar translados, inclusive, para outras cidades sedes. O presidente interino do Sindicato dos Bugueiros Profissionais do (Sindbuggy/ RN), Luís Thiago de Souza, acredita que no período da Copa, os bugueiros terão muito trabalho e a movimentação deve chegar a 95%. O valor do passeio também foi reajustado para a Copa, e irá variar de R$ 450 a R$ 700, dependendo do passeio. “Iremos reajustar porque tudo será reajustado, as balsas e as taxas”, diz. De acordo com Thiago de Souza, no RN são 720 bugueiros, sendo sindicalizados 410, e espera-se que praticamente todos estejam trabalhando no período. “Acredito que a maioria será de estrangeiros. Nós temos em média 30% dos bugueiros fluentes em outra língua. Além disso, a Secretaria Municipal de Turismo, capacitou os bugueiros com cursos de qualidade no atendimento, línguas e até combate à exploração sexual”. Já o presidente da Associação dos Proprietários e Condutores de Buggys do RN, Iveraldo Souza, presidente, estima um movimento em 80%. A associação representa 100 bugueiros de Genipabu, que costumam negociar diretamente com clientes e não por meio de agências. “Não aumentamos o nosso preço, que permanecerá R$ 240 para as dunas móveis. Esperamos que seja um mês bom, que a gente possa dar uma respirada nas contas”, diz. Segundo ele, apenas os funcionários que fazem atendimento no box “arranham” um pouco no inglês e, por isso, eles esperam que a maioria dos clientes seja de turistas nacionais.

Traslados

Uma estimativa da Associação Brasileira de Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros mostra que 1,1 milhão de pessoas devem procurar as linhas de ônibus interestaduais e intermunicipais para se deslocar entre as cidades sedes durante a competição, um acréscimo de 20% a 30% no fluxo de passageiros, se comparado a períodos normais de transportes. As agências de receptivos também esperam demanda aquecida. O diretor da Luck Natal, George Costa, afirma que a procura maior é por translados para o aeroporto, para o estádio e para as sedes vizinhas, Fortaleza e Recife. “A demanda por passeios ainda é pequena. Mas acredito que os turistas vão querer passear nos dias livres”. Para atender a demanda, Costa conta que a agência irá trabalhar com um quadro de funcionários 30% maior. “Teremos 70 pessoas com grupos e 50 prestadores de serviços, que irão atuar no transporte”, detalha. Segundo George, a maior parte dos contratados para o trabalho temporário não atuavam no turismo e, por isso, precisaram de treinamento. “Este será um momento de muita oportunidade para ganhar dinheiro e experiência de trabalho. Esses profissionais deverão receber 30% a mais do que o normal”.


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