Tribuna do Norte - 21/08/2012

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Terça-feira | 21 de agosto de 2012

política

Tribuna do Norte | Natal | Rio Grande do Norte | 5 ALEXANDRA MARTINS

[ INVESTIGAÇÃO FRUSTRADA ] Envolvidos com o

esquema de contraventor fogem das perguntas

Depoentes ficam em silêncio nos quatro meses da CPI do Cachoeira B rasília (AE) - Em funcionamento há quatro meses, a Comissão Parlamentar de Inquérito do Cachoeira transformou-se na “CPI do Silêncio”, onde impera o mutismo dos envolvidos com o esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos. Dos 32 depoentes, apenas 13 falaram. A lei do silêncio em vigor é fruto de acordo entre governistas e oposição, que decidiram pela dispensa de depoentes com habeas corpus para ficar calados. A estratégia teve como objetivo poupar futuros depoentes, como Fernando Cavendish, principal acionista da Delta, que vai depor no dia 29. “Vai ficar muito ruim para esta CPI o senhor Cavendish ficar calado”, diz o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-

AP). “O mais importante são as provas técnicas e não os depoimentos”, rebate o presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB). Para o relator, Odair Cunha (PTMG), o fato de o depoente não falar sinaliza seu envolvimento com Carlos Cachoeira. Mesmo diante da falta de avanços na investigação, a CPI do Cachoeira deverá ser concluída até 4 de novembro. Cunha já começou a alinhavar o relatório, que pretende apresentar entre o primeiro e segundo turnos da eleição, provavelmente no dia 16 de outubro. No relatório, Cunha deverá propor ao Ministério Público o indiciamento do governador tucano Marconi Perillo (GO) e do prefeito petista de Palmas, Raul Filho. Afinal, a maioria dos envolvidos já foi presa. WILSON DIAS/ABR

Odair Cunha considera que silêncio confirma envolvimento

Ex-diretor de estatal paulista promete responder à comissão São Paulo (AE) - Convocado a depor na CPI do Cachoeira no dia 29, o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, afirmou que não vai pedir habeas corpus à Justiça e que está disposto a responder às perguntas dos parlamentares. O engenheiro deixou a estatal paulista em abril de 2010 e, na campanha presidencial daquele ano, foi citado pela então candidata do PT Dilma Rousseff em debate com o tucano José Serra “Vou falar tudo o que eu desejo falar desde 2010 para cá”, afirmou Vieira de Souza ao Grupo Estado, ao ser questionado se apenas responderia às perguntas dos parlamentares ou se levaria informações à CPI. O ex-diretor da Dersa disse que responderá “a qualquer pergunta dos parlamentares, de tudo o que for do meu conhecimento”. Vieira de Souza tornou-se personagem da eleição de 2010 ao surgirem suspeitas de que teria desviado doações recebidas pelo PSDB - ele nega. Naquela campanha, Dilma afirmou em debate na TV que o engenheiro “fugiu com R$ 4 milhões” que seriam usados na campanha de Serra. Vieira de Souza assumiu a Diretoria de Engenharia da Dersa durante a gestão do tucano no governo do Estado. O ex-dirigente indicou que ficará na defensiva em relação a acusações feitas pelo ex-diretor do Dnit Luiz Antonio Pagot. Um dos “faxinados” do Ministério dos Transportes em 2011 após suspeitas de corrupção no setor, Pagot disse à revista IstoÉ ter ouvido de um procurador de uma empreiteira que dinheiro de obras do Rodoanel teria sido desviado pa-

ra uso em campanha eleitoral. Na ocasião, Serra classificou se tratar de “calúnia pré-eleitoral aloprada”. À revista Época, Pagot disse que o tesoureiro de campanha do PT em 2010, José de Fillipi Júnior, pediu ajuda para obter doações. “Pelo que conheço da personalidade do Pagot, ele vai falar (sobre os esquemas de arrecadação)”, avaliou Vieira de Souza, que vai à CPI um dia depois do ex-diretor do Dnit. O engenheiro afirma que sua estratégia independe do depoimento de Pagot. “A minha posição eu já tenho. Qualquer pessoa que falar de mim e não provar, eu processo”, afirmou. “Tem 18 processos que movo, e nenhum contra mim.” ‘LÍDER FERIDO’ Autor de uma das frases mais marcantes da eleição de 2010 “Não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada”, em referência ao fato de Serra ter dito que não o conhecia após o debate em que seu nome foi citado -, Vieira de Souza parece satisfeito com o posicionamento do tucano, que no dia seguinte definiu o ex-diretor como um engenheiro competente “O que eu disse naquela época é o mesmo que eu penso (agora). Se o governador (Serra) foi perguntado, ele teria que se posicionar Ele se posicionou, né?”, afirmou. “O governador emitiu a opinião. Você viu a coletiva dele em Aparecida? Cada um age no momento que acha que deve. O governador tem os problemas dele, estava no meio da campanha. Vi a coletiva dele em Aparecida e ele expressou especificamente a meu respeito”.

Mulher de Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça pediu sessão secreta, mas não apresentou informações aos parlamentares


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