Revista CNT Transporte Atual - Junho/2006

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CNT TRANSPORTE ATUAL

EDIÇÃO 130

DUAS OPÇÕES

Militar de carreira ou temporária O Exército brasileiro possui atualmente cerca de 3.900 mulheres em seu efetivo, ocupando os postos de capitão e tenente e a graduação de sargento. Elas representam apenas 2% do total de militares. Desse percentual, 2.800 são oficiais. Ao contrário dos homens, que podem se tornar oficiais de carreira na corporação por meio do ingresso na Escola de Cadetes, as mulheres têm de trilhar um caminho mais longo se quiserem alcançar esse posto. O acesso da mulher ao Exército se dá voluntariamente. Ela pode ser militar de carreira ou temporária. A militar temporária poderá permanecer no serviço ativo por até sete anos. Seu ingresso dá-se pelo Sistema do Serviço Militar. A adesão ao sistema pode ser realizada pelas várias sedes do Exército espalhadas pelo país - as chamadas regiões militares. Durante os testes de seleção, a mulher concorre nas mesmas condições dos homens. Para as que pretendem ser oficiais, o ingresso mais fácil é feito por meio das áreas de saúde, administrativa, técnica e de ensino. Nesse caso, exige-se o diploma de curso superior. Para as que querem se tornar sargentos, o ingresso se dá pela área de enferma-

gem. Nesse caso, exige-se o diploma de nível técnico. Já para aquelas que pretendem seguir carreira na corporação, uma das formas é fazer cursos na Escola de Administração do Exército, em Salvador (BA), que matriculou sua primeira turma de mulheres em 1992. O curso tem a duração de um ano e a perspectiva na carreira é de 1º tenente a tenente-coronel. Outra maneira é tentar o ingresso no Instituto Militar de Engenharia, no Rio de Janeiro, que forma engenheiros militares. A perspectiva na carreira é de 1º tenente a general-de-divisão. A terceira forma que as mulheres têm de se tornar oficiais de carreira é ingressando na Escola de Saúde do Exército, como é o caso das tenentes Paula Raquel da Silva Bittencourt e Ivi Costa dos Santos. A escola forma oficiais médicas, dentistas, farmacêuticas, veterinárias e enfermeiras e fica n Rio de Janeiro. Segundo a corporação, as mulheres desempenham os cargos nas mesmas condições dos oficiais homens e concorrem às promoções em condições de igualdade. Nesse sentido, os critérios de avaliação de desempenho profissional não discriminam o sexo, assim como o acesso aos postos mais elevados da carreira.

TREINAMENTO As tenentes tiveram a mesma cobrança que os homens

chegar ao fim. Em função disso, ocorria realmente um certo preconceito”, conta Ivi. Para ela, na verdade, os instrutores estavam brincando com as duas quando faziam a pergunta, pois não imaginavam que uma mulher conseguisse superar todas as dificuldades do treinamento. Conforme a tenente, essa situação serviu como um estímulo, um desafio, principalmente pelo fato de elas estarem ali o tempo inteiro lidando com pessoas da área e, ao mesmo tempo, por não poderem exercer a atividade que tanto admiravam em seus pacientes. Enfim, as duas oficiais conseguiram passar no teste para o curso, se matricularam, superaram todos os obstáculos físicos e psicológicos e concluíram o treinamento.

Para passar no teste, elas treinavam todos os dias com a orientação de um instrutor de educação física. Corriam e faziam exercícios em pistas de corda. Praticavam musculação e diversos tipos de exercício para o fortalecimento muscular dos braços, pernas e do abdome. Apesar do intenso treinamento físico e dos obstáculos, as duas não pensaram em desistir. “Tinha como meta terminar o curso e, como não tive nenhum problema de saúde no decorrer do mesmo, consegui concluí-lo”, afirma Paula Raquel. “Tive dificuldade apenas em ultrapassar um obstáculo da pista de cordas, mas superei e consegui completá-la. Tudo depende principalmente do treinamento na fase técnica”, acrescenta Ivi.


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