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DIAGNÓSTICO DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO

A maior contribuição para o grau de deterioração dos elementos que compõem o sobrado é proveniente da cobertura, sendo ela a causa ou a maior contribuinte para as patologias nas alvenarias, assoalhos e barrotes.

A FUNDAÇÃO e as ALVENARIAS EXTERNAS se mostram sólidas, coesas, sem recalques ou deformações, estruturalmente estável. As internas em Adobe se mostram íntegras, assentadas sobre as tábuas do assoalho, mais suscetíveis a movimentações.

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A COBERTURA está com muitos problemas, seja mecanicamente, com telhas corridas, quebradas, falta delas ou argamassamento em excesso. Biologicamente, apresenta vários tipos de vegetações invasivas, até arbustivas, que abriram frente para a manutenção da umidade. A di fculdade do escoamento e a inf ltração dessa umidade levou à deterioração das peças de estrutura, como frechais e espigões que, fragilizados, foram atacados por insetos, estando 45% das peças deterioradas. Mesmo as telhas, devido à demora para escoamento dessa umidade, estão sempre saturadas e mais frágeis e com o tempo permitem a percolação da água para o interior do edifício. Essa umidade criou condições para que a vegetação se enraizasse pela alvenaria, entre a argamassa e o substrato, expandindo-se, deslocando o revestimento em muitos pontos. Naqueles com umidade excessiva, os microorganismos se proliferaram, conservando a umidade e desintegrando as ligações das argamassas de revestimentos e os substratos que, sendo pedra assentada com argila, potencializou-se o enraizamento e aos poucos está se fragilizando, soltando as pedras menores, depois as maiores e desestabilizando o arcabouço estrutural em pedra e barro. O Revestimento externo nas quatro fachadas não está cumprindo satisfatoriamente sua função de camada protetora, estando muito deteriorado, solto, apresentando ilhas com vários tipos de argamassas que formaram uma colcha de retalhos de diversi fcação, de granulometria e de tipos de deterioração. Assim, não temos um conjunto, situação que permite fssuras, separação de placas e inf ltrações.

Na FACHADA SUL, vemos pela sequência de registros, a rápida evolução da deterioração, onde a falta de telhas no beiral e a vegetação sobre a cimalha naquele ponto acelerou o deslocamento da placa de revestimento, expondo o substrato e abrindo frente para a aceleração da lixiviação da argamassa de assentamento. Em toda a fachada vemos a proliferação de microorganismos. Na FACHADA LESTE, temos o problema da vegetação criando condições para a deterioração da cimalha (principalmente no vértice entre as fachadas Leste e Norte) e as intervenções no revestimento, que incorporaram argamassa cimentícia incompatível, com o tempo se soltaram do substrato em vários pontos. Nessa fachada, existia um passeio confeccionado com lajes enormes de pedra, que hoje estão amontoadas e espalhadas. Pelos vestígios e depoimentos, poderá ser refeito, agregando estabilidade e acesso. Na FACHADA NORTE, são recorrentes os problemas da vegetação invasiva e das argamassas cimentícias; apresenta também grandes áreas sem revestimento e proliferação de microorganismos e áreas descoladas do substrato. A FACHADA OESTE está totalmente sem revestimento. Temos vestígios na parte superior da sua existência, fachada mais atacada pelo intemperismo, sem beiral, tem sua argila de assentamento constantemente umidi fcada e sua estabilidade prejudicada. O peso das pedras faz com que deforme, perca o embrechamento, o equilíbrio e fque com sua coesão comprometida. Tem sua integridade Pedra/Argila/Revestimento desfeita e está totalmente suscetível. O sobrado possui ruínas da cozinha na parte posterior da edi fcação, onde a Fachada Oeste fcaria dentro dessa cozinha, sendo interna. De acordo com os registros dos últimos 30 anos, ela já estava sem revestimento.

Os BARROTES, nas áreas em que estão suspensos (Quarto 1, Sala 1 e Sala 2) se mostram em melhores condições comparados aos barrotes dos compartimentos da parte posterior do sobrado. Alcovas 1 e 2, Depósitos 1 e 2, Quartos 2 e 3 e Circulação fcam mais próximos do solo e apresentam umidade, falta de ventilação e pó, depositado por anos, chegando a enterrar alguns barrotes e sofrem com inf ltrações decorrentes dos problemas no telhado. Tal situação criou condições para as patologias e degradações desses elementos. As tábuas do ASSOALHO do sobrado sofrem degradação por ataques de xilófagos, pelo ambiente sempre fechado e insalubre, sem ventilação su fciente propicio à proliferação de microorganismos. São nítidos os vestígios de ocorrências contínuas de goteiras. Apresenta 20% das tábuas em boas condições, a sua maioria no porão, 30% passíveis de recuperação e 40% muito degradadas, sendo necessário substituição.

As ABERTURAS trazem degradações que se apresentam na sua maioria, nos encontros ombreira/peitoril, como apodrecimento, lixiviação da lignina e ataque de insetos, por estarem mais vulneráveis que outras partes dos portais ao intemperismo e locais de acúmulo de umidade. As folhas das janelas eestão muito ressecadas, necessitando de hidratação, porém, em sua maioria, em boas condições, necessitando de pequenos reparos e conservação.

Ficha Técnica

Produção Executiva: Tombô Produções Museológicas

Responsável técnico: Marcos Borges (CAU nº A1144-5)

Assistência: Sônia Rocha Melim · Suzana de Souza (CAU nº A205850)

Editoração: Fernanda do Canto

Projeto realizado com o Prêmio Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura, Edição 2021

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