Revista B - Dezembro 2013

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EV SAÚDE

O mundo da dor com Dra. Jô Aguiar Médica, anestesiologista e especialista em dor, ela explica como tratar os diferentes tipos de dores CRM 4666/AM

“Quando o médico prescreve morfina para um doente com dores fortes, a primeira reação da família é imaginar que ele entrou em fase terminal, o que é um tremendo engano. Pessoalmente, indico a morfina porque não existe nenhum analgésico mais eficaz do que ela” Dra. Jô Aguiar

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outora Jô Aguiar é médica formada pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), com residência médica em Anestesiologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista em dor, sendo membro da Sociedade Brasileira do Estudo da Dor (SBED). É, portanto, uma das profissionais mais renomadas do Amazonas no tratamento da dor. Segundo Dra. Jô Aguiar, as dores podem ser crônicas ou agudas. E a prescrição de analgésicos potentes chegam a impressionar os pacientes, de acordo com a médica. “Em geral, os doentes se impressionam com a associação de medicamentos. ‘Opa, estou tomando três remédios para a dor, meu fígado não vai agüentar’, é o que temem”, explica. E a médica acaba com os mitos da morfina. Segundo ela, a morfina é o analgésico mais eficaz do mercado. “Quando o médico prescreve morfina para um doente com dores fortes, a primeira reação da família é imaginar que ele entrou em fase terminal, o que é um tremendo engano. Pessoalmente, indico a morfina porque não existe nenhum analgésico mais eficaz do que ela”, avisa. Dra. Jô Aguiar explica que a dor é um fenômeno multidimensional, que envolve aspectos físico-sensoriais e aspectos emocionais. “Dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada com danos reais ou potenciais em tecidos, ou assim percepcionada como dano”, diz.

Para a médica e anestesiologista, a incapacidade do paciente em comunicar verbalmente não exclui a possibilidade de que um indivíduo esteja sentindo dor e necessite do tratamento para alívio da mesma. “A dor é sempre subjetiva. Cada indivíduo aprende o uso da palavra dor através de experiências relacionadas com traumatismos no início da sua vida”, explica. Ela explica que existem três principais tipos de dor: Dor nociceptiva: é a originada nos nociceptores, mecânicos, térmicos ou químicos junto da área física em que ocorre o estímulo que a origina. Dor neuropática: A dor neuropática é uma dor provocada por uma lesão ou uma doença no sistema nervoso. Normalmente, são descritas como sensações agudas, de queimadura ou de choque elétrico, ou ainda como sensações de formigueiro. É de difícil tratamento e frequentemente torna-se crônica. É muitas vezes incapacitante. Dor psicológica: é a dor de origem emocional e é rara, podendo, no entanto, ser muito incapacitante e de difícil tratamento. O paciente sente dor a partir de pequenos estímulos, que são como que amplificados pelo seu estado emocional de medo, ansiedade, etc. “A dor psicológica é tratada de forma multidisciplinar, por médicos clínicos ou especialistas, como anestesiologista, ou o neurologista, fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos. Enfim, é grande o leque de profissionais para uma patologia tão complexa”, afirma, ressaltando que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 80% da população mundial vai sofrer pelo menos uma vez na vida com essa dor.

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