TLS MAG #1 Junho/Julho

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Tenho saudades tuas,

DAVID

Ver http://www.youtube.com/watch?v=8Bmp8HJT4PU

À medida que um tipo vai envelhecendo vai ganhando interesses inesperados e redescobrindo memórias surpreendentes. Quando digo “um tipo” estou a falar de mim próprio, evidentemente. Estou a tentar implementar aos poucos esta mania de falar na terceira pessoa, sempre como “um tipo”, e acho que dentro de um ano ou dois já é coisa para exportar lá para fora. Tentei fazer o mesmo há tempos usando antes o termo “desgraçado” mas, por alguma razão, as pessoas não aceitaram tão bem. São feitios...

tamanho do crânio, é certo, mas fora isso pouco nos afasta. Sei que eles por regra têm menos tolerância ao álcool do que as pessoas de dimensão dita normal, mas como também deixei de beber há uns bons meses calculo que até nisso sejamos parecidos. Os anões, é preciso dizê-lo sem rodeios, a meu ver não são nada de especial.

Já quando se fala de gnomos, a conversa é diferente. Adorava-os em criança e, caso tivesse hoje uma doença grave do foro psicológico, continuava a Mas enfim, hoje em dia dou por mim a ouvir adorá-los e a acreditar na sua existência. música que não ouvia na altura em que foi feita, a ver filmes que dantes não me interessavam Para começar, usam aqueles chapéus bicudos para nada, a gostar de coisas que não gostava, que tanto gabo nos Papas. Continuo a achar que só pela época que representam e pela nostalgia é preciso um indivíduo estar muito seguro de si que me trazem. Posso estar vinte a trinta anos e da sua sanidade mental para colocar um bichaatrasado mas a verdade é que não me importo roco daqueles todos os dias na pinha e achar muito com isso. Desde que um desgraçado que se está em condições para sair para a rua. possa tirar daí momentos de genuína comoção, No entanto, duvido que os gnomos associem ao acho que é aposta ganha. Viram? Desgraçado adereço qualquer significado religioso... O que não é tão eficaz, de facto. me levanta dúvidas quanto à posição relativamente às questões raciais. Há qualquer coisa de E se aquilo que eu ontem desprezava hoje faz Ku Klux Klan naquele outfit mas prefiro não as minhas delícias, que dizer de tudo o resto pensar muito no assunto. É certo que nunca vi que eu já venerava? Tipo a série de animação nenhum sujeito de raça negra nos episódios de “David, o Gnomo”?! “David, o Gnomo” mas também não é menos certo que toda aquela realidade de floresta e Uma vez mais digo: não tenho nada contra nem não sei mais o quê pouco tem a ver com o Sul a favor dos anões. Eles são como são e eu sou dos Estados Unidos. Lá está: não vale a pena como sou, tenho mais meio metro e metade do ir por aí.


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