TLS MAG #2 Agosto/Setembro

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© Ana Branco

THE LISBON STUDIO WEBMAG#02 Autores

Ana Freitas, Ana Branco, Jorge Coelho, Pedro Brito,Pepedelrey, Ricardo Cabral, Nuno Saraiva, Joana Afonso, Filipe Andrade, André Oliveira, Pedro Ribeiro Ferreira e Nuno Duarte

Capa

Jorge Coelho

Design e paginação Pedro Brito

Coordenação Copyright © 2013 The Lisbon Studio Todos os trabalhos apresentados têm Copyright © dos seus respectivos autores. http://thelisbonstudio.blogspot.pt/

Pepedelrey Pedro Brito André Oliveira


(INTRO) Pepedelrey

Passados dois meses após o lançamento da TLS WebMag #1 no mundo virtual, voltamos com a nossa energia positiva de alta-voltagem, para mais um novo número. Mais trabalhos dos residentes do The Lisbon Studio e também dos (ex)residentes, seja em BD, ilustração, escrita ou fotografia, seja simplesmente a continuar as obras iniciadas na edição anterior. Enfim, toda a nossa Arte, todas as nossas Estórias, para digitalmente vos agradar e surpreender. Este mundo virtual também nos surpreendeu com o feedback que recebemos de quem nos lê, de quem se interessa por aquilo que fazemos, criando em nós uma motivação forte para dar continuidade a este projecto, por vezes louco e solitário. Sendo a vivência fisica diária no TLS, onde tudo é flexível e de alguma maneira mutante, a WebMag reflecte também as nossas emoções e tentações da vida e dos sonhos, abrindo assim mais caminhos para novos desígnios e acções.


Š Ana Branco



Š Ana Branco






JOANA AFONSO http://jusketching.blogspot.com/ http://www.joanaafonso.com/


CONTINUAÇÃO








FILIPE ANDRADE

http://www.filipeandradeart.blogspot.com/


Exercícios de warm up, pré-realização de concept art.






ANA BRANCO http://vimeo.com/anabranco/







PEDRO BRITO http://cargocollective.com/pedrobrito/ http://margemsulcomic.blogspot.pt/












Michaela Čopíková

Há pessoas que ficam a fazer parte da História do TLS e que deixam saudades em todos nós. A Michaela Copikova é uma dessas pessoas e, para matar saudades, aqui fica uma entrevista vinda directamente da Eslováquia.

Como tem corrido a vida desde que deixaste o estúdio e regressaste ao teu país? Bom, tirando alguns detalhes, tem sido boa. Continuo a trabalhar com a Veronika Obertová, sob a chancela da nossa marca Ové Pictures, e continuamos com o nosso projecto/exposição HUGs. Depois de Lisboa, organizámos novas mostras em Berlim, Praga e mais recentemente em Sofia durante a Semana do Design. Está previsto fazermos mais duas, uma ainda este ano em Kosice (capital da cultura). Além disso, comecei finalmente a reduzir a minha lista de “to do’s”: fiz uma visita à Pictoplasma, comecei a estudar caligrafia chinesa, vi uma bailarina exótica a actuar à meia-noite, plantei morangos na minha varanda e regressei a um amor antigo – a minha bicicleta Eska. Em que projectos estás a trabalhar agora? O maior de todos é a próxima curta de animação que estou a co-dirigir e a animar com a Veronika. Chama-se “Nina & Ondro” e é uma história sobre medo e amor, uma curta em stopmotion com aproximadamente 10

minutos que está quase a passar à fase da pós-produção. Estamos também a trabalhar num novo vídeo musical animado para um músico eslovaco e a animar um segmento para um projecto chamado Gottland. Além disso, estamos a desenvolver projectos mais pequenos como o HUGs, ilustrações para produtos, t-shirts e assim. Na animação e na ilustração, quais são as tuas referências e objectivos? Como sou da Europa do Leste, penso que as minhas influências vêm da animação tradicional dos países do pós-comunismo. Cresci a ver animações russas, polacas e checoslovacas, e é provavelmente daí que vem a minha paixão pela técnica artesanal. Interesso-me particularmente pelo processo que permite sentir a “mão” do artista. Nos dias que correm, encontro quase todos os dias uma animação ou um autor que me fascinam, é difícil escolher só um. Objectivos? É simples: continuar a fazer o que realmente gosto.



Quais são as tuas melhores memórias do TLS? Todas as pequenas coisas como o ritual do café do Jorge Coelho, o Ricardo Cabral a cantar música pesada enquanto trabalha e o cigarro com o Pedro Brito, sempre com o Tejo à nossa frente. Lembro-me do Lisbon Studio como o melhor espaço para trabalhar, cheio de gente criativa e trabalhadora e, acima de tudo, cheio de grandes artistas e de pessoas calorosas. Sinceramente sinto muito a vossa falta, pessoal! E quando podemos esperar uma visita? Se pudesse estaria aí amanhã para um café. Vamos ver. :)



http://ovepictures.com/


RICARDO CABRAL

http://www.ricardopereiracabral.blogspot.pt/


CONTINUAÇÃO






JORGE COELHO http://jcoelho.deviantart.com/ http://almirantefujimori.blogspot.com/











NUNO DUARTE

http://outronuno.blogspot.com/ http://mocifao.blogspot.com/ http://duartefolio.blogspot.com/







PEDRO R. FERREIRA http://somehowalongtheway.blogspot.pt/ http://www.pedroribeiroferreira.blogspot.pt/ http://www.arcodavelhanews.blogspot.pt/







ANA FREITAS

http://anafrei.daportfolio.com/ http://wootdoodles.blogspot.pt/









ANDRÉ OLIVEIRA

http://andreoliveirabd.blogspot.pt/ http://horadosaguim.blogspot.pt/


SNEAK PEEK

André Oliveira e André Caetano

MILAGREIRO

A edição de Setembro/Outubro da revista brasileira Café Espacial vai trazer uma curta de oito páginas intitulada “Milagreiro” com argumento de André Oliveira e arte de André Caetano. “Milagreiro” é uma pequena reflexão narrativa acerca da espiritualidade, sobre a relação da mesma com as massas e com cada um. Esta BD também será publicada mais tarde em Portugal, num outro projecto acerca do qual se ouvirá falar atempadamente.



EM BREVE

HORA DO SAGUIM

O Livro O blog de humor “A Hora do Saguim” de André Oliveira vai tornar-se livro sob a chancela da editora El Pep e será apresentado ao público durante o mês de Setembro…

“Não se trata de filosofia barata isto de metaforizar o mundo no conceito de selva... Aliás, não se trata de coisa absolutamente nenhuma. Para mim, o verdadeiro humor está naquilo que pauta o dia-a-dia: está no GPS que deixa de funcionar em plena autoestrada, está atrás de um balcão numa repartição de finanças, num T2+1 em São Domingos de Rana. Sempre gostei de me rir e a conclusão a que chego é que aquele riso primitivo, aquele que mais nos satisfaz, não está numa anedota formatada nem em nada que seja demasiado premeditado... Às vezes, a vida tem piada e ponto final. (…) Aquilo que pensamos quando estamos numa posição embaraçosa, o ódio absurdo que sentimos quando algo de errado acontece, os momentos de raiva e frustração pelos quais todos passamos... Coisas que não partilhamos. E que estão neste livro.” Fiquem atentos às novidades e agucem o apetite em: http://horadosaguim.blogspot.pt/



André Oliveira

UM CHARME QUE NUNCA

MORRE Ainda não eram sete da manhã e já Sérgio aguardava impacientemente à entrada do Príncipe Real. A noite tinha sido longa demais, os ziguezagues do costume no Bairro Alto regados com bebidas de vários sabores e feitios, e agora o raio do quiosque que só abria às sete e meia… Trinta minutos que não são nada numa base diária mas que naquele momento eram tudo o que o afastava de uma sandes mista e de um galão. Naquele momento, faltava-lhe tudo na vida. Trazia a descrição no bolso, escrita num papel ordinário com a letra arrependida da sua esposa adúltera, em jeito de confissão com a assinatura no fim. O nome dele era Renato e parecia que “cadáver” era o seu novo nome do meio. Um dia, toda aquela “caça ao homem” seria recompensada. Sérgio sentou-se numa das cadeiras que o empregado do quiosque começava a distribuir pelo espaço da esplanada. O homem não estava habituado a ver um cliente chegar tão cedo, mas não estranhou ao reparar na expressão de náusea macilenta do visitante madrugador. Tratava-se do ocasional bêbado, ainda resistente ao apelo do banco de jardim onde decerto iria terminar a jornada nocturna. - Já sei quem tu és e sei que me procuras… - uma voz soou por detrás de Sérgio que se preparava para ceder ao intenso estado de fadiga e passar pelas brasas durante uns breves minutos. Olhou para trás e, procurando afastar os vapores do sono, começou a tentar associar a imagem que via à descrição feita pela mulher com quem turbulentamente partilhava a vida há oito anos.


“Moreno… confere.” “Olhos azuis… confere.” “Trinta e poucos anos… confere.” “Anão… confer… ESPERA LÁ!!!” - Peço desculpa mas o cavalheiro deve estar a confudir-me com alguém! – respondeu Sérgio, à beira de uma crise de nervos instantânea. – Se há alguma coisa que eu esteja “à procura” é do meu pequeno almoço e nada mais. - Não é comum tomar a primeira refeição do dia tão incrivelmente cedo… e ainda para mais num Domingo! – Renato falava num tom compassado e paciente, procurando que a conversa não se tornasse em discussão. Puxou uma cadeira e sentou-se. – Mas tenho de concordar que o Príncipe Real é, de facto, um daqueles charmes que nunca morrem. - Não faço ideia do que é que está a falar… E também não sei porque se julga no direito de partilhar a mesa. - Ora, vamos… Partilhámos mais do que isso e você sabe. Foi um erro, já bastante assumido, e tanto eu como a Joana estamos dispostos a colocar uma pedra no assunto como pessoas adultas. Agora falta saber se contamos consigo para fazer o mesmo. – o anão ergueu o bracinho e chamou o empregado que estava agora preparado para atender ao pedido.


Sérgio pediu então o pequeno almoço sem tirar os olhos da calçada, não sabendo muito bem como reagir perante o choque. Renato acrescentou ao menu matinal um brandy e um rissol. - Deve julgar-se um grande homem a pedir uma Maceeira quando ainda não são oito. Não admira que se preocupe assim tanto em compensar, sobretudo porque nem chega com os pés ao chão… - resmungava Sérgio, cada vez mais incomodado. - Sim, sim, sou um anão… O prémio Nobel da perspicácia é seu, descanse. - Sinceramente tudo isto faz-me sentir ainda pior. Não consigo concentrar-me no trabalho há semanas porque passo noite após noite pelos bares do Bairro Alto à procura daquele que irá pagar a factura da minha desgraça, da minha “cornice”. Normalmente costumo voltar para casa ainda de madrugada mas hoje deu-me para vir para aqui… E agora fico a saber que o tipo que andou a comer a minha mulher tem metade do meu tamanho! – urrava Sérgio, por entre mastigadelas secas numa das metades da sandes. - Este mesmo sítio em que estamos, o jardim do Príncipe Real. – apontou Renato bebendo o brandy de um só trago. - Sim, o que é que tem? - Aquilo que eu disse ainda há pouco. Tem um charme que não morre… Uma alma única alimentada por séculos de História. Algo que não se apaga não importa quantos idiotas por aqui passem com telemóveis de última geração, quantos enfezadinhos funguem por serem alérgicos ao pólen das flores ou quantos bêbados curem a ressaca das tascas a olhar para o pôr do sol. - E o seu ponto de vista é…? - O Príncipe Real é apenas uma zona de Lisboa, é pequeno comparado com a capital. Mas tem um charme que nunca morre. Percebe? Renato e Sérgio olharam-se fixamente durante mais segundos do que o socialmente aceitável. Tanto que o próprio anão começou a ficar incomodado perante a falta de resposta do interlocutor. - Vou então seguir o meu caminho…E à medida que desaparecer pela Rua da Escola Politécnica vou também desaparecer definitivamente da sua vida e da da Joana. O que me diz? Sérgio permaneceu imóvel, catatónico, com uma dentada de sandes a marinar numa das bochechas e o copo de galão já meio bebido na mão direita. Renato levantou-se e em passadas curtas (as únicas que tinha) dirigiu-se então para a passadeira, de modo a desaparecer no horizonte como queria. Ignorando o sinal vermelho para os peões, o anão foi cruelmente colhido por um autocarro turístico de dois andares, para horror de todo um grupo de pensionistas holandeses que gritaram e abraçaram-se em grande descontrolo. Sérgio recuperou o brilho dos olhos, percebendo o que se passara mas sem virar a cara para ver os despojos do acidente. Sentia a felicidade que lhe fugira das mãos e dos dedos há tantos meses que perdera a conta. Bebeu o resto do galão e, ameaçando engasgar-se, exibiu um enorme sorriso na face enquanto via o sol despontar por entre as árvores do jardim do Príncipe Real. - Realmente… Quem é que pode dizer que isto é pequeno?


PEPE DELREY

http://lifeofpepe.blogspot.com http://onfridays.tumblr.com http://imagesdelrey.tumblr.com










CONTINUA


FILIPE D. PINA http://nerdmonkeys.pt/ http://filipeduartepina.wordpress.com/



A marca Nerd Monkeys Filipe Duarte Pina

Ora, se o número anterior da TLS Mag brindava os leitores com a foto retirada da internet de um macaquinho de óculos a espreitar no fundo da página, este número já mostra algo um pouco mais profissional e pensado. A Nerd Monkeys ganha finalmente forma e cor através de um logótipo e imagem criados pelo estreante Miguel Jaques. O Miguel caiu literalmente de pára-quedas eletrónico nas nossas mãos pois ele propôs-se a criar a imagem da empresa e em troca usar esse trabalho como o projecto de curso para a Universidade de Évora. O resultado foi tão bom que eu e o Diogo aceitámos logo a oferta e a NM passou a ter uma cara nova. Não só isso como eu, o Diogo e o José Rua passámos a ter um avatar cada. Haaa ganda Miguel!


Monkey business (texto retirado do processo legal n342.78 da escuta n34 “The Lisbon Studio vs Nerd Monkeys”)

“Estava eu e o Diogo a discutir como deveria ser a imagem da Nerd Monkeys quando me lembrei: e se em vez de termos um ou dois macacos desenhados por mim ou por um artista pago tivessemos vários? Cada um dos nossos colegas e amigos seria convidado a desenhar um “macaco marrão” e esse conjunto de macacos, com estilos e designs diferentes, seriam a imagem da empresa. A ideia fez ainda mais sentido pois lembrámo-nos que estavamos naquele exacto momento dentro do The Lisbon Studio, um sítio cheio de artistas prontos a trabalhar apenas por amor ao próximo. Nós poderíamos facilmente explorar esse lado mais humano das pessoas e, como homens de negócios sem escrúpulos que ambos somos, obter gratuitamente desenhos e ilustrações que normalmente nos custariam os olhos da cara. Propusémos então aos nossos “amigos” e “colegas” esta ideia com a explicação acrescida de que “estaríamos eternamente gratos” e também “tu és o nosso artista favorito”. Tudo correu como planeado, fomos recebendo obras de arte valiosíssimas a troco de apertos de mão e abraços. Uns dias mais tarde e já com 4 ilustrações prontas, decidimos passar um serão em frente à lareira na nossa mansão. Rimos e bebemos conhaque enquanto acariciávamos maços de notas de 100 euros. Tansos.”

Leonzilla


Pedro Sena

Miguel M endonรงa

Pedro Ribeiro Ferreira


Filipe Andrade

AndrĂŠ Oliveira

elrey

d Pepe

Joana Afonso


NUNO SARAIVA

http://nunosaraivaillustration.blogspot.pt/ http://naterracomonoceu.blogspot.pt/


Desenhos realizados como professor do Ar.Co, durante as sessĂľes do curso de banda desenhada nĂ­vel 1 e workshops de banda desenhada erĂłtica entre os anos 2006 e 2012.










EX-TLS

Neste número

Ricardo Venâncio http://2depaus.blogspot.pt/


As páginas que se seguem são um apanhado de um trabalho de design conceptual realizado por Ricardo Venâncio para uma banda nacional em 2008, trabalho esse inédito até hoje e integralmente feito no TLS.









Š Ana Branco




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