Coletânea de Arte Urbana: Expressões gráficas muralismo

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Selfportrait III

manecia convencional. “Como a água escava a terra criando diferentes tipos de paisagens, da mesma forma a cor desenterra a psique do ser humano, possibilitando que a singularidade de cada rosto apareça”, revela.

A obra “Selfportrait III”, do artista grego Nikos Gyftakis, faz parte da série Auto-Retrato, criada entre 2004 e 2005. A obra, exposta na terceira edição no projeto Mural Templuz, traduz também um momento de criação de sua “identidade” artística. “Meu lema é que nada é absoluto, mas tudo se move na esfera da relatividade e da convenção. É um outro significado do que o antigo filósofo grego Heráclito disse uma vez: ‘Tudo flui e nada fica parado’”, afirma. O percurso artístico de Nikos começou com cinco anos, quando descobriu a pintura e o piano. Ele estudou pintura, palco teatral e figurinos, na Escola de Belas Artes da Universidade Aristóteles de Salónica, na Grécia. Seus estudos musicais também construíram um ponto de referência e inspiração para sua busca artística. Seu trabalho de criação é organizado em torno de um tema dinâmico dominante e é totalmente ligado ao movimento, fluxo e musicalidade. “A linha é o meio principal, as curvas substituem os cantos e a continuidade vem no lugar da descontinuidade. Os elementos estruturais que uso são o círculo e a linha curva, que caracterizam a minha percepção da realidade visual”, afirma. O artista explica que o seu objetivo é encontrar uma maneira de colocar o elemento do tempo (passado, presente, futuro) em suas pinturas e ver o que acontece quando o fluxo da linha transforma o que ainda per-

Nikos acredita que o projeto Mural levanta questões sobre o que é considerado arte, em que espaço a obra deve ser exposta e a quem deve ser dirigida. “Apenas aos conhecedores de arte pública ou arte em geral? Achei o projeto Mural Templuz muito interessante desde o primeiro momento em que ouvi sobre ele. A escala da tela, o caráter urbano e o fato de que minha obra esteve, em um determinado período de tempo, disponível para muitas pessoas, não no contexto de uma galeria ou museu, me deu o prazer de participar desse projeto”. A ideia de uma “galeria ao ar livre” de arte urbana, como a do projeto Templuz, é, de acordo com o artista, muito atual. Para ele, esse tipo de iniciativa agrega valor ao cenário da arte contemporânea, ajudando artistas a apresentarem o seu trabalho a um novo público e, ao mesmo tempo, trazer a arte para a vida cotidiana das pessoas. “Especialmente para artistas internacionais como eu, é fascinante saber que um dos meus trabalhos artísticos originais pode ser impresso, viajar para o outro lado do mundo, ser exposto em uma enorme parede de uma rua central de Belo Horizonte e poder “transformar”, de alguma maneira, a paisagem urbana”, completa.

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Nikos Gyftakis

Edição 3 / 2013


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