O jogo do amor

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começo a me maquiar. Depois de alguns minutos, espreito pela porta entreaberta. No reflexo do espelho da cômoda, ele aparece sem camisa, glorioso, e está abrindo o plástico com o meu vestido. Segura a peça entre dois dedos, com a cabeça inclinada, reconhecendo. Depois, esfrega a mão no rosto. Acho que cometi um erro ao escolher o vestido azul. Minha corridinha durante o almoço de quinta-feira à boutique perto do trabalho me pareceu boa ideia na ocasião, mas eu devia ter usado alguma peça que já tinha em casa. De todo modo, agora é tarde demais. Ele abre uma tábua de passar e ajeita sua camisa ali em cima. Abro a porta com o pé. – Caramba! Qual academia você frequenta? Todas elas? – Aquela no térreo do prédio McBride, a meio quarteirão do trabalho. Tenho de engolir toda a minha saliva. – Tem certeza de que precisamos ir ao casamento do seu irmão? Nunca vi uma área tão grande de sua pele exposta, e agora ela brilha com saúde, ouro dourado, sem qualquer falha. As linhas profundas de sua clavícula e quadril são impressionantes. Ali no meio há uma série de músculos distintos, cada um representando um objetivo estabelecido e conquistado. Um peitoral reto, quadrado, com bordas arredondadas. A pele de sua barriga se repuxa bem junta aos músculos que costumo ver nas finais de natação das Olimpíadas. Ele passa a camisa e todos os músculos se mexem. O bíceps e o abdômen inferior são marcados com aquelas veias claramente masculinas. Essas veias passam por cima dos músculos, declarando “eu conquistei isso aqui”. O quadril tem aquelas marcas que seguem na direção da virilha escondida dentro da calça social. A quantidade de sacrifício e determinação para simplesmente manter esse corpo é impressionante. Tão Josh. – Por que você está com essa cara? – pergunto, soando como quem está prestes a ter um ataque cardíaco. – Tédio. – Não estou entediada. Será que não podemos ficar aqui? Posso pegar alguma coisa no frigobar e jogar no seu corpo todo. – Nossa! Esse olhar é de tesão ou o quê? – Ele aponta o ferro de passar na minha direção. – Termine de se arrumar aí. – Para um cara com a sua aparência, você é insuportavelmente tímido.


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