Revista Tela Viva 193 - Maio 2009

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Escola pra Cachorro Teia de investimentos viabiliza animação coproduzida por Brasil e Canadá. FOTOS: Divulgação

Esta matéria faz parte de uma série que Tela Viva publica mensalmente, explicando o desenvolvimento de projetos audiovisuais bem sucedidos, sob o ponto de vista do modelo de negócios e do financiamento.

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ma série de animação sobre uma escola frequentada por cachorros. A ideia, que à primeira vista pode parecer simples, envolveu uma complicada teia de investimentos, que resultaram em um projeto cheio de ineditismos e pioneirismos. Tratase de “Escola pra Cachorro”, animação da Mixer, coproduzida com a canadense Cité-Amérique. Embora ainda esteja em fase de produção, a série já fez história por se tratar de uma das primeiras animações coproduzidas entre Brasil e Canadá, além de ser o primeiro projeto a ter utilizado o mecanismo de recursos não-reembolsáveis do BNDES. Para completar a lista de pioneirismos, “Escola pra Cachorro” também foi a primeira animação brasileira regular a ser coproduzida pelo canal Nickelodeon. Essa série de marcos não se concretizou do dia para a noite. O projeto de “Escola pra Cachorro” surgiu no início de 2007, quando a roteirista Cathy Moss, da série “Harry e o Balde de Dinossauros” sugeriu o argumento para a Mixer. A produtora brasileira, por sua vez, estava em busca de um projeto para coprodução internacional. No mesmo ano em que fechou um acordo com a roteirista para a cessão dos direitos, a Mixer fechou um acordo de coprodução com a Cité-Amérique, pelo qual ficou definido que a produtora brasileira teria 52% do

Para recuperar o dinheiro emprestado do BNDES e encontrar o lucro da produção, as produtoras apostam na distribuição internacional.

projeto e a produtora canadense 48%, porcentagem válida tanto para os direitos patrimoniais quanto para a responsabilidade de captação de recursos. “Estávamos tentando entender o mercado internacional, e o Canadá nos pareceu um parceiro natural”, conta o produtor executivo Tiago Mello. Os recursos para a produção, segundo Mello, foram totalmente captados antes do início da produção. “Os parceiros realmente acreditaram no projeto”, diz. Ele lembra ainda que as diferenças nas formas brasileira e canadense de captar recursos dificultaram o processo. “É preciso enviar uma série de documentos para os bancos e fundos canadenses, para comprovar a nossa existência. Eles são menos maleáveis nesse quesito”, afirma. Ao final de 2007, o projeto foi aprovado para captação de recursos via leis de incentivo no Brasil. O primeiro parceiro a entrar no projeto, via artigo 1°A, foi o Toddynho, linha de produtos achocolatados. Em 2008, a lista foi engrossada com CSN, BNDES, Pedigree e TV Cultura. Esta última, porém, entrou no projeto com recursos próprios, não-incentivados. O canal será a

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segunda janela de exibição da série. No caso do BNDES, a série estreou o mecanismo de recursos não reembolsáveis da instituição: foram aplicados no projeto, de orçamento total de R$ 5,5 milhões, cerca de R$ 2 milhões de recursos provenientes do banco estatal, sendo R$ 1,2 milhão do Procult e R$ 893 mil não reembolsáveis, provenientes do artigo 1°A. Depois de captar grande parte do orçamento, foi a vez de fechar a exibição com um canal de TV paga, o Nickelodeon. A Viacom utilizou recursos do Artigo 39 para fazer uma pré-compra da série, configurando assim a primeira coprodução de uma série de animação regular pelo canal no país. Da mesma forma que a TV Cultura, o Nick participa dos processos de aprovação dos roteiros junto às produtoras. Assim como os canais no Brasil, os canais parceiros no Canadá também podem opinar e, em alguns casos, vetar aquilo que será exibido. São quatro emissoras canadenses: A TVO,


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