Revista Tela Viva 181 - Abril 2008

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momento somente a Net oferece o decoder HD aos assinantes – a demanda por serviços de produção existe principalmente pelo fato de as programadoras não estarem totalmente equipadas internamente para assumir a produção. O único canal HD disponível no momento é o Globosat HD, que serve como vitrine para os produtos em alta definição da programadora. Antes do lançamento do canal, a Globosat já fazia testes com alguns de seus conteúdos. No caso do SporTV, por exemplo, as produções de jogos em HD começaram no ano passado, na fase final do Campeonato Brasileiro. Como a programadora não tem estrutura interna de produção, buscou os serviços de produção disponíveis no mercado. “Nesse período, o mercado externo de produção estava engatinhando”, diz o diretor do Globosat HD, Pedro Garcia. “Cada um tinha um pedacinho do todo: um tinha a captação, outro a edição, outro a pós-produção”, afirma. O diretor explica também que na Globosat o mercado atingido por esse conteúdo HD é monitorado para determinar para onde deve caminhar a produção, ou seja, se deve ou não aumentar o número de horas produzidas neste formato. “Ainda não sentimos falta de equipamento no mercado. Talvez isso aconteça por que a nossa demanda seja pequena”, conta. Frustração na demanda Por mais que haja demanda por parte dos canais, o mercado tem sido cauteloso em com as suas aquisições. Para alguns prestadores de serviço, houve certa frustração em relação à demanda por serviços HD desde o ano passado. Rita Hernandes, da locadora Jotaeme, conta que eles tinham uma expectativa de demanda para depois de dezembro de 2007, mas ela não aconteceu. “Começamos com o HD há dois anos, e tínhamos uma expectativa

“A maior parte dos prestadores de serviço está concluindo a migração para digital SDTV dos sistemas que estão disponíveis para aluguel. Raros são os investimentos em infraestrutura dedicados para a produção HDTV.” Raymundo Barros, da Rede Globo

que a demanda crescesse depois de dezembro, o que não aconteceu. Estou um pouco decepcionada”, diz Rita. Mesmo tendo montado uma unidade móvel de captação HD com 12 câmeras, a locadora de Rita ainda faz cerca de 70% de seus trabalhos em SD, já que a demanda por este tipo de captação ainda é maior. “Mesmo os conteúdos captados em HD, como o São Paulo Fashion Week, feito para o canal GNT, da Globosat, acabam sendo transmitidos no formato padrão”, diz. Para Mário Luiz Santi, da Programasom, com poucas exceções, a maioria das emissoras ainda não precisa desse produto em HD. “As empresas que oferecem serviços HD no momento estão suprindo a necessidade do mercado”, diz Santi. A produtora não deve investir em uma migração neste primeiro momento, já que custaria, segundo Santi, cerca de R$ 6 milhões para substituir suas 14 câmeras atuais. “Vamos começar a comprar câmeras e equipamentos HD daqui a, no mínimo, dois anos”, afirma. Para ele, o grande gargalo está no consumidor final, que ainda não tem acesso a esse tipo de produto. “As pessoas estão querendo investir em produção, mas o consumidor não está sendo

incentivado a mudar o equipamento de suas casas” diz. “Produção, investimentos e público têm que caminhar juntos”, afirma Santi, que acredita que o HD vai se consolidar dentro de três ou cinco anos. Enquanto as emissoras dizem que a infra-estrutura hoje disponível não é suficiente, é notável que a televisão continua a insistir em um modelo de produção interno, adquirindo seus próprios equipamentos e com benefícios oferecidos pelo governo. “No caso da TV Globo a conversão do parque próprio de equipamentos para HDTV segue o planejamento estratégico de longo prazo e tira proveito da permanente redução dos custos desses ativos”, diz Barros, da Globo. “Produzimos quase 100% do conteúdo HD nacional hoje no ar em SP com recursos próprios”. Para Édina Fujii, da Quanta, a falta de incentivos como aqueles oferecidos às emissoras impede que as locadoras adquiram

“Produção, investimentos e público têm que caminhar juntos.” Mário Luiz Santi, da Programasom

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