Revista Tela Viva 180 - Março 2008

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do próprio acordo de co-produção. Várias facilidades previstas no acordo, entre elas a transferência de fluxos financeiros entre os países para produção e o deslocamento de negativo, nunca foram efetivadas e, por isso, tive que fazer um contrato que servisse mais ao próprio contrato do que à produção”, explica a produtora executiva. Tarefas divididas Diante disso, a produção optou por dividir o projeto em duas etapas, cada uma sendo realizada em um país: a pré-produção e captação seriam feitas no Brasil, com os recursos do edital de B.O. E a finalização seria feita na Itália, a cargo da Indiana Production Company. “A divisão de competências funcionou perfeitamente no nosso caso, porque os co-produtores se conheciam de longa data. Mas não podemos esquecer que esse arranjo estratégico pode ser potencialmente arriscado, porque uma divisão de competências tão determinada significa uma limitação de poder de decisão da parte não envolvida diretamente neste ou naquele processo. No nosso caso, acabou favorecendo o país responsável pela finalização, que só comprometeu recursos quando tinha certeza da qualidade do material filmado”, continua Cláudia. Depois que as duas produtoras entraram em acordo em relação ao conteúdo do contrato, foi preciso

Roteiro com romance e comida agradou aos italianos.

a Ficha Técnic Estômago

Longa-metragem asil-Itália, (Co-produção Br 2’, 2007) 11 , m m 35 ficção, Jorge s Direção: Marco oras: ut od pr as Empres rasil) e Indiana (B es Zencrane Film pany (Itália) Production Com ram e os há os que devo a vid Sinopse: Na nato, No do un im dos. Ra que são devora caminho um re ista, descob nosso protagon s de um ha zin co s na é E ha. à parte: ele cozin de e no lia restaurante ita boteco, de um abar ali? – ac ra pa z fe ele que uma prisão – o história. E e sua intrigante que Nonato viv ciedade so da as gr re e as também aprend s. Regras do ra vo m ou são de dos que devora mesmo os u favor, porque que ele usa a se sua parte – er m direito a co cozinheiros têm uém, qual é ais do que ning e eles sabem, m infantil da na a Uma fábul a parte melhor. ia. ár lin cu a e xo se sobre o poder, o rane.com.br ões: www.zenc Mais informaç

para a Itália para fazer a intermediação e o internegativo em 35 mm foi um dos processos operacionais mais complicados de todo o trabalho. Depois tudo se resolveu inclusive com a intervenção da própria Embaixada italiana no Brasil, mas o transporte do negativo gerou um stress totalmente desnecessário e um atraso na finalização do filme.” Para Cláudia, o fato de os co-produtores italianos já serem conhecidos da equipe brasileira não foi determinante para o fechamento do contrato de co-produção. “O roteiro do filme é bom e trabalhamos no filme com temas universais, como a comida, o sexo e o poder. Um bom roteiro é a base de todo bom projeto e desperta o interesse de qualquer produtora do mundo. Além disso, existe um interesse da Itália pelo Brasil e vice-versa.” Ela acredita, porém, que o conhecimento prévio do país foi fundamental. “Acho importante saber como funciona e como é organizado socialmente o país com quem você faz uma parceria comercial tão intensa quanto a realização de um longa-metragem. O envolvimento é muito longo e a quantidade potencial de problemas que pode surgir pela simples falta de entendimento de outra cultura é muito grande.”

mais de um ano, quando o filme estava na última fase de finalização”, compara a produtora. Burocracia alfandegária Mesmo com todos esses cuidados, na hora de enviar o material filmado para finalização na Itália, ainda surgiu um grande problema internacional. “A Receita Federal brasileira, assim como o fisco italiano, prevêem facilidades para a entrada

”Levar a matriz para a Itália foi um dos processos mais complicados do trabalho.” Cláudia da Natividade, produtora

encaminhar toda a documentação para a Ancine e, na Itália, para o Ministério dos Bens Culturais. Isso foi feito, como previa o Acordo, um mês antes do início das filmagens. “No Brasil, quando nossa solicitação chegou à Superintendência de Fomento da Ancine, a aprovação inicial aconteceu muito rápido. Na Itália, mesmo cumprindo todas as exigências, a aprovação demorou

de obra audiovisual para fins de exibição não-comercial, em regime de importação temporária. É o que acontece, por exemplo, no caso de festivais. Mas não há facilidades previstas para o envio ou recebimento de negativo revelado, fruto de co-produção internacional, a ser submetido a algum processo laboratorial no outro país. Levar a matriz do negativo 16 mm

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