Revista Tela Viva 70 - Junho 1998

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via legal que as redes vão ter o problema resolvido. As três maiores emissoras do país em audiência e faturamento (Globo, SBT e Record) já perceberam que a pirataria não vai acabar por decreto, mas sim com o uso de tecnologia digital para transmissão de sinais. O Brasil ainda engatinha nessa área. Nos Estados Unidos as transmissões em HDTV começam em novembro próximo, mas por aqui o Ministério das Comunicações ainda não definiu o padrão digital de transmissão, que tem a vantagem de poder ser codificado, portanto passível de bloqueio. A Globo está na frente da corrida digital. As transmissões com esta qualidade já ocorrem em sete Estados - Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Pará, Bahia, Mato Grosso e São Paulo. “Nosso objetivo é ter uma cobertura regular e completa do território nacional. Para isto, todo equipamento novo que está sendo adquirido na rede é digital. Hoje, todo sinal que estamos colocando no satélite está subindo digital”, explica Luís Carlos Navarro, diretor de planejamento da Central Globo de Afiliadas e Expansão. A Globo, que sempre procurou construir postos retransmissores próprios, como forma de preservar a qualidade de seu sinal, ataca em duas frentes. No interior de São Paulo, aproveitou a estrutura existente para o microondas

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O Estado de Minas Gerais é considerado o mais crítico em número de postos de retransmissão: calcula-se que existam mais de mil deles. “É um Estado que tem 900 municípios, e cada um deles têm várias cidades e distritos. Com isso, dá para imaginar a quantidade de localidades sem outorga”, explica Luís Carlos Navarro, diretor de planejamento da Central Globo de Afiliadas e Expansão. “Lá tem muito político, o que facilita a abertura destes postos por motivos eleitoreiros e, por outro lado, dificulta a fiscalização e a regularização”, reclama uma fonte que já foi ligada aos trabalhos de fiscalização no Minicom. Em Santa Catarina, também é grande a incidência de postos piratas, principalmente no Vale do Itajaí. Um região montanhosa, que apesar de abrigar cidades de médio porte como Blumenau e Joinville, é constituída por muitas pequenas localidades, onde é difícil a recepção dos canais abertos.

analógico, que por desgaste natural já pedia troca, para montar uma rede de enlace digital. Desde o ano passado, Bauru, São José do Rio Preto e São José dos Campos transmitem nestas condições. O microondas digital tem uma série de vantagens sobre o analógico: “Percorre distâncias maiores com potências menores e ganhos de qualidade. A transmissão digital não capta interferência, nem leva fantasma”, explica Navarro. Nos outros seis Estados, principalmente por dificuldades de acesso às áreas de cobertura optou-se pela transmissão digital via satélite. Mas esta estratégia de atuação tem as suas limitações - faltam canais de satélite para atender às necessidades de todas as emissoras e os preços de locação estão literalmente nas alturas. Por enquanto, a digitalização está dando seus primeiros passos. Navarro constrói o cenário de como será o combate aos piratas quando o processo estiver finalizado: “Quando ficar tudo

digital, ninguém vai poder captar o nosso sinal sem estar cadastrado. Caso houver problema, através do servidor central, é possível desabilitar o endereço do receptor irregular”. A Globo investe o dobro do que gastaria para trocar equipamentos analógicos para digital. A previsão é de que em cinco anos esteja transmitindo 100% digital, mas este é um processo que depende também da melhoria da estrutura de telecomunicações disponível. A estratégia da Record é diferente, está condicionada ao menor número de emissoras regionais que possui. Daí a opção da emissora em transmitir o sinal digital via satélite. Cinco Estados - Minas Gerais, Bahia, Goiás, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul - já utilizam transmissão com uplinks. “Microondas é melhor para pequenas distâncias, até 100 km é viável. Em Estados em que não temos muitas afiliadas o custo operacional da transmissão via satélite é mais

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