HISTÓRIAS DE ALÉM TERRA 2022

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9 A 13 FEV 2022 DANÇA

© Edgar Massul

A CLASSIFICAR PELA CCE

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ALÉM TERRA teatrosaoluiz.pt


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Desde que a Guerra Fria acabou, esfriou a luta mediatizada pela conquista do espaço e também o interesse pelas aventuras astronáuticas ou cosmonáuticas (consoante nos situássemos do lado dos americanos ou dos soviéticos) esmoreceu consideravelmente. Os imaginários moldados por space odyssey e space oddity terão sido defraudados na sua expectativa de conhecer uma era em que o tráfico passaria a ser aéreo e a perspectiva de encontrar deus durante uma excursão inter-sideral faria parte das hipóteses plausíveis. Todavia, a palavra «planetário» - que não designa um lugar de compra e venda de planetas – ainda é passível de suscitar uma emoção sadiamente infantil. E foi precisamente no Planetário do Porto, sito na Rua das Estrelas, que começou, nos idos de Janeiro 2019, este périplo de exploração de imagens do grande desconhecido que nos rodeia. Num primeiro momento, aconteceu uma peça de vídeo-dança fulldome, criada e é interpretada por Leonor Keil a partir dum texto de Regina Guimarães que lhe serviu de fio condutor. O espectáculo envolveu várias divagações escritas acerca do «além terra», a partir de questões que não especialistas se colocam, bem como o recurso a ferramentas novas e uma boa dose de descoberta e experimentação. Cumpriu-se o desejo expresso pela bailarina de projectar a sua imagem em movimento para uma cúpula, de dançar de pernas para o ar como Fred Astaire, de descrever estranhas órbitas como um asteróide à deriva. © Stephan Jürgens

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o que vão ouvir para reler depois humanos. Bem vistas as coisas, as fake news de que tanto hoje se fala encontraram nas mentes dos homens terreno ancestralmente fértil para proliferarem e desde Goebbels, ministro da propaganda de Hitler que sabemos que uma mentira se pode tornar verdade desde que suficientemente repetida. É bastante cómico pensar que há pessoas para estudar e pessoas para se sentirem estudadas em função do céu tal como ele se apresentava há alguns milénios. O zodíaco é um conjunto de constelações situadas ao longo da eclíptica – projecção sobre a esfera celeste da trajectória aparente do Sol observada a partir da Terra, isto é o caminho percorrido pelo sol durante um ano. A constelação do Serpentário fica entre o Escorpião e o Sagitário e a sua introdução, na faixa dividida em doze casas, introduz grande transtorno nas pertenças a tal ou tal signo: quem era Virgem pode tornar-se Leão, quem era Touro pode tornar-se Carneiro, e por aí fora... De súbito, a despeito da feroz tendência a nunca largar uma crença, alguns supersticiosos ferventes daqueles que tatuaram o signo no braço ou na barriga, na nuca ou na nádega, vivem horas de imprevista angústia. Isto para não falar dos que escolheram companheiro de vida em função dos perfis zodiacais. Pela parte que me toca, o mais belo do legado astrológico é fazer-nos ver animais no céu e permitir-nos prolongar quiça por uma vida inteira a ideia de que o escuro é habitado por animais. Mas o mais comovente (e é porventura o motivo pelo qual nos encontramos neste planetário ‒ já agora porque não se chama estrelário??? –) é saber que desde sempre, ou pelo menos desde há muito muito, os homens olham o céu, interrogam-no e sentem-se pertença do universo. E o certo é que nada nos garante que essa acção dos astros sobre os homens acerca da qual os astrólogos fantasiam não exista de facto embora faça parte do imenso desconhecido que nos rodeia.

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Não sei se todos os presentes praticam a consulta do horóscopo. Em regra, há bastante mais gente a ler as previsões diárias, semanais, mensais ou anuais do seu signo do que pessoas a confessar que o fazem. Seja como for, rara é a criatura humana mesmo nesta moderna sociedade ocidental que não sabe o que são signos do zodíaco e a que signo pertence. Em contrapartida talvez nem todos saibam o que é o Serpentário. Não, não é um infantário onde as crianças convivem com serpentes ou são ensinadas a rastejar serpenteando. Não, não é um parque zoológico especializado em ofídios, vulgo cobras. Na verdade Serpentário designa uma insuspeitada décima terceira constelação zodiacal e portanto um novo signo astral. A bomba caiu no pacato continente da comunidade astrológica em 2011 quando o astrónomo Parke Kunkle, da Universidade de Minnesota nos Estados Unidos publicou um estudo alegando uma mudança de rotação da Terra a qual teria seguramente alterado a posição em que as estrelas eram avistadas a partir do nosso planeta. Isto, claro está, por comparação com a época histórica em que o Zodíaco foi inventado, sendo que os primeiros escritos astrológicos datam de há 5000 anos e aparecem em tabletes de argila no território da Mesopotâmia. E não nos esqueçamos que nesses tempos longínquos, embora a distinção entre astrologia e astronomia já existisse no tempo de Ptolomeu, os sábios pensavam e continuaram durante muitos séculos a pensar que o Sol girava à volta da Terra. Note-se que a existência da constelação de Ofíuco – ou do Serpentário – já em 1930 fora oficializada pelos astrónomos da União Astronómica Internacional. A ideia de Parke Kunkle era provar que o horóscopo não faz nenhum sentido, mas, na verdade, no domínio da crença, a verdade pouco importa e, no domínio da ciência, as verdades vão-se sucedendo ao ritmo da inquietação e da investigação dos


Entretanto as nossas vidas cruzaram-se com a aventura terrestre do Coronavírus SARS-CoV-2. Confinamentos. Cancelamentos. Caos nos calendários. Após diversas configurações, surgiu a oportunidade de fechar o conjunto das investigações artísticas e dramatúrgicas realizadas ao longo de dois anos no Teatro S. Luiz. A chave da abóbada será uma peça de dança multimédia que conta com a intervenção de co-criadores que se juntaram a Leonor Keil para fazer baixar à terra o que nasceu numa alta calote, bem acima das cabeças dos espectadores. 4.

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o que vão ouvir para reler depois Se não houvesse estrelas no céu nunca teria havido asteriscos nunca teria havido hotéis de cinco estrelas nunca teria havido estrelas nas bandeiras nunca teria havido estrela de alva e estrela polar nunca teria havido ovos estrelados nunca teria havido estrelas de cinema nunca teria havido a estrela de David nunca teria havido sopa de estrelinhas nunca teria havido dores agudas nas bandas desenhadas nunca teria havido serra da, nem jardim da nunca teria havido o arcano 17 do tarot nunca teria havido estrelitas ao pequeno almoço nunca teria havido estrelas cadentes que não são estrelas nunca teria havido reis magos no presépio nunca teria havido pessoas com boa estrela nunca teria havido a ideia de corpos celestes nunca teria havido estrelinha que te guie etc.

5. Videografia das Histórias de Além Terra 2019 Capitulo I -Do imenso desconhecido que nos rodeia Planetário do Porto* + Versão VR 2021 Capitulo intermedio ou 1.2 “Mapa de Afinidades - 20 anos cão Danado”, Parque da Devesa 6

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9 a 13 fevereiro 2022 dança

HISTÓRIAS DE ALÉM TERRA LEONOR KEIL / CÃO DANADO Sala Bernardo Sassetti Quarta a domingo, 19h €12 (com descontos); M/12 Conceção, criação e interpretação: Leonor keil; Texto: Regina Guimarães; Interpretação: Sara Barbosa (voz off ) e Luís Elgris (voz e vídeo); Desenho de luz: Cárin Geada; Sonoplastia: Pedro Augusto; Espaço cénico: Sebastião Soares, Rita Negrão e António Muralhas; Figurinos: Sara Barbosa; Realização vídeo: Roger Oliveira; Vídeo design: Stephan Jürgens; Direção de produção: Nuno Eusébio; Produção executiva: Rita Soares; Apoio à produção: Mariana Leite Soares e Inês Mansilhas; Teaser: Mariana Leite Soares e Tiago Aires Lêdo. Agradecimentos: Planetário do Porto – Centro de Ciência Viva, Planetário Calouste Gulbenkian, Edgar Massul, Teatro do Silêncio, Parque da Devesa, Francisco Campos, Artur Pispalhas, Teatro Pogo, A Reguladora. Co-produção: Cão Danado, Teatro Viriato e São Luiz Teatro Municipal O Cão Danado é uma estrutura financiada pela República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes e tem o apoio do Município de Famalicão.

Direção Artística Aida Tavares Direção Executiva Ana Rita Osório Assistente da Direção Artística Tiza Gonçalves Adjunta Direção Executiva Margarida Pacheco Secretária de Direção Soraia Amarelinho Direção de Comunicação Elsa Barão Comunicação Ana Ferreira, Gabriela Lourenço, Nuno Santos Mediação de Públicos Téo Pitella Direção de Produção Mafalda Santos Produção Executiva Andreia Luís, Catarina Ferreira, Marta Azenha, Tiago Antunes Direção Técnica Hernâni Saúde Adjunto da Direção Técnica João Nunes Produção Técnica Margarida Sousa Dias Iluminação Carlos Tiago, Cláudio Marto, Ricardo Campos, Sérgio Joaquim Maquinaria António Palma, Miguel Rocha, Vasco Ferreira, Vítor Madeira Som João Caldeira, Gonçalo Sousa, Nuno Saias, Ricardo Fernandes, Rui Lopes Operação Vídeo João Van Zelst Manutenção e Segurança Ricardo Joaquim Coordenação da Direção de Cena Marta Pedroso Direção de Cena Maria Tavora, Sara Garrinhas Assistente da Direção de Cena Ana Cristina Lucas Camareira Rita Talina Bilheteira Cristina Santos, Diana Bento, João Reis

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