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exposição, fazemos referência a essa obra, precisamente por ela tratar o branco como impossibilidade, mas estendemo-la pelo espaço, dando-lhe outra escala. sam — Tendo em conta a importância de certas palavras, nesta exposição falam-nos também de “(não) esquecer MoMa whites”. ff — Na exposição existem cinco peças que são referências a obras ou projetos de outros autores. Ao título de cada referência acrescentámos “não esquecer”, de modo a recordar a peça que lhe dá origem. Neste caso, fazemos menção à obra de Kate Ericson e Mel Ziegler, de 1990, composta por uma prateleira com 8 frascos de tinta branca, usados por diferentes curadores para pintar as salas de exposição. Cada um dos 8 curadores escolheu um branco diferente, o que prova que o branco escolhido não é indiferente, que o branco não é neutro. sam — E se voltássemos atrás? Como é que surgiu a exposição? rm — Estávamos a dizer-te que não havia um enunciado. Sentimos que existiam pontos de contacto entre o nosso trabalho, como se procurássemos a mesma coisa, o mesmo branco. Em comum há também o espaço. O espaço é a nossa matéria de trabalho. Não me lembro precisamente do mote que deu origem à colaboração, mas recordo o episódio em que a Fernanda me pediu para realizar a maqueta da lota de Portimão (onde fez uma intervenção) e foi aí que, sem saber exatamente porquê, começámos a trocar ideias sobre o branco. ff — É curioso perceber como os signos se vão desdobrando e as

memórias são transportadas de lugar para lugar. Essa maqueta foi, de facto, realizada para a exposição na lota de Portimão. A própria execução da maqueta implicou um processo de discussão entre mim e o Rui acerca dos positivos e negativos, dos cheios e dos vazios, das estruturas e proporções. Acabei por “pagar” o trabalho ao Rui com os negativos da maqueta. São uma

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