Catálogo Artista de Plástico

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da pessoa abrir sua casa, seu espaço, seu coração, pra te receber. As pessoas abrem a vida delas, o cotidiano e eu acho que é uma coisa que só a arte te dá isso. Você não está oferecendo nada, dinheiro, nada, e você chega lá e fala: “Eu quero pesquisar seu dia-a-dia, sua vida...” E a pessoa pega e abre esse espaço pra você. Isso é uma coisa que me instiga muito. Como é que vou conseguir passar? Se vou conseguir e se tem a necessidade, porque às vezes não precisa. Porque o que fica mesmo é a relação humana que você constrói. Como que é esse processo criativo de vocês trabalhando juntas? E como que é a autoria? As obras são assinadas com o nome do coletivo ou individualmente?

Débora| As obras do coletivo são do coletivo, a gente não põe autoria, a gente apresenta como coletivo. Geralmente quando a gente vai fazer a pesquisa, cada uma vai fazendo uma coisa, vai tirando foto, vai desenhando, depois a gente senta e discute dias, briga, se descabela, volta, pede desculpas. A gente vai fechando as coisas. Verônica| A preocupação maior é de como aquele trabalho se apresenta enquanto coletivo, que é uma questão que quando você trabalha em coletivo é como esse trabalho vai aparecer. É complicado três pessoas e uma identidade visual, você conseguir juntar características individuais de cada uma para aquele trabalho. A gente ficou um bom tempo discutindo se a identidade visual do coletivo ia ser isso: todo mundo trabalhando em cima de um tema para ter uma linguagem coletiva ou se a gente vai se juntar para produzir seus trabalhos individuais,

trabalhando de forma coletiva, mas com o trabalho de cada um. Por um tempo a gente ficou com essa dúvida, mas as coisas vão se costurando.

Débora| A gente acabou decidindo não neurar e fazer. E aí rola os dois, acaba que rola os dois ao mesmo tempo, sabe? A gente começou a entrar em umas discussões filosóficas e tal, sobre o que é coletivo disso, coletivo daquilo, mas aí decidimos não neurar, vamos fazer, vamos trabalhar e aí as coisas foram rolando assim. O importante, antes de tudo, é a gente fazer. É muito gratificante o trabalho, a gente consegue lidar bem. Em que medida vocês influenciam uma no trabalho da outra?

Vivian| A influência das meninas é mais no meu trabalho com gravura, o tracinho de cada uma, a manusear o formão. Isso vem mais delas. Débora| Às vezes a gente nem sabe que é influenciado, tem muito isso também. Mas acredito que soluções para o trabalho. A gente acaba se influenciando muito na parte de materialização do trabalho. Verônica| A gente acaba sendo muito diferente. Nossos desenhos são totalmente diferentes. No que a Débora me influenciou, foi no processo de entendimento da gravura. A gente tem uma identificação muito grande quando a gente está junta imprimindo. E a Vivian, ela tem uma ligação com a cor, ela tem uma facilidade pra cor. Então, tem uma influência na hora de fazer um trabalho, de pedir uma opinião se vai funcionar uma cor porque ela tem essa facilidade. Então, isso é importante na hora de fazer um trabalho coletivo.

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