Take 52

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Título nacional: Toy Story 4 Realização: Josh Cooley

TOY STORY 4

Elenco: Tom Hanks, Tim Allen, Annie Potts, Tony Hale, Keegan-Michael Key Ano: 2019

JOSÉ CARLOS MALTEZ

a que os bonecos sucessivamente se percam e reencontrem, se unam em missões de salvamento e conheçam novos vilões. E se estes são a boneca de porcelana Gaby Gaby (Christina Hendricks) e os seus maléficos fantoches de ventríloquo – com a acção a decorrer numa loja de brinquedos vintage que mais parece um cenário de filme de terror – por outro lado Woody e amigos vão encontrar novos aliados, como a tal reencontrada Bo Peep – entretanto decidida a viver sem donos – , os peluches de feira Bunny (Jordan Peele) e Ducky (Keegan-Michael Key), e o motociclista de plástico Duke Caboom (Keanu Reeves numa interpretação delirante). Se, por um lado, alguns dos bonecos nossos conhecidos perdem protagonismo (a morte recente de Don Rickles e idade avançada de Estelle Harris deixaram os Potato Heads quase sem falas), por outro mantém-se o carisma e a personalidade de cada nova adição, num colorido vivíssimo de prestações e dinâmicas. É certo que o enredo – algo circular, com a constante repetição de perdas e reencontros, novos grupos de salvamento e objectos de salvação – se torna um pouco questionável. No entanto, o ritmo de aventura, as soluções sempre originais e humor das personagens tornam Toy Story 4 numa experiência divertidíssima, que sofre apenas de um grande mal: o peso da trilogia de que descende, e à qual pouco acrescenta.

Estando as nossas mentes cinéfilas tão formatadas para aquela palavra mágica que é a “trilogia”, talvez poucos esperassem – e ainda menos vissem necessidade – que Toy Story viesse a ter um quarto filme, agora que passavam nove anos sobre o filme anterior da série. Pensado para ser realizado por John Lasseter, que acabou por o passar a Josh Cooley, com quem inicialmente iria dividir despesas, Toy Story 4 trazia consigo não só o peso de uma trilogia que alguns já chamavam das mais perfeitas e equilibradas da história do cinema como a pergunta de como construir uma história que não envergonhasse. Talvez se esperasse um de dois caminhos, ou, como acontecera em Toy Story 3, se usasse a passagem do tempo para mostrar o mundo dos brinquedos a assumir novos papéis na evolução das vidas que tocam; ou simplesmente se contaria uma nova história de aventuras que não faria a saga evoluir. Com Andrew Stanton e Stephany Folsom a desenvolverem um argumento que nasceu de uma história trabalhada por oito autores, onde se contava o citado Lasseter, o próprio Cooley e até a actriz Rashida Jones, Toy Story 4 começa por nos lembrar que no filme anterior perdêramos a personagem Bo Peep (Annie Potts) – num flashback digno de um thriller de acção –, para nos colocar de seguida no momento em que Toy Story 3 nos deixara: no quarto de brinquedos de Bonnie, onde os antigos bonecos de Andy agora se juntam a novos amigos. Dois episódios definem o filme, narrativamente, um pequeno prólogo, e uma saga épica. O prólogo leva-nos ao primeiro dia de escola de Bonnie, que vence a timidez quando, com a ajuda secreta de Woody, faz (literalmente) um amigo: um bonequinho feito de um garfo partido, plasticina e outros pedaços de lixo: Forky (Tony Hale). Só que Forky não se entende como brinquedo, já que tudo o que conhece é lixo, e isso torna-se o catalisador da citada saga: uma viagem pelo país, na qual Bonnie e os pais levam a bonecada toda. O resto é o habitual conjunto de mal-entendidos e acidentes que levam

Como que para contrariar isso mesmo, o filme encontra um final inesperado que faz dele a conclusão do arco narrativo de Woody, o tal boneco que por vezes parecia pai dos outros todos, sem outra vida que não fosse lutar pelo grupo, e extremamente ciente do papel dos brinquedos na vida dos seus donos. Pois finalmente chegou a hora de Woody “crescer” e descobrir que talvez ele próprio tenha direito a uma vida em que apenas tenha que pensar na sua felicidade. Será esse tema o abrir de portas para um possível Toy Story 5?

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