A garota de papel - Guillaume Musso

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tinham vivido um mês dos sonhos na NYU, onde Jimbo estudava cinema. Iseul dedicara o fim do verão a uma viagem de estudos promovida pela célebre universidade nova-iorquina. Um período mágico durante o qual descobrira o amor nos braços do namorado americano. Na última terça-feira, ele a levara ao aeroporto onde ela havia se reunido com seu grupo, e tinham prometido um ao outro telefonar diariamente, continuar fazendo o amor crescer apesar da distância e, talvez, se reverem no Natal. Depois dessa bela promessa, Jimbo não dera mais sinal de vida e alguma coisa se partira dentro dela. Deixou dez euros na mesa para pagar a conta. Aquele lugar tinha mesmo muito charme, com aquelas madeiras e prateleiras de livros. Não faltava muito para que quem estivesse ali se sentisse em uma biblioteca. Levantou-se e não conseguiu deixar de percorrer as estantes. Na faculdade, estudava literatura inglesa, e alguns de seus autores favoritos estavam ali: Jane Austen, Shelley, John Keats e... Franziu as sobrancelhas ao descobrir um livro que destoava no meio dos outros. Tom Boyd? Não era bem um poeta do século XIX! Tirou o livro da prateleira e notou uma etiqueta vermelha colada na capa. Levada pela curiosidade voltou discretamente à mesa para examinar o livro com mais atenção. A etiqueta autocolante trazia uma estranha mensagem: Olá! Eu não estou perdido! Sou de graça! Não sou um livro como os outros. Meu destino é viajar e percorrer o mundo. Leve-me com você, leia-me e depois me liberte num local público. Hum... Iseul estava um pouco cética. Descolou a etiqueta e percorreu o romance para descobrir seu estranho conteúdo e suas páginas em branco, das quais outras pessoas haviam se apropriado para contar as próprias histórias. Alguma coisa a comoveu. Aquele livro parecia ter um poder magnético. A etiqueta afirmava que era de graça, mas ela ainda hesitava em enfiá-lo na bolsa... * * * ROMA BABINGTON’S TEA ROOM CINCO MINUTOS MAIS TARDE — É ali! — bradou Milo, apontando a estante ao fundo do salão de chá. Clientes e garçonetes levaram um susto ao avistar aquele elefante perdido em loja de porcelana. Ele correu até o móvel e percorreu as prateleiras com tamanho arrebatamento que um bule centenário valsou nos ares até ser resgatado in extremis por Carole.


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