Claude Traunecker - Os deuses do Egito

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CLAUDE TRAUNECKER

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3. Os deuses das marcas2 e das fronteiras As portas do deserto O deserto, onipresente na paisagem egípcia, já era uma terra estrangeira. A presença de um início de caminho tornava um setor do vale uma província-marca do Egito, cujos deuses podiam ser levados para fora do vale. Min de Copto, o deus itifálico do quinto nomo do Alto Egito, era também o guardião das riquezas minerais do deserto oriental, cujo acesso sua cidade controlava. Protegia as pedreiras e os prospectores que percorriam o deserto oriental. Ao assegurar a sobrevivência das equipes no coração do deserto, ele era o 'Senhor da Vida'. Desde o Novo Império, Amon ganhou um culto no oásis de Kharga, acessível a partir da região tebana.

A esses deuses migrantes, levados por seus fiéis, acrescentavam-se as divindades específicas do mundo desértico, como Seth. Em tomo de 900 a. C , ele dispunha de um templo oracular em Mut, capital do oásis de Dakhla, e sua presença é bem atestada no oásis de Kharga. Hathor frequentava esses lugares desde o Médio Império. Devastadora sob sua forma leonina (Sekhmet) vagando pelo deserto, senhora da alegria e do amor quando, apaziguada, retoma ao vale, Hathor era tanto a soberana das terras desérticas quanto a 'Senhora da Turquesa', preciosa gema extraída das remotas minas do Sinai. Os mercenários das marcas do Delta Quando as marcas deram acesso a zonas relativamente frequentadas por populações de outras culturas, o mundo divino povoou-se de personagens híbridos, dos quais nem 2

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