dummy too late !

Page 80

Velódromo Maria Amélia

39

Quase ninguém sabe, mas a cidade ainda tem um velódromo. Ou quase.

Com um perímetro de 333,333 metros, o que feitas as contas, dá um quilómetro a cada 3 voltas, o Velódromo Maria Amélia foi o maior recinto desportivo da cidade até ao arranque do séc. XX. Os terrenos onde foi construído pertenciam ao Palácio de Carrancas, antiga fábrica e casa da família Morais e Castro, e foram doados por D. Carlos com o objectivo de o inaugurar no 5º Centenário do Infante D. Henriques em 1894. E assim foi. Entre eventos e corridas, foi nele que se realizou, em 1901, o primeiro campeonato nacional de bicicletas, do qual saiu em braços José Bento Pessoa (então recordista e campeão mundial de ciclismo) com uma fulminante vitória na corrida de 10 mil metros. E não eram apenas ciclistas profissionais em treinos ou sócios crónicos do Real Velo Clube a dar-lhe uso, mas também quem gostava de pedalar por pedalar, é que por esta altura, o ciclismo era um dos desportos preferidos do país. Com a Implementação da República acabaria por fechar portas, isto numa altura, coincidência ou não, em que o ciclismo era já ultrapassado em popularidade pelo futebol. Um dado curioso: uma parte dos fundadores do Real Velo Clube estiveram também na origem do Foot Ball Club do Porto. Em finais da década de 1940, o terreno passaria das mãos da Misericórdia para as do Estado Novo, que tomou conta do Palácio de Carrancas e fez dele o actual Museu Nacional Soares dos Reis. No início do séc. XX, o terreno, que dá pelo nome de Jardim das Cercas, foi requalificado pelo arquitecto Fernando Távora. O velódromo permanece lá, sem que se dê por ele, entre o que foi e o que não é.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.