A corrida de escorpião

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– Ela morde! – diz alguém. Fecho a boca de vez e continuo seguindo em frente. Em algum lugar no meio dessa confusão está Gabe, talvez, com minhas cores, e Finn, talvez, com meu almoço. – Kate Connolly, você pretende mudar a sociedade? Pisco e dou um passo para trás. Quem falou foi um homem, bem na minha frente, com um terno marrom que parece ter custado mais que a nossa casa. Ele segura um bloco de papel. Atrás dele está um fotógrafo com um flash enorme. Há uma muralha de gente atrás de mim e de Dove. Eu me sinto cercada, sem saída. – Não estou tentando mudar nada além da minha própria situação. – Então você não diria que foi inspirada pelo movimento sufragista feminino? Estico o pescoço e olho em volta, procurando meus irmãos, ou Dory Maud, ou qualquer outra pessoa que eu conheça. Nunca vi tantos chapéuscoco na vida. – Sou apenas uma pessoa com um cavalo, como qualquer outra nesta ilha. Poderia me dar licença? Está deixando minha égua nervosa. O repórter pergunta: – O que você diria para as pessoas em Thisby que acham que seu lugar não é nas Corridas de Escorpião? – Não tenho uma resposta inteligente para você – digo irritada. – Só mais uma coisa, srta. Connolly. Até onde a senhorita acha que vai? Acha que tem alguma chance de chegar ao final? Eles se apressam para acompanhar meus passos, enquanto viro o flanco de Dove na direção deles. Sou estranhamente afetada pelo repórter e pelo fotógrafo, mais do que por qualquer outra coisa que aconteceu até agora. Não tinha pensado que haveria tanta gente me olhando, e muito menos gente de um jornal do continente. Olho feio para ele. – Vá perguntar no açougue dos Grattons. Eles sabem de tudo.


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