Resumos história arte 10 11 ano

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Gonçalo Vaz de Carvalho - 2008

O Barroco, ao nível arquitectónico, teve a sua origem na reconstrução que os papas efectuaram em Roma, a par da Contra-Reforma. Inicialmente serviu as directrizes do Concílio de Trento, através da construção de igrejas e da expansão para os países protestantes, não pela via de edifícios religiosos, mas através de edifícios civis, da escultura e da pintura, em que particularidades do gosto barroco, como a exuberância, se evidenciam. O Barroco também se expandiu até fora da Europa, para o Oriente (Índia) e para o continente americano (Brasil e México), onde se manifestou essencialmente como arquitectura urbana. Na sua correspondência com o Antigo Regime e com o Absolutismo, o Barroco serviu igualmente o poder real. Os reis, tal como os papas, valorizaram a imagem, o que se reflectiu em imponentes e luxuosas cortes, onde trabalhavam os melhores artistas desse tempo. Este facto levou a uma associação entre a arte e o poder. O Barroco nasceu do contacto com o Renascimento e com a Antiguidade Clássica, construindo a partir daí, e por oposição, uma arte nova e original em termos de linguagem, uma vez que enveredou pela vertente da linguagem decorativa, com mais fantasia, imaginação e mais cénica, com maior gosto pessoal envolvido. Os artistas usaram as ordens clássico-renascentistas — jónica, coríntia, compósita e colossal — às quais foi acrescentada a coluna torsa, mais decorativa, de acordo com a linguagem barroca. Essas ordens foram a base da gramática formal que preencheu os interiores dos edifícios. Desta maneira, a arquitectura barroca pode ser definida pela libertação espacial, pelo fim da estaticidade e simetria, pela busca da fantasia e do movimento pela antítese entre os espaços interiores e exteriores. Foram conseguidas pela aliança com a pintura, a escultura, a jardinagem e os jogos de água. Efeitos perspécticos e ilusórios ao nível das plantas, dos tectos, das cúpulas, através da decoração, a combinação e abundância de linhas opostas umas às outras reforçaram o efeito cénico da arquitectura. Os elementos construtivos são usados agora como elementos puramente decorativos, como são exemplo as colunas torsas, helicoidais, duplas ou triplas e escalonadas. O uso de frontais reforça o movimento ascencional das fachadas dos edifícios. Estes princípios, aliados à decoração naturalista, originaram uma arte grandiloquente, liberta de regras forais e intelectuais. Ainda numa fase de transição, houve arquitectos a usarem estes princípios: Giacommo della Porta (1533-1602) e Vignola (1507-1573), que foram como que divulgadores da Contra-Reforma artística, e que a aplicaram em igrejas de uma única nave, fachadas de dois andares sobrepostos, com decoração muito simples que alternaram com sumptuosidade e riqueza. Outros arquitectos importantes foram Bernini, Borromini, Guarino Guarini, Baltazar Longhena e Juvara. As grandes alterações arquitectónicas na arquitectura religiosa foram motivadas pela necessidade de adaptar as igrejas às exigências da nova ortodoxia litúrgica, proposta pelo Concílio de Trento. Embora as primeiras igrejas fossem de dimensões modestas, as que se seguiram tomaram grandes dimensões, como a Basílica de S.Pedro e a Igreja de Il Gesú, que foram orientadoras da arquitectura barroca. As plantas das igrejas barrocas, como consequência desta nova liberdade, tinham uma grande diversidade de formas, como formas geométricas curvas, elípticas e ovais, irregulares, como trapezoidais, estreladas, ou integradas ou combinadas umas com as outras. Contudo, preferiram-se igrejas de nave única, apresentadas segundo duas tipologias: as rectangulares, e as eliptico-transversais e eliptico-longitudinais.

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