SilneiSiqueira_IedaDeAbreu

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A estréia foi com Pif-Paf e eu interpretei o jovem Luiz Mário, viciado no jogo, filho de pais também viciados. A peça se passa na sala de uma casa no bairro paulistano dos Jardins, onde um grupo de grã-finos pratica o jogo quase todas as noites. Peguei um papel bom. Só que eu recebia do mordomo da minha casa (Armando Bogus), a importância de 2.500 cruzeiros, equivalente hoje a 5 mil reais. E o Abílio, como era inexperiente em teatro na tevê, achou importante colocar dinheiro de verdade. Meu cachê era de 500 cruzeiros, hoje seriam cerca de mil reais. Guardei o dinheiro da peça no bolso. No segundo ato eu usava uma segunda roupa, que troquei no próprio estúdio, como todos os outros fizeram, por receio em relação às cenas que se sucediam sem possibilidade de qualquer interrupção. Em meio aos refletores em tripés, operadores de microfones, três câmeras imensas e seus operadores, mais cabos man, contra-regras, maquiadores, fotógrafos, três araras onde foram pendurados os cabides com as roupas e mais espaços em que se apresentariam as garotas-propaganda com os produtos dos patrocinadores no início, intervalos entre atos e final da peça, realizamos o espetáculo com efusivos aplausos de todos. Terminados os cumprimentos, quando já estávamos recolhendo os cabides aos camarins, o Abílio pediu o dinheiro que estava com a gente. Fui buscar e não encontrei mais, por certo alguém aproveitou o agito e durante alguma cena retirou o dinheiro do bolso do meu blaser.

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