JorgeLoredo_ClaudioFragata

Page 54

Capítulo XII Caindo no Samba Outra coisa que não sai da minha memória é o carnaval. A osteomielite já tinha tomado conta de mim. Meus irmãos me colocavam num tapete e puxavam até o portão. Depois, punham-me numa cadeira para que eu pudesse ver os blocos. Quando fui melhorando, passei a participar do carnaval. Saía em blocos de mascarados. Conheci um rapaz que o pai era dono de um bar. Todo carnaval, ele se vestia de diabinho e saía pelas ruas tocando violão. Adivinha quem era? O Luiz Bonfá. Foi meu colega de infância. Em Campo Grande, havia o Clube dos Aliados. Ali, comecei a ir a festinhas, representações amadoras e o Bonfá tocava violão. Um dia, já estava andando melhor, fiquei com vontade de ir a um baile de carnaval. Fui pedir dinheiro ao meu pai, ele não quis dar. Aí, minha mãe disse que daria um jeito. Como era costureira, fez pra mim um fraque de saco de estopa e uma cartola de cartolina. Depois, disse: Pede dinheiro na rua e vai pro seu carnaval. Eu era timidíssimo. Não sei o que houve. De repente, baixou um santo. Fui pra rua e comecei a pedir dinheiro às pessoas imitando voz de palhaço. À noite, tinha o suficiente pra ir ao baile. Talvez

53


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.