Antonio Petrin - Ser Ator

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Funda, onde estava trabalhando. Às cinco da tarde tomava o trem de novo para estar na escola, ali na Luz, antes das 18h a tempo de tomar a famosa sopa que o doutor Alfredo oferecia aos alunos. Era a refeição do dia para muita gente. As aulas terminavam às onze da noite e eu corria para pegar o último trem para Santo André.

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Durante esses três anos, eu pensava muito em desistir. Não só pelo sacrifício diário, mas pelo curso puxado também. A aula de técnica vocal com a Maria José de Carvalho me matava, era uma grande professora, mas que desprezava muito os alunos. Mas persisti. No segundo ano fui ensaiar com (o diretor) Antunes Filho a peça escolhida para a turma que havia se formado no ano anterior. Ele montou A Falecida, do Nelson Rodrigues, e nós tínhamos os papéis menores. Os papéis principais ficavam com os alunos do terceiro ano. Lembro que o Celso Nunes fazia o dono da funerária, o Jesus Padilha era o Tuninho, o marido, e a cartomante era a Neusa Chantal, que se revezava no papel da Zulmira, a protagonista, com a Sônia Guedes. Eu fazia o doutor Borborema. Lembro da fala diga 33, que o Antunes me infernizava para fazer do jeito dele. Levou uma noite inteira para eu conseguir o que ele queria. Eu quero um médico esculhambado, não aquele que você consulta

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