primeiras obras
podia pentear meus cabelos tantas vezes? Por quê? (Tiro. Muitas luzes artificiais vermelhas brincam no revolverzinho, de onde escampam sons eletrônicos tétricos. Milos cai. Tem sangue na cabeça. Evic, após uma inércia de quem não sabe direito o que fez, coloca-o dependurado num crucifixo. Muito nervoso, não sabe direito o que fazer. Reescreve com batom vermelho a palavra na testa de Milos. Em vez de dog, agora desenha god. Pinta-lhe também a boca e, sensual, beija-lhe a boca. Desespera-se, sente-se sozinho. Anda pelo espaço e chama pela ausência de Milos. Vai até o suporte do espelho. Não vê o seu duplo refletido. Grita, horrorizado. Os pais, ao ouvir o barulho, entram desesperados no quarto. Transformação subitamente realista. O garoto tem lágrimas nos olhos.) Pai – Que foi isso, Gabriel? Evic – Nada. Não foi nada, pai. Mãe – Cadê o Rafael? Acabou a lição? Já passou da hora. 453